6ª Estação - Elim - Parte 02

sábado, 3 de outubro de 2009


 

As 42 Jornadas no Deserto

6ª Estação - Elim - Parte 02
Textos: Nm 33.9; Ef 4.11-13

Por Luiz Fontes

Elim era um oásis no deserto. Depois das provações de Mara, o povo de Israel encontrou em Elim um lugar de descanso, de repouso, de desfrute. Na primeira palavra que pude compartilhar sobre Elim, pela graça do Senhor pude mostrar a vocês que Elim nos revela aquilo que Cristo alcançou para nós no poder da Sua ressurreição; o que a ressurreição de Cristo realizou em nós e por nós; onde fomos introduzidos, onde fomos colocados. Eu creio que tudo isso é muito importante para nós.
É preciso ver que Elim revela-nos a plenitude de Cristo, no aspecto da nossa experiência aqui nesta Terra. Não na medida plena, mas daquilo que podemos suportar e desfrutar. E é justamente isso que Deus deseja.
Agora quero ler um texto que também corresponde a Elim, que está em Efésios, no capítulo 4, versículos 11 a 13:

“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”.

Então veja: “até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”. Esse é o Alvo! Nós temos que entender que Elim era apenas uma parte da viagem, não era o fim dela. O fim era Canaã. Assim também, temos que olhar para a nossa vida cristã hoje e saber em que etapa da vida cristã nós nos encontramos. Porque nestes textos nós vemos que há um processo de caminhada, há um crescimento; e precisamos seguir. Então você vê que aqui Paulo diz “até que todos cheguemos ao pleno conhecimento de Cristo, à medida da estatura da plenitude de Cristo”. Essa é a meta! Precisamos ver que o nosso viver é um viver de peregrinos.
Hebreus, capítulo 11, versículo 13 a 16 pode ilustrar isso muito bem para nós. Hebreus, capítulo 11, nos fala da galeria dos heróis da fé. Lá está assim:

“Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade    “.

É nisso que deve estar o nosso coração! Essa cidade fala da Nova Jerusalém. A Nova Jerusalém é a composição máxima dos filhos de Deus.
Nesta caminhada espiritual há várias etapas. Etapas que nós temos que passar. E existem etapas boas e ruins. Há um aspecto negativo em Mara, porque ali o povo sentiu amargura, viu a sequidão da sua própria alma. Ali o povo foi provado. Mas graças a Deus que Mara nos leva a compreender o fundamento e a obra da cruz operando em nós; como Deus, por meio da cruz, nos alcança. E depois de Mara vem Elim! Segundo a Bíblia, em Elim havia doze fontes e setenta palmeiras. Nós temos que compreender isso. Se você quer entender o que são essas doze fontes, essas setenta palmeiras, você precisa compreender a tipologia bíblica. Porque o número 12 fala da completação de Deus. E se você olha o número 70, é: 7x10. O numero 7 fala da perfeição da obra de Deus. E o número 10 é o número que fala da responsabilidade do homem sob o governo de Deus. Então, o número 70 fala do governo de Deus. É o número que se refere à perfeita governabilidade divina. Enquanto o número 12 fala da completação divina.
Se você ler Êxodo, capítulo 24, versículo 1, você vai ver que Deus diz a Moisés:

“... Sobe ao SENHOR, tu, e Arão, e Nadabe, e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel...”.

Em várias passagens aqui no Pentateuco, nós vamos ver a referência aos 70 anciãos. Esse é um número que está ligado ao governo de Deus. Assim também como o número 12 é um número que faz referência aos apóstolos. No Novo Testamento nós vamos ver isso. Eram 12 os apóstolos do Cordeiro; aqueles seguidores de Cristo; os primeiros apóstolos do Novo Testamento. Esses números têm uma referência à questão do governo de Deus por meio do Ministério. É isso que nós vamos ver justamente aqui em Efésios, capítulo 4: que o Senhor levantou um ministério para que? Para preparar a Igreja, equipar a Igreja. E nós precisamos encontrar o lugar do Ministério, para que venhamos compreender isso na nossa experiência cristã prática.
Então o número 70 e o número 12 são números que se referem às questões ministeriais. Se você puder entender isso, você vai ser tão ajudado! Porque você e eu, nós precisamos entender o verdadeiro sentido do ministério. Estamos vivendo um momento onde o consumo tem tomado o lugar no coração do povo de Deus. E essa questão ministerial tem estado um tanto quanto confusa. Alguns não têm compreendido o verdadeiro significado do Ministério. E Ministério é servir. Nós temos que saber isso: Ministério é servir. Se não entendermos o que significa o Ministério à luz da Bíblia, jamais vamos compreender a maneira como Deus se move para poder nos edificar, para poder nos levar e nos conduzir “a unidade da fé, ao pleno conhecimento do Filho de Deus, a perfeita varonilidade, à medida da estatura completa de Cristo”. Os ministérios têm esta função.
Aqui, no contexto de Elim, os ministérios são como um oásis no deserto. O povo de Deus passa por situações difíceis, situações amargas. O Senhor julga que é necessário o Seu povo passar por isso. E se o Senhor julga que eu tenho que passar, e que você tem que passar, nós vamos passar. Mas uma coisa é certa, o Senhor também nos dá o descanso, nos dá desfrute. E a Bíblia diz que Deus dá à Igreja uns como presentes, como dádivas, e estes são os ministérios. Estes presentes são pessoas e estas pessoas falam da comunhão do Ministério, essas pessoas são a comunhão do Ministério.
É interessante que uma só palmeira não pode fazer um oásis. São necessárias todas as 12 fontes e as 70 palmeiras para que se tenha um povo ali reunido para acampar por um tempo e descansar e desfrutar para poder continuar caminhando, para poder dar um passo mais além. É por isso que Ministério é plural, não é o Ministério de um só homem, não é o Ministério de um só nome. E o nome que deve prevalecer nesse Ministério é o nome de Cristo e não o nome das pessoas. O nosso nome não deve refletir o Ministério, mas o nome de Cristo. É isso que nós temos que entender. Então, precisamos saber que segundo a vontade de Deus existem 12 fontes e 70 palmeiras, e todas elas em conjunto formam o oásis. Isso representa o Ministério do novo pacto, do Novo Testamento. Por isso percebemos uma realidade profunda e espiritual que o Senhor deseja nos mostrar aqui. Porque vivemos um tempo de grande confusão, vivemos um tempo em que muitos têm apostatado da fé, onde o Ministério tem perdido o seu significado, onde as pessoas não têm compreendido o verdadeiro significado do Ministério a luz da Bíblia, onde alguns vêem que o Ministério é sinônimo de ocupação, de privilégio, de importância. Nós precisamos ser muito cuidadosos quanto a isso, porque a Palavra do Senhor é séria. É séria! O Senhor deseja trazer para nós essa realidade da Palavra para que tenhamos o padrão do governo de Deus por meio daqueles que Ele chamou para poder servir a Igreja. Se você olha para a Palavra de Deus, poderá ver isso com muita clareza. Você pode ver que Deus, na verdade, levanta pessoas, escolhe pessoas, prepara essas pessoas para servir na Sua obra. Quantas coisas há no meio do povo de Deus que não é de Deus.
Em Apocalipse capítulo 2, versículo 14, o Senhor diz:

“Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição”.

Esta é uma carta à Igreja de Pérgamo.  O Senhor está se referindo a Pérgamo. Precisamos atentar para duas palavras: armar e ciladas. Vejamos que esta é uma referência a Balaão. Então precisamos estudar um pouco sobre Balaão. Em Judas capítulo 1, versículo 11, fala sobre o erro de Balaão. E esse erro foi armar ciladas. A palavra “armar” aqui no grego é ballo, que significa lançar ou jogar uma coisa sem cuidar onde ela cai; é espalhar; é entregar ao cuidado de alguém não sabendo qual será o seu resultado. Depois a palavra “ciladas”, que é a palavra grega skandalon; é a vara móvel ou gancho de uma armadilha. É isso que nós podemos ver no ministério de Balaão.
Na Epístola de Judas, no versículo 11 do capítulo 1, diz:

“Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá”.

Essa palavra: “caminho”, aqui no grego é “hodos”, que significa conduta, pensamento. Então observamos que Caim era alguém com um coração que se importava simplesmente consigo mesmo. Caim foi alguém que mostrou sua absoluta ignorância com respeito às exigências divinas, no tocante ao próprio caráter e condição como pecador perdido e culpado, quando ele deveria prestar o verdadeiro culto a Deus. Então você vê que o caminho de Caim revela a sua ignorância quanto ao conhecimento de Deus, ao plano de Deus. O caminho de Caim gerou o primeiro assassinato e o primeiro assassino. Depois nós vemos o erro de Balaão. Aqui a palavra “erro” no grego é plane, que significa enganar; uma pessoa que se desviou do caminho certo; uma pessoa que vaga para lá e para cá; significa também fraude.
Olhando para a história de Balaão, você vai ver que o seu erro foi achar que Deus era um negócio lucrativo. O erro de Balaão foi conhecer a verdade e não andar na verdade. O erro de Balaão foi achar que o dinheiro de Balaque era mais atraente do que a vontade de Deus.
Pedro nos apresenta Balaão em sua segunda Epístola, no capítulo 2 e os versículos 14 a 16 como uma figura proeminente, num dos quadros mais sinistros da humanidade caída. Pedro diz assim:

“tendo os olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecado, engodando almas inconstantes, tendo coração exercitado na avareza, filhos malditos, abandonando o reto caminho, se extraviaram, seguindo pelo caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça (recebeu, porém, castigo da sua transgressão, a saber, um mudo animal de carga, falando com voz humana, refreou a insensatez do profeta)”.

Isso tem que tocar o nosso coração. Porque Judas continua dizendo no versículo 12 que:

“Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas”

Veja o que ele diz: “rochas submersas”. Esta frase fala das rochas dos mares que estão escondidas, mas que causam grandes danos às embarcações. É também uma metáfora de pessoas que pela sua conduta causam dano moral ou ruim aos outros. Depois ele se refere a “pastores de si mesmos”; refere-se àqueles que estão apascentando a si mesmos.
Veja Ezequiel, capítulo 34, versículo 2:

“Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas?”.

Eu creio que tudo isso é muito sério; sério mesmo.
Depois ele diz: “desarraigadas”. A palavra aqui no grego é akarpos, que significa desprovida; estéril; sem produzir o que deveria produzir.
Que Deus nos ajude. Que tenhamos o nosso coração no Senhor. Que sejamos cuidadosos para compreender isso. O Senhor deu o ministério para servir na Igreja como àquelas 12 fontes e 70 palmeiras de Elim. O Ministério deve ser um oásis neste mundo de sequidão espiritual, de frieza espiritual, de indiferença espiritual, de apostasia espiritual. Haja, verdadeiramente, da parte de Deus um Ministério comprometido com o Evangelho de Cristo. Um Ministério que tenha o caráter de Cristo, que tenha verdadeiramente as credenciais espirituais dadas pelo Espírito Santo, para levar a Igreja à plenitude de Cristo, à estatura de Cristo, à medida de Cristo, para que não sejamos pessoas levadas por toda sorte de ensino e vento de doutrina, que só conduzem ao erro e a mediocridade. Mas que Deus tenha um Ministério que corresponda ao Evangelho de Cristo. Assim deve ser Elim. Esta é a experiência de Elim. E que nós venhamos a aprender com isso; que sejamos ajudados quanto a isso.
Que o Senhor rica e poderosamente fale ao nosso coração; derrame Sua Palavra poderosamente na nossa vida; e que nós venhamos compreender o significado espiritual de Elim na nossa vida cristã prática.



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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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