A obra de Deus, a obra do ministério e a obra de cada um

segunda-feira, 12 de julho de 2010


Vamos estar considerando algo relativo à obra de Deus, a obra do ministério e a obra de cada um; a obra de cada um está inserida na obra do ministério e a obra do ministério do Corpo de Cristo está inserida na obra de Deus.

A obra de Deus

Vamos abrir a palavra de Deus no livro de Atos dos Apóstolos, e vamos ao capítulo 13, no verso 41, que é uma citação que o apóstolo Paulo faz. Aqui neste capítulo 13 aparece o testemunho de Paulo e Barnabé em Psídia, e aparece o que ele nos diz de um trecho, no contexto do testemunho do evangelho por parte dos apóstolos, por parte do corpo de Cristo ao mundo, aos judeus primeiro, em uma sinagoga judia na Psídia; o apóstolo utilizou um versículo que é de interesse. Então, diz o verso 41 do capítulo 13, que é uma citação que está no profeta Habacuque: “Vede, ó! desprezadores...”, porque quando a gente despreza, a gente aniquila; mas Deus diz: Vede; os que estão desprezando Vede; o que é que terá que Ver? “… espantai-vos, e desaparecei”; três coisas: ver, se espantar, e se continuamos sendo desprezadores, desaparecer.
Oxalá não sejamos desprezadores, mas sim colaboradores, para não desaparecer, mas para permanecer. “Vede, ó desprezadores, espantai-vos e desaparecei; porque Eu faço uma obra em vossos dias, obra que não acreditareis, se alguém vos contar”. Esta é uma citação interessante, onde Deus mesmo fala na primeira pessoa: Eu faço uma obra; é a obra de Deus. Sem combinarmos nada, o irmão Manolito sentiu no coração nos ler do começo um Salmo que falava das obras e os fatos prodigiosos de Deus, e nosso testemunho, e glorificaram a Deus por causa de suas obras e seus feitos prodigiosos.
 Então, há uma obra, da eternidade, que Deus vem fazendo; uma obra que abrange tudo o que Ele tem feito, incluindo Seu amor eterno, presciência e propósito, Sua criação, Sua providência, a obra da redenção, Seu reino, a glorificação da igreja, Seu julgamento, a conclusão de todas as coisas, o cumprimento, a realização do Seu propósito eterno. Tudo isto é o que se chama “a obra de Deus”; e a obra de Deus tem vários capítulos; e um desses capítulos é a obra que Deus diz que faria em nossos dias; e Paulo refere que esses dias são a partir da primeira vinda do Senhor Jesus; porque ele está declarando da vinda do Senhor Jesus, da obra de Cristo na cruz, da ressurreição, do derramamento do Espírito, da comissão dada à Igreja e do trabalho de Deus com a Igreja. Então, essa é a obra de Deus, que Deus está fazendo em nossos dias; não podemos menosprezá-la, embora possamos também nos assombrar; e alguns podem desaparecer. Que sério, não? Que sério que Deus relacione com Sua obra em nossos dias essas três palavras: Ver, espantar-se e desaparecer. A obra do Senhor é para que nós desapareçamos, e para que o Senhor apareça; essa é a obra de Deus.

A festa de Cristo

As festas solenes de Israel nos recordam a festa de Cristo, a obra do Senhor, os distintos aspectos de Sua obra. Dentro destes aspectos de Sua obra temos o de Sua morte expiatória na cruz, tal como aparece a nós, no sentido objetivo, jurídico, exterior, na festa da Páscoa; Ele morreu por nós. Mas também temos que comê-lo, o Cordeiro sacrificado, e com pães sem levedura; então, por isso a festa da páscoa vinha junto com a dos ázimos, e com a das primícias, que fala da ressurreição. Então, há o aspecto jurídico e o aspecto orgânico, o que fez em si mesmo e o que faz em nós; por isso aparece também em seguida a festa do Pentecostes, depois das primícias, aos cinqüenta dias, a obra do Espírito, que é outro capítulo da obra de Deus; mas depois do Pentecostes, e cobertos pela expiação, e na espera da conclusão, está a obra das trombetas, que significa Cristo sendo anunciado. Logo então chega a festa dos tabernáculos.

A obra do ministério

Há, pois, uma obra divina de criação, uma obra divina de providência, uma obra divina de redenção, e também há uma obra divina de inspirar as Sagradas Escrituras, de edificar o corpo de Cristo, de constituir o ministério do corpo, de dar à igreja apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, para que edifiquem o corpo de Cristo, por meio de aperfeiçoar aos Santos. São os Santos os que fazem em Cristo, pelo Espírito, a obra do ministério. Então aí podemos notar de como, dentro da obra de Deus, está esse grande capítulo da festa das trombetas, que é Cristo sendo anunciado, a Palavra sendo inspirada, sendo escrita, e sendo exposta; porque, como diz inspiradamente o salmista: a exposição das palavras de Deus ilumina.
Isto é também parte da obra de Deus; não é a única, mas é parte da obra de Deus. Damo-nos conta de que da obra de Deus surge o que se chama na Palavra: “a obra do ministério”. A obra do ministério é necessária dentro da obra de Deus, e é também parte da obra de Deus. Embora haja diversidade de dons, há um mesmo Espírito; e embora haja diversidade de ministérios, há um mesmo Senhor que coordena todos os ministérios no ministério do Novo Pacto, do Novo Testamento, da justificação, da reconciliação, do Espírito, da Palavra, no sentido completo do conselho de Deus. Então, a obra do ministério também é parte da obra de Deus; é o próprio Deus que faz estas obras. A Palavra diz que Cristo constituiu a Paulo ministro, segundo a graça de Deus que foi dada, e segundo a operação de Seu poder. Então, a obra de Deus é a operação de Seu poder em graça, através de todos os membros do corpo. O trabalho do corpo de Cristo é parte da obra de Deus, porque é a operação do Seu poder em graça; e é necessária a obra do ministério do corpo de Cristo para que a obra total de Deus tenha a sua culminação.

A abertura do primeiro Selo

O Filho de Deus e Filho do Homem ascendeu ressuscitado, e se sentou à mão direita do Pai, e foi dado o Livro dos sete selos. O primeiro selo que Ele abriu foi o do cavalo branco, com seu cavaleiro para vencer; e Ele derramou Seu Espírito, constituiu apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, para aperfeiçoar os Santos para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo; essa é a festa das trombetas: Cristo sendo anunciado. Depois da festa do Pentecostes, vem a festa das trombetas; essa é uma obra de Deus. Alguém mencionou aqui ser um personagem que está se opondo, realmente não aos evangélicos nem aos pastores meramente, mas à obra de Deus. Se este menosprezador não vê, não se assombra, então desaparece em sua cegueira; esse e qualquer outro. Há algo que o próprio Deus está fazendo em nossos dias. Uma obra que Eu farei, diz o Senhor, em seus dias; e parte dessa obra é a obra do ministério. Tal expressão: a obra do ministério, que se usa no Novo Testamento, já tinha sido adiantada pelo Espírito Santo no Antigo Testamento de maneira tipológica. Não vamos ver todas as passagens, mas pelo menos uma representativa no 1º livro de Crônicas.

Tipologia veterotestamentária da obra do ministério

Vamos ao primeiro livro de Crônicas, capítulo 23, porque é um capítulo tipológico; recordemos que nestes capítulos está sendo ordenado o serviço da casa de Deus: os porteiros, levitas cantores, e etc. Então, no capítulo 23, que a Sociedade Bíblica titularam: “Distribuição e deveres dos levita”, há várias expressões nas passagens do capítulo, que em algumas concentram a importante expressão, e que podemos ler do versículo 24 em diante. Tinha mencionado uma série de pessoas, e disse: “Estes são os filhos de Levi, nas famílias de seus pais…”; notemos aqui que primeiro são pessoas; e estas pessoas estão em uma família, e estão corporativamente trabalhando sob o governo de Deus; “…chefes de famílias segundo o censo deles, contados por seus nomes, por suas cabeças, de vinte anos para cima, os quais trabalhavam (isso é plural) no ministério (isso é singular) da casa do Senhor”.
Todos eles trabalhavam em ministérios diferentes; mas seus diferentes ministérios, funções e atividades, formavam parte de uma atividade ou serviço coletivo que todos prestavam; esse serviço coletivo, onde as partes de todos e cada um se juntavam e se mesclavam umas com as outras, chamava-se “a obra do ministério da casa de Deus”.
Podemos seguir lendo; podemos pular o versículo 25, e ler o verso 26: “E também os levitas não terão que levar mais o tabernáculo e todos os utensílios para o seu ministério”. Agora era o templo; então, passou do tabernáculo, ou da tenda, para o templo, agora o seu ministério se modificara segundo as circunstâncias; e agora vou ler no v.27: “Assim, conforme às últimas palavras de Davi, fez-se a conta dos filhos de Levi de vinte anos para cima. E estavam sob as ordens dos filhos do Arão (que representa o Sumo Sacerdócio que é Cristo) para ministrar na casa do Senhor”. Em que lugares? “Nos átrios, nas câmaras e na purificação de toda coisa santificada, e na demais obra”. Tudo o que se fazia, por exemplo, nos átrios, nas câmaras, o que se fazia para purificar cada coisa, tudo isso era parte desta obra; e agora diz: “… e na demais obra do ministério da casa de Deus”. Então notem como o Espírito Santo estava introduzindo na tipologia o conceito da obra do ministério do corpo de Cristo, o qual é hoje a casa de Deus, o povo de Deus, a Igreja. Aquilo era uma figura; hoje é a realidade.

No Novo Testamento

No Novo Testamento, já os irmãos conhecem muito bem, temos aquela expressão; em Efésios, no capítulo 4, aparece no versículo 10: “Aquele que desceu, é o mesmo que também subiu acima de todos os céus (para que Ele subiu?) para encher todas as coisas”. (Sente-se a minha mão direita até que Eu ponha a todos os teus inimigos por estrado dos teus pés…/… Toma o livro e abre os seus 7 selos… Quando terminar de abrir o Livro, os reinos do mundo deverão ser do Senhor e do Seu Cristo). Então Ele se sentou à mão direita e começou a abrir o Livro; e o primeiro que pôs a cavalgar foi o cavalo branco. Esse cavaleiro começou a cavalgar desde que Jesus Cristo se sentou à mão direita de Deus e começou a abrir o Livro. Está escrito: “…subiu por cima de todos os céus para encher todas as coisas. E ele mesmo deu (vou traduzir aqui com mais exatidão, porque a palavra “constituiu” tem aqui uma conotação um pouco clerical, um pouco eclesiástoide, mas não no sentido bíblico, mas no sentido tradicionalista institucional; a palavra no grego é edoken, ou seja, Deus deu; de dar; quer dizer, Deus está dando de presente certas pessoas à igreja; não pondo opressores sobre os Santos, mas lhe dando presentes; é muito diferente o sentido da maneira como Paulo fala; então por isso prefiro traduzi-lo assim: “E ele mesmo deu a uns, apóstolos, a outros, profetas; a outros, evangelistas; a outros, pastores e mestres, a fim…”. Ele deu; essa é parte de Sua obra, da obra Dele em nossos dias.
Para que Ele dá essas pessoas? Qual é o objetivo? Para que aqueles que foram dados se engrandeçam? Ou que sejam um clericato especial, um sacerdócio insofrível? Não!, o objetivo é um presente à igreja, para a igreja; diz: “…a fim de aperfeiçoar os Santos…”. Deus dá pessoas à igreja com o objetivo de aperfeiçoar os Santos; o objetivo é os Santos, que os Santos façam a obra do ministério: Então a obra do ministério não é feita somente pelos apóstolos, pelos profetas, pelos evangelistas, pelos pastores e mestres, mas sim por todos os Santos, por todos os membros do corpo de Cristo. E se Deus deu esse presente à igreja, não é para que substitua o trabalho da igreja, mas para que o promovam, para que o ajustem, para que o aperfeiçoem. Então ali aparece essa expressão que tínhamos lido lá em Crônicas, “a obra do ministério”; aqui diz: “para a edificação do corpo de Cristo”, isso é o que é a casa de Deus.
Dizia que os levita trabalhavam juntos; eram muitos; havia um censo; muitas pessoas; mas todas essas pessoas, das que cada uma tinha sua particularidade, essa particularidade era para realizar na comunhão do corpo; não perdia sua particularidade, mas também não perdia sua inclusão no corpo. E nisto precisamos ter muita clareza, e que o Senhor, por seu Espírito, conceda-nos muito equilíbrio.

A obra de cada um

A mesma Bíblia que fala da obra de Deus, e que fala da obra do ministério de todos os Santos, fala também da obra de cada um.
Então existe a obra de cada um. A obra de cada um é uma obra particular, tem seu selo particular, não é igual à obra do outro; a obra do pâncreas não é a mesma que a dos pulmões, não é a mesma que a do estômago, não é a mesma que a dos olhos; mas, embora não seja a mesma, está coordenada dentro de uma só obra de todo o corpo. Então todo o corpo cumpre uma função conjunta, coletiva para o Senhor; então a obra de cada um está inserida na obra do ministério, e a obra do ministério do corpo de Cristo é uma parte da obra de Deus. Em relação à criação, bom, nós não tivemos nada haver; da providência tampouco temos muito que ver, embora Ele nos use como instrumentos providenciais; a obra da redenção coube-lhe fazê-la sozinho na cruz; mas a obra do ministério de edificar o corpo de Cristo nos cabe uma parte no Espírito, assim como na obra da providência coube também aos anjos cuidar de nós, evitar alguns acidentes, produzir algumas das que nós chamamos entre aspas “casualidades”. Ele usa anjos para a Sua obra de providência, e de cuidado, e etc.
 Ele usa os membros do corpo de Cristo para a obra do ministério da edificação do corpo de Cristo, que é a edificação de uma esposa para o Filho de Deus. Então a obra de cada um está inserida, incluída, e é parte da obra do ministério coletivo. Então aí precisamos aprender um equilíbrio.

Equilíbrio e coordenação

O equilíbrio é para não homogeneizar muito, nem particularizar muito. Em um extremo, às vezes ressaltamos tanto nossa própria obra, que às vezes nos esquecemos de que nossa parte é apenas isso, uma parte no contexto da obra dos outros, e que deve encaixar com a obra dos outros. Mas podemos ir ao outro extremo, e querer homogeneizar, e pretender fazer a todo mundo iguais a nós, quando o Senhor estabeleceu diversidade de ministérios, e deu diversidade de dons, e também está escrito que Deus realiza diversas operações; há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; e há diversidade de operações, mas Deus, que faz todas as obras em todos, é o mesmo. Deus tem haver com a obra de cada um, e também com a obra das equipes que Ele forma; e há diversidade de operações, mas Deus faz todas as coisas em todos.
A obra de Deus é que o coração palpite, e a obra de Deus é que os pulmões respirem, e obtenham o oxigênio, e o passem ao sangue: e o aparelho circulatório tem que fazer uma coisa, e o sistema nervoso outra, e cada um têm que fazer algo distinto. Então há algo distintivo, que é a obra de cada um; por outro lado, a obra de cada um não é uma obra isolada, não é uma obra em contraposição a de outros que são diferentes, e às vezes até contrastantes. Embora cada um tenha a sua obra, essas obras são coordenadas por uma cabeça: Jesus Cristo. Por isso na Bíblia se fala da coordenação; mas não se trata de uma coordenação que venha da carne, e que Satanás possa utilizar para estorvar com muita astúcia. Não! Trata-se melhor da coordenação que vem da Cabeça, pelo Espírito, e que é sobrenatural, e que não tem mão humana estranha. A Bíblia diz: bem ajustados e coordenados em Cristo, o templo vai crescendo para ser um templo santo no Senhor, edificados junto uns com os outros.

Autoridade

Vamos ver agora um pouco mais da terceira parte: a primeira, a obra de Deus; a segunda, a obra do ministério; a terceira, a obra de cada um. Vamos ver outra parte na Escritura onde nos fala da obra de cada um; esse “cada um” é você; você pode pôr seu nome e seu sobrenome, e se quiser sua carteira de identidade. Vamos ao evangelho de Marcos, para os últimos capítulos do seu livro, no capítulo 13, versículos 33 em diante, até o 37; ali onde o Senhor está falando: “Olhem”; bom, tem que olhar, “vigiem e orem; porque não sabeis quando será o tempo. É como (aqui está dando uma figura, uma parábola) um homem (o Senhor Jesus) que indo longe (à mão direita do Pai) deixou a sua casa (essa é a igreja aqui na terra; Ele não a levou ainda, embora nos fez assentar com Ele em lugares celestiais, mas em Espírito) e deu autoridade (isso é no singular) a seus servos (isso é no plural; ou seja, que Sua autoridade, Sua delegação, foi repartida entre Seus servos, embora exercida coletivamente, mas também respeitando e tendo em conta as particularidades, pois agora diz mais:) e a cada um a sua obra, e ao porteiro (que tem que fazer uma obra específica) mandou que velasse, vigiasse”.
Quer dizer, o porteiro tem que estar atento, para que não se infiltre nada estranho e para que quando o seu Senhor voltar, levante-se e lhe abra e anuncie. Então aqui o Senhor Jesus fala da autoridade divina, que é uma só, pois disse Jesus: todo poder me é dado nos céus e na terra; portanto, ide e façais discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis aqui que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos. Deixou por um tempo Sua casa, e deu autoridade a Seus servos; repartiu-a entre eles, mas de uma vez a expressa na comunhão espiritual deles em acordo com o Espírito; mas também acrescentou: “e a cada um a sua obra”.

Servos alheios

Por isso em 1ª aos Coríntios 3, se vocês querem ver comigo, tornamos a encontrar essa expressão no versículo 13, mas vou ler desde o v.10: “Conforme à graça de Deus que me foi dada, eu como perito arquiteto pus o fundamento, e outro edifica sobre ele, mas (notem essa frase) cada um veja como edifica sobre”. Sobre o fundamento, ninguém pode pôr outro do que aquele que já está posto; mas sobre o fundamento cada um tem que fazer a sua parte. Se você for fazer a sua parte, para que seja uma obra legítima, que não seja de palha, que não seja inflamável, tem que ser feita em Cristo; produzida pelo atuar de Deus; como diz Paulo: que atuou em mim; Diz: que atuou em Pedro, atuou também em mim; também diz: pôs-me por ministro…/… segundo a operação do seu poder.
Para que a obra de cada um seja legítima, tem que ser produzida em graça pela operação do poder de Deus. É o poder de Deus o que tem que operar em cada pessoa, fazendo entender a cada um, mesmo que, inclusive, deva recolher um papelzinho; essa também é parte da obra de Deus; cada um deve sabê-lo, pois tem que nascer do sopro do Espírito, tem que ser uma obra que tenha origem em Deus, que a sua origem seja celestial, tanto a comissão, como a realização, como o objetivo; tem que ser Dele, tem que ser por Ele, e tem que ser para Ele; então é parte da obra de Deus, porque se originou nele, realiza-se por meio Dele, e se realiza para Ele; essa é a marca da verdadeira obra de Deus: tem que ter sua origem em Deus, ser realizada espiritualmente, e tem que ser para a glória de Deus; Dele, por Ele e para Ele; assim deve ser a obra no geral, e a obra particular de cada um.
Então aqui volta a falar da obra de cada um; no verso 10: “cada um olha como edifica”; a quem corresponde olhar como edificar? A quem corresponde, em primeiro lugar, fazer o melhor que sabe, e o que lhe cabe fazer particularmente? Cada um veja; isso cabe a cada um; por isso também dá a entender a Escritura: Quem somos nós para julgar ao servo alheio? Para seu próprio Senhor é que está em pé, ou cai; mas poderoso é o Senhor para lhe firmar. O Senhor tem que nos dizer como disse a Pedro, quando estava tão obcecadamente interessado na sorte de João; Pedro perguntou ao Senhor: e o que será deste? Como quem diz: Já me disse o que vai acontecer comigo; mas, e a João o que vai acontecer? E o Senhor lhe responde como quem diz: e a ti o que te importa? Sim, é como uma maneira de dizer: o que importa a ti? Com que direito quer colocar seu nariz em todas as partes? Você se assegure de fazer a sua parte, faça você o melhor que puderes, anda no Espírito, sim, faz a tua parte, e faz como cabe fazer, e ninguém tem por que interferir. Notem isto; é necessário ter equilíbrio; não devemos homogeneizar a obra do Senhor, nem pretender controlar os irmãos de uma maneira carnal, porque essa é uma tática que Satanás usa para estorvar a obra.
Desgraçadamente às vezes queremos homogeneizar e controlar por meios naturais, e utilizamos às vezes sistemas legalistas, e estabelecemos cláusulas manipuladoras, e às vezes até organizações que tiram a autoridade do fluir do Espírito, e a colocam em um carro de bois. O peso da arca, do carregar a Arca do Pacto, da Palavra e da glória de Deus, tem que pesar sobre o coração de cada homem escolhido por Deus; não se trata de uma coisa automática. A automaticidade conduz à mortandade.
Às vezes por nós mesmos repartimos e dizemos: isto cabe a ti, isto cabe mim, isto vai cabera ele; e fazemos as coisas segundo um critério meramente humano e uma organização humana; esse é o carro de bois que conduz à mortandade; o carro de bois é qualquer mecanismo de fabricação humana que pretenda fazer a obra de Deus, colocando a mão para manipular. Isso estorva a obra de Deus, a qual deve pesar espiritualmente sobre o coração de cada um dos escolhidos pelo próprio Deus. Uma coisa é que cada um, cada levita, cada sacerdote, que agora no corpo de Cristo são todos os membros do corpo, homens e mulheres, filhos de Deus, cada um tenha o peso da Arca sobre o seu coração; e outra coisa muito diferente, embora aparentemente muito mais fácil e prático para o meramente humano, é pretender fazer como fez Montesquieu, repartir os poderes, criando diversos aparatos, como o poder Legislativo, o Executivo e o Judiciário, sem nos importar a vida e a disposição divina, pretendendo usurpar por nós mesmos uma fatia na torta de Deus.
Criamos um aparato para manobrar, mas esse aparato não tem vida. Deus não comissionou aparatos, Deus não comissiona sistemas, Deus não comissiona estatutos, Deus comissiona pessoas escolhidas por Ele, pessoas que têm o peso de Deus em seu coração, e que o Espírito opera nelas, pela operação de Sua graça e Seu poder. É pela graça do Senhor que uma pessoa começa a servir e a fazer o que a essa pessoa corresponde; e diz a Palavra a outros, e todos somos outros: quem és tu que julgas ao servo alheio? Para seu próprio Senhor está em pé ou cai, mas poderoso é o Senhor para firmá-lo. Precisamente esse, que você e eu estamos criticando, esse é um servo alheio.
Então cada um tem uma obra específica a fazer; e também vos digo isto: cada um de nós tem uma obra particular, e cada um tem que ter dois cuidados: pela direita e pela esquerda; há um querubim guardião em um extremo, e outro querubim guardião em outro extremo. Por um lado, você não tem que fazer sua obra particular de maneira individualista, não tem que se desvincular do corpo, deve saber que a sua parte é com o corpo; por outro lado, não pode permitir a homogeneização, a alienação de sua função particular, porque o Senhor estabelece uns limites e diz: esta é a obra de um, esta é a obra do outro; embora a de um e a do outro, sejam a obra do ministério, esta é a obra de Deus. Dentro da obra de Deus, está à obra do ministério, e dentro da obra do ministério, está à obra de cada um; e se houver a obra de cada um, então há a obra do outro, a tua e a do outro.

A obra de outro, regra e medida

Vamos ver onde que fala sobre a obra do outro, mas devemos aqui ainda seguir falando um pouco da obra de cada um na carta de1ª aos Coríntios; não só no verso 10 do capítulo 3, mas também o versículo 13 diz: “a obra de cada um se fará manifesta” Amém? Assim como em Marcos se fala da obra de cada um, em 1ª aos Coríntios se fala também da obra de cada um.
Agora vejamos 2ª aos Coríntios; como na primeira falou da obra de cada um, agora também explica sobre a obra do outro, e do fundamento alheio; quer dizer, posto, da parte de Deus, por outro. Vamos a 2ª aos Coríntios capítulo 10 verso 16; e vou ler o verso 12 para ter o contexto: “Porque não nos atrevemos (porque isso seria um atrevimento) a nos contar nem a nos comparar com alguns que louvam a si mesmos; (não tem que se contar nem se comparar com os que louvam a si mesmos) mas eles, medindo a si mesmos por si mesmos…” Um, quando está sozinho, encontra que é o melhor, que é a última palavra, e como dizemos: é a última Coca-cola no deserto, não é verdade?
Então isso não é sábio, medir-se a si mesmo por si mesmo, “e comparando-se consigo mesmos, não são judiciosos”; ou seja, por aí começam a “afrouxar as porcas de alguém”; por isso é necessário estar dentro da comunhão, sem perder a identidade entregue pelo Senhor, mas sem isolar a identidade individual da identidade coletiva do corpo e da obra coletiva. Então diz: “Mas nós…” ah! Paulo está fazendo diferença entre alguns meio louquinhos e (diz:) “nós”; oxalá estivessemos entre os cordatos e não entre os louquinhos; …”;“mas não nos gloriaremos desmedidamente, aqui usa uma palavra: “desmedido”; o que quer dizer desmedido? Não estar dentro das medidas, ficar curto ou ultrapassar-se, ir além do que lhe corresponde, ou não ir até onde lhe cabe. Então, quando você não vai até onde te cabe, você está sendo irresponsável, e vais afetar o corpo; e quando vai além do que te cabe, também afetas ao corpo.
Então por isso se fala de uma medida; não terá que desmedir-se, nem por defeito, nem por excesso, “…mas conforme à regra que Deus nos deu por medida”. Há algo no Novo Testamento que se chama uma regra dada por Deus para medir, para saber até onde tenho que chegar, e só até onde posso chegar; isso é o que se chama um “prumo”, uma regra dada por Deus como medida; Deus dá uma regra; essa regra diz: até aqui posso chegar e até aqui tenho que chegar, mas daqui para lá não posso ultrapassar. Então, logo explica assim: “a regra que Deus nos deu por medida, para chegar também até vós”; ou seja, que a regra tem haver com a chegada pioneira até os outros.
Por exemplo, Paulo chegou a Corinto enviado por Deus, e começou um trabalho em Corinto; então ele tem que pôr da parte de Deus o fundamento em Corinto, mas não em Jerusalém, porque em Jerusalém correspondeu a Pedro, a Tiago e a João; e também, quando Paulo ia se meter em Bitínia, o Espírito Santo lhe disse: não, não vá a Bitínia; quem devia ir era Pedro; sim, a Pedro correspondia ir a Bitínia. Quer dizer que Deus entregou Bitínia a Pedro, e entregou Macedônia a Paulo. Se Deus disser a Paulo: vem para a Macedônia, e não vá a Bitínia, e não te metas na Mésia, quer dizer que há um ambiente no qual ele vai ser útil, e outro  que não.
Paulo, eu sei, eu conheço meus amado em Jerusalém, Paulo, não vão receber seu testemunho em Jerusalém, eu lhe envio longe aos gentios; lá vou te usar com os gentios; em Jerusalém você vai causar um problema; quando você chegar vão te fazer isto e aquilo; podem notar?
Medidas, medidas; a obra de cada um, a obra do outro, a medida apropriada de relacionar-se, a obra du um com a do outro, porque a obra dos dois, ou dos três, ou dos cinco, já é diferente, são diferentes, são particulares, são complementares, não rivais, nunca devemos atuar de uma maneira rival, mas sim de uma maneira complementar, porque o outro não vai ser como você, nem você como o outro, mas não são inimigos, são complementares, mas no complemento devemos aprender até onde eu posso chegar, inclusive até onde devo chegar, e onde não devo me colocar, e onde devo aprender a retirar minha mão.
Diz assim o verso 15: “Não nos gloriamos desmedidamente em trabalhos alheios”. Há um alegrar-se ou gloriar-se que é legítimo, mas há um que é desmedido; o que quer dizer trabalhos alheios? Que Deus encarregou ao pâncreas fazer um trabalho; o fígado pode ajudá-lo, podem complementar-se; mas o fígado não vai fazer o mesmo trabalho do pâncreas; e tampouco podemos dizer: têm que escolher; ou vão com o fígado ou vão com o pâncreas? Não! Mas necessitamos do pâncreas como o pâncreas é, e necessitamos do fígado como o fígado é; necessitamos dos dois, não temos que pô-los para brigar, lhe deixemos ser distintos, apoiar-se, complementar-se, não estorvar-se, podem notar? Além disso, Deus entregou jurisdições a cada um que não devem ser violadas.
 “Não nos gloriamos desmedidamente em trabalhos alheios, mas esperamos (porque nisto tem que ter muita paciência) que conforme cresça a sua fé (ou seja, quando os irmãos forem mais amadurecidos, não agora, mas depois) seremos muito engrandecidos entre vós, conforme a nossa regra”. Por agora somos criticados, e não nos consideram apóstolos, diz Paulo; mas agora em nossos tempos reconhecemos a Paulo. Muitas vezes, quando vai se partir o pão, nem sequer se usam as palavras de Jesus nos evangelhos, mas as de Paulo. Muitas vezes não se lêem as palavras do Senhor em Mateus, nem em Marcos, nem em Lucas, nem em João, mas se lê quase sempre a Paulo em 1ª aos Coríntios. Agora honramos a Paulo, mas quando Paulo esteve no meio deles, foi tratado como se fosse um inferior, entendem?
Segue dizendo Paulo: “…mas esperamos que conforme cresça sua fé seremos muito engrandecidos entre vós, conforme a nossa regra; e que anunciaremos o evangelho nos lugares além de vós, sem entrar na obra de outro…”. Não é que não possa entrar, se é convidado, mas ensina que não se deve entrar para gloriar-se no que já estava preparado. Se da parte de Deus correspondeu tal jurisdição a Paulo, com Timóteo, com Tito, com qualquer deles, sob sua autoridade, e fundar a igreja em Corinto, então são eles os que devem pôr as coisas em ordem ali, são eles os que devem nomear os anciões, e auditar as situações; não corresponde aos que fundaram a igreja em Jerusalém, fazer na de Corinto; a Paulo não corresponde fazer isso em Jerusalém, mas lhe corresponde fazê-lo em Corinto.
E diz Paulo que ele procurou não gloriar-se desmedidamente nos trabalhos alheios; porque é muito fácil, quando uma árvore está plantada, sentar-se a sua sombra e comer do seu fruto; o que é difícil é plantar a árvore quando não há árvore, e regá-la, e cuidar dela até que esteja grande, para que possam vir as aves e fazer seus ninhos ali. Por isso Paulo preferia anunciar a Cristo onde não tivesse sido renomado, para não edificar sobre fundamento alheio. Mas outros pretendiam dizer que pregavam a Cristo, mas para semear aversão contra Paulo, e apartar aos irmãos dele, para que estes lhes sirvam, gloriando-se em trabalhos alheios. A Palavra de Deus nos ensina qual é a ética ministerial do Espírito Santo.
Então, tudo isto quer dizer que existem na Palavra de Deus certos cuidados e delicadezas do Espírito Santo que devemos guardar. Mas ao mesmo tempo, não devemos pôr muralhas muito altas como se fôssemos um corpúsculo independente; isso seria um excesso por um lado; a obra do Senhor, e a obra de cada um está vinculada com a obra dos outros; e temos que admitir com sabedoria, generosidade e prudência a outros, e temos que aprender a viver dentro das medidas; e ao mesmo tempo, tem que manter sua identidade de função; você não é tudo, é sozinho, uma parte; e como outros são outros e funcionam distinto, eles não têm as mesmas cargas que você tem; não lhes importam certas coisas, e possivelmente sintam menosprezo pelo que lhe foi encomendado; então agora você não pode dizer: já que os outros não gostam disto que eu faço, não vou fazer mais. Não, mas você tem que fazer o que a ti corresponde, embora outro não o faça; te tocou fazer isto; pode ser que o outro diga: eu não o faria assim, mas eu o faria assado. Bom, é que você é outro membro; faz o teu em sua jurisdição como melhor puder fazer. Que cada um trabalhe livremente, mas não pretendamos manipular os demais.

Táticas infiltradoras e destrutivas de Satanás

Vamos ver um exemplo no livro de Neemias, onde temos um precioso exemplo de como Satanás é ardiloso para estorvar a obra do Senhor. Vocês recordam o que diz o Livro do Neemias depois do trabalho de Sambalate e de Tobias e Gesém; diz que paralisaram a obra, estorvaram-na. No capítulo 6, a Sociedade Bíblica pôs este título: “Maquinações dos adversários”; Ó! Temos um adversário que é Satanás, com seus demônios, que têm suas maquinações; e essas maquinações ele as infiltra nos corações de pessoas, às vezes despercebidas, e as maquinações de Satanás passam a ser maquinações de seres humanos, que têm em seu coração alguma adversidade; e Satanás usa essa adversidade para provocar problemas e estorvar a obra.
 Então é necessário ter muito cuidado com as maquinações de Satanás. Diz o capítulo 6: “Quando ouviram Sambalate e Tobias e Gesém o árabe (que é chamado também Gasmú, porque está em árabe e em hebraico) e outros dos nossos inimigos, que eu tinha edificado o muro, e que não restava nele brecha (embora até aquele tempo não tinha posto as folhas das portas)…”; ainda não estava tudo bem fechado, mas já estavam levantando o muro para fazer separação entre o santo e o profano; ah! Notem aqui a maquinação “ecumênica”; notem aqui como Satanás utiliza aqui essa adversidade, essa brechinha, essa coisinha, para criar um ambiente desanimador.
Verso 2: “Sambalate e Gesém enviaram a me dizer: Vêm e nos reunamos em alguma das aldeias no vale de Ono. Mas eles haviam pensado em me fazer mal”. Ou seja, o que havia em seus corações era adversidade, mas por fora parecia unidade, nos reunamos, façamos as coisas juntos; mas eles queriam estar ali para exercer uma pressão não nascida do Espírito, não nascida da comissão divina, mas nascida dos seus interesses particulares, de sua adversidade. “nos reunamos, nos reunamos”. Irmãos, como lhes dizia, Paulo em Filipenses: Alguns pregam a Cristo sinceramente; mas há pessoas, diz Paulo, que pregam a Cristo não sinceramente, mas por contenda e pensando acrescentar aflição às minhas prisões. Eles tinham “coisinhas” com Paulo; então anunciavam a Cristo, isso era bonito, isso era o caramelo por fora, ah! É Cristo, não Paulo, é Cristo, não Paulo, diziam; mas a obra de Cristo era Cristo que estava fazendo por Paulo; eles ao contrário se escondiam debaixo do nome de Cristo para fazer a sua própria obra contra Paulo; eram as maquinações do seu próprio coração; todas estas acontecem, e Satanás as utiliza para estorvar a obra de Deus.

Devidas distâncias

Segue dizendo Neemías aqui: “E lhes enviei mensageiros, dizendo: Eu faço uma grande obra, e não posso ir; porque cessaria a obra, deixando-a eu para ir a vós”. Neemias não caiu na armadilha da homogeneização, onde aqueles queriam controlar, impor a sua opinião e dirigir as coisas, sendo que tinha-lhe sido encomendado especificamente fazer isto. Mas recordemos também o que aconteceu com aquele profeta jovem que Deus lhe deu uma comissão, mas por lá lhe chegou um profeta velho e lhe disse: Eu também sou profeta de Deus como você; além disso, sou mais velho e tenho mais experiência; como é que não vais comer e beber aqui comigo? Vêem, comamos e nos sentemos aqui. E o pobre profeta jovem se deixou homogeneizar, deixou alienar sua obra encomendada a ele por Deus, e desobedeceu a comissão direta que ele recebeu; a comissão era para que fora, falasse, e voltasse sem comer nem beber nada desse lugar, porque essa seria a maneira de dizer: não participo convosco em seu pecado, vos anúncio o julgamento.
Mas o outro profeta velho, ardiloso, “experiente”, diplomático, político, fez desviar a esse profeta jovem da sua comissão, e o profeta jovem desobedeceu a Deus, e se sentou para comer, e descuidou da sua comissão, e morreu. Por que morreu? Porque desobedeceu; Deus já não podia mais contar com ele. Quando você tem uma comissão que é de Deus, primeiro tem que saber ser de Deus, e também o corpo deve examinar, mas em Espírito, porque às vezes tem supostas “democracias”, chamadas melhor “carnocracias”, que criam certas pressões sociais sobre os irmãos para manipulá-los, para controlá-los. O Espírito Santo nunca faz isso; o Espírito Santo sempre é respeitoso com cada pessoa; não trata de manipular, nem controlar.
Quando quer criar um ambiente coercitivo e “policialesco”, então não veremos o ambiente espiritual apostólico de Pedro, Tiago e João, mas o conspirativo e invejoso de Sambalate, Tobias e Gesém o árabe, “apóstolos” de outro, “apóstolos” das maquinações do adversário; podem notam?. Como Neemias reagiu? Eu faço uma grande obra, eu tenho que fazer o que me foi encomendado, não pretendo que o meu seja o único, mas farei a minha parte o melhor que posso, e tenho que honrar o meu ministério, como disse Paulo; não vou permitir que seja desonrado, porque não se trata só de mim, mas da obra de meu Senhor. O de Neemias e Paulo, Moisés e Samuel, não era apenas um assunto meramente humano, deles, mas era algo do Senhor.
Agora, quando estamos no corpo, temos que aprender a respeitar o ministério dos outros, e aprender, ou seja, levar a coordenação, sem necessidade de homogeneização, e sem necessidade do isolamento; o isolamento não é bom, mas também não é bom que nos deixemos alienar a obra do Senhor por uma pressão que não nasceu do Espírito, e que contradiz a comissão. O livro do Neemias segue dizendo no verso 4: “E enviaram a mim com o mesmo assunto até quatro vezes”; notem, eles queriam meter-se no que outros estavam edificando, mas não para colaborar, mas para estorvar; não se davam conta de que seu critério estava influenciado por Satanás; assim  estavam acostumados a fazer. Há uma grande diferença, que se pode notar, quando alguém está em um espírito de colaboração, ou quando vai ser usado por Satanás para estorvar.
Não é verdade que se pode notar? Segue dizendo o verso 5: “Então…”; ah! eles insistiam e insistiam; mas agora já começaram a mostrar as garras; primeiro Sambalate era muito diplomático, “nos reunamos”; mas o que é que tinha no coração dessa reunião? De onde teria nascido essa reunião? Irmãos, não pensem que tem que reunir-se sempre. Às vezes há pessoas que organizam reuniões com a intenção de estorvar a outros; para isso alguns fazem reuniões, para estorvar aos servos de Deus em seu trabalho; não pensem que isso não acontece; acontece muitas vezes.
Diz aqui: “Então Sambalate enviou para mim o seu criado para dizer o mesmo pela quinta vez, com uma carta aberta em sua mão”; agora começa a pressão mais dura, agora começam as acusações: querem te engrandecer, querem fazer vocês os maiores, como disseram Corá, Datã e Abirão a Moisés e a Arão; o mesmo disseram aqui a Neemias: “ouviu-se entre as nações, e Gasmú (que é o mesmo Gesém, só que um é em árabe e outro em hebraico) o diz, que você e os judeus pensam em rebelar-vos”; começam a acusar de rebelião; a quem não se submete à maquinaria da pressão “eclesiastóide”, lhe tratam de rebelde; pessoas que têm comissão de Deus às vezes são tratados de rebeldes, porque querem manipulá-las e eles não se deixam, como disse Paulo: não cedemos aos que dizendo-se irmãos, entraram encobertamente para estorvar a liberdade que temos em Cristo, aos quais nem por um minuto cedemos, para que a verdade de Deus permanecesse convosco.
Paulo vivia e falava do corpo de Cristo, mas ele não era tolo; ele discernia o espírito que se movia na política eclesiástica. Segue o livro do Neemias: “diz, que você e os judeus pensam em se rebelar; e que por isso edificam o muro, (as medidas, as regras de Deus), e segundo se diz (ou seja, essas são suas intenções) segundo estas palavras, de você se fazer o rei deles (queres te fazer rei), e que puseste profetas que proclamem a respeito de ti em Jerusalém, dizendo: Há rei em Judá! E agora serão ouvidas do rei as tais palavras; vem, portanto, e consultemos juntos”. Como querem se meter no que não lhes diz respeito! Isso é o que se chama “rabugice”, colocar os narizes onde não se deve; e o que é pior, com más intenções.
Verso 8: “Então enviei eu a te dizer: Não há tal coisa como diz, mas  do seu coração você o inventa. Porque todos eles nos amedrontavam, dizendo: Debilitar-se-ão as mãos deles na obra, e não será terminada (isso era o que eles queriam, ou seja, Satanás, mas às vezes ele usa corações humanos). Agora, pois, Ó Deus, fortalece as minhas mãos.” Depois veio a pressão por meio de falsas profecias; agora lhe chegaram com falsas profecias: “Tendo eu ido à casa de Semaías, filho de Delaías, filho de Meetabel (que estava encarcerado), disse ele: Vamos juntamente à Casa de Deus, ao meio do templo (como quem diz: oremos juntos) e fechemos as portas do templo, porque vêm para te matar; sim, esta noite virão para te matar. Então disse: Um homem como eu tem que fugir? E quem há, como eu, que entre no templo para que viva? Não entrarei. E entendi que Deus não o tinha enviado, (notem: uma coisa que parecia boa, orar juntos) mas aquela profecia falava contra mim porque Tobias e Sambalate o tinham subornado”. Inclusive há pessoas que não se dão conta de que foram subornadas, porque os subornadores são tão sutis, que destilam frasezinhas como as de Absalão, para pôr o povo contra Davi. Aquela pessoa atuou manipulada.
Irmãos, na edificação da casa de Deus, todos juntos fazemos uma só obra; essa única obra geral tem muitas partes; cada um tem sua parte, e cada um tem que fazer sua parte com retidão diante de Deus, defender o que foi dado e fazê-lo, não deixar-se alienar, nem intimidar, nem manipular, nem amedrontar, nem estorvar; por outro lado, faça o melhor que possam. Como disse o Senhor: trabalhem enquanto é dia, porque vem a noite quando ninguém pode trabalhar. Enquanto houver tempo de fazer as coisas, faça-as, antes que se levantem contra ti para estorvar o seu trabalho. Se Deus te deu algo pra fazer, faz com diligência, faça o melhor que possa, não faça como o profeta novo que se deixou enganar pelo velho; mas ao mesmo tempo te lembre de que sua parte é só uma parte do corpo, que você precisa ser complementado com outros que são verdadeiros, de coração limpo, que não importam as diferenças exteriores, mas a identidade de espírito; temos que conviver com os que de coração limpo invocam ao Senhor, não nos isolar, mas estar com outros irmãos genuínos para edificar o corpo.
Se for pâncreas, sejas um bom pâncreas, mas não trate de ser fígado-pâncreas; deixa ao fígado ser fígado, e não trate de fazer ao pâncreas, fígado; e trabalhem juntos em harmonia, cada um dentro de seus limites, dentro do reconhecimento mútuo, como Deus fez que Paulo reconhecesse ao Tiago, Cefas e João, e também Deus fez que Tiago, Cefas e João reconhecessem a graça que tinha sido dada a Paulo. E havendo um reconhecimento mútuo deve haver decoro, decência, cuidado, responsabilidade, sem querer ir mais adiante, nem ficar mais para trás, nem no extremo do isolamento, nem no extremo da homogeneização, da manipulação, porque Satanás sempre tentará roubar, matar e destruir; e com isto estou terminando, embora o Espírito não me deixe ainda terminar, pois tenho que dizer algo mais: Satanás sempre quer roubar a obra dos que fazem o trabalho no Espírito. O Senhor trabalha em e com os irmãos, e começam a evangelizar, começam a reunir, começam a multiplicar; então chega um “presidente de uma missão”, com a sua pessoa jurídica, ah!, tiremos este, planejemos, e o ponhamos como pastor do nosso Instituto; mas esse “pastor” importado, que não nasceu ali, o que faz é danificar o que outro, o que é usado por Deus, fazia; e ao verdadeiro servo de Deus lhe dão uma cotovelada, e o apartam, e então estes arrivistas vêm para cobrir-se na árvore alheia, e a estorvar; Vocês entendem meus irmãos?
Satanás sempre opera assim, através do aparelho, através do carro de bois, através de uma organização humana, motivada erradamente, com origem que não é celestial, colocando a mão, “nos reunamos”, “consultemos juntos”, até “oremos juntos”, mas com o propósito de que você não siga obedecendo a Deus, mas a outro critério; podem notar irmãos? Em muitas obras de pessoas que começaram com Deus, depois os irmãos cometem o engano de entregar o trabalho que foi encomendado, a X ou Y denominação ou grupo, ou a tal “pastor”, ou a tal organização, para que se faça a “obra”; mas o que eles fazem é desbaratar o que Deus tinha feito. Deus tinha encomendado a alguns esse trabalho, e lhes abriu a porta , usou-os, e portanto são eles quem devem guardar essa obra, pôr muros, serem porteiros, e guardá-la para o governo de Cristo, do Espírito e da Palavra, e não entregar irresponsavelmente o que foi encomendado, em outras mãos que tenham outros interesses.
Na política eclesiástica há muita gente que vive do modus vivendi eclesiástico. É necessário tomar cuidado com isso. Sempre aparecerão pessoas com pele de ovelha dizendo: Irmão, vejo que vocês têm muitos grupinhos pelas casas, eu estudei no seminário tal, e fui pastor em tal denominação, por que não me dá um desses grupinhos? Que fácil, não é verdade? Por que não começam eles mesmos a reunir pessoas em sua própria casa para evangelizar e edificar? Não lhes estou dizendo coisas que não acontecem, mas coisas que acontecem muito freqüentemente na cristandade, porque os irmãos não têm estas coisas claras: a obra de Deus, a obra do ministério e a obra de cada um.
 Cada um deve ser fiel ao fazer a sua obra; não de maneira isolada; não devemos pretender ser os únicos, mas estar em concordância com os que de coração limpo invocam ao Senhor, em um bom espírito. Quando vir outro espírito, assim como este que Sambalate, Tobias e Gesém promoveram, guarda distância, porque a Palavra do Senhor diz: cairá a ave no laço se não houver armadilha para ela? E também diz a Escritura: foge como gazela do que arma laços. Armar laços implica aquelas pressões vis para alienar a sua obra. Então faz o que tem que fazer, mas como não pode fazer sózinho, faça-o na verdadeira comunhão do corpo, mas te assegures de que seja a verdadeira, te assegures de que é algo do Espírito, algo que o Espírito organizou.
 O Espírito colocou pessoas diferentes juntas para complementarem-se, para amarem-se, para reconhecerem-se mutuamente, para trabalhar juntos; mas não para rivalizar, nem para estorvar, nem para alienar, manipular, controlar; o controle quem deve ter sempre é o Espírito Santo, porque é Ele quem reparte a cada um como Ele quer.

Disposições soberanas de Deus

Deus não reparte como você quer. Às vezes nós alargamos com ligeireza e atrevimento a nossa mão, e queremos ser nós os que repartimos como nos parece bem; e dizemos: vamos baixar a este, e vamos subir àquele, como se fôssemos o Espírito Santo.
Que tal que os apóstolos houvessem dito: “Como é possível que Paulo apareça tanto em Atos dos Apóstolos? Mas Tomé quase não aparece; vamos trocar o livro dos Atos, diminuamos as páginas que falam de Paulo, e demos páginas a Tomé e a outros que não também não apareceram. Ponhamos um capítulo para Pedro, um para o Tiago, outro para André, e assim sucessivamente; assim seremos melhores”.
Mas, amados irmãos, não foi isso o que o Senhor inspirou. Assim disse o Senhor: tirem aquela mina dele, e dêem ao que tem dez, pois ao que tem lhe será dado, mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Quando eu era jovem, ouvia os Beatles; e quando ia olhar a autoria das canções, via: esta é do Lennon- McArtney, esta do Lennon-McArtney, quase sempre; ah! esta por fim é do Harrison; mas continuava Lennon-McArtney, Lennon-McArtney, quase sempre; por aí, cada três discos, ou mais, uma do Ringo; mas, ah! Eu com a minha justiça própria queria que fosse uma do Ringo, outra do Lenon, outra do Harrison, outra do McArtney, todos igualados conforme o meu raciocínio; mas não é como nós queremos.
Irmãos tomem cuidado para não colocar as mãos para manipular a Igreja do Deus Vivo como vocês gostariam que fosse ou como a outros gostariam e utilizam a você para pressionar. Deus reparte como Ele quer; além disso, não somos ninguém para julgar a obra do outro. O que me concerne, devo fazer o melhor que posso, e devo ter a melhor relação que posso com os outros irmãos, naquilo que depender de mim; mas não devo permitir que o que recebi do Senhor, e tenho que fazer, seja alienado. Sem me isolar do corpo, mas com o Espírito, em comunhão, com prudência, sabendo até onde se pode chegar, etc. etc.
Eu confio que o Espírito Santo confirmará o que for Dele; e o que for meramente nosso, oxalá Deus nos mostre também, para que nos livremos do meramente nosso, e fiquemos com o que é do Senhor. Obrigado irmãos.



Gino Iafrancesco

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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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