sexta-feira, 2 de outubro de 2009
As 42 Jornadas no Deserto
3ª Estação- Etã - Parte 04
Texto: Ex 13.20-22
Por Luiz Fontes
Estudando acerca de Etã, vimos que Deus congregou o povo de Israel debaixo da nuvem e da coluna de fogo, e os guiou pelo deserto numa jornada de 40 anos. E agora estamos sendo conduzidos pelo Espírito Santo a entender o significado da visão espiritual. A visão que nos dá perseverança, que nos dá força, que nos traz união e nos mantém juntos no mesmo propósito. É preciso continuar examinando a visão celeste na experiência de três Apóstolos: Pedro, Paulo e João. Lemos em Mateus, a célebre declaração de Pedro acerca do Senhor Jesus: “... tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” – Mt 16.16. Certamente, esta foi uma profunda revelação da Pessoa do Senhor, no entanto, esta revelação não aconteceu de forma instantânea, ela foi se expandindo gradualmente na vida de Pedro. Sua primeira experiência foi no capítulo 1 do Evangelho de João:
“No dia seguinte João estava outra vez ali, na companhia de dois dos seus discípulos. E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus. E os dois discípulos ouviram-no dizer isso e seguiram a Jesus. (...) Era André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que ouviram aquilo de João e o haviam seguido. Este achou primeiro a seu irmão Simão e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo). E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)” – Jo 1.35-37,40-42.
Quando Pedro chegou próximo ao Senhor, algo significativo ocorreu em sua vida. Observem que ele foi levado por André para ver Jesus, todavia o texto não enfatiza o fato de Pedro ter visto o Senhor, mas a ênfase está no olhar de Cristo para ele. Foi um olhar profundo, um olhar capturador. Depois, no capítulo 4 de Mateus, o Senhor Jesus viu Pedro e André pescando, e os chamou para que eles fossem pescadores de homens. Então, eles deixaram seus barcos e seguiram ao Senhor:
“E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles, deixando logo as redes, seguiram-no” – Mt 4.18-20.
Nessa época eles começaram a seguir o Senhor Jesus de maneira mais contínua. Pedro andava, viajava e habitava com Ele. Observava tudo que o Senhor fazia, e ouvia tudo que Ele estava ministrando. Mas depois de um tempo, alguma coisa aconteceu a Simão. Vejamos alguns versículos no capítulo 5 de Lucas:
“E aconteceu que, apertando-o a multidão para ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré. E viu estar dois barcos junto à praia do lago; e os pescadores, havendo descido deles, estavam lavando as redes.” – Lc 5.1,2.
No texto acima, observamos que o Senhor Jesus chegou até a cidade de Pedro e viu que ele tinha voltado a pescar:
“E, entrando num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, assentando-se, ensinava do barco a multidão” – Lc 5.3.
E após ter pregado para a multidão que estava na praia, Ele disse a Pedro:
“... faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar” – Lc 5.4.
E Pedro Lhe respondeu:
“... Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, porque mandas, lançarei a rede” - Lc 5.5.
Pedro era um pescador profissional, mas ele não conseguia pescar nada. E Jesus era um carpinteiro. Portanto, o que um carpinteiro saberia a respeito de pescaria? Não havia peixe! Mas por causa do respeito e consideração pela Palavra, ele lança as redes. E para a sua surpresa, apanhou tanto peixe que teve que chamar seus companheiros para vir lhe ajudar.
“Isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompiam-se-lhes as redes. Então, fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique” – Lc 5.6,7.
O Senhor conhecia o interior de Pedro. E Pedro, quanto mais observava o Senhor, mais descobria o quão inabilitado era. Ele temia não ser capaz de prosseguir até o fim. O Senhor é tão maravilhoso, puro, santo, justo e amável. Mas Simão, quando olhava para si mesmo, tão impaciente, achava que não era o material certo para o Senhor. Pedro tinha medo de nunca conseguir ser discípulo do Senhor Jesus. Talvez isso ocupasse tanto o seu coração. Então, quando Jesus chegou, Pedro estava pensando em desistir. Foi por isso que ele voltou a pescar.
Mas quando Simão viu o milagre dos peixes, se ajoelhou diante do Senhor e disse:
“... Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” – Lc 5.8.
Na realidade o seu coração estava dizendo: “Não me deixes; eu O vi, mas eu sou um pecador; não sou digno de Ti”. Creio eu que esta era a sensação que estava no coração de Pedro.
Então o Senhor garantiu:
“... Não temas; de agora em diante, serás pescador de homens..” – Lc 5.10.
A partir desse momento, ele fielmente seguiu ao Senhor.
No Evangelho de João é relatado que o nosso Senhor utilizou cinco pães e dois peixes para alimentar cinco mil pessoas. E por causa deste milagre, no dia seguinte, as pessoas queriam segui-Lo. Todavia, o Senhor disse a eles:
“Na verdade, na verdade vos digo que me buscais não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará, porque a este o Pai, Deus, o selou. E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede” - Jo 6.26,27,35.
Vemos o próprio Senhor Jesus dizer que aquela multidão não O buscava por causa das Suas palavras, mas pela comida que perece. Ele afirma que deveriam buscá-Lo por causa Dele mesmo, porque Ele é o pão que desceu do céu – o Alimento que elimina de uma vez por todas a fome e a sede. E quando as pessoas ouviram isso, se decepcionaram. São palavras muito duras de se ouvir. E quem consegue ouvir estas palavras? Até mesmo, muitos dos discípulos deixaram de segui-Lo:
“Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isso, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? (...) Desde então, muitos dos seus discípulos tornaram para trás e já não andavam com ele” – Jo 6.60,66.
E o Senhor se voltou para os seus doze discípulos e perguntou:
“Então, disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?” – Jo 6.67.
O Senhor disse que eles tinham liberdade para deixá-Lo, mas Pedro respondeu:
“Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna, e nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus” – Jo 6.68,69.
Naquela época, a visão que Pedro tinha do Senhor Jesus era tão fortalecida, que ele disse: “Senhor, nós temos que segui-Lo. O Senhor é o único caminho. Mesmo que o Senhor queira nos afastar, nós não temos para onde ir. Nós estamos presos ao Senhor. Nós vamos seguir ao Senhor por toda a nossa vida” (parafraseado pelo autor). Ele viu que o Senhor Jesus tinha a Palavra da Vida e Ele era o Santo de Deus.
Como vimos, Pedro foi sendo trabalhado pelo Senhor de forma gradual até chegar à profunda confissão que fez: “... Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Quando as pessoas olhavam para o Senhor Jesus, eles só conseguiam ver a parte externa Dele. Vamos ler o texto a seguir:
“E o Verbo se fez carne e habitou (tabernaculou) entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” – Jo 1.14.
Ao entrarem em contato com o Senhor Jesus, o que as pessoas viam era um homem, cheio de graça e de verdade. Um homem muito especial. Uma pessoa extraordinária. Mas ainda assim, apenas um homem. Eles não conseguiam ver o Seu interior. Não conseguiam ver a glória do Unigênito do Pai, que deveria ser revelada.
“Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” – Mt 11.27.
Os que recebem esta revelação verão que Jesus é muito mais do que apenas um homem perfeito. Ele é o Filho do Deus Vivo. Para conhecer o Senhor Jesus é necessário revelação. Conhecer o Senhor Jesus não é algo que se possa instruir e que se possa ensinar. Poderemos ser instruídos com relação a todas as coisas do Senhor Jesus, mas não vamos conhecê-Lo se não nos for revelado por Deus. Conhecer Ele requer revelação proveniente do Pai. O Pai celestial abre os nossos olhos interiores, e nos permite ver que Jesus é o Cristo. Ele é o Messias, Ele é o Ungido, aquele que foi enviado por Deus. Deus enviou o Seu Filho a este mundo para realizar a obra da Redenção, algo que ninguém mais poderia fazer. Ele foi o único homem capaz de cumprir plenamente as exigências do Pai. Esta é a Sua obra, esta é a Sua missão. E concernente a Sua pessoa, Ele é muito mais do que um simples homem. Ele é o Filho do Deus Vivo. Ele é o próprio Deus.
Quando recebemos esta visão, somos transformados. Ao absorvermos esta visão, algo muito especial acontecerá dentro de nós. Porque, se afirmamos que cremos em Jesus, mas nada acontece em nosso interior, a nossa fé é apenas conhecimento mental, não é uma fé viva. A visão celestial, através de uma fé viva, irá nos transformar completamente. Seremos transformados de pó para pedra. Algo inteiramente novo vai surgir dentro do nosso ser. A própria vida do Senhor Jesus vai vir para dentro de nós. Ele Se torna a nossa própria vida. E traz junto com ela uma nova natureza. Não somos como pó que é espalhado para todo lado, soprado pelo vento - é isto que o Senhor está dizendo para Pedro. Seremos transformados em pedra, que é sólida, que pode prevalecer contra o vento. A própria vida de Cristo agora está em nós. Se formos uma pedra tosca, é porque ainda existe muito de nós mesmos em nosso ser. Mas mesmo assim, Cristo está em nós; a Esperança da Glória. Somos Pedro, um torrão. Mas o Senhor está trabalhando em nossa vida até sermos transformados em pedras preciosas, para a composição da Nova Jerusalém (Ap 21 e 22).
As coisas Espirituais são muito reais. A nossa Fé no Senhor Jesus é profunda, preciosa e vem por revelação. A gente pode dizer: “... uma coisa sei: eu era cego e agora vejo.” – Jo 9.25. E esta é uma das coisas mais básicas, mas é verdade!
Agora, somos "Pedro", uma pequena pedra. E o Senhor Jesus disse:
“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” – Mt 16.18.
Em primeiro lugar o Pai revela o Filho. Saber quem é Jesus é a visão mais básica e fundamental. Nós precisamos ver isto no nosso espírito, para que se torne uma realidade viva em nós. E então descobrimos que adicionada à visão que o Pai dá do Filho, agora o Deus-Filho revela algo mais a Pedro: “... tu és Pedro e sobre esta pedra (rocha) edificarei a minha igreja...”. Tendo como base a primeira revelação, o Senhor dá a segunda revelação, porque esta está intimamente relacionada com aquela.
Algumas pessoas dizem que Pedro era aquela rocha sobre a qual o Senhor Jesus edificaria a Sua Igreja. Mas se lermos o texto cuidadosamente, iremos descobrir que “Pedro” significa uma pedra bem pequena, pequenininha. E quando o Senhor fala sobre a rocha, significa sobre o maciço da rocha. “Eu vou edificar a minha Igreja”. A Rocha de fundação não é Pedro, mas é o Senhor. Jesus como Filho do Deus vivo é a confissão de Pedro. Essa confissão é o fundamento da Igreja. O apóstolo Paulo, em 1 Co 3.11, diz:
“Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo”.
Qual é o fundamento da Igreja? Jesus Cristo. Não é Pedro, não é Paulo e não é João, mas é o Senhor, Ele mesmo. Se a fundação fosse Pedro, a Igreja do Senhor não teria durado 100 anos. Mas, nós vemos que alguma coisa aconteceu com Pedro, e o Senhor teve de dizer: “... Arreda, Satanás!...” – Mt 16.23. Então, se Pedro fosse a fundação da Igreja, toda a Igreja entraria em colapso. Graças a Deus que ele não é a fundação; ele é uma pedra. Você é uma pedra, eu sou uma pedra, todos somos pedras. Pedro compreendeu isto claramente.
Em 1 Pedro 2.5, diz:
“também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”.
Ele diz que quando chegamos ao Senhor Jesus, nos tornamos pedras vivas, exatamente como o Nosso Senhor Jesus é. Pedro entendeu muito bem que ele é apenas uma pedra naquele prédio, não é a fundação. A fundação é Jesus Cristo. Todos são edificados sobre aquela fundação, que é Cristo.
No coração de Deus Pai, há um Filho:
“... Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” – 2Pe 1.17.
Então no coração do Senhor Jesus, você vê a Igreja.
“... sobre esta pedra (rocha) eu vou edificar a Igreja...”.
Certamente já tivemos a primeira revelação - ver que Jesus é o Filho do Deus Vivo. Mas será que já tivemos a segunda? A visão de que o Senhor está edificando a Sua Igreja, e que somos pedras que serão edificadas nesta Igreja. Esta é uma visão que precisamos ver em Cristo Jesus. Muitos dos nossos irmãos e irmãs apenas tiveram a primeira revelação, e não têm tido uma visão clara do que é a Igreja. Por isso, não pode haver dúvidas quanto a esta visão celeste, em nossa peregrinação nesta jornada espiritual. Não seremos capazes de ver o Senhor Jesus de maneira plena se não vermos a Igreja. Porque estes dois pontos estão intimamente relacionados, de forma que ao olharmos para Cristo veremos a Igreja e ao olharmos para a Igreja veremos Cristo. Não se pode vê-los separados. Isto é simplesmente impossível. Portanto, é algo que tem que ser profundo no nosso viver cristão. É algo que precisa ser aprofundado em nós; isto é visão celeste.
Podemos observar dois pontos importantíssimos da visão celestial que o Senhor trouxe a Pedro e que também precisamos ver. Nós não podemos ter uma visão de Cristo e nem mesmo uma visão da Igreja, distinta daquilo que Pedro viu. Porque a nossa visão celeste tem que estar de acordo com a visão que Pedro teve tanto da Pessoa quanto da Igreja do Senhor Jesus.
Que sejamos ajudados pelo Senhor. Que tenhamos uma concepção clara destas verdades em nós. Que sejamos profundamente trabalhados pelo Senhor. Que estejamos debaixo da nuvem, sendo conduzidos pelo Senhor, para que possamos entrar na terra de Canaã, que mana leite e mel. Só o Senhor, pelo seu infinito Espírito, para nos ajudar. Ainda prosseguirei compartilhando acerca desta Palavra, na expectativa de que o Senhor tem algo maravilhoso para trazer ao nosso espírito e nos edificar mais e mais como Seu povo.
É permitido baixar, copiar, imprimir e distribuir este arquivo, desde que se explicite a autoria do mesmo e preserve o seu conteúdo.
“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”
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