Introdução - 7ª parte

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

As 42 Jornadas no deserto



Introdução - Parte 7

TEXTO: Nm 33.1



Por Luiz Fontes



“Estas são as jornadas dos filhos de Israel, que saíram da terra do Egito, segundo os seus exércitos, sob a direção de Moisés e Arão” Nm 33.1


Em relação ao texto acima, quero que vocês prestem atenção para a forma plural colocada pelo Espírito Santo, quando trata da experiência do povo de Israel no deserto. São “as jornadas” e não a jornada. Porque não caminhamos sempre em um mesmo tom, numa mesma tônica. Temos que entender que existem mudanças, e muitas dessas mudanças são abruptas. Na vida cristã há várias etapas que temos que passar. São várias jornadas. É como se Deus estivesse nos dizendo: “Filhos, vocês terão que passar por todas essas experiências, não de uma vez, mas pouco a pouco, uma coisa depois outra”. É assim que nós vemos.

A Bíblia diz que Moises escreveu estas saídas conforme suas jornadas por mandado do Senhor. Veja esta frase: “Por mandado do Senhor”. Certamente, o interesse do nosso Deus não é meramente histórico. Ele não escreveu história somente pela história. Todavia, é claro que Deus escreve a história. O texto de Romanos 15.4 comprova isto:


“Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança..” Rm 15.4


Portanto, todas as coisas escritas na Bíblia, foram escritas para o nosso ensino; a história das “jornadas” é um exemplo. Os santos do novo testamento, os cristãos, não somente devem olhar para a história, mas devem saber que estão vivendo essa história. Deus não está interessado que sejamos antiquários, apenas conhecedores dos fatos históricos. Ele quer que tiremos proveito da história, tanto para nós como para aqueles que caminham conosco, que peregrinam conosco. O texto acima diz: “para que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”. Essa palavra “esperança” no grego é elpis” – fala de um antegozo. Irmãos e irmãs! Na medida em que estamos caminhando nessas jornadas espirituais, estamos tendo um antegozo da era vindoura. Então, o apóstolo diz logo em seguida:


Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus”. Rm 15.5


Em cada uma dessas jornadas encontraremos nomes estranhos, mas todos têm um significado espiritual para nossa vida. E em cada estação dessa peregrinação há lições que precisamos aprender. Às vezes, estas estações são muito extensas, e por conta disso, pode parecer que a nossa experiência é uma via-crúcis. No entanto não podemos esquecer que as jornadas foram escritas para a nossa aprendizagem, a fim de que tenhamos paciência pela consolação das Escrituras; isto é o antegozo de tudo o que nos aguarda na era vindoura. Que coisa maravilhosa! Note bem, é isto que a Bíblia diz: para que tenhamos paciência. As jornadas foram escritas para que tenhamos esperança, para que a Escritura nos dê, pelo Espírito Santo, primeiro, paciência e consolação. E assim, pela paciência e consolação tenhamos esperança, pois, tudo o que aconteceu no passado e foi registrado na Palavra do Senhor, é para o nosso ensino.

O que aconteceu com Moisés e todas aquelas pessoas não aconteceu somente no sentido histórico, arcaico. Aquelas jornadas foram dirigidas por Deus; cada saída e cada chegada foram dirigidas pela nuvem da glória de Deus. O Senhor se levantava e dizia quando sair, para onde ir, quando parar e quanto tempo deveriam ficar em cada estação. Tudo isso foi ensinado por Deus a Israel, e foi ensinado com vistas à nossa própria experiência cristã hoje. Quando Deus estava dirigindo-se a Israel, Ele não estava pensando somente em Israel. Deus estava, através de Israel, pelo poder do Espírito Santo, escrevendo a Sua Palavra. Deus estava preparando as Escrituras para quatro coisas: ensino, paciência, consolação e esperança. É isto que podemos ver nos versículos 4 e 5 do capítulo 15 de Romanos. Então o ensino nos guia à paciência, e quando temos paciência também temos consolação, e pela consolação temos a esperança. Todas essas jornadas foram escritas para nós.

Há muitas passagens na Bíblia onde as jornadas são resumidas, e nesses resumos também temos lições para aprendermos, mas a intenção agora não é ler os resumos, é ler jornada após jornada, estação após estação; cada uma destas paradas onde temos tantas e grandiosas lições para a nossa vida cristã. Uma coisa é chegar a uma estação e outra coisa é sair dela; e esta é uma experiência que temos que aprender. Às vezes chegamos a uma determinada estação, e Deus quer nos levar a uma situação completamente diferente. Mas, não é o mesmo chegar como em um mero avanço, bem como, não significa sair de uma estação sem entendermos nada. Não. Em cada uma delas, em cada chegada deve haver uma experiência, em cada saída deverá haver uma experiência. É isso que Deus deseja em nós. Uma estação pode ser boa quando é um avanço, mas pode ser algo mal quando é uma fixação, isto é, quando você pretende permanecer ali e resumir sua vida cristã toda numa só situação, numa só experiência. O Senhor quer que avancemos em direção a outra estação. Não podemos ficar parados na vida cristã. Existem situações em nossa vida que precisam ser mudadas. Não podemos permanecer do mesmo jeito. Mas, só o Senhor sabe a hora de sairmos. Quando o Senhor nos mandar sair, então precisamos sair, necessitamos levantar o arraial, pois em cada uma dessas situações iremos aprender princípios espirituais.

Vejamos este texto de Números:


“... partiram, pois, de Ramessés no décimo quinto dia do primeiro mês; no dia seguinte ao da Páscoa, saíram os filhos de Israel, corajosamente, aos olhos de todos os egípcios...”. Nm 33.3


Esta é a Primeira Jornada. A Bíblia diz que saíram de Ramessés e acamparam em Sucote. Acampar significa uma coisa e sair significa outra. São experiências diferentes. Vejamos:


“... enquanto estes sepultavam todos os seus primogênitos, a quem o SENHOR havia ferido entre eles; também contra os deuses executou o SENHOR juízos. Partidos, pois, os filhos de Israel de Ramessés, acamparam-se em Sucote.” Nm 33.4,5


Precisamos entender que sair de Ramessés é uma coisa e entrar em Sucote é outra. Por isso, precisamos ver Sucote em dois sentidos: o sentido da chegada - que é algo muito bom, porque Deus nos tira de uma situação e nos leva a outra melhor – e o sentido da saída – quando o Senhor vê que há algo em nós que já foi ganho; significa que nós aprendemos e temos que sair. Durante um tempo é bom, mas chega o momento em que tem que sair. Vamos ver o versículo 12 do capítulo 5 de Hebreus:


“Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido”. Hb 5.12


Não estamos seguindo a perfeição, mas ficamos parados. Alguns cristãos estão assim. Por isso, muitos continuam na mesma jornada, porque só sairão depois de alcançarem a maturidade. Não podemos ficar parados! Há momentos que nós temos que permanecer, mas depois não poderemos mais ficar. Temos que avançar na vida cristã. É isso que aprendemos nessas jornadas. Aqui vemos a palavra “rudimentos” (stoicheion no grego) - são os princípios elementares da fé cristã. É verdade que há um tempo para os rudimentos, o ABC da vida cristã. Veremos vários destes rudimentos nas primeiras estações, mas chega o momento em que depois de tanto tempo é preciso sair deles e seguir adiante, até a maturidade. Porém, não se chega à maturidade de repente, mas é de glória em glória, de triunfo em triunfo, de prova em prova, de circunstância em circunstância. É claro que a palavra triunfo é mais bonita, mas a Bíblia diz que para sermos provados, devemos ser levados para o deserto, por todos esses lugares, para que assim, provados, possamos alcançar o triunfo da vitória de Cristo.

Então, as jornadas são experiências espirituais do povo de Deus. E essas experiências são progressivas. Assim, cada estação tem dupla face, a chegada e a saída. Há uma etapa bem-aventurada de chegada, caracterizada por algo novo, precioso; e graças a Deus pelo tempo necessário acampando e aprendendo. No entanto, o Senhor sabe que logo é hora de sair. Foi muito bom e agradável chegar. Foi maravilhosa, a experiência da chegada, mas, da mesma forma, temos que sair. Vamos ver um texto que se encontra em 1 Corintios 10. Neste capítulo podemos ler um desses resumos. Paulo diz isso a partir do primeiro versículo:


“Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés. Todos eles comeram de um só manjar espiritual e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo. Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto.” 1 Co 10.1-5


Podemos ler até o versículo 14, e entenderemos melhor. Veja que o Apóstolo Paulo começa a chamar a atenção da Igreja para essas jornadas em que o povo de Israel passou pelo deserto. “Não quero que ignoreis” disse Paulo. Isto quer dizer que são coisas que a Igreja não deve ignorar, porque foram escritas para o nosso ensino, afim de que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança. Por isso, Moises foi mandado por Deus. Deus deu ordens a Moisés: “Escreve estas jornadas em ordem”. Deus determinou que esses escritos fossem registrados de forma permanente, e também que não ficassem apenas como um registro histórico, arcaico e arqueológico. O desejo de Deus é que essas jornadas sirvam de ensino, que sejam vida para nós. Paulo disse: “não quero, irmãos, que ignoreis”. Ele fez um resumo, e afirmou que os nossos Pais estiveram debaixo da mesma nuvem e todos passaram pelo mar. Observe como o apóstolo recordou todas as jornadas. Ele disse à Igreja: Não ignore isso! Todos eles beberam da mesma Pedra Espiritual. Veja como Paulo transcreveu aquelas experiências de Israel pelo deserto. Mas ele falou que “Deus não se agradou de muitos deles, razão por que ficaram prostrados no deserto”. Saíram e foram batizados, estiveram debaixo da nuvem, porém ficaram travados em algumas estações. Alguma coisa aconteceu no caminhar que fez com que alguns não avançassem. E o que foi que aconteceu? Ele nos diz: “ficaram prostrados no deserto”. Agora veja o verso seguinte:


Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram”. 1Co 10.6


Quais são estas coisas mencionadas por Paulo? Precisamos observar que ele está resumindo em quatro versículos todas as jornadas do povo de Israel. Ele está chamando nossa atenção sobre alguns pontos importantes, preponderantes daquelas jornadas. Quando ele diz: “estas coisas”; está se referindo a todos os acontecimentos e lições distintas que se sucederam naquelas jornadas, e que servem de exemplo para nós; para que possamos estudar estes livros das jornadas minuciosamente, e venhamos a aprender as lições práticas para a nossa vida. Se quisermos viver a vida cristã em comunhão com Deus, uma vida guardada em Cristo, uma vida escondida em Cristo, precisamos dar atenção a essas jornadas, porque aqui começa alguns pontos importantes da nossa vida cristã.

Irmão e irmã. Vocês precisam entender que estamos numa peregrinação espiritual, numa jornada espiritual. Não podemos vacilar, não podemos errar. Precisamos ser atenciosos, cuidadosos quanto a nossa vida cristã. Por isso, Deus coloca diante de nós a Sua Palavra como correção e disciplina para que não vacilemos, para que não erremos, para que o Seu Espírito, através dessas jornadas, possa nos disciplinar e nos mostrar o nosso caminhar, a forma como estamos vivendo a nossa vida cristã.

Que Deus te abençoe através dessa Palavra. Prosseguirei compartilhando sobre este assunto na esperança de que o Deus de toda graça, no poder do seu Espírito Santo, através da Sua Palavra, fale poderosamente ao seu coração.



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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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