6ª Estação – Elim – Parte 01

sábado, 3 de outubro de 2009


 

As 42 Jornadas no Deserto

6ª Estação – Elim – Parte 01
Texto: Nm 33.9
Por Luiz Fontes

Vamos ler o livro de Números, capítulo 33 e o versículo 9:

“E partiram de Mara e vieram a Elim. Em Elim, havia doze fontes de águas e setenta palmeiras; e acamparam-se ali”.

Vamos ler também o livro de Êxodo, capítulo 15 e o versículo 27:

“Então, vieram a Elim, e havia ali doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali se acamparam junto das águas”.

Chegamos à 6ª jornada. Esta jornada é um oásis das fontes de águas e palmeiras. Vamos dar mais um passo no estudo das Jornadas do povo de Israel pelo deserto.
Em meio a esta série de estações onde o povo de Deus passou pelo deserto, nos deparamos com esta maravilhosa estação chamada Elim. Anteriormente, havíamos estudado sobre Mara. Mara nos fala de prova, tribulações e dificuldades, mas graças a Deus que sempre há um Caminho em meio às dificuldades pelo qual Ele nos conduz e onde podemos descansar n’Ele, sentindo o refrigério da Sua presença.
Então, a Bíblia diz que os israelitas “partiram de Mara e vieram a Elim”. “Então, chegaram a Elim, onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras”.
Vamos ver duas coisas preciosas em Elim, no aspecto prático da nossa vida. Primeiro iremos ver o que significa Elim naquilo que diz respeito à nossa vida cristã em Cristo. Mas também, veremos outro aspecto que aprendemos com relação a essas doze fontes e setenta palmeiras. Temos visto no decorrer desse estudo que o Senhor nos conduz de uma situação de prova para uma situação de desfrute n’Ele; uma situação onde somos conduzidos a conhecê-Lo numa experiência gloriosa da nossa própria vida. E eu e você precisamos saber o que, de fato e espiritualmente, significa Elim. Porque para o povo de Israel Elim significou repouso, desfrute; significou poder conhecer uma medida da graça de Deus, mesmo no deserto.
Agora precisamos entender que Elim era um oásis no deserto, mas Elim não era Canaã. O objetivo de Deus era levá-los a Canaã. Elim não é um lugar definitivo. Às vezes nos sentimos felizes por determinadas experiências. Às vezes sentimos que precisamos permanecer num determinado estágio da nossa vida. A vida cristã é vivida de experiência em experiência, mas num certo aspecto da nossa vida cristã, Elim revela uma posição que nós temos em Cristo no desfrute do poder da Sua ressurreição. Elim significa isso! Na ressurreição de Cristo fomos levados para os lugares celestiais, fomos elevados aos mais altos céus.
Efésios, capítulo 2 e o versículo 6, diz que o Senhor Jesus ressuscitou e n’Ele nós também experimentamos este poder de ressurreição, e fomos elevados neste poder aos mais altos céus.

“e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” – Ef 2.6.

É necessário lembrarmos que a Escritura Sagrada revela que esta é uma posição que nós temos em Cristo. Está registrada em Efésios 2.6 a verdade mais suprema, a realidade mais inapreciável, a glória mais sublime que verdadeiramente se aplica a nossa experiência crista.
Uma tradução melhor desse texto, nas versões mais antigas, está assim: “lugares mais altos ou os mais altos céus”. Precisamos estudar esta frase, porque Elim nos revela isso, revela-nos uma posição de desfrute. Em certo sentido, Elim nos mostra que apesar da vida de peregrinos que nós temos nesta Terra, apesar das dificuldades que experimentamos, apesar de todas as lutas e tribulações, de todas as limitações que temos no nosso próprio corpo, na nossa própria vida, há uma vida elevada para se viver, há um oásis espiritual onde podemos desfrutar Deus numa medida gloriosa. Elim nos fala disso! Elim nos fala dessa vida em Cristo, nos mostra esta estupenda verdade em Cristo.
Veja que certa feita, Paulo, escrevendo aos irmãos da região da Acaia, a Igreja de Corinto, no capítulo 12 de sua segunda carta, diz assim:

“Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe)” – 2 Co 12.2.

Esta expressão “terceiro céu” tinha uma conotação muito clara nos tempos de Paulo. Os irmãos da Igreja primitiva compreendiam muito bem isso. Porque o primeiro céu era a atmosfera, as nuvens, como também nós podemos ver isso hoje. O segundo céu era o domínio das estrelas, da lua, do sol; é o céu astronômico. O terceiro céu é o lugar onde Deus manifesta a Sua presença e a Sua glória, e foi justamente neste lugar que Paulo disse que ele foi arrebatado. Precisamos nos deter aqui para que tenhamos uma visão clara do que significa essa experiência em Elim. Em Elim Deus nos leva a compreendermos a nossa elevada posição n’Ele, o nosso desfrute n’Ele, aquilo que nós temos em Cristo. A característica dos “mais altos céus” é que este constitui a esfera na qual Deus, de maneira peculiar e especial, se manifesta; manifesta a Sua presença e a Sua glória para todos àqueles que estão em Cristo Jesus nesta maravilhosa e estupenda experiência de salvação. A nossa salvação é uma coisa rica, é uma coisa estupenda, é algo que precisamos ver à luz daquilo que Cristo realizou na Cruz do Calvário. E Paulo nos mostra isso de forma muito detalhada nos versículos 1 a 10 do capítulo 2 da Epístola aos Efésios. Aqui ele fala dos “mais altos céus”, no versículo 6, e estes mais altos céus revelam a realidade da nossa vida cristã.
O escritor da Epístola aos Hebreus, diz no capítulo 10 e versículos 19 e 20:

“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne”.

Vejamos algumas riquezas em algumas frases nesses versículos. Veja que esse escritor diz assim: “Tendo”; essa palavra vem de um vocábulo grego (echo) que significa “possuir”. Depois ele diz: “intrepidez”; no grego é parrhesia; essa palavra ocorre em mais 3 lugares na Epístola aos Hebreus.
Hebreus 3.6 diz:

 “... guardarmos firme, até ao fim, a ousadia (parrhesia) e a exultação da esperança”.

Hebreus 4.16 diz:

“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente (parrhesia), junto ao trono da graça...”.

Hebreus 10.35 diz:

“Não abandoneis, portanto, a vossa confiança (parrhesia); ela tem grande galardão”.

Então, quando ele diz “intrepidez”, está falando de ousadia, confiança, destemor, isenção de toda a apreensão e de toda a dúvida quanto a sermos rejeitados. Quando pensamos em um homem ousado, pensamos em alguém que segue diretamente para frente, que não tem medo de nada, não sofre inibições, não é duvidoso, não é inseguro. Ousadia indica exatamente o oposto da fraqueza. Então ele diz que devemos ir para o “Santo dos santos”. Nós temos que ter esta intrepidez para entrar no “Santo dos santos”. Aqui está uma declaração dos “mais altos céus”; uma expressão espiritual. Quando pensamos nos Santos dos santos não podemos pensar apenas naquele lugar onde o Sumo Sacerdote entrava uma vez por ano, devemos pensar em toda constituição espiritual.
O livro de Hebreus, no capítulo 9, versículo 4, diz:

“ao qual pertencia um altar de ouro para o incenso e a arca da aliança totalmente coberta de ouro, na qual estava uma urna de ouro contendo o maná, o bordão de Arão, que floresceu, e as tábuas da aliança”.

Este versículo nos fala o que é o Santo dos santos. Aqui estão os itens do Santo dos santos. Primeiro nós vemos a arca, e ela era toda feita de madeira de acácia revestida de ouro. Madeira de acácia nos fala da humanidade perfeita do Senhor Jesus, da humanidade incorruptível do Senhor Jesus, mas também era revestida de ouro porque fala da Sua divindade. Então, é isto que corresponde aos mais altos céus. Depois, podemos ver os demais itens que estão relacionados a esta obra perfeita de Cristo como testemunho eterno para nós nesta experiência nos mais altos céus - isso é o nosso desfrute hoje. Essa tem que ser a nossa vida! Elim nos fala disso! Elim nos fala dessa vida rica, desse contexto de salvação que temos em Cristo.
A nossa vida cristã tem uma experiência em Mara! Sim, tem! Uma vida de lutas, provações, de privações, de sofrimento! De certo modo sim! Deus permite isso? Sim! Mas por outro lado, Deus permite um oásis, uma vida que ultrapassa todos os limites do nosso próprio corpo; esta é uma vida rica e espiritual. E quando você olha para o Santo dos santos, encontra esta figura da arca, e dentro dela podemos encontrar algumas riquezas. Primeiro, em cima da arca estava o propiciatório, que fala da nossa reconciliação com Deus, proporcionada pelo Senhor Jesus. Mas dentro da arca estava o quê? O pote de maná. O pote de maná revela Cristo, a nossa completa provisão, o nosso alimento. Depois tem a vara de Arão que floresceu. A vara de Arão que floresceu fala do poder da vida em ressurreição. O poder da vida em ressurreição é o nosso desfrute hoje! Essa é a nossa vida!
Desde que já estamos nos mais altos céus, em Cristo Jesus, já desfrutamos e conhecemos algo da vida celestial, mesmo ainda vivendo nesse mundo. Isso indica que desde que estamos em Cristo já desfrutamos da vida celeste em nós. Essa expressão que Paulo usa no versículo 6 de Efésios 2 fala do antegozo daquilo que um dia desfrutaremos em plenitude na eternidade vindoura. Essa frase, “nos mais altos céus”, no grego, em sua tradução, significa “os lugares onde os privilégios do Reino já estão sendo desfrutados por aqueles que estão em Cristo Jesus”. Esta é a realidade de Elim; esta 6ª estação onde eles estiveram, onde permaneceram lá no deserto. Essa frase, “nos mais altos céus”, indica algo muito glorioso, indica que o começo da eternidade já esta dentro de nós. Quando você compreende a riqueza dessa graça, você enxerga o começo da glória a partir deste mundo, a partir daquilo que Cristo fez por nós, a partir daquilo que Ele está fazendo em nós. Note bem! Estas verdades não se aplicam às pessoas que estão fora de Cristo, mas somente aqueles que estão em Cristo. Nós não podemos viver uma vida que seja diferente de tudo isso. O cristianismo é algo muito rico.
Paulo, escrevendo aos irmãos em Coríntios, na sua primeira Epístola, no capítulo 15, versículo 19, disse:

“Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens”.

Nós não podemos pensar na glória da eternidade como algo que só iremos perceber e desfrutar, em medida plena, na era vindoura. Não. Há algo, há uma porção, uma medida que nós suportamos e Deus deseja que desfrutemos desta glória, desta eternidade em glória pelo poder da vida de Cristo e Seu Espírito dentro de nós.
Estudando a Epístola aos Hebreus, podemos ver algo muito glorioso acerca destes “lugares celestiais”. Porque a ressurreição do Senhor Jesus nos traz descanso, nos traz paz. A ressurreição nos traz descanso na obra de Cristo. Veja o que Paulo diz no versículo 6 desse capítulo 2 de Efésios: “Que Deus nos fez assentar com Cristo nos lugares celestiais”.

“... e nos fez assentar nos lugares celestes, em Cristo Jesus” – Ef 2.6.

Isso implica experiência.
Vamos compreender isso melhor na Epístola aos Hebreus.
Hebreus, no capítulo 1, versículo 3, diz assim:

“Ele (o Senhor Jesus), que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser (Deus Pai), sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas”.

Capítulo 10, versículos 12 e 13 de Hebreus, diz assim:

Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus...”.

Esses textos indicam que Cristo completou a Sua obra de redenção, e agora nós estamos no mesmo descanso com Ele porque ninguém e nada poderá nos destituir desta posição n’Ele. Os seus olhos precisam estar abertos para isso. O Senhor Jesus espera que nós tenhamos nossa posição n’Ele para que tudo se complete e todos os inimigos sejam colocados como estrado dos Seus pés, pela nossa confiança e redenção n’Ele. Este momento em Elim revela tudo isso para nós. E precisamos saber que a vida cristã é uma vida de desfrute, de descanso; é uma vida onde nós descansamos na obra que Cristo realizou por nós e aquilo que Ele está realizando em nós.
Que Deus te abençoe ricamente pela Sua Palavra!


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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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