3ª Estação - Etã – Parte 01

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

 



As 42 Jornadas no Deserto

3ª Estação - Etã – Parte 01
Texto: Nm 33.6

Por Luiz Fontes

E partiram de Sucote e acamparam-se em Etã, que está no fim do deserto”.

Começaremos a estudar mais uma estação, mais um lugar onde o povo de Israel esteve em sua jornada de quarenta anos no deserto. Nesta série de estudos das jornadas, depois de haver estudado acerca daquilo que a Bíblia nos ensina em Ramessés, depois de termos estudado um pouco sobre Sucote, agora, com a ajuda do Senhor, vamos considerar Etã que é a terceira etapa, a terceira das estações onde o povo de Israel esteve.
O versículo que acabamos de ler diz que os israelitas saíram de Sucote e acamparam em Etã. Note que há um ponto adicional neste versículo. E é muito significativo isso, porque é uma frase que nos leva, através da inspiração divina, a compreender o que é Etã. A frase-chave deste contexto diz assim: “... que está no fim do deserto. Não é, todavia, o deserto no sentido pleno, mas um lugar intermediário entre aquilo que é plácido e aquilo que é deserto. Certamente, no caminho das jornadas há “desertos” e no deserto há estações. No entanto, nesse momento eles estavam apenas à beira do deserto. Sucote era apenas a fronteira para sair do Egito. Sucote ficava a vinte quilômetros de Ramessés e Etã a vinte quilômetros de Sucote. É muito interessante ver a maneira como o Espírito Santo dirigiu aquele povo. Eles não foram para dentro do deserto, nem ficaram num lugar muito bonito, mas sim, num lugar intermediário. Então, é necessário ler Êxodo 13 para ver as circunstâncias de Etã, o seu sentido espiritual e as lições que precisamos extrair para a nossa edificação. Podemos dizer que Etã tem duas partes. Nós precisamos olhar primeiro para a parte bonita de Etã, porque aqui diz que está perto do deserto e não dentro do deserto. Etã significa entrada do deserto. Graças a Deus que estas experiências começam a acontecer bem no princípio. Depois de Sucote vem Etã e já vemos algo agridoce, esta é a palavra.
No princípio da nossa experiência cristã também experimentamos algo agridoce, isto é, algo que tem o gosto amargo e doce ao mesmo tempo. A parte doce é esta que vemos no capítulo 13 de Êxodo, onde nos mostra como são as primeiras etapas da jornada do povo de Deus. Aqui nós vemos o cuidado de Deus, porque Deus não nos coloca primeiramente no deserto. Por que Ele não nos leva diretamente para o deserto. Ele não nos leva às grandes batalhas. Mas Ele nos coloca num lugar intermediário, num lugar agre-doce. Porque assim, Ele vai Se revelando pouco a pouco a nós e mostrando o grande significado da nossa peregrinação. Porque se o Senhor nos colocasse em situações difíceis, com certeza as pessoas recém convertidas teriam dificuldades de avançar e logo retrocederiam. Por isso o Senhor nos insere pouco a pouco nessas jornadas espirituais. Este é um princípio que nós aprendemos aqui; os cuidados do Senhor.
Em Êxodo 13. 17-22 vemos que no princípio da nossa experiência cristã o Senhor nos faz experimentar duas coisas; e nós precisamos ver cada uma delas. Precisamos ver o lado doce, o lado bom, mas precisamos ver também o lado difícil, o lado amargo. Vamos ler estes textos:

“Tendo Faraó deixado ir o povo, Deus não o levou pelo caminho da terra dos filisteus, posto que mais perto, pois disse: Para que, porventura, o povo não se arrependa, vendo a guerra, e torne ao Egito. Porém Deus fez o povo rodear pelo caminho do deserto perto do mar Vermelho; e, arregimentados, subiram os filhos de Israel do Egito. Também levou Moisés consigo os ossos de José, pois havia este feito os filhos de Israel jurarem solenemente, dizendo: Certamente, Deus vos visitará; daqui, pois, levai convosco os meus ossos. Tendo, pois, partido de Sucote, acamparam-se em Etã, à entrada do deserto. O SENHOR ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite”. Nunca se apartou do povo a coluna de nuvem durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite”.

Observemos que o Senhor não quis que o povo fosse pelo caminho dos Filisteus. Alguns estudiosos acreditam que fosse uma viagem de aproximadamente trinta dias. Mas o Senhor os levou para o deserto. E nesta viagem sabemos que eles gastaram 40 anos. Eles tinham outra alternativa, se seguissem reto: de Ramessés, numa linha reta, para Cades-barnéia, seria uma viagem de dois anos e onze dias. Mas também o Senhor não os guiou por este caminho; o Senhor os levou para o deserto. Todavia, não entraram no deserto - eles ficaram na entrada do deserto - porque em Etã o Senhor precisava ensinar-lhes algo; um aspecto muito glorioso dos cuidados de Deus.
Quando alguém recebe o Senhor Jesus e é novo na Fé, o Senhor não o coloca na frente de uma guerra dura. Nós sabemos que há pequenas batalhas nesse tempo, e o Senhor vai amadurecendo algumas verdades no coração dessa pessoa. É assim que o Senhor tem cuidado daqueles que estão iniciando a vida cristã. O Senhor revela algumas experiências onde eles vão desfrutar muita alegria, paz e tranqüilidade; onde as pessoas vão sentir a proteção de Deus. Não que esta proteção cesse, não que esta alegria cesse, não que esta paz cesse; não é nada disso. Todas estas coisas são verdadeiras e presentes na vida do cristão, só que existe um aspecto da proteção de Deus que é preciso aprender bem no início da vida cristã, para que nós possamos compreender que nas batalhas, nas duras guerras, Deus está conosco. Se o caminho começasse muito difícil, alguns se assustariam e não iriam percorrer a carreira cristã. Porque alguns acreditam que a vida cristã não tem espinhos, não tem sofrimentos, não tem lutas, nem tribulações.
Nós estamos numa tremenda guerra. Somos o único povo desta terra que enquanto guerreamos fazemos festa; estamos em festa. Por isso disse Deus: Para que, porventura, o povo não se arrependa, vendo a guerra, e torne ao Egito”. Isto é, para que eles não pudessem sentir medo, temor, frustração e retornassem para o Egito. Na vida cristã há duras guerras, guerras sérias, mas antes de entrar nestas, o povo de Deus precisa ser treinado. Por isso, a princípio, o Senhor não nos coloca diretamente na guerra, mas em etapas, para sentirmos a Sua proteção, para entendermos que Ele é o nosso escudo. Porque é de etapa em etapa que vamos conhecer a Espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, calçar os nossos pés com a preparação do Evangelho da Paz e “embraçar” o Escudo da Fé. Antes de entrar na guerra o povo deve ser treinado, porque se trata de uma guerra constante, um conflito imenso, trata-se de uma posição onde nós temos que sustentar o testemunho da vitória de Cristo. Então, antes que eles pudessem enfrentar os gigantes de Canaã, o Senhor teria que treiná-los. Etã nos fala disso; de como o Senhor estava treinando-os, conduzindo-os, levando-os a experimentar algumas coisas aqui no princípio. Mas quero que você veja algo.
A Palavra do Senhor, seguindo o texto, diz:

O SENHOR ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite”.

 Observe aqui duas palavras-chave: “guiar” e “alumiar”, afim de que andassem de dia e de noite. Eles tinham que aprender a andar. Eram vinte quilômetros. Havia crianças e animais. Não era uma situação comum, era incomum. Em Etã, nós somos levados a compreender que é o Senhor quem nos guia e nos dá visão espiritual. Nós precisamos ser guiados por uma visão espiritual. Faço-lhes uma pergunta: Onde começa a obra de Deus? Ora, do ponto de vista divino, o ponto de partida da obra de Deus está na eternidade, mas da nossa parte começa do ponto em que recebemos a revelação de quem é Cristo. Agora o Senhor colocou sobre eles uma nuvem, e esta nuvem iria guiá-los; este é o começo da verdadeira obra de Deus. E esta obra não se inicia em nós quando nos consagramos a Ele, mas quando temos visão espiritual. A consagração de todos nós deveria resultar da Visão Espiritual. É aqui que começa a obra de Deus. Nossa obra pode começar a qualquer momento, nosso ativismo, mas a obra do Senhor em nós só pode brotar da visão dada por Deus de quem é Ele mesmo. Quando Paulo, em At 9, teve aquela Visão, uma nuvem de glória o cobriu, e ele caiu aos pés do Senhor Jesus. Ele viu o Senhor e perguntou: “Quem és tu Senhor?”. A obra de Deus em Paulo começou quando ele teve a visão de quem é Cristo. Sem compreender essa nuvem, sem a visão clara dessa nuvem que iria guiá-los, sem a compreensão exata dessa coluna de fogo que estaria sobre eles nas trevas à noite, os israelitas jamais poderiam caminhar. Devemos ver o objetivo de Deus em Cristo. Sem visão espiritual, nosso serviço para Deus segue o impulso de nossas próprias idéias, dos nossos pensamentos, mas não pode estar de acordo com o plano de Deus. Quando examinamos a vida de Paulo vemos que para ele esta revelação teve duas etapas.
Em Gálatas, capítulo 1, versículos 15 e 16, ele diz:

“Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue”.

Esta foi uma revelação interior, subjetiva.
E no Livro de Atos capítulo 26, versículo 19, ele diz:

“Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial”.

Essa foi uma visão exterior, objetiva, concreta, prática. A visão interior e a exterior, juntas, nos tornam perfeitos; o que significa realmente a vida e a obra de Cristo, o significado da obra de Deus em nós. Estas duas visões tornam “o todo” perfeito, enquanto uma sem a outra é insuficiente. Esta é a grande necessidade que nós, como Igreja, temos hoje. A revelação interior deve concordar com a visão exterior. Não só conhecer o Senhor no íntimo, mas conhecer também o propósito eterno de Deus. Mas, o que significa visão espiritual? É o romper da luz divina. A luz em nós revela quem nós somos. Alguém já disse que a menor folha pode esconder uma estrela. Podemos deixar que um simples empecilho esconda de nós as glórias eternas de Deus. Mas se for dada a menor chance, a luz encontrará seu caminho em meio à menor brecha. Por isso Mateus 6.22 diz:

“Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso”.

A característica marcante da obra de Deus não é a doutrina, mas uma vida que vem pela revelação procedente da luz de Deus. Muitas pessoas enfocam apenas a doutrina. A doutrina com certeza é importante, mas a vida cristã tem dois aspectos preponderantes: doutrina e prática. A prática é a vida. Que adianta ter a doutrina e não ter a vida ou que adianta enfatizar a vida sem a doutrina? Precisamos encontrar o equilíbrio da obra de Deus. Em Etã, podemos ver que sobre aquele povo estava a luz do Senhor que os guiava. Hoje o Senhor tem nos guiado através da obra do Espírito Santo. E o aspecto prático disso está na doutrina e na vida do Espírito Santo. A Doutrina é a Palavra e a Vida é o próprio Espírito de Cristo em nós, é a Vida de Deus, é a “ZOE”.
Isaias capítulo 28, versículo 16, diz:

Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular, solidamente assentada; aquele que crer não foge”.

Em 1 Co 3.11, o apóstolo Paulo diz:

“Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo”.

 Em outras palavras, a escolha de um fundamento não é mais nossa responsabilidade. O próprio Deus lançou e ninguém pode lançar outro, ninguém pode começar em outro lugar. Nós devemos seguir na linha de Deus, devemos seguir de acordo com o propósito de Deus. Deus procura qualidade. Deus não está preocupado em saber se nós realizamos a obra, quanto está em saber o que usamos para realizá-la. Muitos argumentam: conquanto que minha obra seja bem feita, isso é o importante, isso basta. Porém Deus não está interessado se nós o servimos, se nós entregamos nossa vida a ele, se nós nos entregamos à sua obra e assim edificamos sobre um fundamento, por mais importantes que estas coisas sejam. A pergunta de Deus, o questionamento de Deus vai além. O que Ele questiona é: quais foram os materiais que nós usamos para realizar esta obra? São madeira, palha, feno ou ouro, prata e pedras preciosas? Portanto, precisamos estar atentos quanto a tudo isso, porque se nós não temos uma visão espiritual, a obra de Deus nunca será adequada na nossa vida e nunca viveremos de acordo com a vontade de Deus. Vamos viver sempre às escuras, vamos viver sempre governados pelos nossos próprios pensamentos, sempre dependeremos de novos modismos para poder inserir isto na obra de Deus. Essas coisas não interessam a Deus porque não estão de acordo com o Seu plano. Precisamos compreender que a edificação de Deus é uma coisa séria e é Ele que está nos guiando. E para que tenhamos esta compreensão precisamos ter visão espiritual. Em Etã aprendemos a importância de sermos guiados, a importância de ter uma visão espiritual. Vemos o começo das batalhas e como o Senhor nos conduz através da sua proteção, através da paz, da alegria. Ele não nos lança primeiro para dentro do deserto, antes Ele nos treina e nos leva a ter uma visão espiritual. Agora Ele acende sobre nós a Sua coluna, Ele coloca sobre nós a Sua nuvem, o seu Espírito Santo, o Senhor Jesus, que é o Caminho por onde nós somos guiados. Por isso nós temos que andar no Espírito, por que o Caminho é Cristo. É aqui que nós vamos peregrinando na nossa jornada espiritual e nos desvencilhando de tudo aquilo que não glorifica a Deus. “Não havendo visão o povo se corrompe...” – Pv 29.18. Carecemos de visão espiritual. Necessitamos ter uma visão clara da vontade de Deus, dos caminhos de Deus, dos propósitos de Deus.
Que Deus prossiga falando ao seu coração.



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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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