sexta-feira, 2 de outubro de 2009
As 42 Jornadas no Deserto
3ª Estação - Etã - Parte 08
Textos: Ex 13.20-22; Pv 29.18
Por Luiz Fontes
Vamos ler o versículo 18 do capítulo 29 do Livro de Provérbios:
“Não havendo profecia (visão), o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é feliz”
Em outras traduções este texto está assim: “Não havendo visão o povo fica sem restrição.”; ou ainda: “Não havendo visão o povo se desintegra.”; ou então: “não havendo visão o povo perece”. Portanto, podemos ver como é importante ter visão espiritual. Quando o povo de Israel estava em Etã, o Senhor colocou sobre eles uma Nuvem e também uma Coluna. A Nuvem para guiá-los durante o dia e a Coluna para iluminá-los à noite. Assim também, precisamos ser iluminados e guiados. E se há algo dentro de nós que traz essa direção é a visão celeste que o Espírito Santo usa para nos guiar e para nos iluminar. Esse é o fundamento da Palavra de Deus dentro de nós.
Essa é a visão celeste que nós estamos estudando na experiência de Pedro, Paulo e João. Já estudamos na vida de Pedro. Agora vamos estudar na vida de Paulo. Porque sem visão nós não teremos restrição alguma. Viveremos na nossa liberdade, faremos aquilo que desejamos fazer. Não haverá qualquer controle, não haverá disciplina. Mas se vivermos assim, seremos dissipados. Sem visão nós iremos descobrir que ficaremos espalhados por todos os cantos; desintegrados. Nunca haverá para nós a verdadeira comunhão. Estaremos perecendo espiritualmente. Portanto, é fundamental na vida cristã que tenhamos visão espiritual; a visão que vemos na vida de Paulo, Pedro e João. Sem visão celestial não teremos qualquer direção para a nossa vida; caminharemos à deriva. Sem esta visão não teremos a força para prosseguir, e não seremos capazes de suportar toda a oposição do mundo, do pecado, do Diabo, da carne e da nossa própria vida. Na época dos Juízes não havia rei, e cada um fazia o que achava bom aos seus próprios olhos. Sem visão, viveremos uma vida completamente espalhada, desintegrada em todas as direções; não seremos unidos em um só Corpo. Mas o desejo do Senhor Jesus é que sejamos um, assim como Ele e o Pai:
“... a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti também sejam eles em nós...” - Jo 17.21.
Jamais alcançaremos tal experiência, se não tivermos uma visão celeste para nos guiar. Precisamos ver o quanto a visão celestial é importante em nossa vida. O que o povo de Deus mais necessita nesse tempo, é ter visão celeste. Porque se tivermos esta visão saberemos para onde estamos indo; teremos a força para poder prosseguir e seremos capazes de vencer todos os obstáculos, todas as lutas, todas as provações. Como povo de Deus, seremos um, assim como o Pai, o Filho e o Espírito. Não se pode viver uma vida de obediência se não há visão celeste. Por isso necessitamos tanto ter esta visão celestial. Esta visão significa aquilo que se vê com os olhos espirituais. Talvez vejamos com os nossos olhos físicos, mas isso não constitui a visão nas Escrituras. Talvez possamos achar que entendemos com a nossa mente, porque estamos vendo com os nossos olhos. Mas, a questão da visão celestial é muito mais profunda do que se pode imaginar. É preciso ver isto no íntimo, com os olhos espirituais.
Temos que entender que a nossa vida foi vivificada em Cristo Jesus. Nós somos nascidos do Espírito, e aquele que é nascido do Espírito Santo é um novo espírito. Então, temos um espírito novo dentro de nós, que é capaz de ver o que está no coração de Deus. Através da visão, precisamos entender que, pela graça, Deus se revela a nós; revela o que está no Seu coração, através do Seu Santo Espírito, para dentro de nós. No mais profundo do nosso ser, o nosso espírito consegue penetrar o coração de Deus. Na primeira carta escrita aos Coríntios, Paulo chama isto de “as profundezas de Deus”, onde estão todas as verdades concernentes à Sua intenção, Seu pensamento e Seus propósitos. Deus abre o Seu coração para nós. E pelo Seu Espírito, somos capazes de ver o que está em Seu coração. Não vemos com os nossos olhos naturais, mas sim com os espirituais. Nossa vida em Cristo é uma vida espiritual. E quando nos é dada a graça de ver o que está no coração de Deus, vamos enxergar uma Pessoa, e essa Pessoa é Cristo, o Filho Amado. Este Filho oculta todo o coração de Deus. Tudo o que está no coração de Deus é o que o Filho deseja. E tudo o que Deus deseja é para o Seu Filho Amado.
Toda a Plenitude da Divindade habita em Cristo corporalmente. Nosso Senhor Jesus é chamado de o Mistério de Deus. Ele é o Segredo de Deus. E quando Deus revela o Seu Segredo, o que nós vemos? Vemos o Seu Filho Jesus Cristo. E no coração do Senhor Jesus, o que vemos? A Bíblia diz que o Mistério de Cristo é a Igreja; este é o ensino de Paulo no capítulo 3 de Efésios. Quando o Senhor Jesus abre o Seu coração para nós, vemos a Igreja. Esta é a visão celeste revelada na Bíblia. Nós precisamos ter comunhão sobre as visões de Pedro. Temos aprendido sobre a revelação do Pai, e sabemos que Pedro conheceu Jesus como o Filho do Deus Vivo. Ninguém pode ter essa revelação, de conhecer a Jesus, se não for revelado pelo Pai. Não podemos ser ensinados pelos homens acerca do conhecimento do Senhor Jesus. Tudo que pode ser ensinado dessa forma é apenas conhecimento mental, não é real e não tem poder. Mas quando Deus revela o Seu Filho em nós, então vemos que há vida e há poder.
No que concerne a obra do Senhor Jesus, Ele é o Cristo, o Ungido. Ele foi ungido para poder cumprir uma determinada missão, para cumprir e alcançar a obra de redenção. Ele é o Filho do Deus Vivo; o Messias. Esta essencial revelação nos foi dada pela graça de Deus. Em nosso espírito nós confessamos que o Senhor Jesus é o Cristo, o Filho do Deus Vivo. E com base nesta revelação, Ele continua a revelar algo mais. O Senhor disse a Pedro em Mateus, capítulo 16, versículo 18:
“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
O Pai revela o Filho, e o Filho revela a Igreja a nós. E como o Filho é muito querido pelo Pai, assim também a Igreja é muito amada, muito cara para o Senhor. Ele amou a Igreja e Se deu por ela, por amor! É isso que Paulo escreve no capítulo 5 da Epístola aos Efésios. E aqui nós encontramos mais revelação; não apenas uma revelação de Jesus Cristo, o Filho de Deus, mas também, uma visão da Igreja, a qual o Senhor Jesus irá edificar e está edificando. Ele disse que “iria edificar a sua igreja”. A igreja é Dele; é Ele quem edifica. E os portões do inferno não podem prevalecer contra aquilo que Ele está edificando.
Descobrimos então que Pedro nesse momento viu duas coisas: uma foi a revelação de Jesus Cristo e a outra foi a revelação da Igreja. Pedro viu Jesus como o Filho de Deus e também viu a Igreja do Senhor Jesus Cristo, que Ele mesmo está edificando. Embora Pedro tenha recebido de Deus, esta revelação não foi plena. Pois, quando Jesus continuou a revelar aos Seus discípulos que deveria ir para Jerusalém, que seria rejeitado e morto, e que ao terceiro dia iria ressuscitar dentre os mortos, Pedro não concordou. Ele disse que o Senhor Jesus não precisaria ir para a cruz e morrer. Mas o Senhor o repreendeu e disse: “Arreda, Satanás” – Mt 16.23.
Então, o Senhor Jesus começou a revelar a Seus discípulos que deveria dar a Sua vida em prol deles. Se eles perdessem a sua própria vida na alma, eles iriam ganhá-la. Mas se eles tentassem ganhar a vida da sua alma, eles iriam perdê-la. Observamos que até esse momento uma revelação maior ainda não tinha sido dada. O Senhor começou a revelar o caminho de Cristo e o caminho da Igreja. Cristo não poderia ser Cristo, se não fosse para a cruz; este é o caminho. A Igreja só pode ser edificada se aceitarmos a cruz na nossa vida. Se não negarmos a nós mesmos, não tomarmos a nossa cruz e não seguirmos o Senhor, a Igreja nunca vai ser edificada. Todos nós temos medo da cruz. Por esta razão, depois que se passaram seis dias, o Senhor tomou Seus três discípulos, os quais Ele sempre compartilhava algumas coisas em secreto, Pedro, Tiago e João, e os levou ao monte da transfiguração. Moisés e Elias apareceram falando com o Senhor Jesus sobre a Sua partida; como Ele partiria do mundo. E os três discípulos estavam tão sobrepujados com àquela glória que foram dormir. Mas quando acordaram, descobriram que a conversa entre o Senhor Jesus, Moisés e Elias, estava terminando. Então Pedro disse:
“... Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas (tabernáculos); uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias” – Mt 17.4.
De repente, uma nuvem brilhante os cobriu; a glória, a shekiná de Deus apareceu, e eles ouviram uma voz que disse:
“... Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” – Mt 17.5.
Pedro, Tiago e João ficaram com muito medo e muito espantatados. E quando abriram os olhos não viram mais ninguém, a não ser o Senhor Jesus, pois, Moisés e Elias já haviam desaparecido. Em outras palavras, o Senhor Jesus mostrou a eles o Reino. A razão pela qual Pedro não conseguia entender a Cruz era porque ele não conseguia ver o Reino. Qual é a nossa atitude para com a Cruz? Não temos de crer apenas na Cruz do nosso Senhor Jesus, mas temos de tomar a nossa própria cruz e seguir o Senhor, e a Sua Cruz nos dará força para carregarmos a nossa cruz.
Lembremos que Pedro, em Jôpe, quando viu aquele lençol com todo tipo de répteis e quadrúpedes descer do céu, e ouviu a voz que lhe disse para matar e comer, por três vezes resistiu. Mas depois alguém bateu na porta procurando por ele, e o Espírito Santo disse ao seu coração para que descesse e fosse com aqueles homens sem perguntar nada. Assim, Pedro foi conduzido para a casa de Cornélio onde viu o Espírito Santo descer sobre os que estavam naquela casa. Agora, ele estava vendo como o Senhor Jesus edifica a Sua Igreja.
Em Pedro nós vemos Cristo lançando o fundamento. Sobre aquela fundação, nós vemos agora Paulo que era um construtor de tendas. Descobrimos então que a obra de Paulo estava relacionada com a edificação da Igreja. O ministério de Pedro era trazer os materiais; ele era um pescador. O seu trabalho era lançar as redes e trazer os peixes. Paulo era alguém que fabricava tendas. Ele tomava esse material e edificava aquilo que vemos na Bíblia como a Casa de Deus, o lugar da Sua Habitação.
Temos que entender que a Bíblia não é um livro apenas para lermos. Algumas pessoas apenas lêem a Bíblia. Temos que ler a Bíblia escutando Deus. Se nós não conseguimos ler a Bíblia escutando Deus, jamais iremos entender a Sua Palavra. Isso tem que ser verdadeiro quanto a nós. Temos que ler a Bíblia tendo experiência porque a Palavra de Deus é vida, ela vive, e nós precisamos que a Palavra de Deus escrita seja vida para nós. Cremos que o que está escrito na Palavra de Deus é para que tenhamos experiência com Ele. É para que venhamos experimentar a Palavra de Deus de forma profunda e gloriosa em nossa vida cristã. Cristo se tornará cada vez mais real para nós à medida que nos dedicamos mais e mais à Sua Palavra.
Então, cremos que o registro da visão de Paulo no capítulo nove de Atos é para a nossa admoestação, é para que possamos ver o que ele viu. Esta visão está registrada três vezes no livro de Atos. Porque três vezes? A primeira vez está no capítulo nove; é a narração de Lucas do que aconteceu com Paulo no caminho de Damasco. No capítulo vinte e dois de Atos, vemos mais uma vez, quando Paulo foi capturado pelos soldados romanos e pediu permissão para falar com os judeus. Havia uma grande multidão em Jerusalém, e ele falou aos judeus em hebraico dando o seu próprio testemunho. O outro registro está no capítulo vinte e seis de Atos, quando lhe foi permitido defender a si mesmo diante do rei Agripa. Mais uma vez, Paulo dá o seu testemunho. A Bíblia nos diz que o testemunho de dois ou três é fiel. Então, quer dizer que é um testemunho muito real, não é um testemunho para que apenas ouçamos, mas também um testemunho no qual devemos adentrar.
É sobre isto que estaremos estudando. Durante alguns dias vamos estudar sobre a visão celeste na experiência de Paulo. E que Deus possa ricamente falar a mim e a você. Que Deus venha superabundar na Sua Palavra para dentro de nós. Que você e eu venhamos a ser alcançados por aquilo que o Senhor está ministrando.
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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”
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