sexta-feira, 2 de outubro de 2009
As 42 jornadas no Deserto
3ª Estação - Etã - Parte 09
Texto: Ex 25.13-22
Por Luiz Fontes
Quando o povo de Israel esteve em Etã algo muito especial lhes aconteceu. O Senhor trouxe para eles aquela nuvem que durante o dia os guiava e a coluna de fogo que durante a noite os iluminava. Estas são duas grandes e poderosas experiências espirituais. A nuvem e a coluna nos mostra alguns princípios muito importantes da nossa própria jornada cristã.
Levados pelo Senhor a entender a Doutrina da Visão Celeste, temos estudado a experiência de Pedro, Paulo e João. Porque através da vida destes três homens, da maneira como Deus os conduziu, como o Senhor se revelou a eles, iremos compreender algumas facetas, alguns aspectos desta doutrina. E tudo isto constitui o fundamento da nossa doutrina cristã, da nossa própria vida em Cristo, da maneira como o Senhor nos guia e Se revela a nós, de como Ele trás fundamento a nossa jornada. E assim, vamos compreender a nossa própria vida espiritual. Nós necessitamos desta Visão Celeste.
Já estudamos sobre a experiência de Pedro, e agora estamos estudando sobre a experiência de Paulo. A experiência de Paulo começa no capítulo 9 de Atos dos Apóstolos. Quando ele, no caminho de Damasco, teve aquela magnífica visão. É na narração do que aconteceu com Paulo no caminho para Damasco que Lucas introduz esse assunto na experiência do próprio Paulo. No capítulo 22 de Atos, após Paulo ter sido capturado pelos soldados romanos, ele pediu permissão para falar com os judeus. Em meio à grande multidão que havia em Jerusalém, Lucas narra que Paulo falou aos judeus em hebraico, dando o seu próprio testemunho e relatando outra vez a mesma visão que ele teve em Atos 9, quando ia para Damasco. E novamente Paulo dá testemunho desta visão no capítulo 26 de Atos dos Apóstolos, quando lhe foi permitido defender a si mesmo diante do rei Agripa. Paulo foi ousado diante do rei Agripa, em face àquela visão celeste.
Então, a visão espiritual que Paulo teve está registrada três vezes no livro de Atos. A Bíblia nos diz que o testemunho de dois ou três é fiel; é muito real. E não é um testemunho para que apenas o ouçamos, mas também um testemunho no qual devemos adentrar. Que tudo o que o Senhor revelou ao Apóstolo Paulo possa ser dado a cada um de nós. Esta é a vontade de Deus, e esta precisa ser a nossa oração: que nós tenhamos a mesma visão. Não devemos ver esses fatos como puramente históricos.
O apóstolo Paulo antes de se converter se chamava Saulo. Saulo significa: “Pedir alguma coisa”; “alguém que é solicitado”; ou seja, Saulo era muito solicitado. Paulo era um judeu helenista, no entanto nasceu e cresceu em Tarso - uma cidade gentia -, não na Palestina, mas era verdadeiramente um hebreu, um hebreu de hebreus, um hebreu típico, como ele mesmo testemunhou (Fp 3.5). Ainda que tivesse nascido em uma cidade gentia, a sua família era tão judaica que eles falavam hebraico. Muitos judeus naquelas cidades falavam apenas o grego, mas sendo hebreus de hebreus, significa que eles falavam hebraico. No oitavo dia ele foi circuncidado, segundo a lei de Moisés. Cresceu como judeu ortodoxo. Além de aprender a cultura grega da sua época, era um cidadão romano. Mas, provavelmente, quando tinha 12 anos - significa depois do seu Bar-Mitzvá -, ou seja, quando ele foi feito filho da lei, possivelmente ele permaneceu em Jerusalém, e aprendeu a lei aos pés de Gamaliel, que era um rabino muito famoso, neto de Hilel, grande rabino.
Saulo aprendeu tudo sobre a lei e se tornou um fariseu, que significava alguém que não apenas estudava a lei, mas também a guardava, até a vírgula. Um fariseu verdadeiro. Aquele que tinha verdadeiro compromisso Ortodoxo com a lei. Não o fariseu hipócrita que possuía apenas a aparência exterior. Ele era zeloso com a lei de Deus. Muito mais avançado que os seus contemporâneos. Saulo era extremamente zeloso, de forma que quando observava os seguidores do Senhor Jesus, sentia que aquelas pessoas tinham que ser varridas da terra, porque de acordo com a tradição dos pais, com a visão dos fariseus e dos escribas, eles consideravam Jesus um impostor, porque Jesus não alcançava os requerimentos deles. Eles queriam um messias e esperavam por um messias. Mas eles esperavam um messias político, um que os retiraria daquele jugo romano, que transformaria a nação de Israel na primeira de todas as nações. Então, quando o Senhor Jesus veio a este mundo, no princípio eles achavam que ele era o Messias, todavia, mais tarde descobriram que Ele não estava interessado em política, mas sim nas almas dos homens. Veio para buscar e salvar o que estava perdido. Eles ficaram profundamente frustrados, desapontados com o Senhor Jesus. Por isso eles O rejeitaram e O crucificaram.
Assim, Saulo começou a perseguir os cristãos. Quando Estevão, primeiro mártir da igreja, foi martirizado, Saulo, como um jovem, estava tomando conta das roupas dos que estavam o apedrejando até a morte. Ele aprovou todo aquele procedimento. Quando Estevão morreu, ele levantou os olhos e disse:
“... Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus” – At 7.56.
E quando eles o apedrejaram quase ao ponto da morte, ele se ajoelhou e disse:
“Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu” – At 7.60.
Saulo não era um fariseu hipócrita, como aqueles que Jesus criticou. Ele era um verdadeiro fariseu. Ele tentou ao máximo guardar a lei, todas as letras da lei. Saulo era genuíno e por este fato, ao observar todo o martírio de Estevão, não pode impedir que a sua consciência fosse tocada profundamente. Ele ouviu o que Estevão havia dito. Ele ouviu a oração de Estevão, e viu a maneira como ele estava morrendo. E como um fariseu verdadeiro, a sua consciência foi verdadeiramente tocada, porque ele viu algo que era real. Mas sendo tão arraigado às traições, ele procurou vencer a sua consciência e silenciá-la. A Bíblia diz que após o apedrejamento de Estevão, Saulo dobrou os seus esforços na perseguição aos cristãos. Ele estava literalmente enfurecido. Agora, estava disposto a sentenciá-los, forçá-los para que blasfemassem contra a Pessoa do Senhor, para que negassem o Senhor. Eu imagino que a razão pela qual Saulo estava fazendo tudo aquilo, era para tentar aquietar, acalmar a sua consciência. Sem dúvida, a sua consciência o importunava. Ele estava face a face com alguma coisa que era real e que ia contra todas as tradições que ele havia aprendido. Imagino que Saulo tentou lutar contra aquilo durante muito tempo da sua vida e talvez a maneira de aliviar a sua consciência era perseguir os seguidores de Jesus. E assim ele fez, não só nas cidades judaicas, mas mesmo nas cidades gentias, para prender aqueles que eles chamavam “do Caminho”, para trazê-los para Jerusalém e sentenciá-los a morte. Este é o conhecimento que nós temos de Saulo, antes da sua conversão.
Ele era uma pessoa genuína na sua fé. Realmente queria fazer aquilo que estava fazendo, por zelo, pois achava que estava realmente agradando a Deus. Ele agia dessa forma porque estava espiritualmente cego. Então, Saulo recebeu os documentos do sumo sacerdote e foi, juntamente com os seus soldados, em direção a Damasco para prender os seguidores de Cristo e trazê-los para Jerusalém para sentenciá-los. Mas antes de chegarem a Damasco, por volta do meio dia, de repente uma luz mais brilhante que a do sol brilhou sobre ele e seus seguidores, e todos sofreram conseqüências. Saulo, então, foi tocado de uma forma profunda naquela hora. A luz veio sobre si, e ele ouviu uma voz que dizia:
“Saulo, Saulo, porque me persegues?” – At 9.4.
E Saulo perguntou:
“Quem és Tu Senhor?” – At 9.5.
O Senhor permitiu que Saulo fosse tão longe quanto possível, e então o Senhor o capturou, porque sabia que ele era genuíno, ainda que estivesse fazendo a coisa errada, mas ele era verdadeiro, fiel. Saulo não conhecia o Senhor Jesus. Provavelmente quando ele completou o seu estudo rabínico, nosso Senhor Jesus estava escondido em Nazaré. Saulo deve ter retornado a sua cidade natal de Tarso, e nessa época Jesus estava viajando por toda a Judéia. Então, Saulo nunca encontrou o Senhor Jesus. Mas, ainda assim, o Senhor Jesus sempre o conheceu. Ele o chamou pelo seu nome; o Senhor disse: "Saulo, Saulo". Embora Saulo não O conhecesse, mas o Senhor o conhecia. Mesmo antes da fundação do mundo, O Senhor o conhecia. Eu e você precisamos ver como o Senhor se revela a ele de uma forma maravilhosa. Porque o Senhor estava trabalhando nele, na sua consciência. Jesus estava dizendo para ele, o quanto era duro recalcitrar contra os aguilhões.
O Senhor Jesus nos dá uma ilustração. Nos tempos antigos, quando um fazendeiro arava os seus campos, usava um touro ou um cavalo. Colocava o boi num jugo e a canga estaria sobre o pescoço, que seria conectado a um arado. Com uma mão o fazendeiro segurava o arado, e com a outra, um instrumento chamado aguilhão, um tipo de instrumento muito aguçado. E ele colocava a canga no boi, e o guiava aquele para arar a terra. O boi, alguma vezes, é bastante selvagem e tem a sua própria vontade. E quando o fazendeiro está arando a terra, quer que o boi ande em linha reta. Se o boi olha para os lados e alguma coisa o atrai, ele tenta sair da direção determinada pelo seu dono. E quando isto acontece, o que o fazendeiro faz? Ele usa o aguilhão. E ele toca na perna do boi, com a intenção de lembrá-lo sobre quem está no controle.
Não podemos fazer o que queremos. Temos que fazer a vontade do nosso Mestre. Precisamos fazer exatamente o que Ele quer que façamos. O Senhor estava dizendo que Saulo não podia fazer ziguezague. Ele precisava compreender que existe uma mão segurando o aguilhão, uma mão soberana; e esta é a mão que o controla; é a mão de Deus.
Geralmente os bois são muito ignorantes e selvagens; eles dão coices contra o aguilhão. O fazendeiro aplica o aguilhão gentilmente - porque ele não quer machucar aquele boi - apenas para lembrar o boi que ele tem um mestre, um guia. Quando ele dá coice contra o aguilhão, e se machuca, ele obedece. É aquilo que o Senhor Jesus falou para Saulo lembrando-o que ele não era o seu próprio mestre. Por mais que tivesse tanto estudo, ele não era seu próprio mestre. Paulo pertencia a Deus. Deus tinha um propósito na vida dele. E Saulo teria que fazer a vontade dEle, e não sair fazendo o que ele queria. Porque aquilo que ele estava fazendo era para desfrutar a si mesmo. Então, o Senhor disse para ele:
“Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões” – At 9.5.
Jesus disse para Saulo o quanto seria difícil e dolorido, mas que Ele seria trabalhado e iria trabalhar na vida dele. O Senhor falou que iria usar o aguilhão contra ele para que soubesse quem está no controle, quem está no domínio. É isto que o Senhor está dizendo para Saulo.
Neste ambiente da visão celeste na vida de Paulo, temos uma lição para aprender: que muitas vezes Deus usa o aguilhão contra nós, para nos mostrar que o Mestre é Ele, que nós estamos na direção Dele e devemos permanecer na direção Dele. E quando nós saímos fora nós precisamos ser tocados. Mesmo que gentilmente, Ele venha tocar em nós usando o aguilhão. Nós precisamos compreender que a nossa vida pertence a Ele.
Esta é a primeira lição, embora saibamos que o Senhor vai nos levar a aprender muito mais, a entender muito mais acerca desta visão celeste. E assim foi o começo na vida de Saulo. Vamos aprender mais alguns detalhes nos próximos estudos. Que o nosso coração esteja aberto para receber a Palavra de Deus.
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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”
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