quinta-feira, 1 de outubro de 2009
As 42 Jornadas no Deserto
1ª Estação – Ramessés- Parte 05
Texto: Nm 33.1-4
Por Luiz Fontes
Quando consideramos os doze primeiros capítulos do Livro de Êxodo, nos deparamos com a primeira estação, que é Ramessés. Como já compartilhamos, esta estação é caracterizada por uma situação de severa escravidão. Foi em Ramessés que os hebreus tiveram seus filhos recém-nascidos condenados à morte. A ordem dada às parteiras era que todo menino que nascesse, teria que ser jogado aos crocodilos no rio Nilo, porque esses animais eram adorados pelos egípcios. Nesse tempo, nasceu Moisés. E quando as parteiras viram aquele menino bonito e formoso, o protegeram, pois Faraó queria matá-lo. Mas o Senhor guardou aquele menino através da sua mãe e depois através da própria filha de Faraó.
Deus, então, começou a preparar Moisés na mesma corte de Faraó, com as mesmas estratégias militares que o seu grande exército, os seus capitães, os seus generais eram treinados no Sinai. Os grandes herdeiros e os grandes príncipes egípcios eram militares, e treinavam nesta parte do deserto. De um lado do Sinai se treinava os príncipes, os militares egípcios, mas da outra parte eram os midianitas que treinavam. Portanto, Deus manteve Moisés durante quarenta anos daquele lado do Sinai. E ele foi treinado para o trono do Egito, para ser “Faraó Moisés I”. Foi no Templo do Sol que Moisés aprendeu toda a Ciência do Egito.
É incrível quando você estuda e vê que de um lado do Monte Sinai Deus preparou Moisés durante quarenta anos, como também o levou para as terras de Midiã, e também o treinou ali, preparando-o para que ele pudesse levar o Seu povo para a terra de Canaã. Deus treinou Moisés de um lado do Sinai por 40 anos e do outro lado por mais 40 anos. E ele cresceu e conheceu toda a sabedoria dos egípcios; conhecia a maneira do governo de Faraó, conhecia o estilo militar, porque os príncipes tinham que ser treinados. Mas logo depois de fugir, por haver matado um egípcio, Moisés é levado pelo Senhor para Mídiã, que ficava justamente do outro lado da península do Sinai, onde estava Edon. Foi onde Moisés conheceu Jetro, sacerdote de Midiã, que depois se tornou o seu sogro.
Se você estudar a Bíblia, vai descobrir que os midianitas procediam de Abraão. De maneira que Moisés herdou a tradição midianita, como também a tradição egípcia. Por 40 anos, Moisés esteve pastoreando os gados e as ovelhas de seu sogro Jetro nas terras de Midiã. Durante esse treinamento, Deus fez coisas tremendas na vida de Moisés. Na verdade, nesse precioso tempo no deserto, Moisés estava cursando a Faculdade de Deus, onde aqueles que são chamados para a Sua obra são preparados.
Depois desse período Deus aparece e diz para Moisés que viu a opressão do Seu Povo e que Ele havia vindo para livrá-los. Então Deus o envia, mas Moisés não quis ir porque dizia que era pesado de língua. É interessante observarmos que nos primeiros quarenta anos de sua vida, onde ele aprendeu toda a Ciência do Egito, vemos um Moisés voluntarioso, mas depois do treinamento nas terras de Midiã, vemos o Senhor motivando ele, levando-o a compreender o Seu plano e a se submeter à Sua agradável vontade. Em seguida, vemos que Moisés, cumprindo as determinações de Deus, se apresentou perante Faraó com aquelas pragas. Ao enviar as pragas, o Senhor estava decretando e declarando ao próprio Faraó e a todos os egípcios que tudo aquilo era contra os seus deuses. Eles criam nas rãs, então Deus enviou rãs para eles. O Senhor ia mostrando o verdadeiro caráter dos seus deuses e fazendo juízo contra esses deuses. Tanto Faraó quanto o seu herdeiro eram vistos pelos egípcios como deuses. Era normal que Faraó pusesse o filho à frente nos procedimentos e que fosse cedendo pouco a pouco o governo, até que por fim, o seu primogênito assumia o governo. Ele era adorado como um deus; tido como o filho do Sol. E isto é o que significa a palavra Ramessés. Sendo assim, o Senhor trouxe juízo através das palavras de Moisés.
Vemos que o Egito representa uma condição de escravidão terrível, portanto a nossa vida pessoal e espiritual precisa ser libertada do mundo. É desse estado de caos, de idolatria, de pecado, de perversidade, de sutileza maligna, que o Senhor deseja nos libertar. Sair do Egito significa uma libertação completa.
A Palavra do Senhor em Efésios 2.3 diz que nós “... éramos, por natureza, filhos da ira...”. Uma coisa adquirida por natureza é mais grave do que uma coisa adquirida por casualidade. Alguém pode dizer até que não é, ou não se acha tão pecador assim. Nós precisamos ver o quanto estas questões acerca do pecado e do mundo em nós, são coisas graves e sérias. Nos versículos 33 e 34 de Mateus 26, Pedro diz ao Senhor Jesus:
“Disse-lhe Pedro: Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o serás para mim. Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes”.
Pedro não sabia o que era ser escravo de uma condição pecaminosa. O pecado é algo muito grave. É isso que representa a nossa vida em Ramessés - a escravidão não somente no que fazemos, mas também naquilo que somos. Tão logo você decida seguir o Senhor, à medida que for seguindo mais e mais, você vai perceber o quanto estava enganado quanto a si mesmo. Você verá o quanto a questão do pecado na sua natureza foi e é profunda.
O problema do homem não é que de vez em quando ele comete pecados, faz coisas erradas, coisas más, mas o fato de que todo o seu ser é mau por natureza. O Senhor Jesus disse: “... como vós podeis falar coisas boas sendo maus?...” – Mt 12.34. O problema é que nascemos maus, nascemos em uma condição de maldade. O mal não está somente fora de nós, como dizia João Jacó Russet, que “o homem nasce bom e a sociedade o corrompe”. O estranho é como a sociedade se corrompeu com gente tão boa! O homem não nasce bom, o homem nasce mau! É por isso que a nossa sociedade, a sociedade humana, é má, é injusta. Às vezes até a nossa Constituição é bonita, mas cumpri-la é o que não fica bem.
Quem, então, está escravo em Ramessés? O que é sair de Ramessés? Temos que entender, em primeiro lugar, o que Ramessés significa para nós. Precisamos saber que Ramessés fala da escravidão do pecado, da culpa, da escravidão do mundo. Temos que entender e olhar para tudo isso. Se não entendemos o que significa estar escravo em Ramessés, não saberemos o que significa sair de Ramessés. Temos que compreender a libertação que o Senhor operou em nós. O Senhor não apenas quer perdoar o que fizemos como também quer livrar-nos daquilo que somos e nos fazer novas criaturas, porque a velha criatura não pode mais reinar em nós. Não podemos continuar a viver a vida cristã na esfera do velho Adão. O velho homem que temos em nós, na nossa constituição carnal, tem que ser crucificado. É a carne, e a carne não pode reinar em nós. Não podemos viver a vida cristã na esfera da carne.
Alguns pensam que têm que educar um pouco o seu homem natural. Esta é uma mentira do diabo, porque não podemos fazer isso. Nós temos que nascer de novo. Nós temos que morrer com Cristo. Nós temos que ser constituídos com Ele na Sua morte, no Seu sepultamento, na Sua crucificação, na Sua ressurreição e na Sua ascensão. A Bíblia diz que “pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores” – Rm 5.19. Nós fomos constituídos desobedientes por causa de Adão. Somos pecadores por constituição. Mas pela obediência de Cristo, Deus nos fez novas criaturas. O que nos faz justos é, pela fé, receber a Cristo, se alimentar do Cordeiro, se alimentar Dele. Ele mesmo disse em João 6.5:
“Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá”.
Que nós venhamos compreender isso claramente. Precisamos entender que esta é a obra de Cristo em nós. Teremos sempre que continuar lutando para Cristo prevalecer em nossa vida, até que nós venhamos ser libertos não apenas do que fizemos, mas também do que somos. Necessitamos também ser libertos do sistema do mundo, não apenas do sistema visível, mas também do invisível. De todas essas coisas, nós temos que ser libertos. Precisamos ser libertados da culpa dos pecados e também do pecado.
O capítulo 7 de Romanos nos fala da lei do pecado e da carne em nossos membros. Isto quer dizer que os nossos membros estão programados para pecar e para morrer, pois estão debaixo da lei da natureza pecaminosa. Observe a clareza do texto abaixo:
“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado” – Rm 7.14.
Amar a Deus sobre todas as coisas é algo espiritual, mas Paulo diz: “mas eu”. Este é o problema: o “eu”. A lei é muito boa. A constituição pode ser magnífica, mas o “eu”! O problema é que “eu” sou pecador. Eu sou carnal, como diz Paulo, vendido ao pecado. Agora vamos ver o versículo 15, do capítulo 7 de Romanos:
“Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto”.
Paulo diz que o pecado (no singular) que reside em nós é que nos faz pecar. Você entende isso! Graças a Deus pela sinceridade de Paulo. Veja que ele sempre fala na primeira pessoa, mas isto está relacionado a todos nós. Dessa forma, começa a se abrir diante dos nossos olhos a profunda verdade acerca de nossa libertação. Nós fomos libertos na morte de Cristo. Vejamos Rm 6.5:
“Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição”.
Mas não somente fomos unidos com Ele. A Bíblia também diz que nós, eu e você, fomos sepultados com Ele. Veja Rm 6.4:
“Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.”
Romanos 6.6, diz que: “... foi crucificado com ele o nosso velho homem...”. Se nós fomos crucificados com Ele, mortos com Ele, sepultados com Ele, ressuscitados com Ele, então nossa vida é numa esfera de completa oposição a realidade da vida do mundo. É isso que se requer de nós. Essa tem que ser nossa vida. Esse é o nosso viver. Essa é a nossa libertação. Em Cristo nós fomos libertos.
Por isso, quando você estuda os escritos de Paulo, pode ver que ele usa uma frase profunda e extremamente significativa na nossa experiência. A frase é: “em Cristo”. Veja que em Romanos 7.25, ele diz: “eu mesmo”. Agora veja que Paulo aprofunda um pouco e revela para nós a completa libertação. E essa libertação é mediante a crucificação, a morte, o sepultamento e a ascensão do Senhor Jesus. Esta é a nossa libertação. Aqui está o segredo da nossa vida liberta de Ramessés, do mundo, do pecado, da culpa e dos pecados. É nesta vida e por esta vida que nós temos que viver e devemos viver. Porque esta vida não é a nossa própria vida transformada. É muito mais do que isso. É vida de Cristo infundida dentro de nós. Cristo é a nossa vida. Ele é o nosso viver. Ele agora está mesclado no nosso ser. Essa é a libertação verdadeira. É sobre isto que quero compartilhar um pouco com vocês, para que nós venhamos compreender a profundidade do significado do pecado, do poder do mundo, do poder da culpa.
Que Deus, poderosamente, fale ao seu coração.
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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”
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