Atos dos Apóstolos - 2ª parte

sábado, 31 de janeiro de 2009


A IGREJA MISSIONÁRIA DE ANTIOQUIA - ATOS 13

No início, a Igreja centralizou-se em Jerusalém e assumiu um caráter judaico. Lá eles tinham o templo, as sinagogas; continuavam a viver como judeus, e eram vistos como aqueles que estavam formando uma nova seita no seio do judaísmo.

Depois vemos o movimento cristão-helenista {helenista = judeus de fala grega}, liderados por Estevão e Filipe. Estes lideravam alguns varões de Cirene e Chipre. Nessa fase, os doze apóstolos, permaneciam apenas como espectadores, observando os acontecimentos. Foi um período em que o cristianismo firmou o seu caráter espiritual e alcançou muitos frutos do seu trabalho, pois o Evangelho tornou-se conhecido universalmente, e as barreiras que separavam os povos começaram a cair.

Agora, na fase final do desenvolvimento do cristianismo, o centro da evangelização, não é mais Jerusalém, e sim, Antioquia. Embora muitos judeus ainda se convertiam, os avanços mais significativos aconteceram entre os gentios e os pagãos. O Evangelho deixava de ser um patrimônio dos judeus para ser um dom de DEUS a todos os povos. A visão que eles passaram a ter era globalizada, envolvendo as tribos, povos e nações.

A chamada de Barnabé e Saulo - (13.1-3)

Por esse tempo, na crescente Igreja de Antioquia, DEUS tinha levantado outros, além de Barnabé e Saulo, para ajudarem na ministração da Igreja. São chamados de profetas e mestres aqui. Como profetas, eram usados pelo ESPÍRITO SANTO para trazer edificação, exortação, conforto e estímulo a Igreja. Como mestres, recebiam dons do ESPÍRITO SANTO que os ajudavam a ensinar eficientemente a Palavra de DEUS.

Estes incluíam Simeão (Simão) chamado Niger (negro). Alguns escritores acreditam que ele era filho de um judeu que se casara com uma mulher negra.

Lúcio; é declarado que ele é de Cirene (no norte da África). Manaém {forma grega de manahem, "confortador"}, outro profeta ou mestre, cresceu com Herodes o Tetrarca {Herodes Antipas, que matou João Batista}. Ele é literalmente chamado de Colaço e devia ter a mesma idade de Herodes. Cresceu no palácio, e alguns acham que ele era cortesão oficial deste Herodes.

Estes, juntamente com a congregação, estavam ministrando ao SENHOR no culto. Estavam também jejuando. O ESPÍRITO SANTO falou-lhes (ordenou à Igreja inteira), que "separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra que os tenho chamado". O grego, aqui, está no imperativo e inclui uma partícula que exprime ordem forte ou exigência.

É bom lembrar aqui, que Paulo já havia sido escolhido como apóstolo aos gentios, desde a sua conversão. É certo que ele se ocupou na tarefa de doutrinar os gentios convertidos em Antioquia, mas, dentro dos planos de DEUS, ele deveria seguir para além das fronteiras da Síria.

A Igreja de Antioquia, sensível à liderança do ESPÍRITO SANTO, enviou com alegria aqueles dois homens, manifestando-lhes seu companheirismo e fraternidade com a imposição de mãos.

Marcos, primo de Barnabé, partiu com eles como cooperador.

Primeira Viagem Missionária - (13.5-12)

Chipre - Navegaram de Selêucia, porto de Antioquia; desembarcaram em Salamina, na ilha de Chipre, terra natal de Barnabé, e ali começaram a pregar nas sinagogas dos judeus. Chegando a Pafos, a capital ocidental da ilha, encontraram certo elemento chamado Bar-Jesus, falso profeta que pertencia à roda íntima de Sérgio Paulo, procônsul da província. Este Bar-Jesus era o guia espiritual de Sérgio Paulo, e temendo perder sua posição junto ao procônsul, levou-o a desacreditar da mensagem que Saulo e Barnabé pregavam. Em razão disso, o apóstolo Paulo disse o seguinte aquele falso profeta:

"filho do diabo, cheio de todo engano e de toda a malícia, e inimigo de toda a injustiça, não cessaras de perturbar os retos caminhos do SENHOR? eis aí, pois, agora contra ti a mão do SENHOR, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. E no mesmo instante a escuridão e as trevas caíram sobre ele, e, andando à roda, buscando a quem o guiasse pela mão. Então o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhosamente da doutrina do SENHOR".

Lucas, nota, neste ponto, que Saulo tinha outro nome, um nome Romano - Paulo (que significa "pequeno"). Isto é significativo porque no restante do livro ele é sempre chamado de Paulo.

Devido, a unção extraordinária do ESPÍRITO SANTO na vida de Paulo, o SENHOR deu a ele a liderança na viagem missionária.

De Pafos, Paulo e seus companheiros velejaram para Perge na Panfília {um distrito na costa sul da Ásia menor}. Em Perge, Paulo e Barnabé, não demoraram, estiveram ali só de passagem. Foi em Perge que João Marcos apartou-se deles (desertou-se) voltando para Jerusalém. Posteriormente (Atos 15.38) vemos que Marcos os abandonou, em, um momento que eles precisavam muito dele. Pode ser que o trabalho se tornava mais difícil à medida que encontravam território estranho. Vejamos o que pensam alguns historiadores falam sobre esta atitude de Marcos:

1. Alguns acham que ele, por ser de uma família nobre, e rica, voltara para a sua casa a onde a vida era mais fácil.

2. Outros sugerem que ele se afastou porque seu primo Barnabé, não estava mais na liderança, e sim Paulo. Para Paulo, esse comportamento era uma falha quase sem desculpas da parte de Marcos.

Antioquia da Pisídia

De Perge eles foram para Antioquia da Pisídia, colônia romana da província da Galácia, {não confundir Antioquia da Pisídia com Antioquia na Síria, de onde Paulo e Barnabé saíram para a obra missionária}. Como de costume, foram primeiros à sinagoga. O serviço da sinagoga consistia em:

1) O Shema (Dt 6.4);
2) Oração pelo líder;
3) Leitura no Pentateuco ou profetas;
4) Sermão por um membro idôneo da congregação.

Em Antioquia da Pisídia, Paulo e Barnabé, ficaram por algum tempo, pregando por vários sábados nas sinagogas, tendo como resultado a conversão de grande número de gentios, Daí só saíram após sofrer a oposição dos judeus incrédulos.

Icônio - (14.1-7)

Saindo de Antioquia da Pisídia, foram para Icônio - uns 160 km de Antioquia da Pisídia, aí ficou "muito tempo" (14.3). Operou sinais e prodígios. Grande multidão de judeus e gentios creu. Paulo veio a ser assunto de discussão na cidade. Alguns judeus incrédulos (desobedientes, rebeldes), em seu zelo, ciúmes, tentaram persuadir o povo contra Paulo e Barnabé, mas não encontraram apoio da maioria. Portanto, Paulo e Barnabé permaneceram em Icônio por muito tempo.

Com o tempo, no entanto, o povo da cidade dividiu-se. Alguns estavam do lado dos (descrentes) judeus, alguns se mantinham do lado dos apóstolos. Então gentios e judeus (não convertidos), reuniram-se para hostilizar os apóstolos. Dispunham em maltratá-los, ultrajá-los e até apedrejá-los.

Os apóstolos cientes do plano, entretanto fugiram. Não porque estavam com medo, mais porque havia necessidade de preservarem as suas vidas para anunciar a JESUS como SENHOR e SALVADOR a outros povos. Assim fora para Derbe.

Listra - (14.8-18)

Listra ficava a 30 km de Icônio. Listra era a cidade de Timóteo. Aqui Paulo e Barnabé não foram à sinagoga como era de costume. Talvez não houvesse sinagoga em Listra. Paulo, talvez, foi a um lugar público, e ali começou a pregar. Entre os que estavam mais próximo, havia um aleijado. Paulo fitou os olhos nele, e viu que ele tinha fé para receber a cura, ordenou em voz alta que ele se levantasse. A ordem de Paulo chamou a atenção de todos os que estavam ali. Quando viram o homem levantar e andar, gritaram.

O milagre fez com que as pessoas (que eram gentias pagãs) cressem que os deuses gregos haviam descido à semelhança de seres humanos. A Barnabé, eles chamaram de Júpiter, o deus principal deles. E a Paulo eles chamaram de Mercúrio, o mensageiro e arauto dos deuses.

Ali, queriam oferecer sacrifícios a eles, mais os apóstolos quando perceberam o que estava acontecendo, rasgaram as suas vestes exteriores (como sinal de tristeza e consternação). Depois disso, saltaram para o meio da multidão, tentando deter aquelas pessoas declarando que eles eram seres humanos de natureza semelhante à deles. E que estavam ali para anunciar o Evangelho para fazê-los converterem destas práticas vis (inúteis, infrutíferas) para o único DEUS vivo.

Paulo e Barnabé permaneceram em Listra o tempo suficiente para que muitos ali cressem e se tornassem discípulos de CRISTO. Mas os judeus de Antioquia da Pisídia e de Icônio, sabendo que Paulo e Barnabé estavam em Listra, vieram e persuadiram os gentios pagãos apedrejarem a Paulo, pois não conseguiram fazer o mesmo em suas cidades.

Desta vez, apedrejaram só a Paulo e arrastaram o seu corpo fora da cidade, pensando estar morto, o deixaram ali.

Assim que a multidão se retirou, os discípulos (novos cristãos convertidos) aproximaram-se do corpo caído de Paulo. De súbito, Paulo se levantou, claro que completamente curado, e voltou para a cidade com eles. Conhecendo o comportamento da multidão, ele e Barnabé, no dia seguinte, rumaram para Derbe.

Derbe - (14.21-25)

Derbe ficava a 48 km de Listra. Aqui Paulo fez muitos discípulos, não sofrendo oposição, ele estabeleceu uma Igreja crescente.
Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe, encontram-se no sul da província da Galácia. A carta aos Gálatas foi dirigida a esta região.

Eles corajosamente voltaram a Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia. Desta vez não provocaram nenhuma isenção com os judeus, pois não estavam realizando um trabalho evangelístico, deixaram esta tarefa para os cristãos locais. O ministério deles desta vez, era a Igreja. Em cada lugar, confirmaram (fortaleceram e edificaram) as almas dos discípulos. Também os encorajaram a continuar na fé.

Eles também os incitaram a compartilhar dos sofrimentos dos apóstolos e aceitar o fato que muitas tribulações (perseguição, aflição e dor), eram necessárias para entrar no reino de DEUS (colocar-se debaixo da autoridade de DEUS).

Instituíram a organização eclesiástica para que pudessem levar a obra de DEUS avante. Então elegeram anciãos (supervisores, superintendentes) em cada congregação.

No princípio os anciãos eram escolhidos dentre os membros da congregação local. Depois de algum tempo, as Igrejas começaram a sentir que precisavam introduzir mestres e pastores que podiam ser cabeças administrativas da congregação; e que podiam conjugar o ofício de ancião (também chamado de bispo ou presbítero).

De Antioquia da Pisídia eles prosseguiram, através da Pisídia, de volta a Panfília e Perge, agora Evangelizando. Em Perge, eles anunciaram a Palavra, evidentemente sem oposição e obstáculos. É claro que eles não tinham pregado ali quando desembarcaram pela primeira vez, e foi ali que Marcos os abandonou. Depois de estabelecer a Igreja ali, desceram para a Atália, porto marítimo de Perge, onde embarcaram com destino a Antioquia da Síria.

Admite-se que entre a partida e a volta, esta primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé deve ter durado mais ou menos cinco anos (45-50 d.C.).


A PRIMEIRA CONVENÇÃO DA IGREJA - Atos 15.1-5

Isto aconteceu em Jerusalém por volta do ano 50 d.C.; vinte anos depois da fundação da Igreja. Dez anos depois da recepção dos gentios como membros da Igreja.

Lá estavam os líderes de todas as Igrejas já fundadas pelos apóstolos. A Igreja de Antioquia enviou Paulo e Barnabé, bem como as demais Igrejas enviaram os seus representantes.


Apesar de DEUS haver revelado a Pedro que os gentios deviam ser recebidos na Igreja sem circuncisão, (cap. 10), e os apóstolos e os anciãos estarem convencidos disto (11.18), um partido forte dentro da Igreja de discípulos fariseus persistia em ensinar que a circuncisão era necessária (15.5). A Igreja estava dividida sobre esta questão. DEUS levou os apóstolos a decidirem unânime e formalmente que a circuncisão não era necessária aos gentios. Foi enviada uma carta branda, exigindo apenas que os novos convertidos se abstessem das imoralidades comuns no mundo pagão.

Pedro - (v.6) - É a última vez que se menciona Pedro no livro de Atos. Até o capítulo 12 é a figura dominante. Foi quem liderou o movimento no dia do pentecoste e nos seguintes. Recebeu o primeiro gentio na Igreja. Durante 20 anos, tendo Jerusalém como centro de suas atividades ministeriais. Provavelmente ele visitou as Igrejas pela Palestina, na direção norte até Antioquia.


SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO - (15.36-41)



Depois destas coisas, Paulo e Barnabé concordaram em fazer uma visita às Igrejas estabelecidas durante a primeira viagem missionária, porém, discordaram a respeito de Marcos.

Qual o motivo desta dissensão?

Barnabé decidira levar consigo a Marcos. Paulo por sua vez rejeitou a idéia, alegando que Marcos os havia deixado em meio à viagem anterior, voltando a Jerusalém. Tal contenda causou a divisão dos dois. Barnabé acompanhado de Marcos foi novamente a Chipre; enquanto Paulo levando Silas, profeta já usado pelo ESPÍRITO SANTO para animar e estimular as Igrejas. Silas era o companheiro ideal para estar com Paulo nesta viagem missionária, onde estariam ministrando em uma região (sul da Galácia) de um ambiente difícil.

Os irmãos em Antioquia, então, os liberaram e os encomendaram, de novo, à graça de DEUS. E, assim, prosseguiram eles em seu caminho através da Síria e a Cilícia, confirmando as Igrejas. Essas deviam incluir as congregações nas cidades ao norte de Antioquia da Síria bem como a cidade natal de Paulo, Tarso na Cilícia, entregando cópias da decisão apostólica tomada na convenção (Concílio) de Jerusalém.


A primeira viagem foi feita através de navios, agora eles partem por terra.

Visita às Igrejas da Galácia - (16.16)


Partindo de Antioquia, Paulo e Silas chegaram a Listra. Ali encontrou Timóteo e se agradou muito dele a ponto de levá-lo consigo. Timóteo tornou-se fiel amigo e companheiro de Paulo nos anos seguintes.

Paulo, Silas e Timóteo, intentaram ir para Éfeso, DEUS, porém, os impediu. Planejaram ir para Bitínia, mas outra vez DEUS lhes impediu. Então se dirigiram para Trôade.

Trôade - (16.8-10)

Essa cidade ficava perto de Tróia, e, era o porto principal da Mísia. Em Trôade, Paulo teve a visão com varão Macedônico que o rogava: "Passa à Macedônia e ajuda-nos" (16.9).

É interessante notar que no versículo 10 do capítulo 16 Lucas deixa de usar o pronome "ele" e passa a usar o pronome "nós", dando a entender que em Trôade, ele passa a ajuntar a comitiva missionária de Paulo.

Filipos - (16.11-40)

Paulo navegou uma distância de aproximadamente 200 km, em dois dias, a Neápolis, cidade portuária de Filipos, pela ilha montanhosa da Samotrácia. O vento devia estar favorável, porque numa outra ocasião, a viagem durou cinco dias (At 20.6). A primeira pessoa a se converter nesta cidade foi Lídia, vinda de Tiatira, vendedora de púrpura. Filipos foi a Primeira Igreja que Paulo fundou na Europa. Em Filipos, Paulo deixou Lucas, o qual se juntou a ele seis anos depois (20.6). Depois de cinco anos que Paulo fundou esta Igreja, ele escreveu a Epístola aos Filipenses, uma das mais carinhosas cartas que ele escreveu a uma Igreja. Não podemos esquecer que aí em Filipos, que se converteu o carcereiro.

Aqui em Filipos, Paulo e Silas foram presos, por expulsarem o demônio de uma jovem que era escravizada (16.16-18). O texto grego diz que esta moça tinha um espírito de "adivinhação". Isto é, um espírito demoníaco a usava, a despeito dela, para a adivinhação. O texto grego também chama de "pitonisa". "Piton" era o símbolo do deus grego Apolo. Esta forma de ler a sorte trazia muito lucro aos seus senhores.

Depois de estar liberta, a jovem seguia a Paulo e sua comitiva. Portanto, os senhores daquela moça, vendo que a esperança do seu lucro se fora. Por isso prenderam a Paulo e Silas e os arrastaram para a praça perante as autoridades. E ali acusaram os dois apóstolos falsamente, sem provas. Paulo e Silas estavam na prisão, quando por volta da meia-noite houve um tremor, e as paredes balançaram e as grades se abriram.

Os presos estavam agora todos soltos; mas, Paulo imediatamente, tomou conta da situação. O carcereiro foi despertado, correu para a prisão. Chegando lá, vendo que as grades estavam todas abertas, e não vendo os presos, e sabia o que lhe aconteceria se os presos fugissem. Preferindo não enfrentar o tribunal, a vergonha e a morte que contava como certa, desembainhou a espada, com a intenção de suicidar-se. Da profunda escuridão da prisão, Paulo podia ver o que o carcereiro estava fazendo, e imediatamente ele gritou, dizendo ao carcereiro que todos estavam ali, e que ele não se ferisse.

Depois de trazer-lhe a luz, pois a prisão estava escura, o carcereiro tremendo de medo, prostrou-se aos pés de Paulo e Silas, e perguntou:

"O que devo fazer para me salvar?"

Paulo imediatamente lhe respondeu:

"Crê no SENHOR JESUS, e serás salvo tu e tua casa".

Os magistrados sabendo que tinham açoitados cidadãos romanos, e isto, sem julgamento, era ilegal, mandaram soltar a Paulo e Silas, e pediram que eles se retirassem por amor da paz na cidade.

Neste ponto é evidente que Lucas não os acompanhou. O capítulo seguinte (17.14) deixa claro que Timóteo e Silas também permaneceram ali, embora, por pouco tempo; Paulo pediu mais tarde, que eles viessem para Atenas donde novamente foram mandados para a Macedônia. Encontraram-se com Paulo em Corinto, e dali levaram as cartas para os Tessalonicenses (51 d.C.).

Tessalônica - (17.1-9)

Paulo percorreu 160 km de Filipos a Tessalônica, a cidade mais importante da Macedônia. Foi fundada em 315 a.C., recebendo o nome dado por Cassandro em homenagem à esposa, meia-irmã de Alexandre o grande.

Lucas mais uma vez chama a atenção para o costume de Paulo ir primeiramente aos judeus nas sinagogas. Por três sábados, ele esteve ali ensinando e arrazoando com eles a respeito das profecias que diziam a respeito do messias.

Alguns dos judeus e uma grande multidão de gentios creram em JESUS como SALVADOR e SENHOR.

Os judeus que rejeitaram a mensagem de Paulo logo se sentiram frustrados pelas decisões a CRISTO de judeus e gentios, e assim, trataram de provocar um tumulto. Acusaram os apóstolos de "transtornarem o mundo". Depois de terminado todo o tumulto e provocações e conspirações, os irmão cristãos de Tessalônica viram quão amargos e decididos eram os judeus descrentes. Por isso, acharam melhor não correr riscos. De noite mandaram Paulo e Silas para Beréia.

Beréia - (17.10-15)

Ficava a 80 km de Tessalônica a sudoeste na estrada que ia para a Grécia.

Os bereanos foram receptivos a mensagem pregada por Paulo. Examinaram acuradamente as Escrituras, e creram, muitos gregos e judeus se entregaram a CRISTO seguindo os ensinos de Paulo.

Embora a sinagoga em Beréia não criasse problema, as notícias da eficiente proclamação do Evangelho através da Pessoa do apóstolo Paulo, chegaram aos ouvidos do judeus em Tessalônica. Eles vieram a Beréia para provocar um tumulto, agitando as pessoas contra os apóstolos, mais precisamente o apóstolo Paulo.

Antes que pudessem produzir algum dano, os cristãos bereanos, apressadamente, levaram Paulo rumo ao mar Egeu, pretendendo, provavelmente, mandá-lo embora por barco. Mas percebendo que os judeus de Tessalônica estavam tramando sobre a vida de Paulo, levaram Paulo para Atenas. Silas e Timóteo ficaram atrás, para ensinar e animar os cristãos em Beréia.

Atenas - (17.16-21)

Cidade de Péricles, Sócrates, Demóstenes, Platão. Durante 1000 anos (500 a.C. a 500 d.C), foi o centro da filosofia, cultura, ciência e arte.

Lugar de encontro das classes cultas do mundo. Todavia estava toda entregue à idolatria.

Como sempre Paulo começou seu ministério ali, pregando na sinagoga, e também na praça central, onde alguns filósofos "epicureus" e "estóicos" o envolveram em uma discussão.

Os epicureus eram seguidores de Epicúrio (342 270 a.C.).

Doutrina dos epicureus

Sua doutrina se baseava em que a natureza é a mestra suprema e prevê sensações, impressões e antecipações para a prova da verdade. As impressões tinham para eles o significado de prazer e dor. Estas, diziam eles, podiam ser usadas para distinguir entre o bem e o mal ao nosso redor. Eles também ensinavam que os deuses eram capazes de irarem-se, indiferentes à fraqueza humana e não intervinham nem participavam em assuntos humanos. Epicúrio dava ao "prazer" o sentido real da felicidade.

Estóicos eram seguidores de Zênon (335-263 a.C.)

Doutrina estoicista

Ensinavam seus seguidores a aceitarem as leis da natureza e da consciência e a procurarem ser indiferentes ao prazer, à dor, à alegria e à tristeza. Quando sentiram que os ensinos de Paulo eram perigosos para suas filosofias, levaram-no ao "areópago" - Supremo tribunal que reunia no pórtico real da praça e controlava a moralidade e religiosidade do povo.

O conselho reunido solicitou que lhe fosse dado conhecer este novo ensino que os estavam pondo perplexos.

A mensagem de Paulo ao conselho no areópago (17.22-34)

O Historiador Pausânio afirmou que em Atenas tinha mais deuses que o resto da população da Grécia. Outro historiador, Petrônio diz que em Atenas, era mais fácil achar um deus do que um homem.

De pé, no meio do Conselho, Paulo começou, sabiamente, de modo positivo. Usou uma inscrição de um altar em Atenas como oportunidade para falar acerca do único DEUS verdadeiro em contraste com seus muitos deuses. "O DEUS desconhecido" de seu altar, a quem eles adoravam sem conhecer, é o CRIADOR e SENHOR de todas as coisas. Ele é grande demais (Onipresente) para habitar em templos feitos por mãos humanas.

O verdadeiro DEUS não necessita ser servido (atendido, tratado) por mãos humanas como se precisasse de alguma coisa. Ele é a fonte originadora de todas as coisas e o doador da vida. E assim prossegue Paulo em sua extraordinária apologia.

Muitos ali creram, entre eles, estava Dionízio, membro do conselho, uma mulher proeminente chamada Damaris, e mais alguns outros também se uniram e creram.

Lucas não dá mais detalhe, mais é claro que Paulo deixou ali um pequeno rebanho em Atenas. Segundo a tradição, Dionízio o areopagita foi o primeiro pastor (ancião, bispo) em Atenas.

Paulo deixou Atenas e foi para Corinto.

Corinto - (18.1-4)

Capital da província de Acáia, centro do comércio e transporte marítimo. Famosa pela baixa moralidade. Centro da idolatria e licenciosidade. Os próprios gregos chegaram a criar um novo verbo para definir a extrema imoralidade sexual e a devassidão: "corintizar". Os corintos eram estimulados nessa imoralidade por efeito de seu culto a deusa do amor, Afrodite.

Em Corinto Paulo encontrou um casal que viria a tornarem-se seus mais fiéis amigos e colaboradores na obra do Evangelho. O marido Áquila, era judeu; sua família era de uma província romana do Ponto {localizada ao norte da Ásia Menor e ao leste da Bitínia, junto ao Mar Negro}.

O nome da esposa de Áquila, Priscila, diminutivo ou forma familiar de Prisca (II Tm 4.19), indica que ela era uma senhora romana da classe alta da sociedade.

Eles haviam chegado recentemente a Corinto, vindo da Itália. O quarto imperador romano, Cláudio, ordenara que todos os judeus saíssem de Roma. Paulo os encontrou, e no lar deles achou um lugar para viver e continuar a fabricar tendas, dado que eles também eram fabricantes de tendas e, com sucesso, haviam estabelecido sua indústria de tendas em Corinto.

A chegada de Silas e Timóteo - Vinham da Macedônia. Pouco depois que eles haviam chegado Paulo escreveu a primeira carta aos Tessalonicenses {a primeira carta a ser escrita por Paulo}. Timóteo trouxe boas notícias acerca da fé e do amor dos tessalonicenses.

Até então Paulo não tinha atingido êxito da pregação da Palavra de DEUS entre os corintos. Mas, motivado pelas boas notícias que ele recebeu de Timóteo e Silas da parte dos irmãos da Macedônia, ele com zelo e com muita intensidade, anunciava a CRISTO entre os judeus e gentios que iam à sinagoga, mostrando-lhes que JESUS é o MESSIAS, PROFETA, SACERDOTE e REI ungido por DEUS.

A maioria dos judeus descrentes organizou-se contra o Evangelho. Chegaram a proferir injúrias contra Paulo, e até a dizer palavras desrespeitosas contra ele e o Evangelho.

Diante de tanta indiferença, Paulo sacudiu suas vestes, isto era sinal de repúdio a blasfêmia deles. De agora em diante {em Corinto} o ministério de Paulo toma outro rumo, os gentios;

Paulo deixou a Sinagoga e se dirigiu à porta próxima a casa de um gentio temente a DEUS, chamado Tito {ou Tício}. Ali começou ele a pregar o Evangelho.

Não somente Paulo, Timóteo e Silas que foram os únicos a deixarem a sinagoga. O chefe da Sinagoga, Crispo, decidiu-se crer com toda a sua família, e servir ao SENHOR. Muitos em Corinto também creram e foram batizados.
Depois de ter uma visão da parte do SENHOR, lhe encorajando, Paulo permaneceu em Corinto um ano e seis meses. Durante esse tempo, não temos conhecimento que Paulo tenha sofrido perseguição ou violência, assim como o SENHOR lhe prometera.

Depois de algum tempo, Paulo navegou para a Síria, na parte final da sua segunda viagem missionária. Levou Priscila e Áquila consigo.

Chegando a Éfeso, Paulo deixou Priscila e Áquila. Motivado pelo ESPÍRITO SANTO, foi a sinagoga. Chegando lá, encontrou alguns judeus desejosos de ouvir sua apresentação racional do Evangelho. De fato eles queriam que ele demorasse um pouco, mais ele não concordou. Entretanto, em sua despedida, prometeu voltar "se DEUS quiser".

Desembarcou em Cesaréia, subiu a Jerusalém, e apresentou sua saudação à Igreja ali.

De Jerusalém seguiu para Antioquia da Síria, terminando assim sua segunda viagem missionária.



A TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO - (18.23)



Depois de ter passado algum tempo em Antioquia da Síria, onde ele era membro, trazendo os relatórios de sua segunda viagem missionária, como também, doutrinando e animando os cristãos ali, Paulo em seguida parte para a sua terceira viagem missionária. Seguiu rumo ao norte, por terra, numa viagem de 1.800 km através da região da Galácia e da Frígia. Visitou as Igrejas que ele estabelecera em sua primeira e segunda viagem missionária.

Depois que Paulo visitou as Igrejas fundadas na primeira viagem missionária no sul da Galácia, ele atravessou o planalto central mais alto do norte da Galácia chegando a Éfeso.

Éfeso - (19.1-20)

Naquela época, segundo os historiadores, Éfeso tinha uma população de 225.000 habitantes. Era a metrópole da Ásia, e a sede do culto a deusa Diana (deusa da fertilidade).

O templo da deusa Diana - Era uma das sete maravilhas do mundo. Levou 220 anos para ser construído. “Feito do mais puro mármore". O culto a Diana era impuro e vergonhoso, perpétuo festival de vícios. Em três anos Paulo conseguiu tão grande número de adeptos que o prestígio de Diana correu perigo.

Paulo permaneceu dois anos em Éfeso. Como sempre, Paulo foi a sinagoga, começando pelos judeus. Por três meses teve condições de falar corajosamente e livremente, discutindo acerca do reino (autoridade, governo) de DEUS (como revelado em JESUS CRISTO).

Devido alguns judeus permanecer com os seus corações endurecidos e com uma atitude rebelde, Paulo achou por bem, retirar-se do meio deles e ter um lugar separado, para que os que cressem, pudessem reunir para aprender melhor a Palavra de DEUS.

Reuniam com certa frequência na escola de Tirano - Era uma sala de aula, provavelmente alugada. Não é de se admirar a profundidade da Epístola aos Efésios ao se lembrar do alicerce teológico que esta Igreja ganhou durante dois anos.

O objetivo desta escola foi de preparar homens para a obra da Evangelização e o Pastorado. As Igrejas de Colossos, Hierápolis e Laodicéia, fundadas por Epafras, discípulo e conservo do apóstolo Paulo, foi uma parte do fruto deste trabalho.

Um breve relato da vida diária de Paulo durante os dois anos em Éfeso

Paulo continuou a fabricar tendas até as 11:00 da manhã, de maneira que ele não se tornava pesado a ninguém, e ganhava o dinheiro para o seu sustento e de sua equipe evangelística. Quando Tirano terminava a suas palestra às 11:00 horas, (isto está registrado no Codex Bezae e outros antigos manuscritos) Paulo começava a sua que ia até as 16:00 horas da tarde.

Depois que ele terminava os seus ensinos (às 16:00 horas da tarde), Paulo visitava as casas para ensinar e confirmar e ajudá-los a ganhar seus amigos e vizinhos para o SENHOR JESUS CRISTO, (20.20).

O resultado foi que toda a província da Ásia foi evangelizada; judeus e gentios, todos ouviram a palavra.

Não há evidências que Paulo se tenha afastado da cidade de Éfeso nesse período. Todavia, é evidente que as sete Igrejas da Ásia, mencionadas no livro de Apocalipse, foram fundadas nesse tempo.

Esse tempo que Paulo permaneceu em Éfeso, a cidade foi marcada pela revelação da Palavra de DEUS, sinais extraordinários, evidenciando aquilo que eles pregavam. O propósito era desmascarar as mentiras artificiosas produzidas pelos mágicos que diziam possuir poder sobrenatural para operar maravilhas entre o povo. A cidade de Éfeso era muito grande, e Paulo era desconhecido. Mas através da manifestação de DEUS na vida do apóstolo, levando-o a operação sobrenatural do poder de DEUS, confirmando o que ele dizia; a cidade durante dois anos fora marcada pelo ministério deste homem.

Em Éfeso foram escrito oito livros do Novo Testamento: o Evangelho de João, e suas três epístolas, I Coríntos, I e II Timóteo e Apocalipse.

O propósito de Paulo de visitar Roma - (19.21,22)


Agora que tudo estava indo bem, Paulo propôs em seu espírito ir a Roma. Mas revistaria primeiro a Macedônia, Grécia e Jerusalém, (Rm 1.11, 14,15; 15.22-25).

Ele partiu indo a Macedônia e a Grécia, bem como levar as ofertas delas à Igreja em Jerusalém (24.17; Rm 15.26; I Co 16.1-4).

A fim de preparar os irmãos na Macedônia para a sua visita, Paulo enviou, na frente, Timóteo e Erasto. Permaneceu mais algum tempo em Éfeso, devido certo alvoroço da parte de alguns ourives liderado por Demétrio. Pois sentiam sua profissão ameaçada, tendo em vista que muitos converteram e o comércio da idolatria estava em baixa. Portanto, agarraram dois companheiros de Paulo, Gaio e Aristarco, macedônios. Esses dois foram apanhados e arrastados ao anfiteatro. Este alvoroço só terminou depois que Alexandre, que era o escrivão (secretário) da cidade apaziguou a multidão, apelando para a lei e a ordem e que os homens que eles haviam trazido para o anfiteatro, não eram sacrílegos (ladrões do templo), nem blasfemadores da deusa.

Depois do tumulto, Paulo mandou chamar os cristãos Efésios e os exortou a viver uma vida santa e a serem fiéis ao SENHOR.

Durante o verão e o outono andou pelas várias Igrejas da Macedônia dando-lhes muita exortação e encorajamento.

Desceu então à Grécia onde passou os três meses do inverno (56, 57 d.C.). Durante todo esse tempo de regresso, a maior parte dele, provavelmente, passou em Corinto. A tradição diz que ele escreveu a epístola aos Romanos ali, pouco antes de partir.

Quando estava preste a ir para a Síria, os judeus descrentes prepararam uma conspiração contra ele. Por isso Paulo mudou seus planos. Em vez de embarcar num navio vindo da Grécia, foi aconselhado a voltar pela Macedônia.

Chegando a Filipos no mês de abril, permaneceu ali sete dias, que eram os dias da festa dos pães ázimo. Partiu de Filipos, levando Lucas em sua companhia chegaram a Trôade. Em Trôade eles encontraram com sete discípulos que viajaram no navio que vinha da Grécia para Trôade. Estes sete discípulos incluíam: Sopater (também chamado Sosipater) de Beréia, Aristarco e Segundo de Tessalônica, Gaio de Derbe, Timóteo e Tiquico e Trofino da Ásia (Éfeso).

Trôade - (20.7-12) - Aqui, uns sete ou oito anos antes, tivera a visão que o levou à Macedônia. Já fazia um ano que passara por lá (II Co 1.12).

A visita de Paulo em Trôade foi um tanto quanto rápida. Na primeira oportunidade que teve, foi à sinagoga; no dia seguinte, esteve com os irmãos partindo o pão (era a santa ceia ou o Ágape - refeição de comunhão e amor). Já que no dia seguinte Paulo ia partir, aproveitou a oportunidade para pregar, e prolongou a mensagem até a meia-noite. Um jovem que estava assentado no peitoral da janela chamado Éutico, ouvindo o sermão que Paulo pregava, tomado pelo sono, caiu do terceiro andar e foi levantado morto. Isso significa que ele estava realmente morto. Lucas, sendo médico, estava em condições de constatar tal fato.

Paulo imediatamente desceu, e temos certeza que ele orou como costumava fazer em tais casos assim. Depois de ressuscitar a Éutico, Paulo subiu, partiu o pão e continuou falando com os cristãos ali até o romper do dia. Então partiu o apóstolo Paulo.

Lucas e os demais companheiros de Paulo não ficaram até o romper do dia. Seguiram na frente, e navegaram para Assôs, na Mísia, ao sul de Trôade, onde esperavam receber Paulo. Enquanto iam de navio, percorrendo uma distância maior, Paulo andava, por uma distância menor, a Assôs por terra. Embora não temos nenhuma explicação para essa atitude do apóstolo Paulo, mais, o que nos parece bem, é que ele queria estar só. Pouco depois ele disse aos anciães de Efésios que em cada cidade o ESPÍRITO SANTO testificava que prisões (grilhões) e aflições (perseguições, sofrimento) o esperavam em Jerusalém. Sem dúvida Paulo precisava desse tempo a sós para resolver com DEUS a ida a Jerusalém.

Navegando ao longo da costa da Ásia menor, parando em Mitilene, capital da ilha de Lesbos, e aportando na ilha de Samos, chegaram a Mileto na costa da Ásia perto de Éfeso.

Paulo havia decidido passar ao largo de Éfeso. Não queria gastar muito tempo ali.

Paulo convoca os presbíteros de Éfeso - (20.17-24)

Paulo não se desviou de Éfeso por desinteresse pela Igreja ali. Para mostrar seu interesse e cuidado por eles, chamou os anciãos da Igreja convidando-os a virem a Mileto. O encontro do apóstolo com os presbíteros da Igreja de Éfeso, em Mileto, é importante por conter o único registro dum sermão seu diante de um auditório formado só de cristãos. O sermão lança luz sobre o curso dos acontecimentos ocorridos, recordando-lhes como, em todo tempo em que esteve com eles, com toda a humildade, com lágrimas, e com as provações provocadas pelas ciladas dos judeus incrédulos. Ao mesmo tempo não permitiu que o perigo o fizesse retrair e deixar de dizer-lhes algo que fosse benéfico, ensinando-lhes publicamente e em suas casas.

Paulo, então, disse aos anciãos que ia para Jerusalém, não por sua própria vontade, mas já constrangido pelo ESPÍRITO SANTO de ir. Ele não tinha a sua vida por preciosa, contanto que concluísse a sua carreira e o ministério que recebera do SENHOR JESUS, dando sério testemunho das boas-novas da graça de DEUS.

Paulo a seguir fez com que os anciãos percebessem que aquela despedida era final. Eles nunca mais o veriam. Por essa razão testificou que estava limpo do sangue de todos.


Paulo despede-se dos presbíteros - (20.36-38)

Quando Paulo acabou de falar, ele e os anciãos dobraram os joelhos e oraram juntos.

Após a oração houve muito choro por parte de todos à medida que se lançavam (abraçaram) ao pescoço de Paulo e o beijavam {provavelmente em ambas as faces}. Estavam dominados por forte dor de tristeza, especialmente porque Paulo dissera que nunca mais veriam o seu rosto. Então, como demonstração de afeição e respeito, acompanhou-no até o navio.

A despedida em Mileto deve ter sido muito difícil para Paulo. A medida que ele prosseguia em sua viagem para Jerusalém, houve mais despedidas tristes ao longo do caminho.

A profecia em Tiro - (21.1-6)

No primeiro dia de viagem, chegou à ilha de Cós, o dia seguinte à ilha de Rodes, na costa da província romana da Lícia. Ali acharam um navio cruzando para a Fenícia, que os levou a Tiro. Em tiro tiveram sete dias de espera, enquanto o navio era descarregado.

Encontrando os irmãos em Tiro, Paulo passou esses dias com eles, falando-lhes das coisas que DEUS havia realizado pelo seu intermédio.

Interpretando a profecia

“... E eles pelo ESPÍRITO diziam a Paulo que não subisse a Jerusalém" (v.4).
Lemos que os cristãos ali pelo "ESPÍRITO" diziam {continuavam dizendo} a Paulo que não subisse a Jerusalém. Isso não significa, no entanto, que o ESPÍRITO SANTO não queria que Paulo não fosse a Jerusalém. A palavra "pelo" {através} {"dia, no grego} não é a palavra usada em passagens anteriores para se referir à ação direta do ESPÍRITO SANTO. Aqui o grego fica melhor traduzido por "em consequência do ESPÍRITO', isto é, por causa do que o ESPÍRITO disse. O ESPÍRITO mesmo, definidamente, não proibiu Paulo de ir. O ESPÍRITO estava constrangendo Paulo a ir (Atos 20.22). Paulo sabia que o ESPÍRITO não se contradiz. Não era o ESPÍRITO, mas seu amor por Paulo, que os levara a dizer que ele não fosse. Em outras palavras, por causa da profecia de cadeias e prisões as pessoas expressavam sua opinião no sentido de que ele não fosse. Mas Paulo recusou-se a deixar-se impressionar por suas opiniões. Dessa forma obedecia ele ainda ao que o ESPÍRITO SANTO lhe determinara pessoalmente, isto é, ir a Jerusalém.

A despedida de Tiro - (21.5,6)

Durante aqueles sete dias todos os cristãos de Tiro vieram conhecer e amar a Paulo. Assim, quando chegou o fim de sua estadia ali, todos os cristãos com suas esposas e filhos, acompanharam Paulo até à praia plana e arenosa fora da cidade. Ali se ajoelharam e orarem, e se despediram, e Paulo continuou a sua viagem.

Paulo em Cesaréia - (21.7-14)

Depois de parar a meio caminho em Ptolemaida (atualmente é chamada de Acre), onde eles passaram o dia com os cristãos ali, o navio os levou a Cesaréia. Ali ficaram na casa de Felipe, o evangelista, um dos sete (At 6.5). Em Mileto ele demonstrava ansiedade para prosseguir a viagem. Mas aqui a bênção do SENHOR foi tão rica que ele demorou considerável número de dias. É provável que Filipe haja dado a Lucas muita informação relativa aos primeiros dias da Igreja em Jerusalém.

A profecia de Ágabo

Veio da Judéia, para a casa de Felipe, e ali, tomando a cinta de Paulo (feita provavelmente de pano), amarrou seus próprios pés e mãos, numa lição objetiva. Então, apresentou ele a profecia vinda da parte do ESPÍRITO SANTO de que os judeus ligariam (amarrariam) Paulo e o entregariam nas mãos dos gentios (isto é, nas mãos das autoridades romanas).

Por causa da profecia, os que estavam reunidos na casa de Felipe juntamente com os companheiros de Paulo, todos lhe rogaram que não subisse a Jerusalém. O mesmo que aconteceu em Tiro.
Paulo, entretanto, disse: "Que fazeis chorando e magoando-me o coração?" Magoar (despedaçar) o coração era a expressão usada para significar quebrar a vontade, enfraquecer o propósito. Paulo disse ainda que "estava não somente pronto, para ser ligado. mas, também a morrer em Jerusalém pelo NOME do SENHOR JESUS. Ele sabia que era a vontade de DEUS que ele fosse a Jerusalém. Por fim, então, os outros disseram: "Faça-se a vontade de DEUS."

Paulo chega a Jerusalém - (21.15-19)

Com a sua chegada a Jerusalém, Paulo termina a sua terceira viagem missionária.

Paulo entrega aos irmãos pobres de Jerusalém a oferta proveniente das Igrejas gentílicas. Foi uma grande oferta. Paulo levou um ano para arrecadá-la, (II Co 8.10).

Paulo chegou mais ou menos em junho, 59, d.C., (20.16). Foi a quinta visita que se registra, depois da sua conversão.

Judeus da Ásia provocam tumulto - (21.27-30)

Depois de ter passado quase uma semana em Jerusalém, cumprindo seus votos no templo, certos judeus o reconheceram. Começaram a gritar, pois viram Paulo na cidade em companhia de Trofino, um cristão gentio de Éfeso. Chegaram logo à falsa conclusão de que Paulo o tinha introduzido no templo. Dentro de um instante, a turba estava por cima de Paulo como uma mantilha de cães. Diziam que Paulo, por toda parte, ensinava todo o mundo contra o povo (judeus) e contra a Lei, e agora tinha profanado o templo, nele introduzindo gregos (gentios).

Paulo resgatado pelos soldados romanos - (21.31-40)

A multidão estava tentando matar Paulo quando a informação chegou ao tribuno (oficial que comandava uma coorte de 600 a 1.000 homens aquartelados na torre - castelo, fortaleza - de Antônia, que dava para noroeste do templo). Imediatamente o tribuno tomou consigo soldados e centuriões (oficiais que comandavam 100 soldados de infantaria) e com expressiva demonstração de força correu para o local do tumulto.

O tribuno perguntou aos judeus o que é que ele fizera. Todo o mundo começou, ao mesmo tempo, gritar coisas diferentes. Não havia modo de o tribuno entender com clareza o que estava sendo dito no meio daquela vozearia. Por isso acorrentou a Paulo com duas cadeias e o conduziu à fortaleza (fortaleza Antônia).


Quando Paulo esta sendo levado pelas escadarias da fortaleza, no alto dos degraus, Paulo se dirigiu em grego ao tribuno, se identificou como judeu, cidadão da importante cidade de Tarso. Então pediu permissão para falar ao povo. Sendo lhe concedida, permitiram-lhe ficar de pé na escada. Obtendo a atenção da multidão e se fez súbito silêncio. Paulo começou, a falar-lhes em língua hebraica.

Paulo dá o seu testemunho - (22.1-21)

Esta defesa, feita na escada, foi a primeira de cinco que a Paulo foi permitido fazer. Nela Paulo dá ênfase a sua herança como judeu e seu encontro com CRISTO.

Os judeus no pátio embaixo ouviram Paulo até que ele falou da ordem de ir aos gentios. Os gentios aos olhos dos judeus, eram cães, comedores de carniça. Assim, em seus preconceitos, eles começaram de novo a gritar pedindo a morte de Paulo.

O tribuno introduziu Paulo na Fortaleza. Com a intenção de descobrir a razão de os judeus gritarem contra ele, o tribuno ordenou que os soldados o interrogassem debaixo de açoites.

Paulo perguntou ao centurião que estava supervisionando os açoites, se era legal açoitar um cidadão romano sem este ter sido condenado. O centurião comunicou o fato ao tribuno. Este veio logo, perguntando se Paulo era romano. O tribuno, então, perguntou se ele havia comprado a cidadania por grande soma de dinheiro. Mas Paulo replicou que era romano de nascimento. Seu pai ou seu avô provavelmente prestaram grande serviço aos romanos em Tarso e foram recompensados com a cidadania romana para si e para a família.

O tribuno conservou Paulo em custódia, entretanto, embora sem as algemas, tenhamos certeza. No dia seguinte, querendo ele saber com certeza porque os judeus o acusavam, trouxe Paulo à presença, e determinou que os principais sacerdotes e o sinédrio se reunissem para tratarem do caso.

Paulo que já fora membro do sinédrio e tinha dado seu voto para o apedrejamento de Estêvão, tinha agora de enfrentar a mais alta corte dos judeus.

Paulo diante do sinédrio - (23.1-10)

Diante do sinédrio, Paulo se sentia de igual para igual. Paulo não mostrou nenhum temor ou hesitação. Fitando os olhos no sinédrio, declarou que tinha vivido a sua vida e cumprido seus deveres diante de DEUS com toda a boa consciência (I Co 4.4: Fp 3.6).


Nisso, o sumo sacerdote, Ananias, mandou aos que estavam junto de Paulo que o ferissem na boca. Paulo reagiu a isso porque seu senso de justiça foi alertado, vejamos: "DEUS te ferirá a ti, parede branqueada!" Paulo, não sabia que Ananias tinha sido nomeado sumo sacerdote. Imediatamente Paulo se desculpou. Ananias foi nomeado sumo sacerdote em 47 d.C., por Herodes de Cálcis. Paulo, desde muito, só havia estado em Jerusalém umas poucas vezes e, isso mesmo, por pouco tempo, por isso não é de se estranhar que não tivesse visto antes o sumo sacerdote. Também é provável que, desde que foi o tribuno que convocou o sinédrio nesta ocasião, estivesse o sumo sacerdote sentado entre os demais membros da corte em vez de presidir a reunião. Embora sua atitude de mandar ferir a Paulo, contrariava a lei. A lei considerava a pessoa inocente até que se provasse ser ela culpada.

Ananias era um disfarce muito ganancioso e infeliz para um sumo sacerdote. Foi deposto no ano 58 ou 59, e no ano 66 foi ele condenado a morte e assassinado pelos próprios judeus.

Embora Paulo não soubesse quem era o sumo sacerdote, ele conhecia as Escrituras. Sua citação de Êxodo 22.28 mostra genuína humildade de seu espírito e sua disposição de submeter-se à Lei, mesma Lei que seus acusadores afirmavam ter ele afrontado.

Controvérsia sobre a ressurreição

Paulo percebeu que havia um ponto controvertido que ele podia denunciar. Parte do sinédrio compunha-se de saduceus, parte de fariseus. Os saduceus rejeitavam a idéia de qualquer ressurreição. Os fariseus criam que a esperança da ressurreição era fundamental para a esperança de Israel e necessária para a total realização da promessa de DEUS.

Paulo, portanto, com coragem, tirou proveito da situação. Era uma oportunidade de testificar em favor da verdade da ressurreição e do fato da ressurreição de JESUS. Declarou que era por causa da esperança da ressurreição que ele estava sendo julgado.

O resultado de toda a controvérsia

O sinédrio ficou dividido em dois grupos. Enquanto uns com os outros, a discórdia cresceu. Foram além da idéia da ressurreição e começaram a debater a existência de anjos e espíritos, existência que os saduceus negavam.

Alguns escribas (peritos na interpretação da lei) que estavam a favor dos fariseus, levantaram-se e empenharam-se na defesa de Paulo. Eles não acharam nenhum mal nele. Sugerindo que um anjo ou espírito podia ter lhe falado.
Diante de tanta discórdia, e o espírito inflamado dos saduceus, o tribuno teve medo de que eles agredissem a Paulo fatalmente. Por isso ordenou os soldados que descessem a Paulo e o levassem para a fortaleza Antônia.

O SENHOR anima a Paulo - (23.11)



Tinha sido um dia difícil para Paulo. Mas, na noite seguinte, o SENHOR JESUS subitamente se lhe apresentou e disse: "Tem bom ânimo (sê corajoso não tenhas medo)." Como havia Paulo dado testemunho em Jerusalém, assim também deve ele testemunhar em Roma. O desejo de Paulo de ir a Roma tinha parecido impossível ao ser ele preso. Mas, agora, JESUS, deixou claro que um encorajamento sustentou Paulo nos sofrimentos, provações e dificuldades que ainda estava por vir.

Paulo vai para Cesaréia - (23.23-35)


Devido uma conspiração contra a vida de Paulo da parte dos judeus, e denunciada pelo seu sobrinho, o tribuno resolveu enviar Paulo para a Cesaréia sob uma forte guarda. Determinou dois centuriões que tivessem prontos 200 soldados de infantaria para irem a Cesaréia, juntamente com 70 soldados de cavalaria e 200 lanceiros. Deviam partir a terceira hora da noite (cerca de 9:00 horas da noite). Paulo foi levado em segurança a Félix (Marcus Antônio Félix foi procurador da Judéia desde 52 d.C., até 59 D. C.) o governador romano da província.


O tribuno escreveu uma carta para explicar ao governador porque estava enviando Paulo.


Na carta, o tribuno dá seu nome - Cláudio Lísias (Lísias era um nome grego, o que indica que ele era grego). Explicou, então, como resgatou Paulo das mãos dos judeus que estavam prestes a matá-lo. Ele insinuou que a razão por que resgatou a Paulo, foi saber que ele era cidadão romano. E que as acusações se baseavam na lei judaica.

Os judeus acusam Paulo formalmente - (24.1-9)


Somente uma vez os judeus apresentaram acusações formais contra Paulo. Nesta ocasião eles contrataram Tértulo, um advogado e orado profissional.

Depois de cinco dias o sumo sacerdote Ananias, com alguns dos membros do sinédrio, chegaram com o orador Tértulio e o representaram junto ao governador contra Paulo. Paulo, então foi chamado, e Tértulo teve a oportunidade de apresentar a sua acusação contra ele.

Os argumentos de Tértulo


Tértulo começou lisonjeando o governador: Por meio dele haviam obtido muita paz; reformas eram feitas na nação judaica por sua providência; mas como não queria deter o governador por muito tempo, Tertulo pediu-lhe que o ouvisse por breve tempo, com consideração.

As acusações de Tértulo contra Paulo


Acusou Paulo de ser um sujeito pestilento (uma peste); promotor de sedições (discórdia, revoluções, tumulto) entre todos os judeus que estão no mundo habitado (isto é o império Romano). Disse ainda que Paulo encabeçava a seita dos nazarenos (no grego, nazaraion, os seguidores do Homem de Nazaré).


Por fim depois desta acusação geral, Tértulo apresentou a acusação específica. Disse ainda que Paulo tentara profanar o templo. Mas eles o prenderam em flagrante.

A defesa de Paulo - (24.10-21)


Paulo iniciou sua defesa de forma cortês, dirigiu-se ao governador sem, no entanto, apelar para a lisonja como fizera Tértulo. Contra as acusações, Paulo afirma que jamais fermentou alguma rebelião, ele apenas foi a Jerusalém para adorar.


Paulo deixou claro que toda a controvérsia entre ele e seus opositores giravam em torno da ressurreição, que não era uma idéia por ele inventada.


Paulo respondeu a cada uma das três acusações, a saber: de ser um agitador; a de ser um chefe da seita; e a de haver tentado profanar o templo. Negou estar perturbando a paz em Jerusalém, pois ali chegou para adorar (v. 11) e trazer ao seu povo esmola e ofertas (v. 17). Paulo insiste em afirmar que não foi achado discutindo nem reunindo gente no templo, nas sinagogas, ou em qualquer outra parte da cidade.


Paulo admitiu a segunda acusação que lhe faziam, mas corrigiu-a em pontos muito importantes. Confessou que de fato participava deste "caminho" a que os judeus chamavam de "seita"; mas tal caminho era o verdadeiro judaísmo. E, de fato, como seguidor do caminho, mostrava-se mais zeloso e fiel que seus acusadores. Ele adorava a DEUS de seus antepassados - e por isso o caminho não era uma religião nova. Participavam da mesma esperança de Israel. Por isso os saduceus não o aceitavam e os fariseus não queriam seguí-lo em tudo.


A terceira acusação, referente à profanação do templo, era coisa absurda. Paulo afirmou que, muito ao contrário, achou-se "purificando no templo, não em ajuntamento nem em tumulto" (v. 18). Afirmou o apóstolo, que o tumulto foi provocado pelos judeus que vieram da Ásia, os que se opunham a ele. Uma tradução mais literal do versículo 19 nos revela a emoção de que Paulo certamente estava possuído: "Mas essas pessoas da Ásia, (judeus) deviam estar presentes diante de ti e acusar-me de alguma coisa que pudesse ter contra mim."


O único ponto que o sinédrio podia acusá-lo era a questão teológica da ressurreição, a não ser isso, nada mais tinham contra Paulo nesse momento.


A essa altura o Governador Félix adiou a decisão para depois. Ele queria ainda ouvir o tribuno Lísias, para que tivesse mais informação detalhadas acerca do assunto.


Félix ordenou que o centurião guardasse (protegesse) a Paulo. Devia tratá-lo com brandura (bastante liberdade) e não impedisse que os cristãos o visitassem.


Depois de alguns dias veio Félix com a sua esposa Drusila, que era judia, mandou chamar a Paulo, e ouviu-o falar da fé em CRISTO JESUS (isto é o Evangelho).


Muitos estudiosos acreditam que Félix esperava que os amigos de Paulo lhe dessem dinheiro, tentando suborná-lo para que libertasse Paulo. Por isso o mandava chamar com frequência e conversava com ele.


Isso continuou por dois anos. Então Félix foi substituído por Pórcio Festo que chegou no ano 59 d.C., e permaneceu no cargo até a morte, ano 61 d.C.


Para agradar os judeus Félix deixou Paulo preso.

Paulo julgado por Festo


Os judeus não desistiram. Ainda consideravam Paulo seu maior inimigo e desejavam a sua morte. Por isso procuraram valer-se do novo governador.


Festo assumiu o cargo em Cesaréia, descansou um dia e, depois subiu a Jerusalém. Os principais sacerdotes e os judeus mais importantes o informaram de suas acusações contra Paulo. Rogaram-lhe que trouxesse Paulo a Jerusalém.


Festo deve ter sido informado dos acontecimentos anteriores, por isso, respondeu que Paulo estava detido em Cesaréia. Pediu que aqueles que tivessem uma acusação contra a Paulo, que descesse com ele para Cesaréia.


Depois de oito ou dez dias, Festo desceu a Cesaréia. No dia seguinte ele convocou um novo julgamento e fez com que Paulo fosse trazido perante o tribunal.


Os judeus de Jerusalém apresentaram muitas acusações sérias contra Paulo. Mas não tinham como provar uma sequer. Lucas não oferece detalhes aqui, mas as acusações, sem dúvida, deviam ser semelhantes às que Tértulo apresentara a Félix.


Lucas resume a defesa de Paulo nesta ocasião. Paulo sustentou que não tinha pecado contra a lei judaica, contra o templo, nem contra o imperador romano.

Paulo apela para César - (25.9-12)


Festo querendo agradar os judeus, perguntou se Paulo gostaria de subir a Jerusalém para um novo julgamento. Paulo sabia que ir a Jerusalém era correr risco de vida, pois os judeus poderiam preparar emboscada para matá-lo. Profundo conhecedor das leis romanas, Paulo apela para César, pois sabia que este era o único recurso que ele teria.

Paulo ainda é ouvido por Agripa e Berenice - (25.13-22)


Passado alguns dias, o rei Agripa (Herodes Agripa II, também chamado de M. Julhos Agripa II, filho de Herodes, de Atos 12), com sua irmã viúva, Berenice (também irmã de Drusila), veio a Cesaréia apresentar saudações ao novo governador da Judéia.


Como os visitantes estavam ali havia alguns dias, Festo expôs o caso de Paulo a Agripa, com a intenção de consultá-lo a respeito.

Agripa ouve a Paulo


Na audiência final perante Agripa, o livro de Atos registra, pela primeira vez, a narrativa da conversão de Paulo, dando alguns detalhes não registrados anteriormente.


Com a permissão de Agripa para falar em seu favor, Paulo considerou-se feliz por ter a oportunidade de defender-se perante Agripa, porque Agripa era versado em todas as coisas relacionadas com os costumes e questões judaicas.


Paulo chama atenção, em primeiro lugar, para o fato de que todos os judeus conheciam seu modo de viver, tanto em Tarso como em Jerusalém. Sabiam que ele vivera fariseu, seguindo os ensinos mais rigorosos do judaísmo (II Co 11.22; Gl 1.13; Fp 3.5).


Agora Paulo estava sendo julgado por causa da esperança da promessa que DEUS fez aos patriarcas (Abraão, Isaque, Jacó). Essa promessa, disse Paulo, que as "nossas doze tribos" fervorosamente servindo (cultuando) a DEUS, dia e noite, esperaram alcançar.


Paulo mesmo pensara que fosse necessário fazer muitas coisas contra o nome (caráter, natureza e autoridade) de JESUS de Nazaré; tinha posto muito dos santos (cristãos separados por DEUS) nas prisões. Quando eram sentenciados à morte, dava ele seu voto contra eles. Indo de sinagoga em sinagoga, ele tinha, muitas vezes, castigado os cristãos, tentando obrigá-los a blasfemar (isto é, a blasfemar o nome de JESUS).


A tal ponto se enfurecera contra os cristãos que chegou a perseguí-los em cidades estrangeiras.

Paulo dá testemunho da sua conversão - (26.12-18)


Paulo, então relatou a história de sua conversão na estrada de Damasco, e também a sua chamada por DEUS para a importante tarefa de ser ministro (servo) e testemunha.


Assim mostrou Paulo que JESUS lhe confiou a comissão de levar avante sua obra.

Paulo não foi desobediente a visão celestial - (26.19-23)


Paulo declarou que não foi desobediente a visão (aparição) celestial. A palavra "visão", aqui, não significa sonho, mas uma aparição real na qual JESUS, em pessoa, lhe falou.


Sua obediência demonstrou-se no modo como ele declarou aos judeus em Damasco, Jerusalém, toda Judéia, e também entre os gentios.


Novamente, Paulo dá testemunho de CRISTO. Pelo socorro de DEUS tinha permanecido até àquele dia, testemunhando a pequenos e grandes. Entre os grandes, naturalmente o rei Agripa.

Festo e Agripa rejeitam o Evangelho - (26.24-29)


Esta era uma poderosa pregação. Festo ficou abalado pelo seu poder de persuasão e tratou de reagir, interrompendo Paulo. Em voz alta, disse: "Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar." Por "muitas letras" ele pretendia dizer "muitos escritos", isto é, as Escrituras a respeito das quais Paulo estava falando.


Paulo gentil e cortesmente, replicou: "Não deliro, ó excelentíssimo Festo, mas digo (ungido pelo ESPÍRITO) palavras (no grego, rhemata) de verdade e de perfeito juízo." O rei conhecia tudo o que Paulo estava dizendo.


Paulo voltando sua atenção, de novo para o rei. Sabia que podia falar-lhe com liberdade, porque acreditava que nenhuma dessas coisas lhe era oculta (não estava fora do seu conhecimento), porque isto (os fatos da morte e ressurreição de CRISTO, os acontecimentos do Evangelho) tinha ocorrido publicamente e era publicamente conhecido.


Agripa reage as palavras de Paulo, dizendo: "Por pouco, tu me procuras persuadir-me a agir como cristão." Paulo, entretanto, recusou a desistir, e ainda replicou: "Provera a DEUS que, por pouco ou por muito, não somente tu, mas todos os que hoje me ouvem, se tornassem tais qual eu sou (isto é um cristão como eu), menos estas cadeias." É possível nesse ponto que Paulo levantasse as mãos para mostrar as cadeias fechadas em seus pulsos.

Agripa reconhece que Paulo era inocente - (26.30-32)

Agripa tinha ouvido o bastante. Levantando-se, indicou que a audiência terminara. Então, retirando-se, comentavam que Paulo nada havia feito que justificasse a sua prisão; nada na lei romana podia incriminá-lo. Agripa disse a Festo que Paulo podia ser solto se não tivesse apelado para César.

Paulo viaja para Roma - (27.1-8)


Para a viagem de Cesaréia à Itália, Paulo e outros presos foram entregues a um centurião chamado Júlio que pertencia à coorte de Augusto. A coorte Augusto era responsável diretamente perante o imperador. Tinham o seu comando em Bananéia, no nordeste da Palestina.


Acompanharam Paulo nesta viagem, Lucas e Aristarco, cristão macedônio de Tessalônica.


Em Mirra, o centurião transferiu Paulo e seus amigos para um navio de Alexandria que navegava para a Itália com uma carga de trigo.

As dificuldades da viagem


Devido os ventos contrários, eles navegavam vagarosamente tentando alcançar Cnido na costa da Cória, no sudoeste da Ásia menor. Mas os ventos de noroeste não deixaram que eles chegassem ali. Foram conduzidos a sota-vento de Creta, ao longo da costa leste. Então lutaram ao longo da costa sul até que alcançaram Bons Portos.



Paulo, que já havia sofrido três naufrágios (II Co 11.25), sabia quão perigoso podiam ser as tempestades de inverno. Por, isso, procurou os responsáveis pelo navio e os advertiu quanto à certeza de avarias e grande perda para o navio e sua carga, e também o risco que corriam suas vidas.


O centurião foi persuadido pelo piloto e pelo o dono do navio a continuar a viagem. O porto era impróprio para ali passarem o inverno, por isso a maioria foi favorável a continuar a viagem até Fênice (moderna Fenícia), um porto situado ao leste.


A opção seria boa se os ventos viessem do nordeste ou do sudoeste.


A tempestade continuou por muitos dias. Sem poderem ver o sol, a lua ou as estrelas, não tinham como orientar-se. Por fim, como esta grande tempestade de inverno continuava a acossá-los, toda a esperança de salvação se desfez.

A visão e coragem de Paulo - (27.21-37)


Por bastante tempo as 276 pessoas a bordo do navio (v. 37) se abstiveram de alimentos, talvez por causa dos enjôos ou falta de apetite.


Numa noite um anjo apareceu e encorajou a Paulo dizendo-lhe "que parasse de sentir medo". Era necessário que ele comparecesse perante César, e DEUS também, graciosamente, lhe havia entregue os que com ele estavam viajando. Não haveria perdas de vidas, apenas o navio se perderia.


Antes que Paulo comunicasse aos outros esta garantia dada por DEUS, recordou-lhes ele os avisos que lhes havia dado em Creta, o qual eles recusaram atender.


Paulo começa a encorajá-los a terem bom ânimo. Mas a base para a coragem dele era a fé que ele tinha em DEUS.


Na décima-quarta noite estavam sendo levados pelo vento, fosse qual fosse a direção em que ele soprava, através do Mar de °dria (o Mar Mediterrâneo ao sudoeste da Itália, e não Mar Adrático). Cerca de meia-noite os marinheiros suspeitaram que estavam chegando perto da terra. Então lançaram uma corda com peso na extremidade para sondar a profundidade e acharam cerca de 36 metros de profundidade. Meia hora depois, sondaram de novo e acharam 27 metro de profundidade.


A situação era de descontrole total por parte dos marinheiros que começaram a fugir do navio. Paulo, o prisioneiro, por efeito da necessidade, assumira o controle da situação.


Paulo orientou que cada um se alimentasse por causa das condições físicas. Garantiu que nenhum cabelo cairia da cabeça deles. Depois de animá-los, comeu juntamente com todos.


Depois que estavam todos satisfeitos com o alimento, alijaram (aliviaram) carga de trigo de modo que o navio pudesse flutuar melhor. Isso ajudaria a chegar mais perto da praia.


Quando amanheceu não reconheceram a terra. Mas notaram uma baía e resolveram que, se pudesse, fariam o navio avançar a até a praia. Soltando as âncoras, eles as deixaram no mar, porque esse recurso também aliviaria o navio. Ao mesmo tempo largaram o leme, içaram a vela da proa para aproveitar o vento e rumaram para a praia.


Mas, em vez de alcançar a praia, acidentalmente foram dar a um lugar onde duas correntes se encontravam, um canal estreito e raso. A proa do navio enterrou-se na lama e na terra; e a proa começou a partir-se por efeito da violência das ondas.


Os soldados, então, conferenciaram entre si e sua decisão de matarem os presos para que não escapassem nadando. Mas o centurião queria salvar Paulo, e por isso os proibiu de levarem avante seu intento. Ordenou, então, a todos os que soubessem a nadar que fossem os primeiros a saltar pela borda para alcançarem a terra. Assim foram todos trazidos em segurança á terra. Mas, como Paulo advertira, o navio foi perda total.

Milagres em Malta - (28.1.10)


Depois de chegar a salvo a terra, constataram que o nome da ilha era Melita (termo fenício ou cananeu para "refúgio"), tendo, hoje, o nome de Malta. Situava-se ao sul da Sicília e seus habitantes eram descendentes dos colonizadores fenícios que, provavelmente, falavam um dialeto intimamente relacionado com o hebraico.


Para os gregos, qualquer estrangeiro que não soubesse falar grego era bárbaro. Posteriormente eles concederam aos romanos modesta compensação incluindo entre os bárbaros os que não soubessem falar grego ou latim.


Paulo ajuntou um grande feixe de gravetos e o pôs lenha, e ela se apegou à mão dele (isto é, mordeu-o). Quando os habitantes de Malta viram a criatura selvática morder Paulo, de pronto concluíram que Paulo devia ser um assassino, que, embora se salvasse do mar, a justiça não consentia que vivesse.. Paulo simplesmente sacudiu o réptil no fogo e não sofreu nenhum dando. Os moradores do local tinham visto outros mordidos pela mesma espécie de víboras; por isso esperavam que Paulo inchasse e caísse morto. Viajaram e observaram por longo tempo, mas nada estranho aconteceu a ele. Por isso mudaram seu modo de pensar e passaram a achar que ele era um deus.


Nas proximidades havia umas terras (propriedades) pertencentes ao homem principal (o governador) da ilha, cujo nome era Públio. Ele os acolheu com bondade e, por três dias, hospedou-os bondosamente.


Aconteceu, porém, estar doente o pai de Públio, sofrendo de febre (uma febre periódica) e desinteria.. Paulo foi visitá-lo, orou por ele, impôs-lhe as mãos, e DEUS o curou. Então as demais pessoas da ilha que estavam doentes vieram e foram curadas.


Podemos ter certeza que Paulo continuou ministrando a eles durante os três meses de inverno que se seguiram.

Chegando a Roma - (28:11-16)


O restante da viagem para a Itália foi a bordo de outro navio de Alexandria que invernara em Malta, provavelmente no bom porto de Valeta. Sua figura de proa era o Dióscursos (os meninos de Zeus, isto é, Castor e Pólux, que, na mitologia grega, eram filhos de Zeus e Leda e eram considerados patronos dos marinheiros).


O navio parou três dias em Siracusa no leste da Sicília, então fez uma volta (costeando contra o vento) até Régio, no bico da "bota" da Itália. Um dia depois, o vento mudou e bastou mais um dia para alcançar Puteoli (a moderna Pozzuoli) na baía de Nápoles. Ali encontraram irmãos cristãos que, com sucesso, instaram com eles para ficarem sete dias. Claramente o centurião responsável por Paulo reconheceu que DEUS estava com ele e não se opôs ao que Paulo desejasse.


De Puteoli seguiram para Roma por terra, tomando a famosa estrada romana, a Via Ápia. Em Appii Forum (cidade-mercado de Ápio), a 43 milhas romanas (64 quilômetros) ao sul de Roma, e, de novo, na povoação Três Estalagens (três Vendas),cerca de 33 milhas romanas (53 quilômetros) de Roma, delegações de crentes romanos vieram ao encontro de Paulo e o acompanharam e seus amigos, voltando a Roma, numa procissão tão numerosa que teria honrado um monarca visitante. Na realidade, era costume quando um imperador visitava uma cidade saírem pessoas a encontrá-lo e escoltá-lo até a cidade.


Quando ele os viu deu graças a DEUS e recobrou ânimo. Com toda a certeza DEUS lhe daria um ministério em Roma como ele desejava (Rm 1:11,12).


Em Roma Paulo foi entregue ao comandante da guarda pretoriana de Nero. Mas foi-lhe permitido morar à parte, acorrentado pelo pulso a um soldado que o guardava. Como o versículo 30 indica, foi-lhe permitido alugar um apartamento, nele residindo nos dois anos que passou em Roma. Lucas e Aristarco também ficaram em Roma para ajudá-lo durante esse período (Cl 4.10,14; Fl 24).

Paulo reúne-se com os líderes judeus - (28:17-22)


Depois de três dias convocou (convidou) os líderes judeus em Roma para virem ao seu apartamento. Inscrições romanas antigas mostram que havia várias sinagogas judaicas em Roma por esse tempo. Paulo contou-lhes então como veio a estar em Roma como prisioneiro. Enfatizou ele sua inocência e explicou por que apelou para César, sendo cuidadoso em não mencionar nenhuma censura á nação judaica (povo judeu) como um todo.


O propósito de Paulo, entretanto, era fazer mais do que explicar por que estava ali. Ele queria testificar do fato de que era pela esperança de Israel que estava preso por uma cadeia.


Os líderes judeus responderam que não haviam recebido carta alguma da Judéia, nem tinha alguém trazido alguma notícia do julgamento de Paulo ou mesmo falado qualquer coisa má a seu respeito. A seguir, expressaram o desejo de ouvir Paulo falar-lhes acerca de suas idéias.


A epístola de Paulo aos Romanos mostra que a igreja de Roma já estava estabelecida pelo A. D 57 e, provavelmente, bem antes disso. Evidentemente estes líderes judeus tinham ouvido as críticas mas não se haviam dado ao trabalho de investigar.

Paulo prega aos judeus de Roma - (28:23-28)


A estes deu ele explicação acerca do que tinha em mente, apresentando solene testemunho acerca do reino (domínio) de DEUS. Como sempre faziam nas sinagogas, usou os livros de Moisés e dos profetas para ensinar o evangelho e procurar persuadi-los de Jesus é verdadeiramente o Messias.


Continuou ele com essa pregação desde amanhã até a noite. Alguns se deixaram persuadir. Isto é, creram e aceitaram a mensagem e a exortação de Paulo. Outros não creram.


Por estarem em desacordo, retiram-se, mas não antes de Paulo dizer-lhes uma palavra final. Ele citou-lhes o que o Espírito Santo, em Isaías 6:9,10, disse aos seus ancestrais. Então acrescentou ele que a salvação de DEUS estava, também, sendo enviada aos gentios(uma referência a seu próprio chamado) Eles (enfático) também ouviriam (e aceitariam).

Dois anos de oportunidade - (28:29-31)


Essa não foi a última oportunidade de Paulo. Por dois anos inteiros teve ele condições de pregar e ensinar corajosa e livremente, recebendo todos os que vinham ao seu apartamento. Era essa uma resposta a seus pedidos de oração enviados às igrejas por ele fundadas (Efésios 6:19,20; Colossenses 4:3,4). Até mesmo alguns da casa de César se converteram (Fl 4:22). Isso, provavelmente aconteceu através do testemunho dado pelos soldados à guarda pretoriana ("guarda do palácio") (Fl 1:13).


Lucas pára a narrativa subitamente. Não existe uma conclusão formal para este livro.
O livro de Atos continua hoje.


FIM


Luiz Fontes

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