Introdução - 5ª parte

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

As 42 Jornadas no Deserto



Introdução - Parte 05

Texto: Nm 33: 1-49



Por Luiz Fontes



Esse estudo sobre a peregrinação do povo de Israel no deserto será detalhado. Mas antes de começarmos a estudar essas estações, uma por uma, é importante ter uma ampla visão do pano de fundo que compõe os episódios que aconteceram durante essas jornadas.

Estudando o livro de Êxodo, veremos que o povo hebreu estava acostumado a fazer, cada um, o que bem lhe parecia. Assim sendo, quando foram libertos da escravidão no Egito, saíram desordenadamente. No entanto, Deus começou colocar as coisas em ordem. No princípio, no capítulo 1 do Livro de Gênesis, encontramos uma situação de caos, de desordem, mas a Bíblia diz que o “Espírito Santo começou a se mover sobre a face da águas” e começou a colocar as coisas em ordem. Ele trouxe luz, depois ouve a separação entre o dia e a noite, separação entre o que estava em cima do que estava embaixo, e logo começou a brotar a vida. Então, Deus começou a edificar o homem como um lugar onde Ele pudesse ter comunhão. Ele criou o homem conforme a Sua imagem e semelhança. Este foi o trabalho do Espírito Santo de Deus.

Meus irmãos e irmãs. Israel saiu do Egito em uma situação de caos, mas o Senhor começou a mover-Se sobre eles, a trazer ordem sobre eles. O Senhor começou a levantar um Santuário. Nós vemos nessa obra do santuário determinadas disposições divinas; observamos que era desejo de Deus habitar no meio deles. E logo que saíram, começamos a ver o trabalhar de Deus. Podemos ver esta questão de ordem especificamente no livro de Levítico. O Livro de Levítico se tornou necessário porque o povo começou a viver em função da Casa de Deus. Os arranjos eram conforme a Santidade de Deus, as ofertas eram estabelecidas por Deus, e nessas ofertas encontramos os diferentes aspectos da Cruz de Cristo; o Sacerdócio do Senhor Jesus. Isso é o que nós aprendemos no livro de Levítico.

Com o cumprimento dessa etapa, chegamos ao livro de Números. Se compararmos essa situação no livro de Êxodo, quando o povo que acabara de sair do Egito estava sendo colocado em ordem por Deus através das diferentes jornadas, podemos ver que através de cada nova estação havia uma revelação do Senhor. Então, Ele vai trazendo luz, colocando todas as coisas no seu devido lugar. Portanto, no livro de Números, começa-se colocar em ordem o povo. Primeiro vemos que eles pareciam querer seguir os seus próprios caminhos, mas agora, o Senhor levanta o Tabernáculo para mudar a direção do povo, porque eles tinham que andar de acordo com o mover da nuvem sobre o Tabernáculo. Deus estava mostrando para eles como é que eles deveriam agir. Eles estavam sendo disciplinados por Deus. O Senhor estava ensinando quando é que eles deveriam levantar e quando eles deveriam ficar parados. No princípio tudo era um caos, cada um saía por onde queria. Veja o Livro de Juízes ,no capítulo 21, versículo25, diz:


“Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto”. Jz 21.25


Não havia rei em Israel e Cada um fazia o que lhe bem parecia. Agora, em Deuteronômio, capítulo 12, versículos 4 e 5, o Senhor diz para o povo:


Assim não fareis para com o Senhor vosso Deus; Mas o lugar que o Senhor vosso Deus escolher de todas as vossas tribos, para ali pôr o seu nome, buscareis para sua habitação, e ali vireis. Dt 12.4,5


Esta é a determinação que encontramos em Deuteronômio - o Santuário de Deus, onde o Senhor põe o Seu nome. Isto representa, primeiramente, a Cristo, depois o nosso espírito como o lugar santíssimo, mas também a Igreja que é o Corpo de Cristo. Um só Santuário e ali lhe servireis. Não fareis como haveis feito até agora, cada um como bem lhe pareça, mas o Senhor vai Se movendo no meio do Seu povo, ensinando a ordem da marcha. Por isso, em Números, capítulo 9, versículo 23, diz assim:


“Segundo o mandado do SENHOR, se acampavam e, segundo o mandado do SENHOR, se punham em marcha; cumpriam o seu dever para com o SENHOR, segundo a ordem do SENHOR por intermédio de Moisés.” Nm 9.23


Estão vendo que é um princípio? É assim que deve ser a nossa vida cristã.

Ora, meus irmãos e irmãs, o que temos visto, à parte da Palavra de Deus, na experiência cristã nos nossos dias, é que cada um age conforme a sua própria vontade. Cada um faz de acordo com uma nova revelação que diz ter; com o que é mais lucrativo, ou que pode atrair mais o povo para poder suplantá-lo através de dízimos e ofertas. Dízimos e ofertas são princípios espirituais. Mas, não podemos usar isso para poder sufocar o povo de Deus. Quantas coisas, mesmo que sejam com nomes bíblicos, temos inserido na vida da Igreja para poder conduzir o povo de Deus! Nós temos que ser conduzidos pelo Espírito Santo através dos ministérios constituídos, e estes ministérios devem estar de acordo com a Palavra de Deus. Ninguém precisa ter títulos ministeriais (porque tem muita gente com título ministerial sem expressão ministerial). Mas, que o Espírito Santo por meio dos quais Ele chamou e por meio dos quais Ele mesmo está agindo, venha trazer direção para o povo de Deus. Porque não temos o direito, mesmo debaixo do nome de Cristo Jesus, de fazer o que queremos. Não podemos viver esta “acheologia”. Nós temos que viver o Evangelho de Cristo Jesus. Em Números, capítulo 4, versículo 5, temos uma explicação clara:


“Quando partir o arraial, Arão e seus filhos virão, e tirarão o véu de cobrir, e, com ele, cobrirão a arca do Testemunho;” Nm 4.5


A frase que iremos nos deter é esta: “Quando partir o arraial...”. Porque, irmãos e irmãs, o Senhor sabia das jornadas do Seu povo, sabia das várias mudanças do arraial, todas dirigidas por Ele, mas, cada uma, era uma nova etapa. E o arraial tinha que mudar quando era hora, quando o Senhor dava o sinal e a nuvem se levantava, e começava a se mover para algum lugar, em algum sentido. Então o Senhor, somente Ele, sabe quando nós estamos necessitando de experiência, quando é que nós precisamos passar por alguma nova experiência, por alguma nova etapa. É assim que a nossa vida cristã é vivida! Talvez não entendamos, mas a vida cristã é vivida de etapas em etapas, de circunstâncias e circunstâncias. É como a “luz da aurora que vai brilhando, brilhando até ser dia perfeitoPv 4.18. Então, o povo tinha que se levantar e seguir a nuvem. Esta foi uma ordem estabelecida por Deus e está registrada em Nm 4.5; porque Números é o livro que trata da “ordem da disciplina das coisas de Deus”. Por isso é que se chama “Números”, porque é para por em ordem: o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto e assim por diante. Este é um princípio espiritual. O que estiver em quinto não deve vir primeiro, o primeiro não deve vir em décimo, o primeiro e o sétimo não devem vir em quarto. O primeiro é o primeiro, o segundo é o segundo, o terceiro é o terceiro, o quarto é o quarto, e assim sucessivamente! Há uma ordem na qual o Senhor está se movendo sobre o Seu povo. Um povo desordenado precisa ser colocado em ordem e ter disciplina; então, primeiro o Senhor começa a tratar. Aqui nós temos um translado do arraial. Números 4.5,6, diz:


“Quando partir o arraial, Arão e seus filhos virão, e tirarão o véu de cobrir, e, com ele, cobrirão a arca do Testemunho; e, por cima, lhe porão uma coberta de peles finas, e sobre ela estenderão um pano, todo azul, e lhe meterão os varais.” Nm 4.5,6


Veja que o que tem que ser visto em primeiro lugar é o véu! Isto é estupendo, é impressionante! Tudo começa pelo lugar Santíssimo. Tirar o véu para colocar os panos, cobrir a arca com os panos azuis e seguir avançando, é uma ordem estabelecida por Deus. Observemos que o primeiro assunto que se trata é em relação a Cristo, é o assunto da arca, do lugar Santíssimo, inclusive antes das mesas dos pães, do candelabro e do incensário. Começa-se pelo lugar Santíssimo. Isso aponta para a nossa vida cristã elevada nessa jornada. Nossa vida cristã é vivida nas alturas; no propósito de Deus. Portanto, preste atenção no que diz o texto: “Arão e seus filhos virão...”. Isto significa o Sacerdócio, o Ministério. Todo o povo do Senhor é sacerdote, mas aqui representa a autoridade delega do Sacerdócio de Cristo: “... tirarão o véu de cobrir, e, com ele, cobrirão a arca do Testemunho...”. Primeiro é a arca, porque no Tabernáculo, ela é a primeira parte que se corresponde com a nuvem. Todas as mobílias se correspondem, mas a arca vem em primeiro lugar. No capítulo 25 de Êxodo, a primeira mobília que se descreve é a arca, depois vem a mesa, o candelabro, e assim nós vemos todos os outros materiais.

O livro de Atos nos diz que a Igreja perseverava primeiro em que? Na doutrina dos apóstolos! E o que era a doutrina dos apóstolos? Era a doutrina acerca de Jesus Cristo! Primeiro, o Senhor, depois a comunhão uns com os outros, o partir do pão, que se relacionava com os pães da proposição, o candelabro, as orações, ou seja, o altar do incenso, o incensário. Esta é a ordem de Êxodo, no capítulo 25: a arca, a mesa, o candelabro e o altar do incenso. Veja o quanto isso é claro e deve ser prático na nossa vida! São as primeiras coisas que são transladadas, e correspondem àquelas que vemos At 2.42:


“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.” At 2.42


Este é o caminho da Igreja. É assim que nós devemos entender. Em Atos, capítulo 5, versículo 42, nós vamos entender o que significa a “doutrina dos apóstolos”. Olhe o que diz este texto:


“E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo”. At 5.42


Esta é a doutrina dos apóstolos. Este é o fundamento, que está relacionado com a Pessoa do Senhor Jesus. Porque nada tem sentido se estiver separado de Cristo Jesus. Só em Cristo as coisas tem sentido, tem valor, tem realização, tem redenção, porque Ele é o Centro da doutrina apostólica. Então, a primeira coisa que de ser vista, nessa ordem, é a “Centralidade de Cristo”. Claro que quando lemos as cartas dos apóstolos, vemos que elas falam de muitas coisas, mas em todas Deus está sendo revelado por Cristo Jesus. Ou seja, Cristo é o tema central dos apóstolos; o Senhor Jesus sendo ensinado e pregado.

A palavra grega “didaquê” que significa ensinamento didático e a palavra “kerigma” que significa proclamação representam o ensinamento didático corrente, ordenado a tudo que se relaciona à Pessoa de Jesus Cristo, Sua Obra e Sua Doutrina; a tudo que é essencial!

A Igreja não pode ter outro Centro. A Igreja não pode estar girando através de nenhuma outra coisa. A Igreja tem que ter esta centralidade. A Igreja não pode ser descuidada em nada que se relacione a Cristo; ela tem que focar diretamente a Cristo. O Tesouro da Igreja é o Senhor Jesus. O que a Igreja tem que entender é a Cristo. O que a Igreja deve conhecer é a Jesus Cristo. O que a Igreja deve viver é Jesus Cristo. O que a Igreja tem que testificar é Jesus Cristo. A Igreja tem que glorificar a Jesus Cristo, ou seja, a Igreja tem que estar centrada em Jesus Cristo. Às vezes nós centralizamos o nosso viver como Igreja em muitas outras coisas. Às vezes organizamos muitas coisas em função de algo particular, onde o centro não é o Senhor Jesus. Mas, diz a Palavra do Senhor que os apóstolos “todos os dias no templo e nas casas” não cessavam de fazer duas coisas: “ensinar” (a palavra “didaque”, que tem um aspecto didático, de forma ordenada, seqüenciada, que se traduz por ensinamento) e “proclamar” (a palavra “kerigma” que quer dizer “proclamação”, ou seja, um tema conjuntural de aplicações do Senhor Jesus a qualquer conjuntura, a qualquer necessidade).

A Igreja em qualquer momento deve pregar a Jesus Cristo e apresentá-Lo como a solução para qualquer coisa que se apresente no caminho. Não somente se prega como também, se ensina. Não somente se ensina, mas também, se prega. Não podemos ficar só com o ensinamento, porque constantemente temos necessidades práticas e podemos esquecer o depósito que nos foi dado como encargo da Igreja, como conselho de Deus, centrado no Ministério de Cristo, para estar constantemente recebendo-O integralmente, e transmitindo-O constantemente. Por isso é necessário que Jesus Cristo seja ensinado e seja pregado. Este é o Centro da Doutrina dos Apóstolos. Por isso, quando a Igreja, o povo do Senhor, em seu perseverar, em seu caminhar, estava centrada nessas quatro coisas, a primeira delas era a “doutrina dos apóstolos”; ou seja, eles eram “Cristocêntricos”, porque os apóstolos ensinavam e pregavam a Jesus Cristo.

Meus irmãos e irmãs. Que Deus no seu infinito amor e graça, fale ao seu coração. Que você possa ser levado a compreender a prioridade das coisas de Deus nesta jornada espiritual conduzida pelo Espírito Santo. Que eu e você venhamos a entender que nessa jornada há princípios que não podem ser abandonados; há um viver que não podemos desprezar. Nós precisamos ser ajudados pelo Espírito de Deus através da Sua Palavra para que nós entendamos a nossa própria situação, o nosso próprio viver. Podemos até julgar que estamos muito bem, alegremente vivendo a vida cristã, mas podemos estar sem a essência cristã, sem a realidade cristã. Isso pode, com certeza, atrasar o propósito de Deus na sua vida. Muitas vezes podemos estar perdidos nas nossas próprias concepções e doutrinas humanas, enquanto a Verdade de Cristo é outra coisa completamente diferente.

Que o Senhor nos ajude e nos guarde. Que o Senhor nos leve para a Centralidade da Sua Palavra, porque assim encontraremos Cristo, a “Centralidade de Deus”. Que vocês sejam ricamente abençoados por esta Palavra.



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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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