sexta-feira, 2 de outubro de 2009
As 42 Jornadas no Deserto
3ª Estação - Etã - Parte 11
Texto: At 9.5
Por Luiz Fontes
“Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues”
Neste versículo nós podemos ver dois grandes mistérios do Novo testamento. O primeiro é o “mistério de Deus”, que está revelado no segundo capítulo da Carta escrita aos Colossenses. E Paulo diz que o mistério de Deus é Cristo. O segundo é o “mistério de Cristo”, que está revelado no capítulo três da Epístola aos Efésios. O mistério de Cristo é a Igreja.
Estes dois grandes mistérios revelados no Novo Testamento precisam ser manifestados na nossa gloriosa experiência cristã. Se não temos esta visão clara de que o mistério de Deus é Cristo, e que a Igreja é o mistério de Cristo, nunca vamos poder compreender a essência do Evangelho de Cristo Jesus. Deus deseja revelar a nós. Deus deseja trazer este mistério para poder nos edificar como Igreja para Ele. Eu e você precisamos estar claros quanto a isto.
Quando Saulo ouviu estas palavras: “... Eu sou Jesus a quem tu persegues”; imediatamente os seus olhos foram abertos. Ele viu estes dois mistérios. Ele viu o segredo do mistério de Deus. Este segredo é o Seu Filho Jesus Cristo. Deus fez com que Seu Filho fosse Herdeiro sobre todas as coisas. Ele deu tudo a Seu Filho Amado. Saulo viu Cristo, O Cabeça. O Cabeça sobre todas as coisas. Ele era O Cabeça sobre a própria vida de Saulo. Ao mesmo tempo, os olhos interiores de Paulo foram abertos, e ele recebeu a revelação da Igreja, o Corpo de Cristo.
Saulo não discutiu com aquela voz. Ele não tinha porque discutir. Por mais que por dentro ele estivesse dizendo que não perseguia Cristo - porque Cristo não estava mais na Terra, portanto não tinha por que persegui-Lo - ele aceitou aquilo como um fato verdadeiro. Como é que isto pôde acontecer com ele? Porque ele não estava perseguindo a Cristo, ele estava perseguindo o povo de Cristo. Cristo havia ressuscitado estava nos céus, ele não tinha como persegui-Lo, ele estava perseguindo seguidores de Cristo. Saulo poderia discutir e dizer que não perseguiu o Senhor, porque não há como persegui-Lo. Mas ele viu a realidade. Porque quando entendeu, viu que se tocasse num membro do Corpo de Cristo, estaria tocando em Cristo, o Cabeça. Naquele caminho para Damasco, Saulo não somente viu o Senhorio de Cristo como o Cabeça, mas viu também o Corpo de Cristo. Quando ele tocava aqueles cristãos a quem perseguia, tocava o Senhor, mesmo porque o Cabeça e o Corpo são um. Essa é uma grande revelação! É isto que eu e você devemos ver. É isto que Deus deseja edificar dentro de nós.
A Plenitude da Divindade habita em Cristo plenamente, mas Paulo viu que Cristo não é apenas o Herdeiro de todas as coisas, o Cabeça sobre todas as coisas, ele viu a Igreja, o Corpo de Cristo. A Igreja não é uma edificação de homens; é a edificação de Cristo. O Senhor Jesus disse: “... edificarei a minha Igreja...”. A Igreja não pode ser edificada por homens. Nesse texto, o Senhor Jesus falou de algo particular, pessoal, uma propriedade exclusiva. A Igreja é uma propriedade do Senhor Jesus. É isso que precisamos ver, é isso que temos que entender. Se eu e você não entendermos isso, jamais vamos compreender a verdade de Deus, nem o mistério de Cristo. Uma pessoa só não é Igreja, mas também precisamos entender que mil pessoas podem não ser Igreja, ser apenas mil indivíduos. Porque Igreja é um Corpo, um Organismo vivo, por onde o Espírito Santo expressa os Seus desejos e toda a vontade de Cristo, toda a vontade de Deus.
Vejamos o que o Senhor Jesus disse a Pedro:
“... tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja...” – Mt 16.18.
A primeira coisa que aprendemos nesta passagem é que Cristo é quem edifica a Igreja. Nesta passagem, nós podemos ver cinco princípios.
Primeiro – Cristo Crucificado é a Palavra que precisa ser pregada pela Igreja;
Segundo – A Igreja não é edificada por nada que não seja Cristo;
Terceiro – Nada que não revele Cristo, nada que não traga visão maior da obra de Cristo, jamais pode prevalecer no meio da Igreja;
Quarto – O significado do ministério cristão na Igreja é para mostrar Cristo, para levar pessoas a Cristo;
Quinto – Cristo é o material com o qual Igreja é edificada. Ele mesmo; a Sua Pessoa formada em nós, pelo Seu Espírito, pela Sua Palavra, pelo trabalho da Cruz.
Se não temos visto isto, pode ter certeza que estamos confusos quanto à vida cristã, quanto às verdades fundamentais da Bíblia.
Quando nós estudamos a Epistola aos Efésios, vemos que a grande ênfase de Paulo é apresentar a Igreja como o Corpo de Cristo. No versículo 23 do capítulo 1 de Efésios, Paulo diz:
“... a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas”.
Na Bíblia na linguagem de hoje este texto está assim:
“A igreja é o Corpo de Cristo, ela completa Cristo, o qual completa todas as coisas em todos os lugares”.
Quando estudamos Apocalipse, não vemos em nenhum versículo que a Igreja é o Corpo de Cristo, mas é apresentada como a Noiva de Cristo, a Esposa de Cristo. No versículo 2, de Apocalipse 21, nós vemos que a Igreja como Noiva, ela está ataviada, adornada para o Seu Esposo. Ainda no versículo 29, de Apocalipse 21, diz que ela é a noiva, a esposa do Cordeiro. No versículo 17, de Apocalipse 22, diz que “o Espírito e a noiva dizem: Vem!”. Há algo de muito especial em tudo isso. Quanto a sua vida, a Igreja é o Corpo de Cristo, mas considerando o seu futuro, ela é a Noiva de Cristo. Quanto à união de Cristo com a Sua Igreja, ela é o Seu Corpo. Considerando o relacionamento íntimo de Cristo e a Igreja, a Igreja é a Sua Noiva. Estas duas posições diferentes têm a ver com a diferença do tempo. Hoje a Igreja é o Corpo de Cristo, mas no futuro a Igreja será a Noiva, a Esposa de Cristo. A Igreja é o Corpo de Cristo com o propósito de manifestar a vida de Cristo. Um dia quando a Igreja amadurecer em vida, Deus trará a Igreja para Cristo; naquele Dia ela se tornará a Noiva de Cristo.
Nós precisamos entender todas estas verdades de uma forma muito clara no nosso viver. Por que se deixarmos estas verdades de lado, perderemos todo o significado da expressão viva da Igreja. É isso que o nosso querido Pai Celeste deseja imprimir em nós. Foi isso que Paulo viu. Ele viu que O Cabeça e o Corpo são um. Não é de se admirar que Paulo tenha sido aquele a quem esta mensagem, de uma forma especial, foi dada. A mensagem de que a Igreja é o Corpo de Cristo. A Igreja não é uma organização, ela é um Organismo Vivo; é um, em vida, com O Cabeça ressurreto. O Senhor Jesus disse: “Eu Sou”; foi isso que Paulo ouviu no caminho de Damasco. Naquele momento ele fez duas perguntas ao Senhor:
A primeira foi:
“... Quem és tu, Senhor?...” – At 9.5.
Ele tinha que saber quem era o Senhor Jesus - Aquele que um dia foi desprezado, perseguido e rejeitado. Agora Paulo viu que Ele é o Senhor, Senhor ressurreto, O Cabeça sobre todas as coisas, o Senhor da Glória. E ele se submeteu completamente ao Senhor.
Então ele fez a segunda pergunta:
“... Senhor, que queres que eu faça?...” – At 9.6.
No passado, Paulo era senhor da sua própria vida, era seu próprio mestre. Ele não sabia apenas o que fazer, mas também sabia também como direcionar para fazer aquilo que desejava. Paulo sempre esteve no controle da sua vida, sempre controlava as pessoas. Agora ele se rendeu ao Senhorio de Cristo. Em Gl 2.20, ele diz: “... não vivo eu, mas Cristo vive em mim...”. Provavelmente, estava olhando para si e vendo que no passado fazia tudo o que queria, era o seu próprio mestre, mas agora viu Quem de fato estava no controle. Ele se entregou completamente ao Senhor.
No passado, eu e você também éramos assim, estávamos no controle da nossa vida, mas um dia, o Senhor trouxe visão para dentro de nós, sobre a Pessoa de Cristo. E hoje é Ele que está no controle, que está no domínio da minha vida, da sua vida. Esta é uma grande revelação que o Senhor trás a nós. É Ele quem dirige; quem governa.
Então Saulo se levantou imediatamente, e sem hesitação foi para Damasco conforme o Senhor determinou:
“... levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer” – At 9.6.
O Senhor enviou alguém para impor as mãos sobre ele. Talvez aqui não tenha sido uma coisa muito difícil para Saulo, pois ele costumava sempre estar no comando e agora ele estava desejoso de ouvir, de obedecer ao comando. Agora ele estava plenamente sob o domínio da Pessoa de Cristo. A Bíblia diz que Saulo se levantou, não via ninguém e foi guiado pela mão. Olhe bem! Agora ele foi guiado pela mão. Alguém o conduziu a Damasco. Ele esteve três dias sem ver. Não comeu nem bebeu. Mas havia um discípulo chamado Ananias.
E o Senhor, em visão, a Ananias disse:
“... Dispõe-te, e vai à rua que se chama Direita, e, na casa de Judas, procura por Saulo, apelidado de Tarso; pois ele está orando” – At 9. 11.
Então, Ananias respondeu:
“... de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome” – At 9.14.
Mas o Senhor disse:
“... Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” – At 9.15,16.
A partir desse momento, Paulo proclama uma mensagem que está de acordo com o caráter da visão que ele recebeu. Aquela visão que ele teve no caminho de Damasco governou toda a sua vida. Logo em seguida, ele começou a experimentar a vida do Corpo através de um irmão. Através de Ananias, Paulo experimentou a vida do Corpo de Cristo, a ministração do Corpo de Cristo. Se lermos Atos 9, a partir do versículo 19, veremos que Saulo sentiu o conforto, a segurança e o poder que há no Corpo de Cristo.
“E, depois de ter-se alimentado, sentiu-se fortalecido. Então, permaneceu em Damasco alguns dias com os discípulos. E logo pregava, nas sinagogas, a Jesus, afirmando que este é o Filho de Deus” – At 9.19,20.
A palavra “pregava” no grego é kerusso. Fala de uma declaração, uma proclamação pública, uma exortação. Agora era isto que ele estava fazendo. Esta era a sua mensagem: “que Jesus era o Filho de Deus”. Ele começou a proclamar aquela visão que ele teve de que Jesus era o Filho de Deus, o próprio Deus Filho. Mas também, ele proclamou que a Igreja é o Corpo de Cristo. Se lermos a Carta aos Efésios, iremos ver que esta é a grande verdade que ele prega. Quando estudamos esta Epístola, descobrimos que esta é a mais elevada visão da Igreja do Senhor Jesus Cristo em toda a Bíblia. Considerar isso é de suma importância, pois aqui nós somos corrigidos de muitas distorções quanto ao caráter, à vida e à identidade da Igreja.
Dentro do contexto histórico da nossa realidade cristã, temos visto que a Igreja tem perdido a sua identidade mística por causa de tantas misturas. E é compreendendo a Visão que governou a vida de Paulo que seremos atraídos a compreensão clara do sentido prático da peculiaridade da vida da Igreja. A Igreja do Senhor Jesus têm sido vista mais por sua organização do que por ser um Organismo Vivo constituído de pessoas; pedras vivas como metaforicamente nos é apresentado, para a edificação da Casa de Deus.
Quando estudamos a Epístola aos Efésios, somos conduzidos pela sabedoria do Espírito de Cristo Jesus, por meio da Sua Palavra, a compreender o caráter prático da vida da Igreja. Conhecer a sua existência, como foi gerada, como deve ser o seu andar, como deve ser o seu testemunho. É isso que nós vamos ver na vida de Paulo. Esta foi a visão que o governou, que se tornou o centro na sua vida, para que ele pudesse compreender verdadeiramente todas as verdades de Deus em Cristo, por meio do Seu Espírito Santo.
Hoje a Igreja é o Corpo de Cristo, e tem o propósito de manifestar a Sua vida. Mas no futuro, depois de amadurecida em vida, será a Noiva de Cristo, adornada para o seu Esposo, a Esposa do Cordeiro por toda a eternidade. Que verdade mais impressionante! Que verdade que nos assombra! Esta é uma verdade que tocou profundamente a vida do Apóstolo Paulo. Foi esta verdade que o capturou tornando-o um prisioneiro.
“Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Cristo Jesus, por amor de vós, gentios” - Ef 3.1.
O que o tornou prisioneiro de Cristo Jesus? Que causa é esta? Se você for lendo o capítulo 3 de Efésios, verá que o Apóstolo Paulo comete uma “digreção”, que começa no versículo 2 e vai até o versículo 3. No versículo 14, ele volta a dizer:
“Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai” – Ef 3.14.
Esta é a causa, mas que causa é esta? Se observarmos esta digreção, veremos que ela trata da Igreja; o Mistério de Cristo. E se quisermos saber que causa é esta, teremos que voltar no capítulo 2 e ver os últimos versículos, quando ele fala da Igreja do Senhor Jesus Cristo:
“Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito” – Ef 2.19-22.
Esta é a causa. Foi isso que ele viu. Esta verdade impressionante, estonteante que mudou a sua vida, que mudou a sua maneira de poder prosseguir com a sua própria história. E ali a sua história chegou ao final. Ele caiu por terra. Ele chegou ao fim de si mesmo. E então, Deus o conduziu para ele pudesse compreender os dois grandes mistérios: O Mistério de Cristo que é a Igreja, e o Mistério de Deus que é Cristo.
Que isso venha profundamente tocar todos nós, para que venhamos compreender o verdadeiro sentido de viver esta Visão Espiritual. Que Deus fale ao seu coração. Amém.
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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”
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