A Relação Entre Justificação e Santificação

sábado, 29 de agosto de 2009


Santificação é o que Deus faz no crente; ela não é as boas obras do crente. Importante como elas são, contudo, nem a santificação nem as boas obras são a base da salvação ou o fundamento da esperança cristã. Santificação, certamente, é uma obra da graça de Deus, mas ela é o resultado de um ato de graça mais fundamental. A menos que a santificação esteja enraizada na justificação, e a justificação na eleição, a santificação não pode escapar dos venenos do subjetivismo, moralismo ou Farisaísmo.

O raciocínio pecaminoso pode nos dizer o que Deus faz ao mudar o coração do pecador é a coisa mais importante que Deus possivelmente possa fazer no processo de salvação. Esta alegação é o cerne da soteriologia Católica Romana, e deve ser admitido que a preocupação devastadora do neo-evangelicalismo hoje é sua mensagem de ser salvo “deixando Cristo entrar em seu coração”, sendo nascido de novo, etc. É o neo-evangelicalismo Romano. A grande verdade da justificação pela fé somente, contudo, não trata com os atos de Deus dentro do crente, mas com os atos salvadores de Deus fora do crente.

Primeiro, a razão da aceitação de um homem por Deus, para a vida eterna, é pura graça: “sendo justificado livremente por sua graça” (Romanos 3:24). A palavra grega aqui traduzida por livremente é traduzida em outro lugar por sem causa. A graça de Deus não está condicionada a qualquer qualidade no coração ou vida humana. Tão longe ela está de se relacionar com uma qualidade dentro do homem que o apóstolo declara que esta “graça...que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2 Timóteo 1:9). Graça é uma qualidade no coração de Deus, Sua disposição de ser benévolo e misericordioso para com aqueles que estão perdidos e que são não-merecedores. Graça significa o atributo de Deus de aceitar aqueles que são inaceitáveis — incluindo aqueles a quem Ele tem santificado.

Todavia, Deus não pode permitir que Sua graça cancele Sua justiça. A regra da lei deve ser sustentada. Deus deve ter fundamentos válidos para perdoar pecadores e aceitá-los como justos. Aqueles fundamentos são também completamente fora de nós: “sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3:24).

A vida e a morte de Cristo são os únicos fundamentos de Deus ser capaz de nos julgar e nos tratar como justos. Isto é ser “justificado por Cristo” (Gálatas 2:1). O Evangelho proclama que pecadores são salvos pelos atos objetivos e concretos de Deus na história. Esta é uma ação que é tão fora do pecador que ela aconteceu há dois mil anos atrás. Isto é Cristianismo. É a única religião verdadeiramente histórica. Todas as outras religiões ensinam que a salvação é encontrada em algum processo dentro do adorador, e conseqüentemente, a suprema preocupação do adorador é com sua experiência interna. Somente o Cristianismo proclama uma salvação que é encontrada num evento fora do pecador.

Esta verdade, certamente, é uma grande ofensa ao orgulho humano. Considere os filhos de Israel no deserto. Muitos foram picados pelas serpentes e estavam encarando a morte. Moisés colocou uma imagem de uma serpente mortífera numa haste e convidou os moribundos a olharem e viverem. Quem já tinha ouvido alguma coisa semelhante a esta? O veneno estava no interior deles, e como poderia algo completamente fora deles trazer-lhes algum socorro? Para nós que fomos envenenados até a morte por aquela velha serpente, o diabo, Jesus declara: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado” (João 3:14).

A base da salvação não é um processo subjetivo. Se o modo de salvação fosse simplesmente uma questão de convidar a Cristo para o coração ou ser nascido de novo pelo Espírito, então, Cristo não necessitaria ter vindo aqui para sofrer e morrer. Mas nenhuma quantidade de santificação ou santidade interior pode construir uma ponte para o abismo que o pecado tem feito e nos colocar num relacionamento correto com Deus. Comunhão com Deus não pode descansar num processo intero de ser feito santo. Perfeição não é algo que Deus requer no final do processo. Ele demanda perfeição e absoluta santidade antes que qualquer relacionamento correto possa começar.

A salvação e o estar corretamente diante de Deus descansam no que Deus já fez, fora de nós, na pessoa de Jesus Cristo (Romanos 3:24). Dois mil anos atrás houve um evento histórico objetivo. O próprio Deus rompeu a história humana na pessoa de Seu Filho. Ele se tornou nosso Homem representativo. Ele suportou nossa natureza e se tornou tão identificado conosco que tudo o que Ele fez não somente foi para o Seu povo, mas foi também legalmente como se nós tivéssemos feito. Ele lutou contra o pecado, o diabo e a morte. Ele os derrotou absolutamente e destruiu o seu poder. Sua vitória foi por nós. Ela foi realmente e legalmente nossa vitória. Quando Ele viveu aquela vida santa, que satisfez as reivindicações da lei de Deus, ela foi por nós. Foi como se nós a tivéssemos vivido. Quando Ele suportou o castigo pelo pecado, justiça nos viu punidos nEle. “Se um morreu por todos, logo, todos morreram” (2 Coríntios 5:14). Quando Ele ressuscitou e foi aceito com alegria na presença de Deus, honrado e exaltado à destra de Deus, tudo isso foi por nós. Foi o Seu povo quem Deusa abraçou na pessoa de Seu Filho. Tão certamente como Deus veio a esta Terra na pessoa de Cristo, assim tão certamente adentramos ao Céu na pessoa de Cristo. O Evangelho não proclama as boas coisas que Deus fará em Seu povo, mas ele proclama as boas coisas que Ele tem feito por Seu povo. Por Seus gloriosos atos fora de nós, Ele tem realmente realizado a nossa salvação. Ele nos tem perdoado, justificado e restaurado à glória e honra na pessoa de Jesus Cristo (Efésios 1:3-7; 2:4-6; Romanos 4:25; 5:8-10, 18, 19; Colossenses 2:10).

A justificação não é apenas pela graça somente e por Cristo somente; ela deve ser também pela fé somente. O que Deus tem feito fora de nós, em Seu Filho, deve ser crido. A fé vem por ouvir esta mensagem de Cristo (Romanos 10:17). A fé não traz a salvação à existência. Ela não produz a justiça pela qual Deus nos justifica. A fé não faz; ela recebe. Ela é o assentimento a um arranjo já feito por Deus. O objeto da fé é completamente objetivo. Não é fé no que o Espírito Santo tem feito dentro de nós. Não é fé em nossa santificação ou em alguma experiência passada de ser nascido de novo. Não é fé em nossa fé. Não é fé na igreja. Não é fé no batismo. A fé é focada no que está no Céu, no que temos em Cristo à destra de Deus (Colossenses 3:1-4). Portanto, devemos decisivamente dizer que santificação, sendo da Terra, sendo no crente, não é parte da justificação que é pela fé somente. A justiça que é pela fé somente é a justiça da vida e da morte de Cristo. É aquela vida de perfeita obediência que Cristo agora apresenta no tribunal de justiça em nosso favor. A única justiça que temos diante de Deus é a justiça que está agora realmente diante de Deus. Nossa justiça, portanto, está onde nós mais a precisamos — na presença de Deus, diante da lei de Deus, à destra do Pai. Porque a nossa justiça é o próprio Cristo (Jeremias 23:6). Como John Bunyan declarou, o segredo sublime da Bíblia é “que uma justiça que reside com uma pessoa no Céu deve me justificar, um pecador na Terra”. Isto é justiça pela fé. É uma justiça que os Reformadores declararam ser “uma justiça alheia” — uma justiça completamente fora do homem e tão estranha ao raciocínio pecaminoso que ela pode ser conhecida somente pelo Evangelho.

Nós temos visto que Deus justifica pela graça, sobre os fundamentos da obra de Cristo, e aplica a bênção ao pecador que a recebe em fé. A graça que justifica é externa ao pecador crente. A justificação que justifica é externa ao pecador crente. A fé que aceita a bênção está afixada ao que é externo ao pecador crente. O ato de Deus justificar é também externo ao crente. Isto pode ser visto em duas diferentes formas.


O Significado de Justificação

Justificação é uma palavra legal que tem referência a juízo e julgamento. Ela não significa fazer uma pessoa subjetivamente justa mais do que condenação significa fazer uma pessoa subjetivamente ímpio. Justificação é simplesmente um veredicto da corte declarando ou pronunciando uma pessoa ser justa. No caso do veredicto de Deus, Ele declara o pecador crente ser justo porque o Representante do pecador é justo. Ou, para colocar de outra forma, quando o pecador reivindica a justiça de Cristo como sua e a apresenta diante de Deus, o Juiz reconhece que a dívida foi paga, e o pecador é declarado justo diante da lei. Não é um mero perdão, uma declaração de “não culpado”. É uma imputação da justiça perfeita do próprio Cristo.

Justificação, portanto, não é um ato de Deus dentro do pecador, mas é um ato de Deus fora do pecador. É o veredicto de Deus sobre ele. É um ato forense, declaratório. Ele não é baseado na santidade aquele que crê, mas na santidade dAquele em quem o pecador crê. O ponto é crucial. Neste assunto de nossa aceitação com Deus, não devemos ser ansiosos sobre o que Deus pensa de nós, mas sobre o que Deus pensa de Cristo, nosso Substituto. Se confundirmos justificação com o processo de santificação interna, a fé cambaleia, e achamos impossível estar diante de Deus com uma consciência pacificada. A justificação pertence ao que Deus faz por nós, não ao que Ele faz em nós.


O Método de Justificação

Em Romanos 4 o apóstolo não somente declara que Deus justifica o ímpio (versículo 5), mas que Deus faz isto imputando a justiça ao que crê (versículos 3,5-7). No capítulo 5 Paulo mostra que a justiça que Deus imputa é “a justiça de um” (versículos 18,19). Agora, a palavra imputar não significa infundir. Ela simplesmente significa atribuir ao pecador o que ele não possui em si mesmo. Imputação não muda o objeto, mas muda o modo como o objeto é considerado. A suprema ilustração disto é o Calvário. Nossos pecados foram imputados a Cristo (2 Coríntios 5:19-21). Isto não O fez subjetivamente um pecador, mas mudou a forma como Deus O considerava. Teve uma influência decisiva na forma como a justiça O tratava.

O ato de Deus de justificação depende da justiça perfeita, certamente. Todavia, ele não depende desta justiça estar em nós, mas em ser intercedida por nós, na presença de Deus. Deus a computa a nós simplesmente porque Cristo a realizou por nós e nós a aceitamos em fé. Portanto, não importa a forma como olhamos para ela ou a forma como nos voltamos para ela, a justificação é um ato da graça de Deus que é completamente fora da experiência daquele que crê.

Estamos cientes daquelas objeções, grisalhas de tão velhas, que se antecipam, gritando zombeteiramente, “Ficção legal!” “Ilusão divina!” “Contadoria celestial” “Justiça colada!”. De fato, é o nosso propósito mostrar como a justificação é a única coisa que pode nos levar à santificação. O tipo de justificação que temos considerado é a causa dinâmica da santificação. A doutrina da justificação imputada fundamenta toda ação ética também.


As Conexões Legais entre Justificação e Santificação

Não temamos pensar em categorias legais, pois toda a Escritura se move nesta atmosfera. Deus é Juiz e Legislador. Ele é o Deus da lei e da ordem. Diferentemente dos deuses imprevisíveis dos pagãos, nós podemos confiar que Ele agirá em harmonia com a Sua própria lei de eterna retidão. Justificação, esta grande palavra Paulina, é uma palavra do tribunal de justiça. Deus não está agindo somente para salvar pecadores, mas Ele está agindo para vindicar Sua lei. Paulo argumenta que nossa salvação está fundamentada na lei e na justiça tanto quanto na graça e na misericórdia (veja Romanos 3:24-26). Nossas próprias consciências demandam justiça e não podem ser pacificadas a menos que a comunhão de Deus conosco esteja fundamentada na justiça. Deus não estava fingindo no Calvário. O Calvário não foi uma ficção legal. Ele prova que a lei moral é ineroxável. O Calvário dá uma base legal (de acordo com a lei) da salvação.

Nós aceitamos o princípio legal nos relacionamentos humanos mais importantes. Uma mulher que ignora um relacionamento legal (“mero papel”) e tenta estabelecer um relacionamento com um homem pela experiência somente, está prostituindo uma lei fundamental da vida. Uma pessoa que toma uma propriedade sem um documento (“mero papel”) é um ladrão. Em Apocalipse, Babilônica é chamada de prostituta (Apocalipse 17:5). Babilônia é todo sistema que tenta estabelecer um relacionamento com Deus sobre a base da experiência. Santificação é viver uma vida de comunhão com Deus. Justificação é sua base legal, e sem justificação nenhuma comunhão com um Deus santo pode existir. Comunhão com Deus depende de perfeita justiça desde o próprio início.

a. Na Questão do Pecado. Tem sido freqüentemente dito que a justificação é a libertação da culpa do pecado, enquanto que a santificação é a libertação do poder do pecado. Mas não devemos separá-las a ponto de concebermos um homem desfrutando de uma bênção sem a outra. Isto freqüentemente acontece na teologia da “santidade”, onde é postulado que há dois tipos de cristãos — os eleitos, que são libertos da culpa do pecado, e os muito eleitos, que também são libertos do poder do pecado; ou aqueles que somente conhecem a Cristo como Salvador e aqueles que conhecem a Cristo como Senhor. A Bíblia não conhece nada sobre este tipo de separação entre justificação e santificação. E isto é totalmente prejudicial em seus resultados. Se isto não levar a um orgulho espiritual entre aqueles que imaginam que eles saíram de Romanos 7 para Romanos 8, com certeza levará à noção blasfema de que um homem pode ser salvo da culpa do pecado e ainda continuar atolado em sua poluição, como se a santificação não fosse a conseqüência necessária da justificação.

Há uma relação direta entre a culpa do pecado e o poder do pecado. Se a culpa do pecador for removida, o poder do quebrado é quebrado. Este é o ponto de Paulo em Romanos 6:14: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça”. Isto é o mesmo que dizer: enquanto um homem estiver “debaixo da lei”, o pecador o governará, e ele será forçado a se render ao seu domínio. Mas se ele vier para debaixo da graça, o pecado não mais terá poder para dominar e tiranizar. Em Romanos 7 Paulo continua para explicar a relação entre lei e o poder do pecado. A força do pecado não está no pecado em si, porque “a força do pecado é a lei” (1 Coríntios 15:56). A lei — sim, a santa, justa e boa lei de Deus — amarra um homem ao serviço do pecado pelo poder da justiça onipotente. O pecado é o senhor (“o marido”) ao qual os homens escolhem servir, e a lei os amarra nesta relação assim como uma mulher está presa pela lei ao marido que ela escolheu. Assim como a lei guarda o criminoso em prisão, assim é a lei de Deus que prende o pecador ao serviço miserável do pecado. De fato, “o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência” (Romanos 7:8).

A liberdade do poder do pecado é encontrada somente ao se chegar aos termos da lei de Deus. Enquanto estivermos em débito com suas justas demandas, estaremos “debaixo da lei” e certamente seremos guardados na prisão do pecado. Mas tão logo aceitamos a vida e a morte e Cristo como nossas, somos justificados, ou declarados justos diante da lei. Quando pela fé em Cristo permanecemos diante da lei como perdoados e justos, a lei não mais nos amarra ao nosso antigo senhor. O pecado não tem mais poder para nos segurar. A justificação nos faz legalmente livres para não servir ao pecado. A libertação do poder do pecado é, portanto, o resultado inevitável da culpa do pecado.


b. Na Questão da Santidade. Tem sido freqüentemente dito (e verdadeiramente) que a justificação é o nosso título ao céu. Não devemos esquecer, contudo, que a vida do céu começa na vida de santidade aqui e agora. Santificação é a glorificação iniciada. É a vida do céu na semente, os primeiros frutos, ou o sinal, da herança imortal (Romanos 8:23; Efésios 1:14). Céu é a presença de Deus. É participar de Sua santidade e participar de Sua vida. Mas esta participação na santidade de Deus começa aqui com aqueles que “provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro” (Hebreus 6:4,5).

Na Queda o homem perdeu todos aqueles direitos e privilégios legais. Um pecador não tem direito ou título para participar na vida de santidade de Deus. Todavia, Cristo, e Cristo somente, ganhou para o Seu povo este direito de acesso: “Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus [participantes da natureza divina, 2 Pedro 1:4]: aos que crêem no seu nome” (João 1:12). A fé somente justifica, e sendo justificados, temos acesso legal (direitos e títulos) para entrar no caminho da santidade. Ao longo desta jornada para “a cidade celestial” muitas provas ficam de emboscada para purificar nossa fé e a nossa vida. Há gigantes para nos golpear, redes para nos apanhar e homens astutos para nos seduzir. E ao longo da rodovia do Rei viaja tais santos como “Pronto para Hesitar”, “Pequena Fé” e o pobre “Cristão”, que entram em conflitos por vezes sem conta. Em tais tempos de tentação e fraqueza, como podemos garantir os nossos corações diante de Deus, a menos que possamos olhar para o nosso título encontrado na justiça dAquele que nos representa à destra de Deus? Quão facilmente a fé vacilaria e ficaríamos desarmados no meio dos nossos inimigos se, sendo desafiados pelo nosso direito de estar viajando pela estrada da santificação, colocarmos nossa mão (como “Ignorância”, na alegoria de Bunyan) em nosso próprio peito para encontrar algum fundamento para estar entre os santos. Assim, justificação é a base legal da santificação. Ela faz a santidade possível ao remover o direito por lei que o pecado tem de nos dominar e estabelecendo nosso direito por lei de andar no caminho da santidade.


A Conexão Psicológica entre Justificação e Santificação

Justificação e santificação são psicologicamente relacionados. Uma vida de santificação (comunhão com Deus) não é possível, a menos que primeiro estejamos persuadidos de que somos aceitáveis e agradáveis a Deus. Esta persuasão não pode ser encontrada em nossa performance passada, presente ou futura. Deus quer que primeiro saibamos que Ele está plenamente satisfeito com Jesus. Ele O tem achado justo, e com Cristo Ele está bem satisfeito. Que Deus está satisfeito com Jesus é demonstrado pela Sua ressurreição dentre os mortos. O que isto tem a ver conosco? Cristo é nosso Representante. Ele suportou nossa humanidade na presença de Deus, e Deus quer que saibamos que Ele nos aceita na pessoa de Seu Filho. Neste assunto de aceitação, portanto, é suficiente para nós sabermos que Deus aceita Jesus. É esta fé que nos capacita a servir a Deus livremente, alegremente, e como resultado de um amor espontâneo.

Se um crente tentar viver a vida cristã, seja para assegurar ou consolidar sua aceitação com Deus, imediatamente a fonte de obediência livre, grata e espontânea é minada. Deus está mais interessado no motivo do serviço do que na perfomance em si. Devemos nos lembrar do ensino de Jesus de que aquele a quem muito é perdoado (justificação), o mesmo ama muito (santificação) (veja Lucas 7:40-47). Aquele que ouve a palavra de justificação (“Nem eu te condeno”) é o único psicologicamente pronto para obedecer o mandamento de santificação (“vá e não peques mais”) (veja João 8:3-11). W. G. T. Shedd diz:

O induzimento mais forte para um cristão obedecer a lei divina é o fato de que ele tem sido graciosamente perdoado de ter quebrado a lei. Ele busca a santificação porque ele tem recebido a justificação. Ele obedece a lei, não para ser perdoado, mas porque ele foi perdoado. 2 Coríntios 5:14: “O amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo, todos morreram”. E o amor mencionado aqui é o amor redentor de Cristo. 2 Coríntios 7:1: “Tendo, pois, ó amados, tais promessas [de perdão], purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus”. Porque Deus apagou todos os seus pecados passados, o crente tem o mais encorajador de todos os motivos para resistir todo pecado futuro. Não tivesse Deus perdoado o passado, seria fútil se esforçar no futuro.

A justificação liberta a alma para o verdadeiro serviço cristão. W. H. Griffith-Thomas coloca isto de maneira apropriada:

Este é também o segredo do verdadeiro serviço espiritual. A alma liberta da ansiedade sobre si mesma, é livre para exercer preocupação sobre os outros. O coração está descansado de si mesmo para buscar a salvação daqueles ao redor.

A Conexão Causal entre Justificação e Santificação

O Espírito Santo é o agente eficaz da santificação. Deus o Pai e Deus o Filho O enviaram para os corações do Seu povo, para que eles possam ser santificados. Como pode, então, nossa obediência santificada ser a condição de receber o Espírito Santo. Todavia, por todo lado lemos livros e ouvimos sermões nos dizendo como podemos receber o Espírito Santo por “cinco passos”, “sete passos”, “entrega absoluta” e outras façanhas maravilhosas de esforço humano. Alguns até mesmo ensinam que o derramamento do Espírito de Deus acontecerá quando o povo de Deus estiver plenamente santificado. Mas se podemos fazer estas coisas para receber o Espírito Santo, para o que precisamos do Espírito Santo?

Qual é o testemunho da Palavra de Deus? Simplesmente que Cristo, por Sua perfeita justiça, adquiriu para nós o dom do Espírito de Deus. O Espírito tem sido dado para este Homem (Atos 2:32,33), e todos que recebem este Homem são perdoados e recebem o Espírito Santo sem medida (Atos 10:43, 44; João 7:38, 39).

Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado? Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?...Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé. Ora, a lei não é da fé, mas o homem que fizer estas coisas por elas viverá. Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo e para que, pela fé, nós recebamos a promessa do Espírito” (Gálatas 3:1, 2, 10-14).

O caminho da justificação pela fé somente é o único modo de receber o Espírito de Deus. Ser justificado significa ser declarado justo. Significa que Deus não somente nos considera como justos, mas também que Ele pode prosseguir e nos tratar como justos. Como Ele trata o pecador perdoado como justo? Dando-lhe o dom do Espírito Santo. Nada mais nada menos do que justiça perfeita é necessário para o derramamento do Espírito de Deus. Como todo crente tem esta justiça perfeita lhe imputada, ele pode, sobre esta base infalível, ter o Espírito Santo lhe impartido.

Quando se permite que a doutrina da justificação pela fé somente se enfraqueça, não há Espírito Santo, e, certamente, nenhuma santificação verdadeira — embora as pessoas gastem todo o seu tempo falando sobre prepararem-se para o derramamento do Espírito Santo. Quando a justificação pela fé somente é proclamada, o Espírito sopra nova vida na igreja, e o povo de Deus corre o caminho da santidade com alegria e zelo. Estes dois dons andam juntos — “o dom da justiça) (Romanos 5:17), que é imputado, e o dom do Espírito, que é impartido (“derramado em nossos corações”) (veja Romanos 5:1,5). Nós devemos distinguir estas duas bênçãos em pensamento, de forma que possamos sabe onde descansa nossa esperança de salvação. Mas separar a justificação e o dom do Espírito Santo no tempo é uma grande injúria. Isso divide a Trindade e divide a igreja.


Justificação, Santificação e Fé

Justificação e santificação são benefícios que Cristo adquiriu para o Seu povo por Sua vida, morte e ressurreição. Todavia, não podemos assegurar um interesse nestes benefícios, não podemos compartilhar deles, a menos que assentamos a ele. Somos justificados pela verdade do Evangelho. Como Lutero disse, “Aquele que crê possuirá todas as coisas, e aquele que não crê não possuirá nada”. Estando unidos a Cristo pela fé, somos justificados, pois “se a raiz é santa, também os ramos o são” (Romanos 11:16). E se estamos “em Cristo”, unidos a Cristo como o ramo está unido à vinha, é inevitável que sejamos “participantes da Sua santidade”. União com Cristo através da fé, portanto, assegura os dois benefícios. O benefício legal é a justificação, e o benefício moral é a santificação. É impossível assegurar um sem o outro. Como Calvino escreveu:

Cristo não pode ser rasgado em partes, de forma que estas duas que percebemos nEle juntas e conjuntamente são inseparáveis, ou seja, a justificação e a santificação. Quem quer que Deus, portanto, receba em graça, sobre eles Ele concede ao mesmo tempo o espírito de adoção [Romanos 8:15], por cujo poder Ele os refaz à Sua própria imagem...Todavia a Escritura, embora una as duas, ainda as lista separadamente para que a graça munificente de Deus possa melhor se manifestar diante de nós.

Por que, então, somos justificados pela fé somente? Porque pela fé entendemos e aceitamos a justiça de Cristo, pela qual somente somos reconciliados a Deus. Todavia, você não pode captar isto sem ao mesmo tempo captar a santificação também. Porque Ele “para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Coríntios 1:30). Portanto, Cristo não justifica ninguém a quem Ele não santifique ao mesmo tempo. Estes benefícios estão unidos por um laço eterno e indissolúvel, de forma que aqueles a quem Ele ilumina por Sua sabedoria, Ele redimi; aqueles a quem Ele redimi, Ele justifica; aqueles a quem Ele justifica, Ele santifica.


Alguns Exemplos Práticos de Como a Justificação é a Mola Mestra da Santificação

Quando Cristo ordenou à mulher pega em adultério, “vá, e não peques mais”, Ele estava mandando que ela vivesse uma vida de santidade e pureza. Mas esta nova vida de santificação foi possível somente quando ela primeiro captou a esperança de justificação que lhe foi dada na promessa de Cristo, “Nem eu também te condeno” (João 8:11). O decreto libertador de “nenhuma condenação” coloca a alma livre para correr o caminho dos mandamentos de Deus. Em sua carta aos Colossenses, Paulo os exorta, “Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra” (Colossenses 3:5). O apóstolo tinha acabado de dizer aos Colossenses, “porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”.

Isto ilustra a relação bíblica entre o indicativo (vocês estão) e o imperativo (vocês devem). Primeiro os crentes são lembrados de que eles estão mortos para o pecado. (Através da fé eles têm sido unidos a Cristo. Deus considera que quando Cristo morreu, eles morreram). Então, é lhes dito, “Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra”. Como se dissesse, “Deus considera vocês como homens mortos, pois isto é o que vocês realmente são em Cristo. Agora, isto lhes dá o direito e a responsabilidade de agir como homens que estão mortos para o pecado”. Nós não somos ordenados a mortificado nossos desejos pecaminosos para nos tornarmos mortos, mas porque já estamos mortos. Ser não é o resultado de fazer, mas fazer é o resultado de ser.

Mais adiante Paulo adiciona aos Colossenses, “Não mintais uns aos outros, pois que vos despistes do velho homem com os seus feitos” (Colossenses 3:9). Toda religião humana esta ordem. O melhor que ela pode nos dizer é para parar de mentir, e com isso, matar o velho homem e seus feitos. Mas o modo do Evangelho é absolutamente contrário às invenções humanas. Ele diz, Vocês já estão mortos; agora ajam como homens mortos. Vocês são puros; agora ajam como homens puros. Vocês são perfeitos; agora ajam como homens perfeitos. Vocês já são; portanto ajam desta forma. A doutrina da santificação do Novo Testamento é nos dada para percebermos nossa posição e postura legal, e para agirmos em conformidade.

Aqui está outro exemplo de como o mandamento bíblico para viver em santidade está fundamentado pela justificação: “Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus” (2 Coríntios 7:1). Isto ilustra como devemos captar a promessa de justificação antes de podermos obedecer ao mandamento de santificação. Não podemos “limpar a nós mesmos de toda imundícia” a menos que creiamos que já fomos lavados no sangue do Cordeiro (1 João 1:9). Nós não podemos nos engajar no processo de santidade perfeita a menos que percebamos que “com uma só oblação, aperfeiçoou para sempre os que são santificados” (Hebreus 10:14).

Considere este mandamento apostólico: “não difamem a ninguém” (Tito 3:2). Há algum mandamento da Palavra de Deus que podemos tão facilmente transgredir? Quem pode suportar esta espada afiada da lei? Pois não nos é ordenado somente para nos refrearmos de falar mal de homens bons, mas somos proibidos de falar mal de qualquer homem. E que congregação abençoada, inocente e santa um pastor teria se os membros colocassem isso em prática. Todavia, se o pastor meramente exorta sua congregação para viver este tipo de vida, é somente um exercício em moralismo ou legalismo. Obediência para este imperativo é possível somente quando a congregação é lembrada e mantém agarrada a mensagem da justificação pela fé somente. Quando Paulo diz, “não difamem a ninguém”, ele adiciona:

Porque [por esta razão, em vista disto] também nós éramos, noutro tempo, insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros. Mas, quando apareceu a benignidade e caridade de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador, para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros, segundo a esperança da vida eterna (Tito 3:3-7).

O publicano que na parábola de Cristo desceu para sua casa justificado tinha orado, “Ó Deus, tem misericórdia de mim, o pecador!” (Lucas 18:13). Este homem foi abençoado pois ele era realmente pobre de espírito (Mateus 5:3). Este homem via a si mesmo não somente como um pecador, mas também como o pecador. Ele sentia que ninguém poderia ser um pecador como ele. Ele permanecia diante de Deus como se ele tivesse todo o pecado do mundo. Este é o homem a quem Deus conta como justo. Agora, quando uma congregação capta este tipo de justificação diante de Deus, como eles podem falar mal de qualquer homem? Esteja Paulo apelando por humildade (como em Filipenses 2), por um espírito perdoador (como em Efésios 4) ou por um serviço dedicado (como em Romanos 12), ele sempre o faz sobre a base do Evangelho. A existência cristã é existência do Evangelho. Santificação é uma conseqüência da justificação. As boas obras são uma conseqüência da santificação.

Talvez a ilustração mais impressionante de como a justificação e a santificação fundamenta toda a ação ética é encontrada no Antigo Testamento, logo no próprio prefácio de Deus aos Dez Mandamentos: “Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. [Portanto] não terás outros deuses diante de mim. Não farás..Não te encurvarás...Não tomarás...” etc. (Êxodo 20:2-17). Os atos redentores de Deus no Egito (que são uma ilustração de seus atos libertadores em Cristo e a justificação pela fé somente) fazem a nova vida de obediência um direito bem como uma responsabilidade para o povo redimido. Apelo para viver a vida piedosa não baseados na verdade da justificação pela fé somente podem somente levar ao moralismo e legalismo. Mas a justificação faz o jugo da santificação suave e o fardo da santidade leve.


A Necessidade de um Retorno Constante à Justificação

Visto que a vida de santidade é abastecida e incendiada pela justificação pela fé somente, a santificação deve constantemente retornar à justificação. De outra forma, o cristão não pode possivelmente escapar de chegar numa nova justiça-própria. Não podemos alcançar um ponto na santificação onde nossa comunhão com Deus não descanse completamente no perdão de pecados.

Este é o porquê Lutero chamou a justificação de o artigo segundo o qual a igreja cai ou permanece. Ele confessou que toda a sua alma e ministério estavam saturados com a verdade da justificação. Este é o porquê ele se queixou amargamente contra os “evangélicos” radicais que consideravam a santificação, ou a “nova vida no Espírito”, como o estágio mais alto no processo soteriológico. O homem que pensa que ele pode receber mais além da graça e da justificação pela fé somente, caiu da graça (Gálatas 5:4).

De fato, um aspecto importante da santificação é uma crescente apreciação da nossa necessidade da justificação de Deus através de Jesus Cristo. Crescer na maturidade cristã não significa ser privado de nossa dependência da justiça imputada. O homem que é forte na fé é forte nas doutrinas da graça. Ele se torna mais e mais sobrepujado e humilhado com o sendo da misericórdia de Deus e crescentemente preso à justificação pelos méritos de Cristo somente. Se em nosso zelo pela santificação falhamos em guardar a pré-eminência da justificação diante de nós, nos perderemos num insignificante interesse pela nossa vida e comportamento interior. Nossa única segurança é um constante retorno à verdade objetiva da salvação pela justiça de Cristo, que é fora-de-mim.

Portanto, devemos afirmar que a essência da santificação é o conhecimento e a lembrança. Santificação é a lembrança do que Deus tem feito e do que tem sido nos dado. É maravilhoso quando freqüentemente este ponto é enfatizado tanto no Antigo como no Novo Testamento. A ação ética de Israel era para ser constantemente fundamentada e inspirada pela lembrança do que tinha acontecido e do que tinha sido lhe dado (veja Deuteronômio 5:15). Enquanto Israel lembrasse dos atos redentores de Deus no princípio de sua história, ele poderia perseverar no caminho da santidade. Se ele esquecesse o que tinha acontecido e perdesse de vista o que tinha sido lhe dado, ele com certeza se desviaria do caminho da santidade. Santificação é a lembrança da graça de Deus.

“Nossos pais não atentaram para as tuas maravilhas no Egito; não se lembraram da multidão das tuas misericórdias; antes, foram rebeldes junto ao mar, sim, o mar Vermelho. Não obstante, ele os salvou por amor do seu nome, para fazer conhecido o seu poder. Repreendeu o mar Vermelho, e este se secou, e os fez caminhar pelos abismos como pelo deserto. E livrou-os da mão daquele que os aborrecia e remiu-os da mão do inimigo. As águas cobriram os seus adversários; nem um só deles ficou. Então, creram nas suas palavras e cantaram os seus louvores. Cedo, porém, se esqueceram das suas obras; não esperaram o seu conselho...Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que fizera grandes coisas no Egito, maravilhas na terra de Cam, coisas tremendas no mar Vermelho..Também desprezaram a terra aprazível; não creram na sua palavra...” (Salmo 106:7-13, 21, 22, 24).

Quando os profetas exortaram Israel para se despir dos seus pecados e viver em santa obediência, eles baseavam seus apelos para a conduta ética sobre o fato de que Deus tinha libertado Israel do Egito. O futuro de Israel dependia da lembrança do seu passado.

A igreja do Novo Testamento é também fundamentada num ato concreto e histórico de libertação. A libertação do Egito serve como um tipo do ato real de salvação de Deus do pecado na pessoa de Jesus Cristo. Cristo morreu e ressuscitou novamente, e pela fé a igreja se tornou uma participante, uma compartilhadora, de tudo o que Cristo fez. Pela obra de Jesus Cristo em seu favor, ela é livre do pecado e justificada aos olhos de Deus. Todavia, ela deve se lembrar do que aconteceu e do que tem sido lhe dada. Quando o próprio Cristo quebrou e dividiu o cálice, Ele disse, “Fazei isto em memória de mim” (1 Coríntios 11:24). O povo de Deus não tem nada para temer o futuro, a menos que eles esqueçam do que aconteceu no passado.

O triunfo de Cristo foi completo, irreversível e imutável. Isto é onde Paulo descansa seu causo em sua passagem triunfante de Romanos 8. Ele não abrir nenhum temos por “coisas presente, nem por coisas futuras” (versículo 38), pois ele se lembra do que aconteceu no passado (versículo 34). E quando ele tinha ocasião para exortar as comunidades cristãs imaturas, as quais ele achava que estavam declinando em coisas “carnais” tais como querela, mentira, ou indolência, ele as saudava como santas (1 Coríntios 1:2). Com palavras frescas de glória, ele as tomava pelos ouvidos e lembrava-as do que tinha acontecido no Evangelho e que pela fé nós somos partícipes de tudo que Cristo fez e sofreu. Sim, ele dizia a estes crentes faltosos, errantes e titubeantes que eles estavam mortos (Colossenses 3:3; Romanos 6:6), ressuscitados (Efésios 2:1-6) e livres (Romanos 7:4). Tendo lhes mostrado o que eles eram, ele mostrou como seu comportamento anti-cristão era inconsistente com a sua posição de privilégio. Os facciosos Coríntios tinham que se lembrar do Evangelho. O apóstolo lhes escreveu: “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis; pelo qual também sois salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se não é que crestes em vão” (1 Coríntios 15:1, 2).

As epístolas de Paulo foram escritas para encorajar o crescimento espiritual (santificação) nas pessoas que já eram crentes. Isto ponto é muito significativo. Todavia, como o apóstolo cuidou de promover tal crescimento na graça? Todo epístola foi um poderoso chamado para se lembrar do Evangelho e de como os crentes são justificados através da fé somente, na ação redentora de Deus em Jesus Cristo. Toda epístola Paulina, portanto, é um testemunho imutável de que a igreja pode fazer progresso na santificação somente na proporção em que captar a sua justificação. Cada epístola é um chamado para a lembrança. A igreja, mesmo no Céu, onde a adoração do Cordeiro é central, nunca se apartará da primeira bênção para procurar uma “segunda bênção”. Cristo adquiriu todos os benefícios de salvação para o Seu povo, e o primeiro e maior destes é a justificação.

John W. Robbins



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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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