sábado, 3 de outubro de 2009
As 42 Jornadas no Deserto
5ª Estação – Mara - Parte 01
TEXTO: Nm 33.8
Por Luiz Fontes
“E partiram de Pi-Hairote, passaram pelo meio do mar ao deserto e, depois de terem andado caminho de três dias no deserto de Etã, acamparam-se em Mara”.
Em cada uma das estações por onde o povo de Israel passou, nessa maravilhosa Jornada Espiritual, podemos ser enriquecidos de lições e experiências que transformam nossa vida. É justamente isso que o Espírito Santo deseja ministrar a nós, é justamente aqui que Ele deseja revelar alguns segredos da nossa vida cristã.
Agora estamos na quinta estação, que é Mara. São as experiências das “águas amargas”.
Depois de Ramessés, Sucote, Etã e Pi-Hairote, que são as experiências da fronteira, depois de passar pelo Mar Vermelho e pelo deserto de Etã, o povo de Israel chegou a Mara. Todavia, alguém poderia pensar: O que significa isso para nós? Bom, estas quatro primeiras experiências – Ramessés, Sucote, Etã e Pi-Hairote –, revelam para nós o princípio da nossa vida cristã após a conversão. E Mara é subseqüente a isso. Muitas pessoas quando se convertem, quando recebem a Cristo como Salvador, acham que a vida cristã será uma vida sem nenhum sofrimento, que não haverá nenhuma sequidão. Entretanto, o Senhor sabe do que necessitamos. Ele sabe como nos conduzir.
Veja que a Bíblia diz que eles passaram pelo meio do mar ao deserto, andaram três dias de caminho pelo deserto. Essa expressão: “deserto”, no hebraico é midbar. Refere-se ao deserto no seu aspecto geográfico, mas também fala do deserto como símbolo de épocas na nossa vida em que precisamos ser testados para podermos conhecer os caminhos do Senhor.
O Profeta Oseías disse:
“Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração” – Os 2.14.
Ainda precisamos ver o capítulo 13 e o versículo 5, quando o Senhor por meio de Oseías fala ao seu povo:
“Eu te conheci no deserto, em terra muito seca”.
Nós precisamos conhecer o deserto, precisamos entrar no deserto para conhecer o Deus de toda a graça. Porque é no deserto que nos afastamos de tudo aquilo que não é Deus. A nossa alma necessita penetrar no silêncio do deserto, na solicitude do deserto. Aqui nós precisamos ter um encontro solitário com Deus. Onde Deus revela a Si mesmo em nossa alma.
Mas o que significa Mara em nossa experiência espiritual? Para entendermos isso, nós precisamos ler Êx 15. 22-26, porque esta é a parte do livro de Êxodo que corresponde com a Estação de Mara. Em Números é mencionada de forma rápida, mas no texto que iremos ver, esta experiência é descrita em detalhes. Vamos ler essa passagem:
“Fez Moisés partir a Israel do mar Vermelho, e saíram para o deserto de Sur; caminharam três dias no deserto e não acharam água. final, chegaram a Mara; todavia, não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas; por isso, chamou-se-lhe Mara. E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber? Então, Moisés clamou ao SENHOR, e o SENHOR lhe mostrou uma árvore; lançou-a Moisés nas águas, e as águas se tornaram doces. Deu-lhes ali estatutos e uma ordenação, e ali os provou, e disse: Se ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou o SENHOR, que te sara” - Êx 15. 22-26.
Precisamos notar que a Bíblia diz que eles não acharam água. Alguém pode até pensar que Deus faria tudo fácil do inicio até o fim desta jornada de 40 anos pelo deserto. Mas esse não foi um caminho fácil. À medida que vamos estudando estas Jornadas, percebemos isso. Porque na verdade há momentos de gozo, mas também há momentos de sequidão, e a vida cristã é assim. Há momentos na vida cristã em que nós sentimos muito gozo, mas há momentos na vida cristã em que experimentamos a sequidão do dia mal.
Veja que a próxima estação é Elim, onde havia doze fontes e setenta palmeiras. Elim era como um oasis no deserto. Mas Antes de Elim havia Mara. Mara é uma experiência anterior à experiência de Elim. Nós precisamos nos deter em Mara porque, se precisamos sentir o gozo em Elim, precisamos compreender a sequidão em Mara.
Eu creio que todos nós que estamos ouvindo esta Palavra podemos recordar do amor de Deus, da Sua graça, do Seu poder, daquele momento em que nós nos convertemos e daquelas experiências subseqüentes àquele grande e maravilhoso dia, em que recebemos a Cristo como nosso Salvador. Alguns chamam isso de primeiro amor – é lógico que não concordo. Porque não existe primeiro amor, segundo amor, terceiro amor; não existe isso! A vida cristã é ascensional. Na verdade, o que precisamos ver é que aquelas experiências são experiências novas. Porque nelas é que o nosso espírito se abre, se rende e é vivificado. Então, é natural que nos lembremos desse dia e desses momentos tão maravilhosos, subseqüentes a esse grande dia, quando recebemos a Cristo como nosso Salvador.
Mas um dia, nós tivemos que experimentar não somente o fato de Deus ter nos tirado do mundo, como Israel passou pelo Mar Vermelho, mas também a sequidão, as lutas e os momentos difíceis. A Bíblia diz que eles chegaram a Mara e não puderam beber as águas de Mara porque eram amargas. Esse nome Mara significa isso mesmo: “amargura”. Muitas vezes alguém se converte e pensa que a vida cristã vai ser uma vida de total felicidade o tempo todo. Todavia, isso não é verdade. Porque a vida cristã tem momentos de amargura também, de lutas, de tribulações. Os filhos de Deus experimentam amargura.
Quero mostrar-lhes um exemplo muito especial. Em Rute podemos ver o significado de Mara. O livro de Rute nos conta uma linda história: a história de Rute e Noemi. Noemi se casou com um homem chamado Elimeleque, e foi para Moabe, onde estiveram muito bem durante um tempo, mas depois morreu o seu esposo. Noemi teve dois filhos, e eles se casaram com duas mulheres: uma se chamava Rute e a outra Orfa. Mas um dia, os dois filhos de Noemi morreram e as duas viúvas tiveram que tomar uma grande decisão. A Bíblia diz que Orfa decidiu regressar, e ela partiu, mas Rute não.
Vejamos o texto a seguir:
“Então, de novo, choraram em voz alta; Orfa, com um beijo, se despediu de sua sogra, porém Rute se apegou a ela. Disse Noemi: Eis que tua cunhada voltou ao seu povo e aos seus deuses; também tu, volta após a tua cunhada. Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o SENHOR o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti. Vendo, pois, Noemi que de todo estava resolvida a acompanhá-la, deixou de insistir com ela. Então, ambas se foram, até que chegaram a Belém; sucedeu que, ao chegarem ali, toda a cidade se comoveu por causa delas, e as mulheres diziam: Não é esta Noemi? Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara, porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso” – Rt 1.14-20.
Veja que Noemi prefere ser chamada de Mara, de amargura. Esta é uma situação muito interessante e nós precisamos aprender com isso. Veja que Noemi diz que foi Deus que a colocou naquela situação. Isso significa que Noemi era uma mulher de profunda Visão Espiritual, ela reconhecia a grandeza, a soberania de Deus em seus caminhos.
Quase sempre não compreendemos o fato de Deus de Se revelar por meio de situações adversas. Como precisamos conhecê-Lo! Como necessitamos entender os seus mistérios! Nós temos que ser gratos a Deus. Assim sendo, mesmo não compreendendo os caminhos elevados e misteriosos de Deus, precisamos ser gratos por saber que Ele está nos guiando de uma forma poderosa e misteriosa. Precisamos ter o nosso coração grato a Deus! Saber que Ele está Se revelando de uma maneira maravilhosa. E precisamos entender que este é o fundamento da Cruz na nossa vida. Nós só vamos compreender o caminho da Cruz passando por Mara. Se nós não encontrarmos Mara na nossa experiência cristã, jamais vamos compreender o trabalhar da Cruz. Precisamos ser gratos a Deus Por isso!
Olhe para o livro de Rute! E graças a Deus que este livro não termina no capítulo primeiro. Não é um livro que tem apenas este capítulo. Assim também são os livros de Êxodo e Números. Graças a Deus que depois de Mara existe Elim, e todo cristão precisa saber disso. Há etapas amargas ou de experiências amargas na nossa própria vida. Mas após Mara vem Elim. Há etapas de dificuldades, de lutas, mas Deus não quer que nós venhamos ignorar Mara. Porque nós temos que confiar que Deus é o Deus da esperança e do consolo.
Em Êxodo 15, quando os israelitas chegaram ao lugar chamado Mara, não puderam beber as suas águas. Eles tinham sede, mas não encontraram satisfação. Por quê? Porque as águas não eram puras. Na nossa vida cristã há muitas coisas impuras. E por causa destas coisas impuras o Senhor começa a trabalhar na nossa vida, a trabalhar nas nossas emoções, no nosso próprio sentimento. Às vezes temos que passar por lutas e provações para podermos compreender os caminhos elevados de Deus. Muitos dos servos de Deus passaram por isso - Jó passou por isso. Existem três causas que explicam em nossa vida os sofrimentos: o pecado, o ego e o nosso relacionamento com o Senhor. Se nossa vida é uma vida impura por causa do pecado, o Senhor permite que venhamos passar por experiências de lutas e provações como em Mara para que nós sejamos levados ao arrependimento. Mas também o Senhor permite que nós venhamos passar por Mara por causa do nosso ego. E quando o Senhor nos leva a passar por lutas e provações, tribulações, sofrimentos, isto é, por Mara, é por que Ele quer nos levar ao fim de nós mesmos. E quando o Senhor vê o nosso crescimento espiritual, vê o nosso amor pelo Senhor Jesus, quando a nossa vida é uma vida toda envolvida na vida de Cristo, quando o nosso amor pelo Senhor é um amor puro, com certeza, também, vamos passar por lutas e provações. Sabe por que precisamos passar por isso? Para que a cada dia sejamos mais e mais e mais maduros.
Veja que o pecado, o ego e a nossa união com Cristo são situações que temos que enfrentar em Mara. A Bíblia é clara sobre isso. Vamos ler alguns textos para que possamos ver o testemunho da Palavra de Deus concernente a esta experiência em Mara, para que possamos entender melhor. Em 1 Pedro capítulo 4, versículos 12 a 14, diz assim:
“Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus”.
O sofrimento visa exatamente isso: arrependimento, tratar com o nosso ego, mas também visa a nossa união com Cristo.
Veja o capítulo 5, versículo 1, desta mesma Epístola de Pedro:
“Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada”.
Observem que coisa impressionante: Pedro era “testemunha dos sofrimentos de Cristo”. Mas ele tinha certeza de que seria participante também da “glória que haveria de ser revelada”.
Olhem ainda no capítulo 5, versículos 10 e 11:
“Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco (isso é Mara), ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. A ele seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!”.
Que o Senhor nos ajude a compreender tudo isso. Há muitas experiências difíceis que temos que passar, mas temos que saber que todas elas visam a glória de Deus. Na nossa vida cristã o sofrimento não tem um por que e sim para que. Para que sejamos conduzidos de glória em glória à imagem de Cristo Jesus. Para que o Seu Caráter seja formado em nós. Para que nós sejamos levados ao fim de nós mesmos, da nossa própria confiança, do nosso ego. Para que nós, por causa do pecado, venhamos nos arrepender. Se tivermos que passar por situações como em Mara, por causa do nosso pecado, do nosso ego ou da nossa união com o Senhor, que venhamos entender que Deus, com a Sua poderosa mão soberana, está nos conduzindo. Ele tem algo maior e melhor para nós na experiência cristã. É isso que Ele quer na sua vida. É isso que Ele deseja fazer em você. É isso que Ele quer alcançar na sua vida.
Que você possa entender que o Senhor, de uma forma plena e absoluta, está Se revelando na sua vida. Porque ele deseja alcançar o seu coração e te abençoar rica e poderosamente por experiências que muitas vezes você não está compreendendo, mas aprenda a confiar no Senhor, que Ele vai ser glorificado na sua vida. Em Mara, nesta experiência amarga Ele vai ser glorificado.
Durante alguns dias estarei compartilhando sobre isto e peço que o Senhor fale ao seu coração e te abençoe com a Sua Palavra.
É permitido baixar, copiar, imprimir e distribuir este arquivo, desde que se explicite a autoria do mesmo e preserve o seu conteúdo.
“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”
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