Introdução - 2ª parte

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

As 42 Jornadas no deserto



Introdução - Parte 02

Texto: Nm 33: 1-49



Por Luiz Fontes




Vamos prosseguir. Que Deus nos conceda graça na Sua Palavra para que venhamos extrair algumas verdades profundas para a nossa vida.

Quando lemos o livro de Números, no capítulo 33, versículos 1-49, vemos todas as estações por onde o povo de Israel peregrinou durante 40 anos. Essa leitura à primeira vista parece estranha para algumas pessoas; alguns podem achar que estes versículos não têm muita importância. Mas, temos em conta, meus irmãos e irmãs, que foram inspirados pelo Espírito Santo e que estão escritos para nos admoestar; foram escritos para que nós percebamos que as coisas não são tão rápidas e nem tão fáceis. Alguém disse que: “Deus trabalha devagar porque tem pressa”; eu concordo com isso.

Nessas estações, nessas jornadas de 40 anos, podemos ver este trabalho meticuloso, cuidadoso do nosso Pai Celeste. Quando atentamos para a vida da Igreja, tanto quanto especificamente para a vida de cada membro do Corpo de Cristo, vemos que existe um desenvolver, uma progressão gradual semelhante à revelação de Deus através da história. É necessário que esta progressão espiritual, coletiva e profética aconteça por etapas, como nessas estações. Nessa jornada de 40 anos encontramos o significado do tempo. O tempo é definido como o período contínuo e indefinido no qual os eventos se sucedem. É isso que eu e você precisamos entender. A maneira como Deus Se revela, a maneira como Ele trabalha, como nos conquista. Em 1 Coríntios, capítulo 10, versículos 6 e 11, diz:


“Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado.” 1 Co 10. 6,11


Percebemos que a vida cristã é vivida em estágios. É de estágio em estágio. Em 2 Coríntios, capítulo 3, versículo 18, diz:


E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito”. 2Co 3.18


Vemos nitidamente que a nossa Salvação é um assunto da glória de Deus. A nossa Salvação exalta a glória de Deus. Vamos adentrar para este assunto de acordo com a epístola aos Efésios. Vejamos dois textos: Em Efésios, capítulo 1, versículo 6, Paulo diz: “para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado”. E depois no versículo 12, diz: “a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo”.

Precisamos ver duas coisas impressionantes e estupendas. Paulo fala sobre a Graça de Deus e sobre a Glória de Deus. E se você estuda a Salvação no Novo Testamento, vai ver que a Salvação é um assunto da Glória e da Graça de Deus. Em 2 Co 3.18 quero que você apenas note a frase “de glória em glória". Temos que estudar estas duas preposições: “de” e “em”. Quando Paulo diz “de glória”, na língua grega é a preposição “apo”, que significa “para fora”. Por conseguinte, meus irmãos e irmãs, há diferentes nuances no significado desta preposição, e o principal deles é “desde”. A preposição “apo” é somente usada nos casos ablativos, nas inclinações dos verbos gregos. Se você estudar uma gramática grega, verá que são oito, os casos no grego: “nominativo, genitivo, ablativo, locativo, instrumental, dativo, acusativo e vocativo”. O caso ablativo tem a idéia fundamental de origem ou o ponto de partida, de onde uma coisa procede. Quando Paulo está dizendo “de glória”, no grego está assim: “apo doxa”. Então esta frase é assim: “apo doxa eis doxa”, que significa de “de glória em glória”. Isto indica que algo foi realizado na eternidade passada, em seguida ele aponta para algo que está sendo realizado no presente, tendo em vista a eternidade futura. Vamos atentar para alguns exemplos da ocorrência da preposição “apo” para compreendermos melhor.

Paulo diz assim em Romanos, capítulo 8, versículo 29: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho”. Depois em Efésios, capítulo 1, versículo 4: “assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo”. E em Filipenses, capítulo 2, versículo 13: “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar”. Veja que nestes três exemplos podemos perceber que a nossa Salvação é de acordo com a presciência de Deus. Foi algo que Ele decidiu na eternidade, em Cristo Jesus - nos escolher para o louvor da glória da Sua graça. Deus nos escolheu de acordo com a Sua presciência - foi algo que Ele viu e escolheu em Cristo. É isto que significa esta primeira preposição “apo”.

Vamos atentar para este princípio, em Efésios capitulo 1, versículo 5, quando Paulo diz assim: “nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade”. Note a palavra beneplácito na sua Bíblia. Esta palavra no grego é eudokia, que significa deleite, prazer, satisfação. Esta palavra foi usada no Evangelho de Lucas, no capítulo 2, versículo 14, que diz assim: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem”. Ainda em Efésios, capítulo 1, versículo 9, olhe o que Paulo diz: “desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo”.

Esta palavra propusera - mais um termo rico na língua grega - ocorre apenas três vezes em todo o Novo testamento: Em Rm 1.3; Rm 3.25 e Ef 1.19. Esse vocábulo no grego é protithemai; é um composto de dois vocábulos. O primeiro é pró, que significa “antes”. E tithemes”, significa estabelecer, determinar. Então aqui nós temos a palavra “protithemai”, que significa estabelecer ou determinar antes. Romanos, capítulo 3, versículo 25, diz assim:


“... a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos”. Rm 3.25


Veja isto! Deus propôs, determinou antes no seu sangue. Para ilustrar melhor isso vamos ler 1 Pedro capítulo 1, versículos 18 a 20:


“... sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós...” 1 Pe 1.18-20


Que concordância perfeita nós encontramos na Palavra de Deus! É interessante vermos outra palavra: “conhecido”, esta é a palavra grega proginosko, que significa “conhecia antes”. Deus propôs antes porque conheceu antes. Ele não conheceu os atos das pessoas, mas as pessoas em si. É nisto que está ligada a presciência de Deus: as pessoas e não aos seus atos. Portanto, na preposição “apo” vemos a salvação na esfera da eternidade.

Agora temos outra preposição: “eis doxa”, que é a preposição eis, “de glória em”; a preposição em. Nesta segunda preposição, Paulo, como se descesse na esfera do tempo, começa a ter uma visão da Salvação. É justamente isso que esta preposição indica - “até que”. A nossa salvação começa na eternidade em Deus e Ele executa no tempo. Então, nesta outra preposição, vamos ver que isto está ligado às 42 estações, na jornada de 40 anos do povo de Israel no deserto. Aqui compreenderemos a nossa salvação. Nossa Salvação é – toda - um ato soberano da parte de Deus!

Paulo diz assim em Efésios, capitulo 4, versículo 30: “E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção”. Veja a preposição “para” que é “eis” que na língua grega significa “até que”. Neste texto a Redenção aponta para a glória vindoura. Em 2 Coríntios, capitulo 1, versículo 22, Paulo diz assim: que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração. No capítulo 5, versículo 5, diz: “Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito”. Também, Efésios, capitulo 1, versículos 13 e 14, diz assim:


“... em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória. Ef 1.13,14


Nestes versos, Paulo fala de penhor e não de selo. Essa palavra “penhor” no grego é arrhabon, significa “garantia, calção”. Significava o sinal que o comprador tinha que depositar e pagar adiantado ao ser fechado o negócio, e que o restante do pagamento viria depois. Somente Paulo usou esta palavra. E o seu objetivo era nos revelar que o Dom do Espírito que Deus nos deu e nos dá agora é um sinal, uma garantia, um antegozo da vida que nós, como cristãos em Cristo Jesus, um dia viveremos, quando entrarmos na era vindoura. Paulo está dizendo que o que nós estamos experimentando no Espírito Santo é uma pequena parte de tudo aquilo que um dia, na era vindoura, iremos experimentar. Mas não somente isso! Porque hoje estamos olhando obscuramente, mas um dia veremos face a face. Mas também, Paulo diz que Ele nos selou com o Seu Espírito. A palavra selado”, no grego, é a palavra “sphragizo”, que significa marcar com um selo, selar com segurança, marcar pela impressão de um sinal, a fim de provar, confirmar a propriedade, autenticidade, autoridade”. Essa palavra ocorre 15 vezes em todo o Novo Testamento. Em 2 Coríntios, capítulo 11, versículo 10, vemos uma ilustração gloriosa do significado desta palavra.

Neste texto Paulo diz: “A verdade de Cristo está em mim; por isso, não me será tirada esta glória nas regiões da Acaia”. Veja o que ele diz: "não me será tirada”. Este é o mesmo vocábulo da língua grega - “sphragizo” - que Paulo usou em Efésios 1.13. Em Efésios capitulo 4, versículo 30, Paulo diz: “E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção”.

Então, irmãos e irmãs, o selo é a estampilha que nosso Pai Celeste coloca em nós para mostrar que pertencemos a Ele, que somos Seus filhos, herdeiros da grande herança vindoura. Creio que esta expressão “o dia” refere-se àquele Majestoso e grande Dia em que nós iremos nos encontrar com o nosso Bendito e Eterno Salvador. Esse termo “selado” tem três significados principais:


Primeiro – fala de autenticidade, autoridade.

Segundo – fala de propriedade.

Terceiro – fala de segurança.


O selo tem uma imagem especial que pertence unicamente a uma pessoa e, portanto quando você vê aquele selo ou aquela imagem em alguma coisa, você sabe que é propriedade ou posse de uma determinada pessoa. É isso que nós temos que entender! É isso que o Senhor está nos falando agora sobre o “Selo do Espírito”. Portanto, eu e você precisamos saber que Deus colocou em nós a Sua marca, o Seu Selo, como garantia de que nesta jornada espiritual, Ele não apenas nos escolheu na eternidade, mas está trabalhando em nós por meio da Palavra, do Espírito, da Cruz, para que nós sejamos, cada dia, alcançados por Ele nesta magnífica Obra, nesta poderosa Obra. Essa Obra que vai completar-se até o Dia da Redenção, até o Dia da entrada na Era Vindoura. Essa é a garantia; essa é a certeza. Ele quer que você viva a vida cristã tendo esta garantia, esta certeza do trabalhar Dele na sua vida.

Que Ele nos abençoe por meio da Sua Gloriosa Palavra.



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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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