3ª Estação – Etã – Parte 05

sexta-feira, 2 de outubro de 2009


 

As 42 Jornadas no Deserto

3ª Estação – Etã – Parte 05
Texto: Ex 13.20-22 

Por Luiz Fontes

Continuando com este maravilhoso estudo das caminhadas do povo de Israel no deserto, vemos que em Etã os israelitas foram introduzidos, espiritualmente, para dentro da nuvem e da coluna de fogo. Diante dessa revelação, somos conduzidos a compreender o mover de Deus e a visão espiritual. Sem uma visão espiritual, jamais poderemos entender a Obra de Deus. Estamos estudando este assunto na experiência de três homens: Pedro, Paulo e João. Porque as visões que eles receberam e experimentaram, constituem uma só visão na nossa experiência e tornaram-se o fundamento da nossa Teologia Bíblica. Por isso é muito importante compreendermos a visão espiritual desses três apóstolos.
Já vimos alguns aspectos importantes da visão de Pedro no capítulo 16 do Evangelho de Mateus, quando ele declara que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. Ele teve uma visão maravilhosa. Primeiro ele teve a visão de quem é Cristo. Depois o Senhor revelou para ele o que é a Igreja e o sentido prático da vida da Igreja. A visão de quem é Cristo foi algo que o Pai trouxe a ele. Depois, o Senhor Jesus trouxe a visão do que é a Igreja.
Se nós não temos uma visão de Cristo, nunca teremos uma visão clara acerca da Igreja. O objetivo do inimigo é justamente trabalhar neste ponto, para que jamais tenhamos visão espiritual. Porque ele sabe muito bem que se nós somos pobres na nossa visão espiritual, somos pobres na nossa vida cristã espiritual. E se na nossa visão espiritual, não conseguirmos tocar a realidade da Pessoa do Senhor, isto é, se não tivermos uma clara compreensão sobre a Pessoa do Senhor, nunca iremos entender a Igreja, seu conceito, identidade, caráter e o propósito de Deus por meio dela.
Na primeira visão, Pedro teve a revelação de “Quem é Jesus” - ele declarou que Jesus é o Filho do Deus Vivo. Na segunda visão, o Senhor disse a Pedro que era sobre a Rocha que Ele iria edificar a Sua Igreja. Eu e você somos partes desta construção, porque somos pedras, as quais Deus está talhando, trabalhando para a edificação da Sua Casa. Esta é uma visão que todos nós precisamos ter e ver em Cristo Jesus.
Muitos dos filhos de Deus apenas viram a primeira visão, mas não conseguem ver a segunda visão. Mas a segunda visão está relacionada com a primeira. Não seremos capazes de ver o Senhor Jesus de maneira plena se não vermos a Igreja. Porque estes dois pontos estão intimamente relacionados. Pedro viu a Cristo; consequentemente ele viu a Igreja.
Então, após esta revelação bíblica, o Senhor começou a dizer a seus discípulos que Ele iria para Jerusalém, seria rejeitado pelos sacerdotes e escribas, e seria morto. Mas no terceiro dia, Ele seria ressuscitado. Antes da revelação, Ele não tinha condições de falar aos seus discípulos acerca da crucificação. Mas, após os seus discípulos terem recebido aquela revelação, o Senhor sentiu que deveria falar para eles aquilo que lhe aconteceria mais tarde. Foi então que Jesus disse a eles que Ele seria crucificado.

“E Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá” – Mt 16.22.


Pedro amava muito ao Senhor, e não queria vê-Lo crucificado. Ele disse para Jesus que não havia necessidade de que Ele fosse crucificado. Porque Pedro sabia todas as implicações da morte na cruz. Ele sabia que o Senhor Jesus é o Senhor da Glória. O que está no coração dele é que o Senhor Jesus poderia ter o Reino sem passar pela Cruz. Pedro não estava tendo uma visão clara do que o Senhor Jesus estava falando. Naquele exato momento era Satanás falando através de Pedro.

“Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens” – Mt 16.23.

Logo em seguida, o Senhor mostrou as condições e as consequências de segui-Lo:

“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida (alma) perdê-la-á; e quem perder a vida (alma) por minha causa achá-la-á” – Mt 16.24,25.

O Senhor Jesus prossegui dizendo:

“Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma? Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras” – Mt 16.26,27.

O Filho do Homem virá para julgar. O que isto tudo significa? Nós temos a revelação de Cristo e a visão da Igreja, mas algo está faltando. Nós não temos a revelação do caminho, da maneira de Cristo. Nem tão pouco nós vemos o caminho da Igreja. Em outras palavras, como Cristo pode ser Cristo? Como a Igreja pode ser edificada? Parece que não temos qualquer conhecimento disso. Achamos que Cristo pode ser Cristo sem ter que ir para a cruz. Esse era o pensamento de Pedro e esse pode ser o pensamento de muitos cristãos. “Jesus foi enviado por Deus. Ele era o Filho de Deus. Ele poderia dizer uma palavra, e aconteceria tudo o que a palavra fosse encarregada de fazer. Não havia qualquer necessidade de sofrer, de ir até a cruz”. Este é o conceito humano. Este é um dos intuitos de Satanás. Foi assim que ele tentou o Senhor Jesus. No capítulo 4 de Mateus, Satanás ofereceu ao Senhor Jesus todos os reinos desse mundo, se Ele se ajoelhasse diante dele. Na verdade, ele estava dizendo que Cristo poderia ter todo o mundo sem ter que ir para a cruz.
Pedro achava que estava amando o Senhor, mas não sabia que estava sendo usado por Satanás, tentando impedir que o Senhor fosse para a cruz. E se ele fosse bem sucedido, Jesus não seria o Cristo. Ele não poderia ser o Cristo se Ele não sofresse, se Ele não tivesse morrido por nós, se Ele não tivesse sido feito pecado por nós.

“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” - 2 Co 5.21.

Essa é a única maneira da salvação. Ele teve que levar em Seu próprio corpo, os nossos pecados. O Senhor precisou sofrer por nós na cruz, morrer e derramar o Seu precioso sangue. Porque sem verter o Seu sangue, não haveria remissão dos pecados. Se Cristo não tivesse ido à cruz, Ele não seria qualificado como Messias. Não haveria redenção, e aquela missão não teria sido feita. Ele teria falhado em Sua missão. O nosso Senhor sabia muito bem que para que pudesse ser o Cristo, Ele tinha que ir para a cruz. Este é o caminho de Cristo. Isto não apenas é a verdade em relação a Ele, mas também, em relação a todos nós.
Diante desta verdade, precisamos compreender como a Igreja deve ser edificada. Nós somos pedras vivas. Mas como essas pedras podem ser unidas? Descobrimos então que quando somos colocados juntos, como pedras, vamos raspar uns contra os outros. Todos nós temos arestas, quinas que são bem pontiagudas. Temos as nossas próprias idéias, nossa própria força de vontade, temos a nossa própria mente e as nossas próprias opiniões. Sempre achamos que a nossa opinião é a melhor. Assim, vamos ver que o Senhor vai talhando, vai trabalhando, vai nos edificando juntos.
A única maneira de ficarmos juntos, é pelo caminho da Cruz. Se não perdermos a vida do nosso "eu", não vamos alcançar o Reino. Se não perdermos a força do nosso “eu”, por causa do Senhor Jesus, jamais iremos alcançar o Reino. Ganharemos a vida deste mundo, mas iremos perder o Reino do nosso Senhor. Se tentarmos ganhar a nossa vida hoje, não vamos querer caminhar com o Senhor Jesus. Ao contrário, vamos seguir na nossa própria jornada, em nossos próprios caminhos, e então, vamos perder a nossa vida. Nunca seremos edificados juntos, se caminharmos pela nossa própria força, pela nossa própria vontade. Temos que andar pelo Caminho da Cruz.
Será que entendemos a razão da Igreja necessitar tanto de ser edificada de acordo com o propósito de Deus em Cristo? Em Mateus 16, vemos um quadro maravilhoso da Igreja, quando o Senhor Jesus diz: “sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. Mas isto nunca será verdadeiro e vivo se não enxergamos que o caminho de Deus para edificar a Sua Igreja é o caminho da cruz. Devemos ser gratos a Deus pelo nosso Senhor Jesus, porque Ele preferiu ir até a morte, e morte de cruz. Por isto Ele é o Cristo. Porque Ele alcançou aquela obra de redenção, há esperança para nós. Ele nos chama para seguir as Suas pegadas. Sem a cruz não temos Cristo. Sem a cruz, não temos a Igreja. Nós queremos a Igreja, mas não queremos a cruz. Isto está errado! Devemos querer a Igreja pelo Caminho da Cruz! O Senhor está nos ensinando justamente isto, para que Ele possa Se revelar a nós como Cristo, Ele teve que ir à Cruz, e graças a Deus porque Ele foi para a Cruz. Para que Sua Igreja possa ser edificada, cada um de nós precisa ir até a cruz. A cruz tem que ser uma decisão nossa. O Senhor Jesus disse:

“... Se alguém quer vir após mim a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” – Mt 16.24.

“E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo. (...) Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” - Lc 14.27,33.

A cruz é o caminho para a edificação da Igreja. Pedro aprendeu uma lição muito importante. E a Bíblia nos revela que o Senhor Jesus era bastante rude com Pedro. Ele sempre foi assim porque Ele sabia da natureza de Pedro, da dureza do seu coração. Lembremos que Ele disse para Pedro: “... Arreda, Satanás!...”. O Senhor disse isto porque Pedro estava agindo na sua própria vida natural.
Toda vez que agirmos com a nossa carne, Satanás estará trabalhando em nossa vida com o objetivo de nos tirar da presença de Deus. Nós realmente teremos que dar a nossa própria vida, para que a vida de Cristo possa ser anunciada. Temos que nos entregar totalmente a Ele para que a Sua vida possa ser expressa. E então, possamos ser edificados juntamente com os nossos irmãos e irmãs. Este é o método de Deus. Este é o Seu caminho.  É assim que o Senhor está nos edificando. É assim que Ele está sendo trabalhado em nós e Se expressando através de nós, para que realizemos a Sua obra. Foi isso que Ele alcançou em Pedro, e é isso que Ele quer alcançar em nós.
Essa visão espiritual que Pedro teve acerca da Igreja é muito rica porque ela tem que ser prática, ela não pode ser teórica; tem que haver realidade nela. Nós precisamos compreender todos estes detalhes, porque estes detalhes compõem a visão espiritual.
Pedro, Paulo e João tiveram experiências diferentes, mas todos eles tiveram a mesma visão em conteúdo, em expressão e em essência, segundo o propósito de Deus. É muito importante entender isto, porque foi esta visão que governou a vida desses Apóstolos. Assim como aquela nuvem durante o dia e coluna de fogo durante a noite guiava o povo de Israel, nós somos governados por uma visão celeste, por uma visão espiritual.
Vamos continuar estudando sobre isso. Há muito do Senhor para ser derramado em nossos corações sobre este assunto.


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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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