sexta-feira, 2 de outubro de 2009
As 42 Jornadas no Deserto
2ª Estação - Sucote - Parte 01
Texto: Nm 33.5
Por Luiz Fontes
“Partidos, pois, os filhos de Israel de Ramessés, acamparam-se em Sucote.”
Com a ajuda do Senhor, nós vamos prosseguir estudando as jornadas do povo de Israel pelo deserto. O texto acima nos mostra que esse povo saiu de Ramessés e acampou em Sucote.
Nos estudos passados tivemos uma visão panorâmica de Ramessés. Panorâmica porque o assunto das 42 jornadas é muito rico. É um assunto que não se esgota, porque a Palavra de Deus é inesgotável. Mas graças ao Senhor, permanecemos um pouco no estudo dessa primeira estação, onde podemos ver algumas coisas muito sérias com relação a nossa própria vida.
Aprendemos que Ramessés não só pertence ao Egito, mas também o representa. No sentido espiritual, o Egito fala da condição pecaminosa herdada da nossa carne, fala do pecado, da natureza pecaminosa, fala do mundo com o seu poder sedutor. Mas o Senhor também nos mostrou como nos libertou desse estado de pecado, dos pecados e do mundo. Pois o Egito não tipifica apenas a escravidão em relação ao que somos, mas também ao que temos feito. Além disso, vimos a questão da nossa relação com o mundo em dois sentidos: o mundo visível, o sistema de coisas; e o mundo invisível, os seus principados - o que na Bíblia chama de potestade das trevas. O mundo, o pecado, os pecados, a natureza pecaminosa, todas essas coisas, espiritualmente, representam o Egito. E no Egito, o povo de Israel estava em Ramessés. Mas a Bíblia diz que eles saíram de Ramessés e se dirigiram para a próxima estação. Eles foram para Sucote.
A palavra Sucote no hebraico significa cabanas, tendas, tabernáculos - isso nos leva a entender a nossa condição de peregrinos. Observe que Sucote ficava a uns vinte quilômetros de Ramessés, que hoje se chama “Bacos”. No Egito existiram algumas cidades muito importantes como Mênfis e Tebas, mas os “ramissidas” decidiram estabelecer-se nesse local que chamaram de Ramessés; o nome do então Faraó, o Imperador Ramessés II. Então puseram os israelitas para edificar esta cidade, e também a cidade de Pitom, que significa serpente. Foi desse lugar que os israelitas saíram e caminharam em direção a Sucote. Eles saíram depois da meia noite, felizes e fazendo festa.
Esta primeira etapa foi muito suave. Sucote era um lugar onde havia lagos, abundância de peixes e aves. Era onde os Faraós iam fazer as suas caçadas. A princípio, era um lugar muito cômodo, muito agradável, onde valia à pena estar. Sucote estava localizada exatamente na fronteira do Egito. Isto é muito significativo, para que possamos compreender claramente o significado do nome Sucote. Precisamos atentar para algumas verdades que o Senhor deseja ministrar ao nosso coração. Não podemos confundir este Sucote com outros Sucotes que há na Bíblia, porque na Bíblia aparecem três Sucotes. No tempo de Jacó havia uma cidade que se chamava Sucote, onde ele fez suas cabanas e morou por um tempo. Depois, nos tempos dos Juízes, especialmente no tempo de Gideão e de seu filho Abimeleque, houve outro Sucote que ficava em Galaade, próximo as tribos de Gade, Manasses e Ruben. Mas o Sucote de Jacó e o do livro de Juízes não têm nada a ver com o que estamos estudando. Estamos estudando o Sucote que ficava na fronteira do Egito e era um lugar onde havia água, provisões; era um lugar onde se podia descansar.
Nessa primeira saída do povo de Israel, temos que aprender algo especial. Quando aquelas pessoas saíram de Ramessés era noite. Eles caminharam toda a madrugada e todo o dia. Eram seiscentos mil adultos armados, e com as suas famílias. Aproximadamente de dois a três milhões de pessoas caminhando em caravanas por vinte quilômetros durante uma noite e um dia inteiro. Isto significa uma longa caminhada. Vejam o significado de Sucote: tendas, tabernáculos, cabanas. Aqui nós temos um princípio, porque Sucote mostra o nosso caráter como peregrinos. Essa é a grande característica de Sucote, porque agora o povo começou a peregrinar. O Senhor os tirou de Ramessés e os colocou na condição de peregrinos. O que pode significar Sucote na vida espiritual de cada um de nós? Primeiro, a condição de peregrinos. Veja o que Deus disse a Abraão quando ele ainda estava na sua terra, no meio da sua parentela:
“Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela...” – Gn 12.1.
Deus ordenou a Abraão que deixasse a sua terra para que ele pudesse ir para a terra que Deus estava lhe mostrando. A Bíblia diz que Abraão saiu sem saber para onde ia, mas Deus o guiou. Não podemos esquecer que o povo de Israel estava arraigado em Ramessés, que simboliza o mundo. Mas o Senhor levou o povo de Israel à condição de peregrinos. Ser peregrino é uma coisa muito importante na nossa vida cristã. Observem o que o Senhor Jesus disse:
“Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” – Lc 14.26.
Ou seja, nós temos que seguir o Senhor. Seguir o Senhor quer dizer que somos peregrinos, quer dizer que nós estamos disponíveis para Ele. Ser disponível significa que não podemos estar arraigados a nada. Às vezes nós estamos tão apegados, tão presos a determinadas situações! A maneira como temos vivido, dependendo do mundo, significa que nós não temos um a vida de fé, não andamos por fé.
Se você estuda a história dos patriarcas, você vai ver que Deus sempre os conduziu para viver uma vida de altar e uma vida de tenda. Especialmente na vida de Abraão você vai notar isso: altar e tenda. Fazer um altar significa consagrar-se a Deus, consagrar nossas coisas a Deus. Viver em tendas significa não estar arraigados a nada. Precisamos estar prontos ao chamado do Senhor e dispostos a prosseguir na direção que Ele quiser nos levar. Quantas coisas deixamos de fazer para Deus pelo fato de estarmos presos, atados às coisas desse mundo? Amamos as coisas de tal maneira que não somos capazes de deixá-las para seguir Deus na Sua vontade. O desejo do Senhor é que as deixemos porque nisso consiste o desejo do nosso coração. Assim, o desejo do nosso coração nas coisas pode nos tornar idólatras. E para deixar de ser idólatra, deixar de ser adorador das coisas do mundo, é necessário aprender a fazer altar e a viver em tendas, ou seja, ser peregrino. O nosso coração aqui na Terra é um coração de peregrino. Quando você estuda Sucote, vê que algumas coisas específicas aconteceram ali. Vamos entender os acontecimentos de Sucote. Vejamos Êxodo 12.37:
“Assim, partiram os filhos de Israel de Ramessés para Sucote, cerca de seiscentos mil a pé, somente de homens, sem contar mulheres e crianças”.
O censo está em Números. Para alguns parece exagerado, mas o censo está lá, e somando daria mais ou menos seiscentas mil pessoas. Aqui, esses seiscentos são redondos, sem contar as crianças. Agora observem uma frase que nos ajudará a entender esta etapa em Sucote. Todavia, havia pessoas que acompanhavam o povo sem saber do que estavam participando, sem saber a razão, sem saber o porquê de elas estarem ali. Olhe o versículo 38 de Êxodo capítulo 12: “Subiu também com eles um misto de gente, ovelhas, gado e muitíssimos animais”. Estão vendo? Uma multidão, que não tinha nada a ver com eles, subiu até Sucote. O que significa Sucote? É a primeira etapa depois de Ramessés. Somos peregrinos e alguns nos acompanham nas primeiras etapas, mas eles não irão prosseguir conosco. Acompanhar as coisas de coração é uma coisa, acompanhar as coisas com revelação é outra bem diferente. Algumas pessoas podem estar conosco na vida da Igreja, mas é uma questão puramente emocional, não é uma revelação que eles tiveram. Eles não tiveram uma revelação clara da vontade de Deus, não têm nenhuma clareza quanto ao significado de ser Igreja. Em Sucote nós vemos a questão da parábola do joio e do trigo. Quanta mistura existe no meio do povo de Deus. Quantas pessoas estão entre nós sem o testemunho do caráter da igreja. Vamos ver a parábola do joio em Mateus, capítulo 13, versículos 24 a 30:
“O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e retirou-se. E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio. Então, vindo os servos do dono da casa, lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio? Ele, porém, lhes respondeu: Um inimigo fez isso. Mas os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio? Não! Replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro”.
É interessante vermos a relação deste texto com o acontecimento de Êxodo 12.38. Um “populacho” que estava no meio do povo. O Senhor Jesus disse que foi o inimigo que semeou o joio entre o trigo, e eles cresceram juntos. Portanto, está claro que o joio não é uma obra de Deus, o joio é uma obra do inimigo. Nós precisamos ter discernimento espiritual porque muitos estão conosco, mas não pertencem à vida da Igreja. Eles são como joio. A diferença entre o joio e o trigo é que à medida que o trigo vai frutificando mais e mais, suas raízes vão se soltando da terra. Se você é trigo, quanto mais maduro estiver, mais se soltará das coisas desse mundo e mais se curvará diante de Deus. É isso que o Senhor está falando a nós. Note que foi em Sucote que o Senhor disse aos israelitas acerca da consagração dos primogênitos e que celebrassem o dia que saíram do Egito; isto está no capítulo 13 de Êxodo. Eles saíram no dia 15 do mês de “abibe nisã”, que é o primeiro mês do ano. Aparece tanto em Êxodo 12 como em Números 33. Diz Números 33.3:
“Partiram, pois, de Ramessés no primeiro mês, no dia quinze do primeiro mês; no seguinte dia da Páscoa, saíram os filhos de Israel por alta mão aos olhos de todos os egípcios”.
Vemos, pois, que a Páscoa se celebra no 14º dia. Vamos comparar o capítulo 12 de Êxodo com Números 33. Em Êxodo 12 o Senhor estabelece que “abibe” é o primeiro mês. Isto é algo muito especial, porque este é o chamado do povo de Deus. O calendário de Deus está aqui em Êxodo 12. Observe o texto abaixo:
“Este mês vos será o principal dos meses; para vós será o primeiro dos meses do ano” – Ex 12.2.
Isso significa que para o povo de Deus este será o primeiro dos meses do ano. Porém, vemos que o calendário do mundo segue uma direção diferente. Mas como o povo de Deus, precisamos entender que a nossa vida é contada pelo calendário de Deus. Nós não vivemos de acordo com os padrões do mundo. Nós vivemos de acordo com os padrões de Deus. A nossa vida cristã começa quando? Na Páscoa. Quando nos tornamos parte da vida de Cristo. Tudo o que foi feito no passado, tudo o que foi vivido no passado não interessa para Deus. Deus não contabiliza os anos de vida vividos no Egito. Deus contabiliza somente os anos de vida que nós vivemos em Cristo. Salmo 90, versículo 12, diz:
“Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos um coração sábio”.
O que é a Páscoa? A Páscoa é o sacrifício do Cordeiro. Este é o verdadeiro começo do povo de Deus; quando o Senhor morreu por nós, quando derramou o Seu sangue e nós O recebemos como o nosso Salvador. A nossa história começa quando nascemos de novo; o resto é passado, são trevas. Tudo isso já foi julgado lá na Cruz do Calvário. Então para Deus o verdadeiro começo é com a Páscoa. É por isso que “abibe” é o começo para nós. Não importa qual seja o calendário do mundo. Para nós que somos o povo de Deus, a nossa vida começa na Cruz de Cristo Jesus. A nossa vida começa no Calvário. Eu e você precisamos estar certos de que toda a nossa vida começa em Cristo. Toda a nossa vida começa com o Sangue de Cristo, quando nós O recebemos como o Cordeiro de Deus, como o nosso Salvador. Este é o nosso começo espiritual; é aqui que começa a nossa vida. Mas o que foi que aconteceu em Sucote? Eles saíram no dia 15. Na Bíblia o dia não começa às doze da noite, mas quando se põe o sol. E a essa hora se acaba o dia e começa a tarde, a manhã e o dia seguinte. A Bíblia diz tarde e manhã. Quando o sol se põe às seis da tarde, terminou o dia e começa a tarde do dia seguinte. Agora, eu e você precisamos estar certos disso. Precisamos ter clareza quanto a isso, porque nós estamos vivendo no tempo de Deus. Estamos vivendo a hora de Deus. Estamos vivendo dentro da esfera de Deus. Eles saíram à noite. Viajaram durante toda a noite do dia 14. Mataram o Cordeiro à noite. E chegar o dia 15, que começou às seis da tarde, o povo começou a se reunir para comer o Cordeiro por família, e à meia noite passou o anjo. Nesse momento os egípcios estavam chorando por causa da morte dos primogênitos deles. Agora o povo de Israel saiu. Dali eles saíram de madrugada, saíram em festa, porque o Cordeiro foi morto, porque agora eles podiam viver como peregrinos, debaixo do Sangue do Cordeiro. Porque eles estavam guardados no Sangue do Cordeiro, eles estavam sustentados pela obra do Cordeiro. Assim também é comigo e com você. Essa é a verdade de Sucote para nós. É dentro desse princípio que o Senhor vai nos conduzir. Agora, o Senhor começa a abrir para nós algumas comportas da revelação da Sua Palavra. E nós vamos estudar, vamos aprender algumas riquezas de Cristo para a nossa própria edificação aqui em Sucote.
Que Deus, rica e poderosamente, fale a todos nós.
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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”
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