ª Estação – Ramessés - Parte 06

quinta-feira, 1 de outubro de 2009


As 42 Jornadas no Deserto

1ª Estação – Ramessés - Parte 06
Texto: Ef 2.1-7

Por Luiz Fontes


“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus” - Ef 2.1-7.

Lendo estes versículos podemos recordar sobre o que temos aprendido acerca de Ramessés, a primeira estação das 42 jornadas do povo de Israel no deserto. Lembrar da nossa condição de escravidão do pecado, da culpa e da lei do pecado; éramos praticantes de pecados, governados pelo mundo do qual fomos escravos. Mas agora, Paulo está mostrando como foi que o Senhor nos tirou de Ramessés, onde éramos escravos, subjugados pelo Egito, pelo mundo, por Faraó, pelo próprio Satanás e seus principados e potestades. “Mas Deus... nos deu vida ... e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus...” Ora, diante destes versículos, podemos dizer explicitamente que temos aqui declarações profundas com respeito à condição e a situação do cristão encontrada nas Escrituras. Talvez, do ponto de vista da nossa experiência, da nossa libertação do mundo, do pecado e da culpa, não encontremos nada que supere isso.
Temos aqui diante de nós as expressões que nos revelam a essência e o caráter do verdadeiro cristianismo. Lendo estes textos, podemos chegar à totalidade da vida cristã na sua experiência. Veja o que Paulo diz “... ele vos deu vida... nos ressuscitou e nos fez assentar...”. Três frases poderosas. O fato de todos os verbos estarem no passado significa que algo que se completou de uma vez por todas. Este é o mistério, a maravilha mais esplêndida a respeito da nossa salvação. É a realidade mais gloriosa que jamais poderemos tocar, por ser tão profunda. Viveremos a eternidade e não conseguiremos chegar à profundidade de tudo isso – o que Deus, em Cristo, realizou por nós através da obra da salvação na cruz.
No Evangelho de João, capítulo 1, versículo 16, diz: Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça”. Embora nos falte palavras para explicar esta grandiosa experiência, estamos na mesma condição daquele cego de Jo 9, que disse: “... uma coisa sei: eu era cego e agora vejo”. Não sabemos dar respostas fisiológicas e nem mesmo anatômicas quanto ao que ocorreu conosco na obra da salvação, na libertação do cativeiro do pecado, do mundo, da carne. Mas uma coisa, sabemos: estávamos mortos! Mas Deus nos deu vida, nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus. Veja o que Paulo diz em Efésios 2.6: “... juntamente com ele, nos ressuscitou...”.
Quando lemos estes sete versículos de Efésios capítulo 2, temos que compreender duas verdades: a profundidade do pecado e a glória da salvação. Não é a profundidade do nosso pecado que temos visto em Ramessés? Todavia, não sobre aquilo que fizemos, mas principalmente, sobre aquilo que somos. Mas também, esse texto de Efésios nos fala da altura, da grandeza, da glória da nossa salvação. Estamos diante da doutrina da nossa união com Cristo. Creio que somente depois de olhar com os olhos do Novo Testamento, para profundidade do nosso pecado e depois para a grandeza da nossa salvação é que poderemos dar a Deus o verdadeiro louvor. O louvor à glória da Sua graça.
O que nos torna cristãos é a nossa união com Cristo em sua ressurreição. É isto que nos liberta do mundo, que nos salva, que nos perdoa. Participar desta ressurreição significa que Deus derramou em nós o mesmo poder que e Ele exerceu para ressuscitar o Senhor Jesus. E se Ele nos ressuscitou é porque estávamos mortos. Isto significa que na morte de Cristo, nós morremos para o pecado e para o mundo. Como foi que morremos para o pecado? Creio que para responder a esta pergunta precisamos estudar o capítulo 6 da Epístola aos Romanos, que trata da doutrina da nossa união com Cristo. Vamos atentar aqui para alguns detalhes:
Primeiro – Acerca do assunto da verdade cristã, talvez esta seja a maior e mais gloriosa doutrina; uma das mais profundas e revigorantes. Penso que não há nada em toda a esfera das doutrinas que, se apropriadamente entendida, dê maior segurança, maior fortalecimento e maior esperança do que a doutrina da nossa união com a Bendita Pessoa do Senhor Jesus.
Segundo – Veja que em Rm 6.4, Paulo diz:

Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida”.

O batismo aqui é um atestado ou um selo de um fato consumado. Quando Paulo usa o termo batismo, ele está focando a nossa união com Cristo. O sentido do batismo no texto acima salienta que estamos em Cristo na Sua morte, na Sua vida e em tudo que é Dele. O que significa uma pessoa ser sepultada? Significa que a pessoa está realmente morta. O sepultamento é a proclamação que a relação com esta vida e com este mundo terminou. A vida que estava debaixo da lei e dentro da esfera do poder do pecado teve o seu fim.
Aqui precisamos atentar para algumas lições que a ressurreição de Cristo nos trás. Porque compreendendo isso nós vamos entender toda a saída do povo de Israel do Egito, de Ramessés. A primeira lição que necessitamos aprender com a Ressurreição é que Cristo não pôde ser mantido sob o poder e sob o domínio da morte e do pecado. A morte é a manifestação suprema do poder do pecado; é um poder tremendo.
Em Romanos, capítulo 5, versículo 21, Paulo diz que “... o pecado reinou pela morte...”. A morte é um poder impressionante, é um poder que agarra e retém o homem. O homem diante poder do pecado e da morte não é nada.
Pedro no dia de Pentecoste, disse:

 “ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela” – At 2.24.

 Veja que no versículo 27, Pedro ainda diz:

“porque não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção” – At 2.27.

Vamos analisar a palavra “corrupção”. Essa palavra vem do vocábulo grego diaphthora, que significa “destruição”. No Novo Testamento fala daquela destruição efetuada pela decomposição após a morte. O pecado e a morte fizeram o máximo para deter o Senhor Jesus - achavam que podiam vencê-Lo. No entanto, o Pai não permitiu que o corpo do Seu Filho, do Senhor Jesus entrasse em decomposição. Então, Ele ressuscitou! O Senhor Jesus havia sido sepultado. A pedra fora posta à entrada do sepulcro para que fosse selado. Parecia o fim. Mas graças a Deus que o Seu poder foi exercido em Cristo, e esse poder venceu a morte e o inferno. Assim, o Senhor Jesus foi ressuscitado.
O segundo aspecto que precisamos aprender é que na ressurreição de Cristo, fomos elevados para os lugares mais altos, para os lugares celestiais.
Veja o que Paulo diz no versículo 6 de Efésios 2: “... nos fez assentar nos lugares celestiais...”. Quando? Na Sua ressurreição e ascensão. Portanto, estamos diante de uma afirmação que não é uma questão de imaginação, e sim de posição. Em parte alguma das Escrituras, há uma declaração mais maravilhosa acerca do cristão do que esta frase que estamos estudando no versículo 6 de Efésios 2. É a verdade mais suprema, a realidade mais inapreciável, a glória mais sublime que verdadeiramente se aplica a nossa experiência cristã. Uma tradução melhor desta frase conforme as melhores versões da Bíblia: “lugares mais altos ou mais altos céus”.
Quando Paulo escreve aos irmãos em Corinto, na sua segunda Epístola, num trecho alto biográfico, ele diz:

“Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado até ao terceiro céu, se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe” – 2Co 12.2.

A expressão “terceiro céu” tinha uma conotação muito clara nos dias de Paulo. Os estudiosos daquele tempo definiam o céu em três fazes: O primeiro céu é a atmosfera, as nuvens. O segundo céu é o domínio das estrelas, da lua, do sol; o que eles chamavam de céu astronômico. O terceiro céu é o lugar onde Deus manifesta a Sua presença e a Sua glória. Aqui nós precisamos ver algumas proposições:
A primeira proposição é que os “mais altos céus” constituem a esfera na qual Deus, de maneira peculiar e especial, manifesta a Sua presença e a Sua glória para aqueles que estão em Cristo Jesus, para aqueles que foram libertados e arrancados do poder deste mundo.
A segunda proposição é que “os mais altos céus” revelam-nos a realidade da nossa vida cristã. O escritor da Epístola aos Hebreus nos diz, no capítulo 10, versículos 19 e 20:

“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne”.

Precisamos ver algumas riquezas nestes versículos. Primeiro ele diz: “tendo”.  Esta palavra vem de um vocábulo grego (echo) que significa “possuir”. Depois ele diz: “intrepidez”. Esta é uma das traduções da palavra grega parrhesia. Esta palavra ocorre em mais três lugares na Epístola aos Hebreus: No versículo 6 do capítulo 3, traduzida pela palavra “ousadia”; no versículo 16 do capítulo 4, traduzida pela palavra “confiadamente”; e no versículo 35 do capítulo 10, traduzida pela palavra “confiança”. Então, é preciso, confiadamente, possuir ousadia, intrepidez e confiança. Ousadia significa destemor, isenção de apreensão de toda a dúvida quanto a sermos rejeitados ou aceitos. Quando pensamos em um homem ousado, pensamos em alguém que segue diretamente para frente, que não tem medo de nada, que não sofre inibições, não tem dúvida e não é inseguro. Ousadia é o oposto de fraqueza. Então, ele diz que nós entramos para o Santo dos Santos. Esta é uma declaração dos mais altos céus numa uma expressão espiritual. Quando pensamos no Santo dos Santos, não podemos pensar apenas naquele lugar onde o Sumo Sacerdote entrava uma vez por ano, devemos pensar em toda a sua constituição espiritual.
O Livro de Hebreus, capítulo 9, versículo 4, nos diz:

ao qual pertencia um altar de ouro para o incenso e a arca da aliança totalmente coberta de ouro, na qual estava uma urna de ouro contendo o maná, o bordão de Arão, que floresceu, e as tábuas da aliança”.

Precisamos fazer algumas considerações quanto a este texto. Primeiro ele diz: “a arca”. Lembremos que a arca encontrava-se nos Santos dos Santos. A arca era toda feita de madeira de acácia revestida de ouro. Isto fala-nos de Cristo em Sua divindade e humanidade, porque a madeira de acácia era uma madeira incorruptível – ela não sofria corrosão. Este é o primeiro item dos mais altos céus; Cristo em sua perfeita divindade e humanidade. E depois veremos que os demais itens estão relacionados à obra perfeita de Cristo, como testemunho eterno para todos nós. A arca possui um propiciatório que fala da reconciliação que Ele realizou entre nós e o Pai. O pote de maná tipifica Cristo como a nossa provisão e a vara de Arão que fala da vida em ressurreição. Então, são coisas preciosas que temos que aprender. Nós fomos arrancados de Ramessés, do mundo e do pecado, e fomos introduzidos nos mais altos céus. Mas, temos ainda uma terceira lição: desde que fomos inseridos nos lugares mais altos, já desfrutamos e conhecemos algo da vida celestial, mesmo ainda vivendo neste mundo. Esta é uma indicação de que desde que estamos em Cristo, já desfrutamos da vida celeste em nós. Isto fala de um antegozo, daquilo que um dia desfrutaremos em plenitude, e que hoje podemos desfrutar em parte.
 “Nos mais altos céus” é a tradução da expressão grega “entois epouranois”, que significa os lugares onde os privilégios do Reino já estão sendo desfrutados por aqueles que estão em Cristo Jesus.  Esta frase indica que o começo do gozo da eternidade já iniciou através da nossa vida em Cristo, da nossa vida como parte do Corpo de Cristo. Portanto, a partir desta vida e nesta vida começa o gozo da eternidade.
A vida cristã é rica, é poderosa. Quando você compreende a riqueza desta graça, você enxerga o começo da glória a partir da sua vida, mesmo aqui neste mundo.
Olhe bem, se estas verdades não se aplicam a nós, aqui, neste momento, então tudo é vão; estamos sendo enganados! Significaria que Paulo delirou quando escreveu estas palavras e que é tudo um amontoado de balelas. Mas, quero te dizer que eu creio que tudo isto se aplica a nós sim. Paulo não está exagerando, ele não está enganado. Esta é a verdade da vida cristã. Foi esta vida que os irmãos viveram no início da história da Igreja. Por isso eles puderam vencer o mundo, o pecado e a carne.
Veja que Paulo, escrevendo aos irmãos em Corinto, na sua primeira Epístola, no capítulo 15, versículo 19, disse:

“Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens”.

Portanto eu creio, eu asseguro a você que estas verdades se aplicam a você. E a quarta lição que aprendemos é que a ressurreição nos trás descanso na obra de Cristo, porque tudo está consumado, tudo está terminado, está concluído. Nós não podemos mais permanecer em Ramessés. Nós temos que sair! Esta é a verdade, vamos sair. Agora vamos para as novas estações, para as próximas estações. Vamos compreender agora, o que Deus tem para nos ensinar e ministrar acerca do poder da Sua vida em nós, da Sua obra em nós, daquilo que Ele realizou em nós.
Que Deus te abençoe ricamente pela Sua Palavra.




É permitido baixar, copiar, imprimir e distribuir este arquivo, desde que se explicite a autoria do mesmo e preserve o seu conteúdo.

“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

Nenhum comentário: