Servindo a Deus em troca de quê?

domingo, 1 de outubro de 2006


O que é que deve motivar o pregador do evangelho?


O que acontece quando tentamos aplicar a "lei de Gérson" e levar vantagem no serviço a Deus? No tempo dos juízes, quando a falta de liderança espiritual levou os israelitas a fazerem o que lhes parecia mais certo, havia um jovem chamado Mica, que morava na região montanhosa de Efraim. Embora o tabernáculo de Deus estivesse em Silo, não muito longe da casa de Mica, este resolveu construir uma réplica do tabernáculo em sua propriedade. Usando recursos conseguidos da mãe, ele edificou uma casa para cultuar a Deus e mandou confeccionar os apetrechos do cerimonial. Depois, resolveu adotar também algumas das práticas dos povos vizinhos. E para isso fabricou ídolos do lar, coisas que Deus havia proibido. O pensamento dele era viver da melhor maneira possível, aproveitando o melhor de cada lado, unindo o útil ao agradável. Achava que não seria nada de mais juntar aquilo que Deus havia ordenado com um pouquinho do que o mundo praticava. Misturou tudo e ficou tranqüilo, certo de que havia descoberto uma fórmula que agradava a Deus. Mais tarde, apareceu por ali um jovem pregador proveniente de Belém. Parecia uma providência de Deus e naturalmente Mica ficou muito satisfeito.


Esse pregador era um levita e por isso recebia o sustento segundo dispunha a lei de Moisés. O pregador, porém, não estava muito satisfeito com o que ela estabelecia e decidiu ver se conseguia algo mais para suplementar a sua renda e garantir seu orçamento. Não é que não gostasse de seu ofício de levita; apenas achava que o salário e as oportunidades de ascensão profissional deixavam muito a desejar. Foi aí que chegou à casa de Mica. Este o convidou a entrar e fez um trato com ele. “Se você estiver disposto a ser o sacerdote deste meu templo particular, eu lhe pagarei bem: você terá comida, vestuário e dez siclos de prata por ano”. Roupa, comida e dez siclos de pratas anuais! Uma excelente remuneração para um pregador naqueles tempos. Ele resolveu ficar por ali e tentar conciliar aquela mistura de idolatria pagã e culto a Jeová. Pouco tempo depois, apareceram por lá alguns homens da tribo de Dã. A tribo, a essa altura, já deveria ter derrotado os amorreus e ocupado suas terras, mas os valentes amorreus repeliram os homens de Dã, que agora estavam à procura de um povo mais fraco para atacar.


Chegando à casa de Mica, entraram, pegaram os objetos de culto que ele havia feito, e resolveram levar consigo o pregador levita que servia ali. Obviamente, isso foi terrível para Mica. Mas, para o levita, não fez a menor diferença. Era incrível como ele tinha "jogo de cintura"! Com que facilidade racionalizou a situação toda e aceitou mudar de lado! É que ele percebeu prontamente que trabalhar para uma tribo inteira seria muito mais importante que trabalhar para uma família apenas. Estaria servindo a um grupo muito mais numeroso. Claro que seria a decisão mais sensata. Por isso, não ofereceu resistência quando os viu remover os objetos de culto da igrejinha de Mica. Não sentiu o menor peso na consciência ao adaptar-se à mudança. É que esse pregador era um sujeito prático. Sua "fé" era utilitária. Como muitos pregadores hoje em dia, encarava Deus e as coisas espirituais como algo de que podia tirar proveito.


PRAGMATISMO RELIGIOSO


O nosso mundo é regido por esse mesmo pragmatismo. Uma das leis básicas dessa filosofia é: "Se uma coisa dá certo, é correta; se algo obtém sucesso, é bom." Todos os atos, todos os princípios, todas as propostas e todo ensinamento são submetidos ao seguinte critério: "Dá certo?" O que vemos, porém, é que, consideradas as leis do pragmatismo, alguns dos indivíduos a quem Deus mais honrou estariam entre os maiores fracassados de todas as eras.


ALGUNS "FRACASSADOS"


Vejamos Noé. Como construtor de navios foi excelente. Mas sua principal atividade não era fabricar embarcações, era pregar. No entanto, ele foi um fracasso como pregador. Nos seus cento e vinte anos de ministério ganhou apenas a esposa, os três filhos e as noras. Apenas sete convertidos! Ninguém chamaria isso de sucesso. Mais adiante encontramos Jeremias. Apesar de ser um excelente pregador, foi outro fracasso no que diz respeito a resultados. Se fôssemos atribuir-lhe nota com base em dados estatísticos, teríamos que lhe dar um enorme zero. Foi rejeitado pelo povo e pelo rei. Nem mesmo seus colegas de ministério ficaram do seu lado. Ao que parece, o único a quem conseguiu agradar foi Deus. Outro que pode ser considerado um "fracasso" foi o Senhor Jesus. Ele nunca organizou uma igreja, nem fundou escolas. Não criou nenhuma junta missionária e não publicou nenhum livro. É verdade que pregou durante três anos, curou milhares de pessoas e deu alimento a milhares também. Mas no final de tudo, após sua ressurreição, seus seguidores não passavam de umas poucas centenas. Pelos atuais critérios de avaliação, não há dúvida de que o Senhor teria que ser considerado um fracasso total.


SERVINDO A DEUS EM TROCA DE QUÊ?


Nossa geração considera como bem-sucedida toda pessoa que consegue realizar alguma coisa ou que executa seu trabalho de maneira eficiente. Esta geração se dispõe a honrar qualquer indivíduo que consiga projetar uma imagem de sucesso, não importa que tipo de relacionamento ele possa ter com Deus.


MAS QUAL O CRITÉRIO CERTO PARA AVALIAR O SUCESSO?


Para mim, o verdadeiro sucesso deve ser determinado com base na seguinte proposição: "O que Deus é para nós? Um fim em si mesmo ou um meio para se atingir um fim?". Permita-me uma pergunta pessoal: "Você quer ser um levita que trabalha para um Mica qualquer por dez siclos de prata, comida e vestuário, apenas cumprindo um ritual de culto a Deus, as, na verdade, servindo a si mesmo?". O fato é que, embora aquele levita desempenhasse uma função religiosa, seu objetivo imediato era ter um emprego, um serviço que lhe oferecesse segurança, reconhecimento público e sucesso na vida. Seu maior interesse era exercer um cargo religioso. Por isso, alegrou-se bastante quando Mica lhe ofereceu o emprego. Aceitou de bom grado o salário proposto. Contudo, se alguém lhe oferecesse mais, era capaz de se vender àquela pessoa sem grandes problemas de consciência. (Por isso, quando os danitas lhe fizeram oferta mais vantajosa, ele fez a troca. Depois de atribuir um valor para seu ofício religioso, ele se vendeu para atingir os níveis de remuneração desejados. Deus era apenas um meio para alcançar seus próprios fins.)


UM RETROSPECTO FILOSÓFICO


Para vermos como isso se aplica aos nossos dias, examinemos um pouco os ataques filosóficos que o cristianismo vem recebendo há tempos. Há cerca de um século e meio sucedeu um poderoso derramamento do Espírito Santo em alguns lugares dos Estados Unidos, enquanto na Europa, a alta crítica dirigia ataques à Bíblia. Darwin expusera sua teoria da evolução e alguns filósofos a estavam adaptando ao seu credo filosófico. Havia até alguns teólogos que relacionavam às Escrituras. E quais foram às conseqüências? O pensamento da época tornou-se humanista. Passaram a adorar o homem. A única razão para a existência humana era a busca da felicidade. O conceito da salvação consistia simplesmente em tirar da vida o máximo de felicidade possível.


MAS O QUE TORNARIA O HOMEM FELIZ?


Poder. Foi no contexto deste humanismo que surgiu Nietzche, dizendo que só o poder oferece a verdadeira satisfação. Quem quiser ser feliz, dizia ele, tem que tornar-se poderoso, seja qual for o meio utilizado. Foi essa ideologia que produziu Adolfo Hitler, que a adotou como norma de vida. Em seguida, obcecado pelo poder, esse monstro convenceu seus compatriotas de que eles estavam destinados a dominar o mundo. E como ali estava um jogo a felicidade deles (vale dizer a "salvação" deles), tinham direito de empregar os métodos que quisessem para atingir esse objetivo. Prazer. Outros humanistas afirmavam que o homem encontra felicidade apenas na satisfação sensual. Sendo um animal comandado por glândulas, os seus maiores êxtases estão ligados à atividade glandular. Salvação", então, consiste apenas em encontrar a forma mais agradável de satisfazer o corpo. Essa é a mentalidade predominante em muitas partes do mundo hoje.


O HUMANISMO PERMEANDO TODOS OS ASPECTOS DA VIDA MODERNA


O humanismo invadiu a sociedade e produziu efeitos mortíferos por toda parte. Vejamos duas áreas seriamente prejudicadas: Educação. No início deste século, o filósofo americano John Dewey começou a exercer grande influência sobre os educadores. Conseguiu convencê-los de que não existem padrões absolutos de moralidade, e que não se deve transmitir às crianças padrões sociais criados artificialmente. Com isso, a educação mudou. Hoje, a criança deve ter condições de "expressar-se" e de "ser feliz" da maneira como desejar. Isso resultou numa sociedade totalmente desregrada. Como acontecia no tempo dos juízes, também hoje, cada um faz o que considera mais acertado aos seus próprios olhos. Alguns acham que já conseguiram contestar a inspiração e a autoridade da Bíblia; provar que não há um Deus que reina sobre nós, que ele não se relaciona com o homem a nível pessoal. Para eles, Jesus Cristo é apenas um mito, ou, quando muito, um homem comum. Todavia, os humanistas não conseguiram acabar com a religião, pois havia muita gente vivendo às custas dela. Era necessário descobrir uma forma de justificar sua existência dentro desse novo contexto.


Religião. Por volta de 1850, a igreja se dividiu em dois grupos distintos. O primeiro era o liberal humanista, que interpretava a religião da seguinte maneira: Não cremos nem no céu nem no inferno, mas temos que viver na terra uns setenta anos. Sabemos que existem coisas boas, de grande valor, como a poesia, belos pensamentos e nobres aspirações. Então, venham à igreja e aqui nós leremos poemas e lhes ensinaremos alguns princípios de vida.


Não sabemos o que lhes poderá acontecer após a morte, mas freqüentem a igreja regularmente e paguem tudo direitinho. Colaborem conosco que nós procuraremos tornar sua passagem por esta vida o mais agradável possível. E vocês serão mais felizes. Essa é a essência do liberalismo. O segundo grupo em que a igreja se dividiu chamou-se "fundamentalismo". Esses diziam o seguinte: Nós cremos que a Bíblia é um livro inspirado, que Jesus Cristo é Deus, e que existe de fato um céu e um inferno. Cremos que Jesus Cristo realmente morreu, foi sepultado e ressuscitou. A maioria dos fundamentalistas conhecia a Deus. No entanto, a atmosfera da época estava impregnada da ideologia humanista, como se fosse uma doença infecciosa, uma epidemia cuja disseminação ninguém podia impedir. A geração seguinte se dizia fundamentalista, afirmando crer em Deus e em sua Palavra. Mas, para as gerações seguintes, incluindo a atual, a salvação passou a ser apenas o reconhecimento intelectual de algumas afirmações doutrinárias. Salvação, então, é simplesmente aceitar uma fórmula. Para muitos, a fórmula leva o indivíduo ao céu. O apelo para que o homem faça uma entrega pessoal a cristo ficou enfraquecido. Os pregadores começaram a fazer apelos que, infelizmente, eram mais ou menos assim: Aceite Jesus que você irá para o céu. Ninguém quer ir para aquele outro lugar horrível, pecaminoso e cheio de fogo ardente, que é o inferno, quando pode ir para um céu maravilhoso. Venha a Jesus, que você irá para o céu.


OS EFEITOS DO HUMANISMO NA IGREJA HOJE


Os efeitos dessas idéias continuam contaminando a igreja hoje. Enquanto os liberais afirmam que a finalidade da religião é fazer o homem feliz nesta vida, os fundamentalistas ensinam que seu objetivo é torná-lo feliz depois que morrer. Ambos os pontos de vista são abominavelmente humanísticos. É lamentável que o humanismo tenha contaminado a tal ponto a religião cristã. Na verdade, ele é como um tumor terrivelmente canceroso, verdadeiro gás venenoso dos mais mortíferos, exalado do inferno. Não creio que Deus possa avivar-nos se não retornarmos ao cristianismo verdadeiro, que é diametralmente oposto a esse repulsivo humanismo que aí está em nome de Jesus. E como ele é sutil! Seu postulado básico, o de que a finalidade da vida é encontrar a felicidade, foi revestido de uma adocicada camada de terminologia evangélica e de doutrinas bíblicas. Deus reina nos céus, e Jesus se fez homem para nos dar felicidade. Tudo que existe tem por objetivo a felicidade humana. Isso não é cristianismo!


QUAL É A MOTIVAÇÃO BÁSICA DOS CRENTES


Por que razão eu, por exemplo, fui ser missionário na África? Basicamente para "melhorar" a justiça de Deus. Não achava justo que alguém fosse para o inferno sem antes ter tido uma oportunidade de se salvar. Fui lá para oferecer àqueles "pobres pecadores" uma chance de ir para o céu. É verdade que nunca expliquei as coisas dessa maneira, mas era assim que eu pensava. E isso é puro humanismo. Estava simplesmente utilizando a obra realizada por Cristo na cruz para melhorar a condição humana. Mas quando cheguei lá, vi que eles não eram absolutamente uns pobres e ignorantes pagãos, vagando pelas selvas, aguardando que alguém fosse mostrar-lhes o caminho para o céu. Eram verdadeiros monstros de iniqüidade. Viviam em total desobediência a Deus. Seu conhecimento das coisas espirituais era bem maior do que imaginara. E o que mereciam era ir para o inferno mesmo. Por quê? Porque se recusavam terminantemente a viver segundo os ditames da sua consciência e o testemunho da natureza.


IRADO COM DEUS


Quando percebi isso, fiquei com raiva de Deus. Disse-lhe que ele fizera comigo uma coisa terrível mandando-me à África para evangelizar aquela gente. Eu pensara que eles estavam esperando ansiosamente que alguém fosse à selva apontar-lhes o caminho para o céu. Mas, em chegando, descobri que sabiam muita coisa a respeito do céu e não tinham o menor desejo de ir para lá. Amavam o pecado e desejavam continuar vivendo nele. E foi ainda na África que Deus começou a renovar de mim essa camada de humanismo. Pus-me diante dele e lhe disse com toda sinceridade o que estava pensando. E ouvi algo que jamais ouvira. Não foi uma voz fisicamente audível que penetrou em meu coração, mas um eco da verdade eterna de Deus. Ele me disse mais ou menos o seguinte: Não mandei você à África por causa desses selvagens. Mandei-o por minha causa. Eles merecem é o inferno. Mas eu os amo. Sofri agonias do inferno por causa deles. Foi por minha causa que o mandei à África. Será que não mereço a recompensa por meus sofrimentos? Não mereço ganhar aqueles por quem morri? Essa palavra divina mudou toda a situação. Agora eu não estava mais trabalhando como que para Mica, para receber um salário. Tampouco estava ali por causa dos incrédulos. Achava-me lá por amor ao Salvador que passou pelas agonias do inferno por causa de pessoas que não mereciam tal sacrifício.


UM "CRISTIANISMO" CRISTÃO


O cristianismo diz que a finalidade de nossa existência é glorificar a Deus. O humanismo afirma que o objetivo dela é buscar a felicidade. Um visa a glorificação de Deus e nasceu nos céus. O outro pretende endeusar o homem e foi gerado no inferno. No primeiro caso temos um servo indigno servindo ao Deus vivo porque ele o merece. No outro temos um levita servindo a Mica em troca de pagamento. E quanto a você? Em que bases e por que motivo você aceitou a salvação? Eu gostaria de voltar a ver pessoas sendo salvas da maneira bíblica.


CONVICÇÃO DO PECADO E ARREPENDIMENTO VERDADEIRO


Certa ocasião George Whitfield foi pregar para uma multidão de vinte mil ouvintes. Em dado momento ele disse: “Ouçam aqui! Vocês são pecadores e verdadeiros monstros de iniqüidade! Merecem ir para o inferno! Se não chorarem pelos pecados que cometeram contra Deus, George Whitfield chorará por vocês!” E assim dizendo, baixou a cabeça e soluçou como uma criança. Por quê? Porque eles estavam a ponto de ir para o inferno? Não! Porque eram monstros de iniqüidade e nem ao menos enxergavam seus pecados, nem se preocupavam com seus erros. Está vendo a diferença? Os homens tremem diante da perspectiva de irem para o inferno. Mas não têm a menor consciência do quanto magoam a Deus com seu pecado. Eles só tremem porque se apavoram ao pensar que sua pele será chamuscada.


O MOTIVO CORRETO PARA SERVIR DEUS


Na verdade existe apenas um motivo para os pecadores se arrependerem: Jesus Cristo merece a adoração, o culto, o amor e a obediência deles. Se alguém se arrependeu de seus pecados apenas para se livrar do inferno, não passa de um levita servindo a Mica para receber dez siclos de prata e vestuário. Está tentando servir a Deus para receber em troca as bênçãos dele. O coração verdadeiramente arrependido é aquele que já compreendeu como é terrível o pecado de ocupar o lugar de Deus, de negar a um Deus reto e justo a adoração e obediência que ele merece. Ninguém pode receber a Cristo e ser salvo enquanto não se arrepender. E para se arrepender é preciso ter convicção de pecado. O Espírito Santo revela ao pecador que perante Deus ele é um criminoso e que se Deus o mandasse para as profundezas do inferno, ele mereceria até cem vezes mais do que isso. Infelizmente, os pregadores do século XX evitam falar muito do pecado e do arrependimento. João Wesley era diferente. Ele era um pregador que exaltava a santidade de Deus, a lei divina, a sua retidão e a justiça de sua ira. Ele falava aos pecadores sobre a enormidade de seu pecado contra Deus, de sua traição e desregramento. Às vezes, o poder de Deus descia poderosamente sobre a congregação.


Certa ocasião, depois que o culto terminou, encontraram-se cerca de mil e oitocentas pessoas caídas no chão totalmente inconscientes. É que tinham recebido uma revelação da santidade de Deus, e enxergado o horror de seus pecados. Deus lhes revelara sua santidade com tal intensidade que haviam caído ao chão. Isso aconteceu também nos Estados Unidos. Outro pregador, cujo nome era João Wesley Redfield, pregou numa determinada cidade durante três anos. Conta-se que sempre que os policiais locais encontravam alguém caído no chão , cheiravam o seu hálito e se não estivesse cheirando a bebida, diziam simplesmente que aquele indivíduo estava com a "doença de Wesley Redfield". Nesse caso, a única coisa a fazer era levá-lo para um canto tranqüilo até que voltasse a si. Se antes tinha sido um bêbado, pararia de beber; se praticava a imoralidade, abandonaria essa prática; se tinha sido um ladrão, devolveria o que havia roubado; pois quando um homem enxergava a santidade de Deus e se conscientizava de quão terríveis eram seus pecados, o Espírito Santo o deixava desacordado devido ao peso de sua culpa.


A CERTEZA DA SALVAÇÃO


Já conversei com pessoas que não têm certeza de que seus pecados foram perdoados. Querem sentir-se salvas antes de resolverem entregar-se totalmente a Jesus, mas acredito que Deus, pelo seu Espírito, concede a certeza da salvação àqueles que fizeram uma confissão como a seguinte: Senhor Jesus, quero obedecer-te, amar-te e fazer tudo que queres, enquanto eu viver, mesmo que no final eu vá para o inferno, pois tu és digno de ser amado; mereces minha obediência e serviço. Está vendo como arrepender dos pecados para a glória de Deus é diferente de ser um levita que serve a Mica para receber bênçãos?


UNIDOS COM CRISTO PARA A GLÓRIA DE DEUS


Enquanto não morrermos para nós mesmos e não estivermos em perfeita união com Jesus Cristo, estaremos roubando do Filho de Deus a glória que ele merece. Enquanto não compreendermos a obra santificadora do Espírito Santo, pela qual nos unimos a Cristo em sua morte, sepultamento e ressurreição, estaremos tentando servi-lo apenas com nossos talentos naturais. E assim Deus não é glorificado. A motivação para sermos crucificados com Cristo não é obter a vitória, embora venhamos a obtê-la. Não é ter alegria, embora venhamos a gozá-la; não é por nada que possamos alcançar, mas pelo que ele vai ganhar: a glória.


A singularidade do cristianismo não está em cumprirmos seus rituais, como um levita contratado para servir a Deus, mas, sim, em descobrirmos que não há nada que possamos fazer, que a única atitude que nos resta é apresentar-lhe o vaso de nossa vida e dizer-lhe: "Senhor Jesus, enche-o para mim. E tudo que tiver de ser feito, terá de ser feito por ti".


A LEI DA VANTAGEM E A PLENITUDE DO ESPÍRITO


Conheço muitos "levitas" que tentam experimentar a plenitude do Espírito de Deus com a finalidade de tirar proveito pessoal dela. Certa vez um jovem pregador me procurou e disse: “Pastor Reidhead, tenho uma ótima igreja. Nossa escola dominical é excelente. Temos um programa de rádio que vai melhorando a cada dia. Mas sinto-me vazio. Quero ser cheio do Espírito Santo. Será que o senhor pode me ajudar?”. Ele se parecia comigo. Vi naquele jovem tudo que havia em mim, não apenas antes, mas também agora. Quem já se enxergou de verdade, sabe que nunca será diferente do que foi. Aquele moço era como o dono de um grande carro, chegando ao posto de gasolina e dizendo ao frentista: "Complete, por favor e bote um aditivo!" Ele desejava poder para executar seus planos. Mas Deus nunca vai ser um meio para o homem conseguir seus objetivos pessoais. Então lhe repliquei: “Sinto muito, mas acho que não posso fazer ado por você. É que não está preparado. Você fala de sua igreja, seu rograma de rádio, sua escola dominical. Está tudo muito bom. Parece que ocê vai indo muito bem... sem o poder do Espírito Santo. Parece um motorista sentado ao volante do carro dizendo para Deus: ‘Dá-me poder para que eu possa rodar.’ Isso não dá certo. Terá que passar para o banco de trás”. Nesse momento, tive a impressão de que o via inclinando-se para pegar firme no volante - exatamente como eu faria - e lhe disse: “Isso também não dá certo. Para que Deus possa operar em sua vida, terá que sair do carro, entregar-lhe as chaves e dizer: ‘Senhor, enche o tanque e dirige para onde quiseres. De agora em diante, está tudo em tuas mãos.”


A PLENITUDE DO ESPÍRITO E A GLÓRIA DE DEUS


Existem muitos crentes que agem como aquele jovem. Eles não obtêm a plenitude de Cristo porque estão servindo a Mica em troca de um salário. Depois começam a pensar que se tiverem o poder do Espírito Santo poderão servir a toda a tribo de Dã. Isso nunca dá certo. Deus tem apenas um plano para nossa vida. Quer levar-nos ao arrependimento para perdoar-nos para sua glória. Quer levar-nos à cruz para que Jesus Cristo possa viver e operar em nós. Então nossa atitude tem que ser a mesma do Senhor: “Nada faço por mim mesmo. A única razão de minha existência é glorificar a Deus”. Se dissermos a alguém que ele dever ser salvo para ir para o céu, ou que deve morrer para si mesmo a fim de obter gozo e vitória, ou buscar a plenitude do Espírito para sentir satisfação espiritual, estamos simplesmente caindo na armadilha do humanismo. Vamos acabar e uma vez por todas com esse cristianismo utilitária. Deus não é um meio para se atingir um fim, mas o próprio fim, um glorioso fim.


Se você ainda não é seguidor de Jesus Cristo, entregue-se a ele e sirva-o pelo resta da vida apenas porque ele o merece, mesmo que no fim vá para o inferno. E você, que é crente, tome sua cruz, una-se a ele em sua morte; morra para si mesmo, para que ele seja glorificado. Se ainda não experimentou a plenitude do Espírito Santo, apresente seu corpo em sacrifício vivo e deixe que ele o encha de poder, mas com a única finalidade de que se realize em sua vida o propósito pelo qual ele veio à terra: glorificar a Deus. Vamos pedir demissão. Vamos dizer a Mica que acabou, que não vamos mais ser sacerdotes dele. Não queremos mais nem o dinheiro nem o vestuário que ele nos dá. Digamos também à tribo de Dã que esse tipo de coisa terminou. Em seguida, atiremos-nos aos pés do Filho de Deus, dizendo que vamos amá-lo, servi-lo e ser-lhe obediente enquanto vivermos, apenas porque ele o merece.


A GLÓRIA DE DEUS E MISSÕES


Dois jovens morávios, certa vez, tomaram exatamente essa atitude. Tinham ouvido falar de um rico latifundiário inglês, um ateu, que mantinha entre dois e três mil escravos a seu serviço numa ilha da América Central. Ele se gabava de que nunca nenhum pastor ou pregador poderia chagar àquele lugar. E se, por acaso, um pregador naufragasse nas imediações, ele o manteria isolado numa casa até que pudesse pegar um navio para ir embora. Em sua ilha, ninguém tinha permissão para falar a outrem a respeito de Deus. Então aqueles cerca de três mil escravos, trazidos das selvas africanas para essa ilha, iriam viver e morrer ali sem ouvir falar de Cristo. Os dois jovens morávios decidiram ir lá. Seus amigos crentes de Hernhut foram despedir-se deles. É que aqueles moços, de pouco mais de vinte anos, não estavam partindo para passar quatro anos no campo missionário e retornar em seguida. Não; nunca mais iriam regressar. E quando partiram de Hernhut para Hamburgo, onde iriam embarcar num navio dinamarquês que os conduziam à ilha distante, seus parentes e amigos choraram copiosamente. Sabiam que nunca mais os veriam. Alguns até questionavam sua decisão de ir sem saber se os moços estavam agindo acertadamente. Mas no momento em que se afastavam, unidos no mesmo propósito, um deles virou-se para trás, ergueu a mão e gritou: “Que o Cordeiro que foi morto possa receber a recompensa pelos seus sofrimentos!” E esse ideal tornou-se o lema do movimento missionário dos morávios. Ele é também a nossa única razão de existir. E quanto a você? O Cordeiro que foi morto já recebeu de sua vida a recompensa de seus sofrimentos?



Paris Reidhead


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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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