A oração é a busca da Glória de Deus e a busca da nossa alegria

domingo, 1 de janeiro de 2006


"Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra" - Sl. 73.25


A oração é a admissão pública de que sem Cristo não podemos fazer nada. Orar é desviar-se de si mesmo para Deus, na confiança de que Ele providenciará a ajuda de que precisamos. A oração nos humilha, como necessitados, e exalta a Deus, como rico.


Aqueles que pedem, fazem-no, porque vêem que Deus é um grande doador.


Mas há um tipo de oração que é errada - a egocêntrica - Tg. 4. 3-5. Se estamos apenas apaixonados pelos breves prazeres mundanos, estamos cometendo a idolatria.


Se podemos orar por um cônjuge, um emprego, por cura física, comida ou abrigo por amor a Deus, então mesmo nisto, estamos centrados em Deus e não nos revelamos egocêntricos. Estamos concordando com o salmista: "Não há nada na terra que eu deseje mais do que o Senhor, e não há nada do que eu quero que não me mostre mais do Senhor”.


Glorificamos a Deus quando confiamos em sua resposta, de que Ele suprirá as nossas necessidades.


Nós somos chamados para sermos servos e devemos fazer o que nos é mandado, mas o que é diferente aqui, é que o nosso Senhor, insiste em nos servir - Is. 64.4


Todos os outros ditos deuses tentam conquistar exaltação fazendo as pessoas trabalhar por eles. Apenas demonstram sua fraqueza. Nosso Deus é diferente destes, porque ele se propõe a trabalhar por nós. Nosso trabalho é esperar nele.


Esperar! Isso significa parar e conscientizar-se com sobriedade da nossa incompetência e da completa suficiência de Deus, buscar conselho e ajuda do Senhor, e esperar nele - Sl.33.20-22.

A estupidez de não esperar em Deus está em perdermos a bênção de ter Deus trabalhando por nós. A malignidade de não esperar por Deus está em nos opormos à vontade de Deus exaltar-se em misericórdia.


Deus pretende exaltar-se a si mesmo trabalhando por aqueles que nele esperam. A oração é a atividade essencial da espera por Deus: o reconhecimento da nossa incapacidade e do seu poder, o pedido por sua ajuda, a busca do seu conselho. Assim, fica evidente porque Deus manda tantas vezes que oremos: seu propósito no mundo é ser exaltado por sua misericórdia. A oração é o antídoto para a doença da autoconfiança, que se opõe ao objetivo de Deus de obter glória ao trabalhar por aqueles que esperam nele.


John Piper - Teologia da Alegria, cap 6.



A Conversão

A criação de um Cristão que busca o prazer.


Nem todas as pessoas estão destinadas a entrar no reino dos céus (Mt. 7.14). Se estivessem, não precisaríamos falar sobre conversão.


Deus tem o objetivo de ser glorificado com o nosso louvor. Nós buscamos prazer nele. Ambas as coisas são iguais. Ambas estão interligadas, pois a mesma motivação que leva Deus a querer receber sua glória o leva também a satisfazer o coração dos que buscam sua alegria nele. A conversão não é nada menos que a criação de um cristão que busca o prazer.


1. Por que não dizer simplesmente crer? Por duas razões:


a. Estamos cercados de pessoas não convertidas que acham que crêem em Jesus – são os freqüentadores mornos e mundanos, que dizem que crêem. O mundo está cheio de pessoas não convertidas que dizem crer em Jesus. Dizer a estas pessoas que creiam soa vazio, pois a verdade bíblica ainda não traspassou seus corações.


b. Dar atenção aos outros mandamentos bíblicos diretos, que nos conduzem ao prazer cristão.



Seis verdades cruciais para resumir nossa necessidade e a provisão de Deus.


Porque a conversão é tão crucial? O que a torna necessária? O que temos que fazer para aproveitá-la?


1. Como falhamos?


Deus nos criou pra sua glória, portanto é nossa obrigação viver pra sua glória (Is. 43.6,7).


Ninguém jamais entenderá a necessidade da conversão se não souber por que Deus nos criou. Fomos feitos para sermos prismas que retratam a luz da glória de Deus em tudo na vida. O motivo disto é um grande mistério. Chame-o de graça, misericórdia ou amor. Antes não éramos. Passamos a existir – para a glória de Deus.


Nosso dever vem do desígnio de Deus. Glorificar a Deus não é torná-lo mais glorioso, mas significa reconhecer sua glória. Implica gratidão de coração (Sl. 50.23) e confiança (Rm 4.20).



2. Quão desesperadora é nossa condição?


Todos deixamos de dar glórias a Deus; portanto, estamos sujeitos à condenação eterna. (Rm. 3.23).


Carecer da glória de Deus é explicado em Rm 1.23, onde se afirma que aqueles que não glorificaram a Deus tornam-se loucos. Todo pecado resulta de não darmos valor supremo à gloria de Deus.


Ninguém sentiu a profundidade e a coerência da gratidão que lhe devemos. Trocamos, desprezamos e desonramos sua glória, vez após vez.


A Bíblia afirma que nós não escolhemos pecar, mas que somos pecadores. Nosso coração é cego (2 Co. 4.4), duro (Ez.11.19), morto (Ef. 2.1, 5) e incapaz de submeter-se à lei de Deus (Rm.8. 7, 8).


Por tudo isto estamos sujeitos à condenação eterna de Deus. A penalidade de destruição eterna, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder (2 Ts. 1.9). Nossa sentença é a eterna desgraça do inferno. O inferno não é um lugar terapêutico. É um lugar justo.


Quando todo ser humano enfrentar a Deus no dia do juízo, ele não precisará usar nenhuma frase da Bíblia para nos mostrar nossa culpa e como nossa condenação é apropriada. Ele precisará apenas fazer 3 perguntas:


1. Não estava claro na natureza que tudo que você tinha era uma dádiva e que você dependia de quem o fez quanto à vida, respiração e tudo mais?


2. O sentimento judicial em seu próprio coração não considerava as outras pessoas culpadas quando não manifestavam a gratidão que deveriam ter em resposta a um gesto de bondade de sua parte?


3. Sua vida foi cheia de gratidão e confiança para comigo, proporcionais à minha autoridade e generosidade?


Caso encerrado!



3. O que Deus Fez para nos salvar da sua ira?


Jesus Cristo veio ao mundo para salvar pecadores (1Tm. 1.15).


A boa nova é que o próprio Deus decretou uma maneira de satisfazer as exigências da sua justiça sem condenar toda a raça humana. O inferno é uma maneira de acertar as contas com os pecadores e fazer prevalecer a justiça de Deus.


A morte de Cristo é a sabedoria de Deus, pela qual o amor dele salva pecadores da ira divina, sem deixar de preservar e mostrar Sua justiça (Rm. 3.25,26).


O que temos que fazer para sermos salvos? Dar as costas ao pecado e confiar no Salvador. Os benefícios comprados pela morte de Cristo pertencem àqueles que se arrependem e confiam nele (At. 3.19).


Nem todo mundo é salvo da ira de Deus só porque Cristo morreu pelos pecadores. Há uma condição: é a conversão. Conversão é nada menos que a criação de um cristão que busca o prazer.




4. Que é conversão?


É arrependimento e fé. É dar as costas ao pecado e à incredulidade e confiar apenas em Cristo, para sua salvação. Não é possível ter um sem o outro.


A fé salvadora inclui uma profunda mudança do coração. Não é só concordar com uma verdade, mas é algo muito mais profundo que isto. Jamais entenderemos isto completamente, enquanto não nos dermos conta de que ela é um milagre. Deus primeiramente efetua em nós o milagre da regeneração.


A fé é ação nossa, mas ela é possível, por causa da ação de Deus. As Escrituras nos mostram que Deus tem se dedicado a este trabalho, a fim de criar para si um povo fiel (Jr. 24.7).


Somos chamados do mesmo modo que Jesus chamou Lázaro da morte para a vida. A regeneração precede e possibilita a fé. A fé é a evidência do novo nascimento, não a causa dele.


A conversão é uma condição da salvação e um milagre de Deus. A salvação não é o novo nascimento. O novo nascimento vem primeiro e possibilita a fé e a conversão. Antes do novo nascimento, estávamos mortos e pessoas mortas não preenchem condições. A regeneração é incondicional. Todo crédito dela é dado apenas a Deus.


Salvação é portanto, a nossa libertação futura da ira de Deus, do julgamento e é a entrada na vida eterna. Conversão é então uma condição para a salvação. Quer ser salvo? A resposta é: converta-se. A conversão é mais que uma decisão humana. Ela é um milagre imenso! É a respiração de uma nova criatura em Cristo.



A fé salvadora contém várias dimensões. Veja o que uma pessoa tem que fazer para ser salvo:


a. Crer – At. 16.31

b. Receber a Cristo – Jô. 1.12

c. Arrepender e converter – At. 3.19

d. Obedecer a Cristo – Hb. 5.9 – Jô. 3.36

e. Ser semelhante a uma criança – Mt 18.3

f. Autonegação – Mc 8.34, 35

g. Amar a Jesus, mais que a qualquer outra pessoa – Mt 10.37

h. Não ser materialista – Lc. 14.33


Estas condições têm de ser preenchidas para herdarmos a salvação final. Este é o único caminho para a vida eterna. Isso é o que significa converter-se a Cristo.


A conversão é então, de uma forma mais ampla, o que acontece no coração quando Cristo se torna pra nós uma arca do tesouro de alegria santa. A fé salvadora é a convicção do coração de que Cristo é totalmente confiável e plenamente desejável. O que há de novo em um convertido ao cristianismo é o novo gosto espiritual pela glória de Cristo.


Para entrarmos no Reino dos Céus nossa conversão deve ser profunda, e convertemo-nos quando Cristo se torna pra nós uma arca do tesouro de alegria santa.



5. A criação de um novo gosto


Existe uma relação entre a chegada da alegria e a fé salvadora. A alegria é fruto da fé. Crendo, somos cheios de alegria. A confiança nas promessas de Deus supera a ansiedade e nos enche de paz e alegria (Rm 15.13, Fp. 1.25).


Há mais uma maneira também de ver relação entre alegria e fé. A fé que agrada a Deus é a certeza de que, se nos voltarmos pra Ele, encontramos o tesouro que a tudo satisfaz. Achamos o prazer eterno do nosso coração. Isto implica em que tenha acontecido algo em nosso coração antes do ato de fé.


Por trás do ato de fé que agrada a Deus foi criado um novo gosto. Um gosto pela glória de Deus e pela beleza de Cristo. Eis que nasceu a alegria! O que é novo na nova criatura é que ela tem um novo gosto. A árvore da fé cresce apenas no coração que anseia pelo dom supremo, que levou Cristo a morrer para poder concedê-lo a nós. Este dom não é saúde, nem riqueza, nem prestígio, mas é Deus!



6. Uma nova paixão pelo prazer da presença de Deus


O despertar de uma sede irresistível por Cristo é a criação de um cristão que busca o prazer. A busca da alegria em Deus não é apenas inocente, ela é essencial. O nascimento desta busca é o nascimento da vida cristã.


A busca da alegria em Deus não é opcional. Enquanto seu coração não tiver atingido esta busca, sua fé não pode agradar a Deus. Não é a fé que salva. A fé salvadora é a confiança de que o tesouro oculto da alegria santa satisfará seus desejos mais profundos. A fé salvadora é a convicção de que Cristo não é somente confiável, como também desejável. É a confiança de que Ele cumprirá suas promessas e de que aquilo que ele promete vale mais à pena ser desejado do que todo o mundo.


Na conversão encontramos o tesouro e comprovamos repetidamente seu valor. Assim a alegria da fé cresce. O resultado é mais fé, mais alegria. Mais profunda do que antes. Esta é a criação de um cristão que busca o prazer.



Teologia da Alegria, John Piper, cap. 2.



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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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