sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Igrejas e Obreiros
Temos dado grande ênfase sobre o fato de que, no princípio, tudo estava debaixo do governo do Espírito Santo, o qual tinha assumido a custódia de todo o propósito de Deus, e era o Seu curador. Como no caso do tabernáculo do Velho Testamento, o modelo completo foi concebido no céu até o último detalhe, e mostrado. Então, Bezaleel e Aholiab foram cheios do Espírito de Deus para toda arte de ofício. Absolutamente nada foi deixado para a concepção do homem, e porque as concepções eternas, espirituais e divinas estavam por trás de cada fragmento, Deus foi meticulosamente detalhista.
Assim foi na primeira fase de coisas no princípio do novo Israel. O homem possui uma grande propensão para colocar as suas mãos nas coisas, e nada é tão sagrado para escapar disso. A grande precaução tomada por Deus quando Adão desencadeou este tipo de coisa foi: ‘Para que ele não estenda as suas mãos... ’ Quando isto foi feito, como nos exemplos de Nadab e Abiú, Uzias, Ananias e Safira, etc., o Senhor mostrou a Sua desaprovação por meio de um julgamento rápido. A mão do homem é sempre possessiva, controladora e organizadora. Seu método é trazer as coisas dentro dos limites de sua própria mente e juízo. Não há acordo entre as mãos do Espírito Santo e as mãos do homem, e qualquer tentativa da parte do homem de conciliar irão resultar em conseqüências desastrosas mais cedo ou mais tarde.
Há uma necessidade clamorosa por uma renovação de nossa mentalidade em relação aquilo que chamamos procedimento neotestamentário. O ponto inicial terá que ser na encruzilhada entre causas e efeitos, isto é, como e por que as coisas começaram, e as coisas em si. Nós começamos do lado errado, no lugar onde as coisas estão em existência, e tomamos as coisas como um modelo, um projeto, um livro texto, e passamos a imitar, a copiar, a reproduzir. Assim, reduzimos o Novo Testamento em um manual de organização. Fazendo assim, desprezamos o fato fundamental, elementar, e vital que aquilo que temos no Novo Testamento nunca foi desta maneira. Seja lá o que exista no Novo Testamento que é chamado de uma ‘ordem’ era um assunto normal, natural, espontâneo, de um tipo de vida que tinha sido miraculosamente concedida pela ação direta do mesmo Espírito quando tornou possível a concepção de Jesus no ventre de Maria: ‘Gerado, não criado’. Foi o crescimento e a formação de um organismo: ‘Não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus’. (Jo. 1.13). Isto foi tão verdadeiro da parte inteira quanto o foi das partes individuais.
Vamos tomar:
O Caso das Igrejas
A idéia mais genérica é que os apóstolos, Paulo em particular, criam que eles foram chamados para ir e formar igrejas por todo o mundo, que quando eles entravam numa província, ou numa cidade, o pensamento deles era o de formar lá uma igreja local. Iremos procurar em vão por alguma ordem do Senhor, ou intimação vinda dos apóstolos de que este era o objetivo deles. O que eles sabiam ser seu negócio era trazer Cristo por onde quer que eles fossem. Se Cristo fosse rejeitado, não havia igreja. Se Cristo fosse aceito, aquelas pessoas que O aceitaram se tornavam um instrumento de Cristo naquele lugar. A única concepção de igreja em todo lugar não é uma representação da religião cristã, mas uma corporificação de Cristo. Onde quer que isso ocorra, mesmo que sejam duas ou três pessoas reunidas em Seu nome, lá Jesus está. É a presença de Cristo que constitui uma igreja, e é o aumento e a conformidade a Cristo que é o crescimento de uma igreja. No livro de Apocalipse, o Senhor não hesita em falar da remoção de um castiçal, caso cesse a sua função essencial, embora muita da forma e da atividade cristã ainda possa estar presente. A função essencial e o critério final é a presença de Cristo. A presença do Senhor sempre foi o fator determinante nos valores eternos. É a função suprema de o Espírito Santo trazer Cristo para dentro de todas as coisas, e todas as coisas para dentro de Cristo.
Igrejas, como tais, são apenas meios, e, como coisas terrenas, elas passarão com o tempo. O que é de Cristo dentro e através dos meios será reunido numa forma especial dentro da grande igreja universal que Cristo irá apresentar a Si mesmo _ ‘uma igreja gloriosa’. Nós não estamos aqui tratando com o organismo pleno que sai da semente da vida _ a lavoura de Cristo _ mas apenas com ‘como era no princípio’. Naturalmente, um desafio está envolvido: Como isto e aquilo vêm à existência?
O princípio que era pra ser estendido para o mundo inteiro estava inerente na escolha e no envio por Cristo dos ‘setenta’. Eles foram enviados a todo lugar ‘aonde Ele próprio viria’. Uma igreja local, então, não é em primeiro lugar algo constituído ou formado conforme um modelo ou procedimento, mas pela presença de Cristo em duas ou mais pessoas naquele lugar. Essas pessoas ‘batizadas em um só Espírito em um só corpo’ são, em efeito, Cristo naquela localidade, tomando posse da terra como um testemunho de Seus direitos, e espalhando ‘o bom perfume de Cristo em todos os lugares’. Falhar nisto, com relação à sua verdadeira função, o organismo está morto.
Continue com a forma se você quiser, porém a ‘igreja’, como tal, não é mais sagrada aos olhos do Senhor do que o tabernáculo em Siló, ou o templo em Jerusalém, uma vez que a glória tinha desaparecido, isto é, a presença do Senhor.
Os Obreiros
O princípio ao qual temos nos referido acima é o mesmo em relação a toda pessoa que tem qualquer posição de responsabilidade na obra do Senhor. É um grito distante dos métodos modernos em comparação aos do princípio. A escolha através de voto popular, a escolha de pessoas ‘habilitadas’ para o serviço, a influência de títulos, de diplomas, de homens com visão de negócio, de sucesso no mundo, de dinheiro, ‘interesse na obra de Cristo’, a escolha de ‘neófitos’, e dar ou permitir reconhecimento público a tais coisas é um sistema que não tinha nenhum lugar no princípio. Isto está repleto de problemas que aparecerão mais cedo ou mais tarde, e é algo perigoso para as pessoas envolvidas.
Uma questão simples e prática surgiu bem no princípio. Foi apenas uma questão de ver que certas viúvas estavam sendo desprezadas quanto às suas necessidades básicas diárias, e a ministração justa do dinheiro disponível. Poderia ser pensado que qualquer bom homem, ou homens, com um pouco de habilidade para negócio, poderia resolver aquela situação, mas não foi assim no princípio. A prescrição era: ‘...homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria’. ‘E eles escolheram Estevão, um homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prochorus, e Nicanor, e Timon, e Parmenas, e Nicolas, um prosélito de Antioquia: a quem eles colocaram diante dos apóstolos, e eles oraram e lhes impuseram as mãos’. (At. 6).
O assunto foi conduzido por meio de cuidado escrupuloso, e o requisito essencial era ser ‘cheio do Espírito Santo’, para que todos pudessem ver. Nesta fase mais elementar de procedimento o imperativo era homens espirituais, reconhecidos por todos como tais. O ‘ritual’ não os tornava espirituais. Eles já eram espirituais antes que as coisas mais elementares lhes fossem confiadas. Evidentemente eles tinham sido provados na igreja e foram aprovados antes que fossem ‘ungidos’. Se isto era assim no caso das responsabilidades elementares, quanto mais seria isto aplicado à grande responsabilidade dos anciãos e dos que presidiam.
Antes dos apóstolos terem terminado os seus ministérios, as coisas começavam a mudar na ordem da igreja. Sinais de um eclisiasticismo insipiente, como conhecemos hoje, estavam aparecendo. É desprezado que quando Paulo escreveu suas cartas _ a Timóteo _ e disse que ele escreveu para que os ‘homens pudessem saber como deveriam se comportar na casa de Deus’, que Paulo estava escrevendo a fim de corrigir o comportamento errado. Aquela má conduta estava associada principalmente aos que estavam em posição de responsabilidade, os anciãos. O corretivo de Paulo era o reconhecimento de que anciãos não são apenas cargos eclesiáticos, mas são essencialmente homens espirituais; homens de medidas espirituais, e não neófitos. Eles são anciãos em caráter, em qualificações e dons espirituais antes de terem o título de ancião. O título jamais transforma um homem num ancião. Se ele já não for um ancião, nenhum título jamais o irá transformar em um! Tanto na igreja, como em homens responsáveis, é a presença e a medida de Cristo que determina tudo.
Nós não fizemos mais do que apontar um princípio vital. Vital no sentido de que ele irá determinar a vida, o curso e o destino de tudo que levar o nome do Senhor.
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