Depravação

sábado, 21 de março de 2009


Gl 3:17-24

O crente quando pensa em doutrina geralmente acha ser um assunto que pertence à sala de aula do Seminário ou à estante da biblioteca do pastor, e não um assunto que deve ser levado até os membros da igreja ou que diga respeito à prática dos filhos de Deus. Entretanto, se não tivermos conhecimento das doutrinas da Palavra de Deus, continuaremos espiritualmente imaturos e seremos facilmente arrastados por qualquer vento de doutrina. Existem alguns conceitos doutrinários importantes na palavra de Deus que todo crente precisa saber. Ele deveria tomar conhecimento do que dizem as Escrituras com relação a assuntos como graça, regeneração, substituição, redenção, justificação, santificação e segurança, para citar apenas alguns. É nosso propósito nessa série de estudos sobre doutrina apresentar algumas das verdades da Palavra de Deus, de modo simples e comum; verdades preciosas a serem usadas como alicerce, afim de que sobre elas possam ser construídas vidas cristãs. Confiamos em que Deus despertará em você um desejo intenso de se aprofundar nestas grandes doutrinas da Sua palavra.

A primeira grande doutrina da Bíblia, para a qual chamamos sua atenção é a da depravação ou, como é popularmente chamada, a “depravação total”. Essa doutrina é geralmente mal compreendida, pois a maioria das pessoas entende por depravação total, que o homem é completamente mau. Entretanto, se aceitamos como correta essa idéia, imediatamente nossa teologia será questionada porque conhecemos muitos homens que não são tão maus assim. Alguns até que são bondosos, gentis, generosos e úteis em seus lares e nas comunidades onde vivem. Entretanto, o que a doutrina da depravação nos ensina é que o homem está na pior situação possível. Há uma grande diferença entre ser o pior e estar na pior situação possível.

A doutrina da depravação não se refere à avaliação do homem pelo homem, mas sim à avaliação do homem por Deus. Há muitas gerações vimos recebendo ensinamentos sobre a evolução, a qual vê o homem numa espiral ascendente, a subir cada vez mais acima das profundezas de onde se originou esperando-se que um dia, finalmente alcançará as estrelas. Esta idéia é tão amplamente aceita que chegamos a pensar, às vezes, que há tanto de bom no pior indivíduo, que afinal o homem não pode estar assim em tão má situação. Quando comparamos os homens, uns em relação aos outros, sempre encontramos alguém que se encontra abaixo de nós na escala moral ou ética, e essa comparação nos dá um sentimento de auto-aprovação. Mas as Escrituras não avaliam os homens pelos homens, elas medem os homens em relação ao Deus que os criou. A criatura é medida pelo criador, revelando-se, assim, a sua imperfeição. Chamamos sua atenção para algumas citações da Bíblia que mostram como Deus avalia a humanidade, o homem sem Jesus Cristo, e o homem como conseqüência da queda.

A doutrina da depravação não tem tanto a ver com a conduta do homem, quanto com o seu estado; nem tanto com o seu comportamento quanto com a sua condição diante de Deus. Em Gálatas 3:22, lemos: “Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado”. Nesta passagem vemos que Deus fez uma declaração universal, um pronunciamento que caracteriza todas as criaturas. Toda a raça é classificada como estando debaixo do pecado.

Entretanto, a fim de que se possa entender o que significa estar debaixo do pecado, temos de compreender alguma coisa sobre os aspectos do pecado como é apresentado nas Escrituras. A palavra de Deus mostra três desses aspectos. O pecado pessoal é apresentado em primeiro lugar, abrangendo os atos de cada um, as manifestações do exercício da vontade própria. Em Romanos 3:23 o apóstolo escreve: “... pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”.Esta é a qualificação divina da vida do homem pecador. Todos pecaram. E quando Deus olhou para a raça humana depois da queda, viu a todos como raça de pecadores, composta por indivíduos carregados de culpa pessoal.

A palavra de Deus emprega termos diferentes para descrever os pecados pessoais do homem não-regenerado. A palavra transgressão é um desses termos e está ligado ao pecado pessoal. Mostra o homem se afastando ou transpondo as fronteiras da decência ou da boa conduta, delimitadas por Deus. As Escrituras se referem ao pecado como iniqüidade, isto é, tudo que, de modo geral, é totalmente errado. A palavra erro também é usada demonstrando que o pecador despreza o que é certo ou se afasta das normas estabelecidas. O termo pecado se refere à transgressão pessoal e identifica aqueles que ficam aquém do alvo, ou se desviam completamente dele. A seguir vem perversidade e esta é a exteriorização e manifestação da natureza pecaminosa que existe no íntimo do ser humano. Mal se refere àquilo que é realmente errado ou que se opõe à bondade e santidade de Deus. Encontramos incrédulo em relação ao homem que não tem respeito, reverência ou temor a Deus. A desobediência caracteriza o pecador, indicando má vontade em deixar-se guiar e levar pelos caminhos da verdade. A palavra incredulidade distingue o pecador, e seu significado é falta de confiança em Deus. Ilegalidade é um termo aplicado àqueles que, abertamente, se opõem à lei divina. Assim sendo, essas dez palavras, todas elas usadas para identificar o incrédulo, dão-nos a idéia que Deus faz do pecador e mostra os tipos de pecado pessoal que o indivíduo pode cometer.

O segundo aspecto do pecado, como ele é mostrado na palavra de Deus, não se refere aos atos, mas sim à natureza que produziu esses atos. Perante Deus a natureza pecaminosa de cada pessoa é que é a grande responsável. Quando Adão foi criado e colocado no Jardim do Éden, era uma pessoa total, com uma personalidade rica e completa. Adão foi criado completamente inocente; com potencialidade para o mal, entretanto não era pecador e não possuía a natureza pecaminosa. Foi colocado no Jardim um teste para a sua obediência e Adão sucumbiu à tentação de Satanás comendo o fruto proibido. Como conseqüência, sua natureza foi mudada de completa inocência para outra confirmada no pecado. Se me permitirem usar um exemplo bem simples, diria que a natureza de Adão no Jardim era como a de uma gelatina ainda não congelada. Quando pecou, sua natureza foi congelada naquela forma, tornou-se pecaminosa. Uma vez tomada forma permanente, tornou-se inalterável e imutável, dissociada da graça divina. A natureza de Adão depois da queda ficou caracterizada pelo pecado. Quando produziu frutos, esses foram chamados por Deus, de frutos pecaminosos. Adão podia fazer boas coisas; podia amar a mulher, cultivar a terra com carinho, ser bom pai e bom cidadão na sociedade à qual pertencia. Mas, quando visto do prisma divino tudo que provinha da sua raiz natural era pecado para Deus. Sendo a raiz corrupta, o fruto trazia a corrupção dessa raiz.

Na obra da criação Deus estabeleceu o princípio de que cada grupo gera segundo a sua semelhança, cada um deveria produzir de acordo com a sua espécie. Quando Adão e Eva geraram filhos logo ficou provado que esses filhos haviam “saído aos pais”, pois Caim matou seu irmão. O filho recebeu a natureza transmitida pelo pai, e, sendo esta natureza pecadora, manifestou seu verdadeiro caráter no ódio que resultou em assassinato.

Na Epístola aos Romanos, Paulo fala da natureza que existe em cada um pelo nascimento natural: “De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne da lei do pecado” (7:25). Outra vez em Romanos 8:2 ele diz: “... a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte”. Assim, a lei do pecado (7:25) e a lei do pecado e da morte (8:2) são o princípio, ou a natureza que opera através de um indivíduo não-regenerado. Os frutos da natureza do homem são caracterizados por Deus como o pecado e a morte. Em Romanos 3:10-18 o apóstolo nomeia alguns dos frutos da carne: “não há justo, nem sequer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um se quer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz.Não há temor de Deus diante de seus olhos”. Novamente em Gálatas 5, o apóstolo mostra os frutos da carne, os quais fazem parte da natureza humana desde o nascimento, pois nos versos 19-21 ele diz: “... as obras da carne são conhecidas, e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias, e cousas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já outrora vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais cousas praticam”. Em passagens como esta, Paulo apresenta esta verdade: o homem não é culpado apenas pelo pecado pessoal, e portanto passível de condenação; mas, tem dentro de si uma natureza pecadora que inspira e produz pecados pessoais, e por causa dessa natureza ele está sujeito a julgamento.

Há um terceiro aspecto do pecado citado em Gálatas 3;22 “mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado...” A expressão “sob o pecado”, refere-se à condição em que o homem se encontra por um ato de Deus. O homem além de ser culpado pelo pecado pessoal, e de abrigar uma natureza pecaminosa dentro de si, foi também colocado por Deus em situação de pecado. Encontramos mais uma vez essa verdade apresentada pelo apóstolo em Romanos 3:9: “... pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado”. O homem no Jardim do Éden achava-se em estado de inocência ainda não testada. Era um estado que tornava possível a convivência com Deus, um estado em que retidão era alcançável. Mas, ao desobedecer a Deus e comer do fruto proibido, foi colocado em estado de pecado. Aquela era a sua condição, seu ambiente. Você é da terra e vive em seu ambiente, todo o seu ser é condicionado à atmosfera em que vive. O peixe foi criado para outro ambiente e difere tanto do homem porque foi determinado que vivesse em atmosfera diferente. O homem, pela criação foi destinado a viver na esfera de Deus, entretanto quando desobedeceu a Deus, todo o seu ser foi mudado e se encontrou em uma atmosfera completamente diferente. Sua vida agora está de acordo com esta atmosfera à qual foi atirado pelo seu pecado. O homem não é apenas pecador pela prática e pela natureza, mas Deus encerrou, ou, Deus colocou todos os homens em estado de pecado. Esta é a classificação divina. Em Romanos 11:32 o apóstolo mostra, como o faz em Gálatas 3:22, que os homens estão em estado de pecado por decreto divino. Deus enfeixou a todos na incredulidade para que pudesse ter misericórdia de todos. A fim de que a graça divina pudesse ser manifestada aos homens, Ele colocou a todos em uma mesma classificação ou categoria, impondo aos homens a condição de pecado para poder remir os pecadores. SE você se recusar a aceitar o julgamento divino e sua declaração de que você pratica o pecado e possui uma natureza pecaminosa, tendo sido colocado em estado de pecado, não haverá redenção possível. Aprendemos então na Palavra de Deus este primeiro grande fato que contribui para nossa compreensão da doutrina da depravação: os homens estão debaixo do pecado.

O segundo fato importante relativo aos homens é que estão espiritualmente mortos. Em Efésios 2:1, Paulo afirma esta verdade: “Ele vos deu vida estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”.

Quando Deus criou o homem Ele estabeleceu uma punição para a sua desobediência. O castigo para a desobediência era a morte espiritual. A morte física foi o resultado da morte espiritual. Deus disse: (Ezequiel 18:4) “... a alma que pecar essa morrerá”. Em Romanos 6:23, Paulo explica: “O salário do pecado é a morte”. Esta verdade é bem conhecida e não precisa ser repetida aqui. Lembremo-nos do ensinamento de Paulo a esse respeito, em Romanos 5:12: “Portanto, assim como por um só homem (Adão) entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte (morte física), assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram”. Quando Paulo afirma que “todos pecaram”, isto não indica que todos o fizeram individualmente. Embora isto seja verdade, não é o que Paulo está ensinando aqui. Ele explica que todos pecaram em Adão quando ele pecou. Os teólogos dizem que, em embrião, nós nos encontrávamos em Adão e por estarmos nele quando pecou, sua morte espiritual nos foi transmitida. Essa a razão pela qual nascemos espiritualmente mortos. O argumento de Paulo no versículo 12 é da premissa menor para a maior; desde que os homens morrem fisicamente, e essa é uma realidade, é evidente que estão espiritualmente mortos porque a morte física é conseqüência da morte espiritual. Paulo afirma que os homens não morrem fisicamente por terem pecado: mas, sim, por terem morrido em Adão. A morte espiritual é uma parte da doutrina da depravação. Não estávamos apenas sob o pecado, mas estávamos espiritualmente mortos por nos encontrarmos em Adão.

O terceiro fato importante confirmado pela Escritura é este: aquele que está sob o pecado e, portanto espiritualmente morto, está também debaixo da condenação. Vejamos rapidamente algumas passagens que nos mostram essa verdade. Em João 3:18 lemos: “Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus”. E no verso 36: “Por isso quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”. Os homens estão sob julgamento e sob a ira de Deus por estarem em Adão. A condenação vem por estarmos em condição de pecado. Novamente em Romanos 1:18 o apóstolo explica: “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça”. Aqui o apóstolo afirma que os homens estão sob a ira não só por estarem em Adão, mas também por causa dos pecados que individualmente tenham praticado. Ou ainda, em 1 Tessalonicenses 5:9, escrevendo sobre a gloriosa esperança que pertence a todos os filhos de Deus, Paulo diz que Deus não nos destinou para a ira. Ele afirma que o castigo pertence àquele que peca sem ter um Salvador. Em 2 Tessalonicenses 1:9 ele afirma que, os perversos “sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do Seu poder”. Em Gálatas 3:13 “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro”. O apóstolo afirma nessa passagem que Cristo tomou sobre si nossa maldição. Se Ele levou nossa culpa, isso deve significar que há uma maldição sobre aqueles que não conhecem Jesus Cristo como Salvador pessoal. Estes são apenas alguns dos muitos textos das Escrituras que poderíamos consultar, e eles nos mostram que aquele que permanece em seu estado natural está sob o julgamento divino, sob uma maldição, e debaixo da ira de Deus.

Há um quarto fato apresentado nas Escrituras como parte da doutrina da depravação. O homem natural está sob o pecado; está em estado de morte, debaixo da condenação, mas está também sob o poder de Satanás, controlado pelo maligno. Em 1 João 5:19 o apóstolo diz: “o mundo inteiro está sob o maligno”. Em 2 Coríntios 4:4 Satanás é chamado “o deus desse século”. Em Efésios 2: 1-3 ele é “o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência”. Em Colossenses 1:13, Paulo escreve: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor”. Nessas passagens vemos apresentada esta verdade: quem está em Adão, está também sob o controle de Satanás, faz parte da sua família, de seu reino, é cidadão do cosmo de Satanás, é cidadão de um estado rebelde. Não tendo, portanto, relação alguma com Jesus Cristo.

Finalmente descobrimos que a doutrina da depravação também expõe esta verdade: o homem em seu estado natural está perdido, vejam bem, P-E-R-D-I-D-O! Talvez não exista uma palavra tão sem esperança como perdido. Entretanto, esta é a imagem que nos é apresentada do homem natural em seu estado de depravação. Quando o Senhor falou ao povo de Israel sobre a atitude de Deus para com o pecador, como registrado em Lucas 15, Ele usou três parábolas: a Parábola da Ovelha, a Parábola da Moeda e a Parábola do Filho. O ponto comum a todas elas foi o fato de os três estarem perdidos: a ovelha, a moeda e o filho.

O coração do Pai é revelado por Cristo. O Pai busca o perdido. Talvez a perdição do homem afastado de Cristo não seja apresentada em nenhuma outra passagem com tanta clareza como em Efésios 2:12, onde o apóstolo fala da condição dos gentios sem Cristo: “... naquele tempo estáveis sem Cristo” ..., isto é, sem o Prometido, que seria o Redentor e Salvador, “... separados da comunidade de Israel...”. Foi Israel que recebeu a promessa de um Rei que tiraria deles os seus pecados, antes de reinar sobre a nação. Israel foi o povo escolhido, e os gentios foram ignorados. Eram perdidos porque estavam sem Cristo. Eram perdidos porque não pertenciam à comunidade de Israel. Paulo continua: “... estranhos às alianças da promessa...”. Deus jamais apareceu a um gentio, fazendo com ele uma aliança, como o fez com Abraão, prometendo-lhe uma terra e uma bênção à sua descendência. A nenhum gentio Deus aparecera, como havia feito com Davi, prometendo a vinda de alguém, que reinaria sobre eles. Deus jamais apareceu a um gentio, como o fez com Jeremias, prometendo tirar todos os pecados deles e esquecer não só esses pecados, como também as sua iniqüidades. Eles estavam perdidos porque não pertenciam à aliança de Deus. Estavam perdidos, afirma Paulo, porque não tinham “esperança”. Esperança essa firmada na certeza de que Deus mandaria um Libertador, um Redentor, um Cordeiro que tiraria o pecado do mundo. Mas, esta promessa não foi feita aos gentios. Finalmente, estavam perdidos porque estavam “sem Deus no mundo”. Eles tinham deuses, e muitos, porém, não conheciam o único e verdadeiro Deus. Curvavam-se diante de ídolos de pedra, ouro, prata, porém não adoravam o Único Deus vivo. E Paulo escreve a palavra PERDIDO sobre as nações gentias porque estavam sob o pecado, espiritualmente mortas, sob a condenação e debaixo do poder de Satanás. Eles estavam realmente perdidos.

Acima das Cataratas do Niágara há um cartaz com um aviso simples, mas impressionante: “Deste ponto em diante não há possibilidade de retorno”. A Palavra de Deus diz que os homens já passaram do ponto de retorno, ultrapassaram as cataratas do pecado e foram arrastados para o estado de pecado. São escravos de uma natureza pecaminosa, e estão produzindo frutos do pecado. Estão espiritualmente mortos, debaixo da condenação e sob o poder de Satanás. É isto que significa ser depravado. O homem não é tão mau quanto o pode ser, mas está na pior situação possível. Ele está perdido. Se esta fosse a única imagem que você pudesse contemplar, ficaria completamente desanimado, pois a doutrina da depravação não oferece um mínimo de esperança ou de luz, apenas desespero e trevas. Entretanto, depois de o apóstolo ter descrito a perdição dos gentios em Efésios 2:12, ele apresenta a gloriosa esperança contida no Evangelho, quando diz no verso 13: “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo”.

Jesus Cristo é a única resposta à depravação do homem. A resposta não está na religião, nem na igreja, nem nos sacramentos e ordenanças, a resposta para a perdição do homem está em uma Pessoa. Da mesma forma que fomos colocados debaixo do pecado pelo nascimento natural, por um novo nascimento somos colocados em Cristo Jesus. O homem que estava em Adão, e, portanto sob o pecado, foi colocado no Senhor Jesus Cristo. O homem que estava debaixo da condenação recebeu a promessa: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1), pois Cristo tomou sobre si a nossa condenação, em Seu corpo na cruz. Para aqueles que estavam espiritualmente mortos, Jesus Cristo dá a vida eterna, e a dádiva da vida eterna por Jesus Cristo é a resposta de Deus à nossa morte espiritual. Quem recebeu a Jesus Cristo como seu Salvador pessoal foi arrancado de sob o poder de Satanás, libertado do seu domínio, retirado da sua família e recebeu uma nova cidadania nos céus, passando a fazer parte da família de Deus. O que estava perdido foi achado. As necessidades dos homens serão supridas, mas não pela tentativa de suavizar a doutrina da depravação, nem negando a verdade da Palavra de Deus que diz estarem os homens sob o pecado e mortos espiritualmente, debaixo da condenação e dominados pelo poder de Satanás; e, sim, apresentando Jesus Cristo de modo que aqueles que estavam distantes possam ser trazidos para perto pelo sangue de Cristo.

Uma das mais importantes conclusões a que você precisa chegar é esta: “Até que ponto Adão caiu?” Várias são as respostas dadas a essa pergunta. Os liberais dizem que a queda de Adão foi para cima pois sua situação melhorou depois da queda.

Algo que ele não possuía anteriormente foi acrescentado à sua personalidade. Assim sendo, Adão tornou-se uma pessoa mais completa e total depois da queda. Outros afirmam que Adão caiu como que de um penhasco, mas antes de despencar rochedo abaixo, segurou-se a alguma coisa no topo e firmou-se nela. Sua queda foi realmente para baixo, mas, por ter-se segurado antes de escorregar, ficou apenas em situação de perigo, mas se fizer bastante esforço e tiver força de vontade suficiente poderá galgar novamente o penhasco e alcançar terra firme. Os que pensam assim estão procurando subir por si mesmos, conquistando por esforço próprio seu lugar no céu
.
Há um outro ensinamento no sentido de que Adão, ao cair, escorregou pelo penhasco e caiu em uma saliência da rocha, que impediu a continuação da sua queda, e essa saliência é a igreja. Esta o fará subir e o colocará em terra firme outra vez. Mas, a Palavra de Deus afirma que a queda de Adão foi total. Tornou-se depravado, totalmente depravado, incapaz de fazer qualquer coisa que possa agradar a Deus. Está sob o pecado, morto, condenado, sob o poder de Satanás, está perdido.

Amados no Senhor, na pessoa de Jesus Cristo, como Ele é revelado nas Escrituras, temos a resposta para a depravação do homem. É o Senhor Jesus que nos liberta do pecado e remove a condenação, faz-nos passar da morte para a vida, introduzindo-nos em Sua própria família como filhos de Deus. Eu os recomendo a Ele, o Salvador dos homens depravados.

J. Dwight Pentecost

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