terça-feira, 12 de agosto de 2008
Parte 3
Os princípios
Além de termos em Mateus 18:20 uma promessa preciosa, encontramos também alguns princípios importantes. No seu contexto imediato, temos a segunda menção, no Novo Testamento, da palavra “igreja” (v. 17). O Senhor Jesus Cristo havia falado a respeito da Sua Igreja, em Cesaréia de Filipos (Mateus 16:13-19) e agora, no capítulo 18, torna a falar dela. No capítulo 16, a palavra “igreja” refere-se àquele corpo místico de Cristo que inclui todos os verdadeiros cristãos, mas no capítulo 18 a palavra tem um sentido mais restrito. Refere-se a uma igreja local, que pode ser composta de somente duas ou três pessoas. Nesta primeira referência à igreja local, encontramos em “germe” certos princípios que são plenamente desenvolvidos através de Atos dos Apóstolos e das epístolas. Vamos considerá-los.
1) A atração
A versão portuguesa da Bíblia que tenho em mãos diz:
“Porque onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles”.
A preposição “em” não traduz plenamente o sentido do vocábulo usado no texto original. A preposição grega usada aqui é eis, que normalmente dá a idéia de movimento em direção a algum objeto. O significado desta frase, portanto, é que dois ou três estão reunidos porque se acham atraídos ao Nome do Senhor Jesus Cristo. A idéia não é apenas de autoridade, como seria o caso se considerássemos a preposição portuguesa “em”.
O verbo “reunidos” também merece atenção. No texto original é um particípio perfeito que, na língua grega, indica um ato no passado cujos efeitos continuam no presente. Além disto, é passivo, indicando que foram reunidos por força, ou vontade, de outrém. Isto quer dizer que estes dois ou três estão reunidos porque, antes, o Espírito Santo operou no coração de cada um deles, atraindo-os ao Nome do Senhor Jesus. É em conseqüência desta operação do Espírito que eles se acham reunidos.
Não é, portanto, em qualquer ajuntamento de dois ou três que o Senhor promete estar. Nem mesmo em qualquer reunião de cristãos! Sabemos que Ele é onipresente, mas esta promessa não se refere a um encontro ocasional ou proposital de dois ou três cristãos. Esta promessa refere-se a algo diferente. Ele promete estar presente onde estiverem dois ou três reunidos em Seu nome, isto é, um grupo de pessoas reunidas propositadamente por terem sentido, e estarem sentindo, uma atração ao Nome do Senhor Jesus. Estão reunidos em conseqüência da operação do Espírito Santo.
O primeiro princípio, portanto, que aprendemos neste versículo é o da atração do crente ao nome do Senhor Jesus; é o motivo que deve inspirar todas as reuniões dos cristãos. Uma igreja local é um grupo de cristãos que se reune regularmente por estarem atraídos ao Seu nome.
Talvez seria bom ilustrar isto agora, usando os acontecimentos narrados em João 1:29-39. Quando João Batista viu o Senhor Jesus que vinha para ele, disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. No dia seguinte, João estava outra vez ali, junto com dois dos seus discípulos, quando viu o Senhor passar e disse: “Eis aqui o Cordeiro de Deus”. Note a pequena, porém significante, diferença nas duas declarações de João. Falando com a multidão, João apresentou Aquele que podia tirar o seu pecado; era disto que a multidão precisava. Ao falar com os seus dois discípulos, porém, limitou-se a falar da Pessoa — o Cordeiro de Deus. O mesmo que tira o pecado do pecador atrai as afeições do crente.
Mas observe o que aconteceu depois. Vendo que eles O seguiam, o Senhor lhes perguntou: “Que buscais?” Eles não responderam àquela pergunta; antes fizeram outra: “Rabi, onde moras?” E o Senhor também não respondeu diretamente à sua pergunta. Disse-lhes: “Vinde e vede”.
Foram e ficaram!
Note bem este fato importante. Eles foram sem saber onde Ele morava. Como Abraão, saíram sem saber para onde iam (Hebreus 11:8). Logo, não foi o lugar que os atraiu; não consideraram se aquele lugar era agradável ou conveniente. Foram porque Cristo estava lá. Ele foi o “imã” que os atraiu! Não sabiam se haveria outras pessoas ali, ou quem seriam estas pessoas. A única atração foi a presença de Cristo.
Outro versículo bíblico que ilustra esta atração à Pessoa do Senhor Jesus é Cantares de Salomão 1:7: “Dize-me, ó tu, a quem ama a minha alma: Onde apascentas o teu rebanho, onde o recolhes pelo meio dia: pois porque razão seria eu como a que erra ao pé dos rebanhos de teus companheiros?”
A esposa, perplexa e preocupada, procura o rebanho do seu amado. Ela não se contenta em ficar junto dos rebanhos dos companheiros dele, embora pudesse ser bem tratada ali. O seu coração anelava a presença do amado. Não era a qualidade do pasto, nem os confortos do lugar, que a atraíam; queria a presença do seu amado.
No começo da Igreja foi assim. Os cristãos foram atraídos somente ao seu Amado, o Senhor Jesus Cristo. Reuniam-se unicamente em Seu Nome. Havia um rebanho e um Pastor.
Mas isto durou pouco.
Logo nos primórdios da Igreja ouvimos alguns dizer: “Eu sou de Paulo”, enquanto outros diziam ser de Apolo ou de Cefas ou até de Cristo (talvez num espírito sectário; I Coríntios 1:10-13). Mais ou menos um ano após isto, Paulo avisou os anciãos da igreja em Éfeso que, depois da sua partida, se levantariam homens falando coisas pervertidas para atraírem os discípulos após si (Atos 20:30). Note bem, seriam discípulos os que seriam atraídos. Verdadeiros discípulos! Seriam arrastados da posição certa que até então haviam ocupado e seriam arrastados após homens. Não seriam mais atraídos somente ao Nome do Senhor Jesus; seriam atraídos aos homens que os arrastavam.
O resultado seria confusão. Enquanto alguns cristãos permaneceriam como desde o começo, reunidos em Nome do Senhor Jesus, outros cristãos passariam a reunir-se em torno do seu líder, formando assim a sua seita. Mas não há dúvida, seria errado um cristão unir-se àquela seita. Ele deveria permanecer reunido em Nome do Senhor Jesus. E se concordarmos que seria errado, naquele tempo, um cristão unir-se a uma seita, então é igualmente errado o cristão, hoje, pertencer a uma seita.
Como aquela semente maléfica que apareceu há tanto tempo, em Corinto e em Éfeso, se tem desenvolvido! Hoje, vemos verdadeiros cristãos divididos em denominações que os homens criaram. E o pior é que esta situação está tão generalizada que a maioria dos cristãos a aceita como se fosse normal! Não percebem que a existência de denominações é um mal, uma rebelião contra o senhorio de Cristo, e um testemunho eloqüente do orgulho e da ambição dos homens.
Diante desta situação calamitosa, somos forçados a emprestar as palavras de Mateus 13:28: “Um inimigo é quem fez isto”. Deus não é o Autor desta confusão (I Coríntios 14:33). Cada seita é um desaforo a Cristo, pois tira os cristãos do lugar onde deveriam estar — reunidos em Seu Nome — e os arrasta para o seu lado, enumerando-os entre os seus adeptos. O que apareceu em Corinto foi apenas a semente; hoje vemos o fruto maduro. Cristãos agora se reúnem em nome de conhecidos servos de Deus, dizendo: “Somos luteranos” ou “somos wesleyanos”; ainda outros reúnem-se em nome indicativo das doutrinas que querem salientar, dizendo: “Somos batistas” ou “somos presbiterianos”. E assim atraem os discípulos do verdadeiro centro de reunião, para ajuntá-los em torno do seu estandarte denominacional.
Não se esqueça: Deus estabeleceu a reunião dos salvos em Nome do Senhor Jesus Cristo e nunca formou, nem aprovou a formação de nenhuma denominação. O plano divino é que os cristãos estejam reunidos como cristãos, sem qualquer qualificativo. O denominacionalismo é uma arma do inimigo para dividir o povo de Deus e roubar do nosso Senhor a glória à qual Ele tem todo o direito.
R. E. Watterson
Fonte: Site, Editora Sã Doutrina
Os princípios
Além de termos em Mateus 18:20 uma promessa preciosa, encontramos também alguns princípios importantes. No seu contexto imediato, temos a segunda menção, no Novo Testamento, da palavra “igreja” (v. 17). O Senhor Jesus Cristo havia falado a respeito da Sua Igreja, em Cesaréia de Filipos (Mateus 16:13-19) e agora, no capítulo 18, torna a falar dela. No capítulo 16, a palavra “igreja” refere-se àquele corpo místico de Cristo que inclui todos os verdadeiros cristãos, mas no capítulo 18 a palavra tem um sentido mais restrito. Refere-se a uma igreja local, que pode ser composta de somente duas ou três pessoas. Nesta primeira referência à igreja local, encontramos em “germe” certos princípios que são plenamente desenvolvidos através de Atos dos Apóstolos e das epístolas. Vamos considerá-los.
1) A atração
A versão portuguesa da Bíblia que tenho em mãos diz:
“Porque onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles”.
A preposição “em” não traduz plenamente o sentido do vocábulo usado no texto original. A preposição grega usada aqui é eis, que normalmente dá a idéia de movimento em direção a algum objeto. O significado desta frase, portanto, é que dois ou três estão reunidos porque se acham atraídos ao Nome do Senhor Jesus Cristo. A idéia não é apenas de autoridade, como seria o caso se considerássemos a preposição portuguesa “em”.
O verbo “reunidos” também merece atenção. No texto original é um particípio perfeito que, na língua grega, indica um ato no passado cujos efeitos continuam no presente. Além disto, é passivo, indicando que foram reunidos por força, ou vontade, de outrém. Isto quer dizer que estes dois ou três estão reunidos porque, antes, o Espírito Santo operou no coração de cada um deles, atraindo-os ao Nome do Senhor Jesus. É em conseqüência desta operação do Espírito que eles se acham reunidos.
Não é, portanto, em qualquer ajuntamento de dois ou três que o Senhor promete estar. Nem mesmo em qualquer reunião de cristãos! Sabemos que Ele é onipresente, mas esta promessa não se refere a um encontro ocasional ou proposital de dois ou três cristãos. Esta promessa refere-se a algo diferente. Ele promete estar presente onde estiverem dois ou três reunidos em Seu nome, isto é, um grupo de pessoas reunidas propositadamente por terem sentido, e estarem sentindo, uma atração ao Nome do Senhor Jesus. Estão reunidos em conseqüência da operação do Espírito Santo.
O primeiro princípio, portanto, que aprendemos neste versículo é o da atração do crente ao nome do Senhor Jesus; é o motivo que deve inspirar todas as reuniões dos cristãos. Uma igreja local é um grupo de cristãos que se reune regularmente por estarem atraídos ao Seu nome.
Talvez seria bom ilustrar isto agora, usando os acontecimentos narrados em João 1:29-39. Quando João Batista viu o Senhor Jesus que vinha para ele, disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. No dia seguinte, João estava outra vez ali, junto com dois dos seus discípulos, quando viu o Senhor passar e disse: “Eis aqui o Cordeiro de Deus”. Note a pequena, porém significante, diferença nas duas declarações de João. Falando com a multidão, João apresentou Aquele que podia tirar o seu pecado; era disto que a multidão precisava. Ao falar com os seus dois discípulos, porém, limitou-se a falar da Pessoa — o Cordeiro de Deus. O mesmo que tira o pecado do pecador atrai as afeições do crente.
Mas observe o que aconteceu depois. Vendo que eles O seguiam, o Senhor lhes perguntou: “Que buscais?” Eles não responderam àquela pergunta; antes fizeram outra: “Rabi, onde moras?” E o Senhor também não respondeu diretamente à sua pergunta. Disse-lhes: “Vinde e vede”.
Foram e ficaram!
Note bem este fato importante. Eles foram sem saber onde Ele morava. Como Abraão, saíram sem saber para onde iam (Hebreus 11:8). Logo, não foi o lugar que os atraiu; não consideraram se aquele lugar era agradável ou conveniente. Foram porque Cristo estava lá. Ele foi o “imã” que os atraiu! Não sabiam se haveria outras pessoas ali, ou quem seriam estas pessoas. A única atração foi a presença de Cristo.
Outro versículo bíblico que ilustra esta atração à Pessoa do Senhor Jesus é Cantares de Salomão 1:7: “Dize-me, ó tu, a quem ama a minha alma: Onde apascentas o teu rebanho, onde o recolhes pelo meio dia: pois porque razão seria eu como a que erra ao pé dos rebanhos de teus companheiros?”
A esposa, perplexa e preocupada, procura o rebanho do seu amado. Ela não se contenta em ficar junto dos rebanhos dos companheiros dele, embora pudesse ser bem tratada ali. O seu coração anelava a presença do amado. Não era a qualidade do pasto, nem os confortos do lugar, que a atraíam; queria a presença do seu amado.
No começo da Igreja foi assim. Os cristãos foram atraídos somente ao seu Amado, o Senhor Jesus Cristo. Reuniam-se unicamente em Seu Nome. Havia um rebanho e um Pastor.
Mas isto durou pouco.
Logo nos primórdios da Igreja ouvimos alguns dizer: “Eu sou de Paulo”, enquanto outros diziam ser de Apolo ou de Cefas ou até de Cristo (talvez num espírito sectário; I Coríntios 1:10-13). Mais ou menos um ano após isto, Paulo avisou os anciãos da igreja em Éfeso que, depois da sua partida, se levantariam homens falando coisas pervertidas para atraírem os discípulos após si (Atos 20:30). Note bem, seriam discípulos os que seriam atraídos. Verdadeiros discípulos! Seriam arrastados da posição certa que até então haviam ocupado e seriam arrastados após homens. Não seriam mais atraídos somente ao Nome do Senhor Jesus; seriam atraídos aos homens que os arrastavam.
O resultado seria confusão. Enquanto alguns cristãos permaneceriam como desde o começo, reunidos em Nome do Senhor Jesus, outros cristãos passariam a reunir-se em torno do seu líder, formando assim a sua seita. Mas não há dúvida, seria errado um cristão unir-se àquela seita. Ele deveria permanecer reunido em Nome do Senhor Jesus. E se concordarmos que seria errado, naquele tempo, um cristão unir-se a uma seita, então é igualmente errado o cristão, hoje, pertencer a uma seita.
Como aquela semente maléfica que apareceu há tanto tempo, em Corinto e em Éfeso, se tem desenvolvido! Hoje, vemos verdadeiros cristãos divididos em denominações que os homens criaram. E o pior é que esta situação está tão generalizada que a maioria dos cristãos a aceita como se fosse normal! Não percebem que a existência de denominações é um mal, uma rebelião contra o senhorio de Cristo, e um testemunho eloqüente do orgulho e da ambição dos homens.
Diante desta situação calamitosa, somos forçados a emprestar as palavras de Mateus 13:28: “Um inimigo é quem fez isto”. Deus não é o Autor desta confusão (I Coríntios 14:33). Cada seita é um desaforo a Cristo, pois tira os cristãos do lugar onde deveriam estar — reunidos em Seu Nome — e os arrasta para o seu lado, enumerando-os entre os seus adeptos. O que apareceu em Corinto foi apenas a semente; hoje vemos o fruto maduro. Cristãos agora se reúnem em nome de conhecidos servos de Deus, dizendo: “Somos luteranos” ou “somos wesleyanos”; ainda outros reúnem-se em nome indicativo das doutrinas que querem salientar, dizendo: “Somos batistas” ou “somos presbiterianos”. E assim atraem os discípulos do verdadeiro centro de reunião, para ajuntá-los em torno do seu estandarte denominacional.
Não se esqueça: Deus estabeleceu a reunião dos salvos em Nome do Senhor Jesus Cristo e nunca formou, nem aprovou a formação de nenhuma denominação. O plano divino é que os cristãos estejam reunidos como cristãos, sem qualquer qualificativo. O denominacionalismo é uma arma do inimigo para dividir o povo de Deus e roubar do nosso Senhor a glória à qual Ele tem todo o direito.
R. E. Watterson
Fonte: Site, Editora Sã Doutrina
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