sexta-feira, 2 de outubro de 2009
As 42 Jornadas no Deserto
3ª Estação– Etã – Parte 06
Texto: Ex 13.20-22
Por Luiz Fontes
Como uma tipologia da visão celeste que governa a nossa vida, vemos que em Etã, o Senhor, de um modo tão maravilhoso, Se revelou ao povo de Israel através das colunas de nuvem e de fogo. Assim como os israelitas, nós fomos mergulhados para dentro da coluna de fogo e da coluna de nuvem, onde fomos batizados.
Por enquanto, continuaremos estudando sobre a visão espiritual na experiência de Pedro, mas depois estudaremos na experiência de Paulo e do Apóstolo João.
Em Mateus, no capítulo 16, versículo 28, o Senhor Jesus diz:
“Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui se encontram, que de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino”.
Agora em Mateus 17.1-3:
“Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele”.
Podemos ver nesta passagem algo muito especial: mais um aspecto da visão espiritual. Essa visão que governou os apóstolos, que governou a Igreja primitiva. Esta visão tem muito a ver com a nossa edificação. A transfiguração do nosso Senhor Jesus é uma experiência maravilhosa de uma glória tremenda. A glória interior do Seu ser resplandece no Seu exterior.
A Bíblia nos revela que nessa atmosfera os discípulos dormiram e quando acordaram, viram que Moisés e Elias estavam com o Senhor Jesus. E Pedro imediatamente disse para o Senhor:
“Então, disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas (tabernáculos); uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias” - Mt 17.4.
Nesse texto observamos que Pedro demonstra o seu desejo de permanecer ali para sempre. Mas, de repente aquela nuvem brilhante sumiu. E do céu surgiu uma voz que disse:
“... Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” – Mt 17.5.
Na sequência, a Bíblia diz que:
“Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo. Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos e não temais! Então, eles, levantando os olhos, a ninguém viram, senão Jesus” – Mt 17.6-8.
Precisamos fazer algumas ponderações. Porque, após o que ocorreu em Cesaréia de Filipe (Mateus 16.13-16), após todas as revelações que foram dadas, o Senhor conduziu Pedro, Paulo e João até o monte da transfiguração? Para dar-lhes uma visão antecipada de como será o Reino dos Céus. Qual é o relacionamento entre o Reino e a Igreja? Necessitamos fazer esta pergunta. Certamente o Senhor Jesus sabia que a razão pela qual Pedro rejeitou a Cruz foi porque ele não viu o Reino. Se Pedro tivesse visto o Reino, ele receberia a cruz, ele aceitaria a vida de cruz, saberia que a cruz era uma necessidade, porque é através do sofrimento que se chega a gloria. Mas sem ver o Reino, ele não era capaz de ver a necessidade da cruz, e ele não teria força para poder levar uma vida de cruz. Então o Senhor deu a ele uma visão do Reino: o que era o Reino; a glória do Reino; e qual o relacionamento entre o Reino e o sofrimento.
O que é o Reino de Deus? O Reino de Deus é o reinado do Senhor Jesus, no Seu Reino. No seu Reino Ele é supremo, é absoluto, não há lugar para ninguém mais. Não há lugar para Moisés, para Elias, para nenhum de nós. Não há lugar para Pedro, para João. Não há lugar para nenhum homem, para ninguém, a não ser Ele. No Reino, o nosso Senhor reina soberanamente. No Reino você não vê ninguém mais a não ser o Senhor Jesus. No Reino você não deve falar; você deve ouvir o Senhor. Esta é a Lei do Reino. O Reino é o glorioso e soberano Reinado de Cristo Jesus. Será que nós estamos nesse Reino? O Senhor “... nos libertou do império das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do Seu amor” - Cl 1.13. Já que estamos no Reino, temos nós o Reino? O Reino de Cristo é real na experiência cristã? Nós submetemos a nossa vida completamente a Nosso Senhor Jesus? Será que nós não temos vivido uma vida à parte do Reino de Cristo? Que Deus nos guarde! Precisamos submeter a nossa vida completamente ao Senhor Jesus. Ele é o monarca supremo desse Reino; Ele é o Rei. O Seu Reino está sobre nós, e tudo o que temos de fazer é ouvir; essa é a nossa função; essa é a nossa responsabilidade. Nós não temos que fazer perguntas. Nós não temos de perguntar porque, mas nós devemos apenas ouvi-Lo e obedecer. Assim devem ser os filhos do Reino. É um Reino de amor, porque aqui você descobre qual é o assunto sobre o qual Moisés e Elias estavam conversando com o Senhor Jesus. Eles estavam falando a respeito da Sua partida. O Verbo se fez carne, fez a Sua entrada neste mundo e tabernaculou no meio dos homens, com trinta e três anos; e agora está partindo, saindo do mundo. Como é que se sai aqui do mundo? Lucas quando trata deste assunto da transfiguração, fala justamente sobre isso.
Moisés teve a sua saída no monte Nebo, quando ele morreu e Deus o sepultou. Elias foi tomado por uma carruagem de fogo. E como o Nosso Senhor Jesus teve a Sua saída deste mundo? No tocante a Ele mesmo, o nosso Senhor poderia sair dali mesmo, daquele monte da transfiguração, porque Ele era o homem perfeito. Não havia Ele demonstrado isto ao mundo? Ele é o Homem segundo o coração de Deus. Ele é aquele que Deus tinha originalmente planejado para a glória do Seu propósito.
Agora, vemos que o Senhor Jesus manifesta, no monte da transfiguração, a Sua essência interior, a moral da glória da Sua expressão. Ele poderia dali mesmo, do monte da transfiguração, retornar ao Trono. Todavia, se Ele tivesse feito isto, haveria apenas um Homem no céu. Mas graças a Deus, o nosso Senhor não saiu dali do monte da transfiguração. Ele desceu daquele monte até a planície, e daquela planície, até o Calvário, até a Cruz. A saída Dele do mundo foi através da Cruz. Isso nos mostra o Seu amor. A Cruz é a expressão plena do amor de Deus por nós. Ele nos amou de tal maneira que Se deu por nós. Este é o Reino de Deus. É o amor que sofre, o amor sacrificial, é a natureza do Reino. Nós somos os filhos do Reino, portanto temos de levar conosco este mesmo caráter. Nós temos que viver no padrão do Reino, de acordo com o caráter do Reino. Essa é a razão pela qual temos que amar a Deus com todo o nosso coração e amar uns aos outros da mesma maneira que Cristo nos amou. Embora isto seja impossível de ser gerado e processado por nós mesmos, o amor de Cristo derramado em nós por Seu Espírito nos faz amar os nossos irmãos e amar a Deus. Este é o Reino de Deus.
Conhecendo e compreendendo esta verdade, descobriremos que o problema não é a cruz em si. O problema é que temos medo da cruz. E isto acontece pela carência da visão espiritual, que nos leva a enxergarmos a morte como o fim de toda a nossa existência. Assim, tentamos evitá-la e deixamos de conhecer o Seu significado. Mas a cruz, na verdade, é o final da nossa vida adâmica, da nossa natureza humana, pecaminosa. A cruz é um lugar de morte; é onde somos crucificados. Nós precisamos ser levados à cruz. Mas isto tem que ser uma decisão nossa, porque na cruz há ressurreição e glória. Nós não vemos esta parte, mas se começamos a ver esse aspecto do Reino, vemos que há ressurreição. A morte não é o fim, é o processo para chegar até a ressurreição. A verdadeira visão do Reino é extremamente necessária, porque ela nos habilita a nos submetermos ao Senhor, a levarmos a cruz e servimos ao Senhor. E fazendo assim, iremos descobrir que o nosso fim vai ser a Gloria. É esta visão que edifica a Igreja. E quando a Igreja é edificada, ela traz o Reino de Deus a esta Terra.
Vejamos o texto a seguir:
“Agora, envia mensageiros a Jope e manda chamar Simão, que tem por sobrenome Pedro. Ele está hospedado com Simão, curtidor, cuja residência está situada à beira-mar. (...) No dia seguinte, indo eles de caminho e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao eirado, por volta da hora sexta, a fim de orar. Estando com fome, quis comer; mas, enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase; então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come.” At 10.5,6,9-13.
Segundo a lei Levítica, os animais contidos no lençol que desceu do céu eram imundos e nenhum judeu devia comê-los. Pedro replicou porque ainda estava arraigado na tradição judaica. Quando ele ouviu aquela voz dizer: “... Mata e come...”, Pedro disse:
“... De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda” – At 10.14.
Pedro viveu toda a sua vida de acordo com a tradição da lei, por isso, em sua mente, ele não poderia comer algo imundo. E a voz ecoou mais uma vez, e disse:
“Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum. Sucedeu isto por três vezes, e, logo, aquele objeto foi recolhido ao céu” – At 10.15,16.
O legalismo era muito presente na vida de Pedro. Neste texto que estamos vendo podemos observar que ele preferiu quebrar um mandamento de Deus, a quebrar a tradição dos pais. Pedro, após ter tido esta visão, ficou imaginando o que significava. Ele duvidou, ele ponderou, foi considerando algumas coisas no seu coração, e enquanto ele ponderava esta visão, alguém bateu à porta. Eram os mensageiros de Cornélio que haviam chegado para buscá-lo.
“Enquanto Pedro estava perplexo sobre qual seria o significado da visão, eis que os homens enviados da parte de Cornélio, tendo perguntado pela casa de Simão, pararam junto à porta; e, chamando, indagavam se estava ali hospedado Simão, por sobrenome Pedro. Enquanto meditava Pedro acerca da visão, disse-lhe o Espírito: Estão aí dois homens que te procuram; levanta-te, pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque eu os enviei” – At 10.17-20.
Mas graças a Deus que Pedro obedeceu a voz do Espírito Santo.
O que significa esta visão? Pedro lançou os fundamentos acerca da visão da Pessoa do Senhor Jesus como o Filho de Deus Vivo. Foi através de sua visão espiritual que ele teve a revelação de que Cristo é a Rocha, o único fundamento da Igreja. E nós como pedras vivas, somos ligados e edificados sobre Ele. Pedro viu isto. Ele viu o caminho de Cristo, o caminho da Igreja e o seu estágio inicial. Através do caminho da cruz, também foi dada a Pedro, a visão do reino e o sofrimento e glória que vem depois.
Este é um assunto maravilhoso. Precisamos entender esta verdade. Nosso Bendito e Santo Pai deseja nos comunicar isto.
Que Deus continue a nos ministrar estas verdades acerca de Cristo Jesus, para que possamos entender como Deus nos governa através da visão espiritual, que é o fundamento da nossa experiência cristã.
Que o Senhor nos abençoe rica e poderosamente e prossiga falando ao nosso coração.
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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”
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