5ª Estação - Mara - Parte 02

sábado, 3 de outubro de 2009


 

As 42 Jornadas no Deserto

5ª Estação - Mara - Parte 02
Texto: Êx 15.23-26

Por Luiz Fontes


“Afinal, chegaram a Mara; todavia, não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas; por isso, chamou-se-lhe Mara. E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber? Então, Moisés clamou ao SENHOR, e o SENHOR lhe mostrou uma árvore; lançou-a Moisés nas águas, e as águas se tornaram doces. Deu-lhes ali estatutos e uma ordenação, e ali os provou, e disse: Se ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou o SENHOR, que te sara”.

No estudo que temos feito acerca das 42 Jornadas do povo de Israel pelo deserto, aprendemos algumas verdades espirituais.  Em todas as estações que já estudamos, aprendemos princípios espirituais, lições espirituais. Em Mara, a 5ª estação, nós já vimos que as águas eram amargas.
Agora notem o que diz o versículo 25:

E o SENHOR lhe mostrou uma árvore (um lenho); lançou-a Moisés nas águas, e as águas se tornaram doces. Deu-lhes ali estatutos e uma ordenação, e ali os provou”.

Então vemos que o que soluciona o problema da nossa amargura é a árvore; é esse lenho. Esta é uma figura da Cruz. Esse lenho ou árvore representa a cruz. Cristo entrou nas águas da morte e nos adoçou, mudou o gosto da nossa vida, o significado da nossa vida. A Bíblia diz que Moisés clamou ao Senhor, e o Senhor mostrou essa árvore. Se não houvesse esse problema de sequidão, de amargura, talvez muitos, jamais poderiam buscar o Senhor. Eu creio que o Senhor cria situações na nossa vida, para que venhamos provar a Obra da Cruz. São caminhos que Ele usa para Se manifestar e Se revelar a nós. Aqui o Senhor revela a Cruz. A Cruz vai adoçar este estado de amargura e de sequidão que muitos de nós temos vivido.
Agora precisamos entender que há alguns princípios espirituais acerca da Obra da Cruz. Porque a cruz é um princípio em Deus. Tudo que precisamos compreender acerca de nosso viver cristão tem que estar no fundamento da cruz. A cruz é um fundamento em nós.
Quando olhamos para a Bíblia nós vemos a cruz em três aspectos:

Primeiro – A cruz como princípio em Deus.
Segundo – A cruz do Gólgota, aquela na qual o Senhor Jesus morreu pelos nossos pecados.
Terceiro – A cruz como um viver cristão, como um estilo de vida. A cruz a qual devemos carregar. A cruz que nos leva a negar a nós mesmos. A cruz em nós é uma experiência muito clara. Devemos carregá-la para que não vivermos uma vida amargurada e para que compreendamos a maneira como Deus trabalha em nós, em meio aos sofrimentos e provações. Nós passamos por muitas lutas, por muitas provações, mas nunca podemos tirar os olhos da cruz.

No estudo passado, compartilhei um pouco sobre Noemi. Ela falou que a sua vida era como Mara, uma vida amarga – ela havia perdido o seu esposo e os seus dois filhos; o Senhor permitiu tal situação. Esta situação de Noemi é muito parecida com a que temos vivido; uma situação de provações. Mas nós temos que compreender que Deus é Soberano. E Ele sabe que essas são etapas que temos que passar; essas são situações no nosso caminho, situações que precisamos enfrentar; experiências amargas. Mas graças a Deus porque a Cruz explica o nosso sofrimento. Nós temos que entender o significado da Cruz, porque ela exige de nós uma tomada de posição, reivindica que nós venhamos voltar o nosso coração para a vontade de Deus, para os caminhos de Deus.
No Evangelho de Lucas capítulo 9, versículo 51, há um exemplo muito glorioso disso. Diz assim o texto:

“E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser assunto ao céu, manifestou, no semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém”.

É interessante vermos que a palavra: “completarem”, no grego é sumpleroo que significa “cumprir-se o tempo”. Quero chamar sua atenção para algo muito importante. Precisamos entender que os três primeiros capítulos do Evangelho de Lucas registram os primeiros trinta anos do Senhor Jesus. E da metade do capítulo 3 até o capítulo 9 temos os três anos restantes do Seu ministério, isto é, do Jordão até o monte Hermon, o monte da transfiguração, onde o Senhor Jesus teve esta maravilhosa experiência. Então, desde o batismo até o monte Hermon, passou-se três anos, ou seja, em apenas cinco capítulos decorreu-se três anos. Os outros capítulos de Lucas, do capítulo 10 até o capítulo 24, registram apenas seis meses. Depois que o Senhor Jesus desse do monte da transfiguração, Ele caminha mais seis meses e sobe para o outro monte, o monte do Gólgota, o Calvário.
Em Mateus 3.17, após o Seu batismo, e depois, no versículo 5 do capítulo 17, o Senhor Jesus ouvi o Pai dizer:

“... Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” – Mt 3.17.

“... Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” – Mt 17.5.

 Quando o Espírito Santo, como uma pomba, pousa sobre Ele, esta voz que aparece numa forma gloriosa, vem e dá o testemunho: “... Este é meu Filho amado...”.
Em Lucas 3.22 e 9.35, a mesma voz ecoa:

“e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo”.

“E dela veio uma voz, dizendo: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi”.

 E a Bíblia diz que a partir de então, chegou o momento do Senhor Jesus ser assunto aos céus. Será que nós nos damos conta disso. O texto de Lucas 9.51 revela que Ele podia, naquele momento, ser recebido nos céus; Ele não precisava ir para a cruz. Porque do ponto de vista da Sua humanidade, Sua obra estava perfeita. O Pai dá o testemunho da humanidade do Seu Filho. Ele foi um homem perfeito. Durante os três anos do Seu ministério, Ele cumpriu toda a Sua obra, exceto uma que Ele tinha que decidir por ela. Aqui o Pai está testificando da vida pessoal, da vida particular do Senhor Jesus.
Então, Lucas coloca um texto que nos deixa assombrados. Esse texto nos revela que se cumpriu o tempo, os dias que Ele devia ser assunto ao céu. Agora olhem para seqüência do texto: “... manifestou, no seu semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém”. Podemos dizer que houve no seu semblante a intrépida resolução de ir para a cruz. A cruz foi uma decisão que Ele tomou. Nesse contexto precisamos ver a gloria da cruz também na nossa própria vida, porque se lermos este mesmo episódio em Mateus 16.24-25, que diz:

“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á”.

O que nós aprendemos com estes dois textos, tanto o de Lucas 9.51, como de Mateus 16.24,25, é que a cruz tem que ser uma decisão nossa! A cruz não é apenas uma obra em nós, mas também uma decisão que temos que tomar no tocante à nossa vida. Enquanto não decidirmos pela cruz, enquanto não decidirmos aceitar a cruz, a nossa vida de amargura continuará, e o que acontece conosco é que somos reprovados na prova. A cruz significa a renuncia daquilo que somos e do que queremos; uma rendição. Significa aceitarmos a vontade de Deus na nossa vida. Muitos cristãos não compreendem o significado e o poder da cruz, o que significa viver uma vida de cruz. Esse “lenho” na água mostra isso pra nós. Porque agora o nosso sofrimento começa a ter um significa espiritual. Muitos por não entenderem o lugar da cruz na suas vidas, acham que estão sofrendo porque estão sendo reprovados por Deus. Não. A cruz traz significado à nossa amargura, aos nossos sofrimentos e às nossas provações. Entendendo isso, começamos a perceber que a Cruz é uma Obra de Deus na nossa vida; faz parte do propósito de Deus em nós. Todos quantos desejam viver uma vida piedosa diante de Deus precisam viver uma vida de cruz. E, naturalmente, estes que querem viver uma vida piedosa diante de Deus, compreendem não apenas o trabalho da cruz, mas a expressão de viver uma vida de Cruz, uma vida de renuncia, de completa submissão à vontade Deus.
Ao estudarmos a Palavra de Deus em Ap 2.8-11, podemos ver algo muito especial na mensagem escrita à Igreja de Esmirna. Diz assim o texto:

“Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver: Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás. Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte”.

A palavra Esmirna vem de mirna, vem de mirra. Se você estudar a raiz desta palavra, verá que ela vem de morra, vem de Mara, de amargura; é a mesma palavra. Veja que aparece aqui em Apocalipse num aspecto profético. Esta é uma profecia a Igreja de Esmirna, ou seja, a Igreja em amargura, em prova, é isto que nós vemos na mensagem à Igreja de Esmirna. Mas como o Senhor Jesus se revela a esta Igreja? Como “... o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver...”. É assim que Ele se apresenta a essa Igreja. Se você estudar as sete cartas às Igrejas da Ásia em Apocalipse capítulos 2 e 3, irá notar que cada vez que o Senhor Jesus fala a uma dessas Igrejas, Ele se apresenta com as credenciais segundo a necessidade de cada Igreja. Se estiver enferma, Ele é o Jeová Rafá, o Senhor que cura. Por isso, nessa situação Ele se revela como o Jeová Rafá. É o que nós acabamos de ver no livro de Êxodo, onde Ele se apresenta como Jeová Rafá. Essa estação expõe um estado de enfermidade, de dor, de angústia, de situações difíceis. E aqui Ele se revela como aquele que cura. Essa é a Cruz! É isso que nós vemos em Mara. Esta árvore mergulhada no rio. Precisamos entender que o Senhor está se revelando a nós, Ele está falando algo tão claro a nós.
O Senhor conhecia a situação da Igreja em Esmirna. Ele disse: “... Conheço a tua tribulação, a tua pobreza.... Olhe o que significa isso! A sua completa fraqueza. O Senhor conhece as nossas fraquezas, conhece as nossas debilidades. Ele sabe que nós não podemos confiar em nós mesmos. Isto fala de amargura, de escassez, de situações difíceis, mas o Senhor diz: “mas tu és rico”, porque isso é espiritual. Esta é a mensagem à Igreja de Esmirna. É isto que o Senhor está nos dizendo. Ele está revelando o nosso caráter espiritual, a nossa condição diante d’Ele. Mas nós precisamos saber que tudo isto está fundamentado na Obra da Cruz, naquilo que a cruz significa para nós, naquilo que a cruz está fazendo em nós e naquilo que devemos viver de acordo com o padrão desta cruz. Isto, para que nunca confiemos em nós mesmos, para que nunca estejamos estribados na nossa própria arrogância, na nossa própria alma, na nossa própria vontade, mas que tenhamos uma vida de completa submissão ao Senhor.
Eu quero continuar compartilhando sobre este assunto, na esperança que o Senhor tenha algo mais para poder nos falar. Ainda não encerrei este assunto! Convido vocês para continuar estudando comigo na viva esperança que Deus tem algo para falar a nós e nos abençoar com através da sua Palavra.


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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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