quarta-feira, 6 de janeiro de 2010


Capítulo I


Tricotomia e o Propósito Eterno de Deus

Eu quero tratar com vocês, durante alguns dias, sobre o tema: a vida cristã vitoriosa. Dentro desse tema nós iremos estudar vários pontos importantes onde vamos perceber, pela Palavra de Deus, como é possível ter uma vida cristã vitoriosa.
O primeiro ponto que quero tocar é sobre a tricotomia humana. O homem é dividido em três partes. Se você deseja compreender o significado de uma vida cristã vitoriosa é necessário conhecer que o homem está composto de três partes: espírito, alma e corpo.
Quando Deus fez homem e mulher Ele fez tendo em foco o Seu próprio Filho. Mas não somente em Cristo. Quando Deus criou o homem e a mulher Ele não somente estava pensando em Seu Filho, mas também, pensando na Igreja.
Gênesis, Capítulo 2, versículo 18, diz:

“... Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.”

Deus fez o homem para que através do homem Ele pudesse ter uma família, e que essa família fosse um lugar em que o Senhor pudesse habitar eternamente. Todos nós precisamos entender que Deus fez o homem com um propósito definido. Deus fez o homem dotado de partes convenientes para que pudesse cumprir o Seu propósito. O desejo de Deus era que o homem fosse semelhante ao Seu próprio Filho.
Em Gênesis, no capítulo 2 e o versículo 7, diz assim:

“Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.”

Analisando um pouco, vemos que o pó da terra foi o elemento o qual Deus formou o homem; e depois você vê que no seu nariz, Deus soprou o fôlego de vida. Aqui nós temos a palavra ruach, que significa vento, espírito. Há outra palavra que alguns estudiosos também gostam de mencionar para poder descrever este fôlego de vida que é neshamah, que também fala de vento; o sopro de vida que o homem recebeu através do poder de Deus. Então quando você estuda isso, vai ver que Deus soprou nas suas narinas o fôlego de vida.
É interessante que o termo “vida”, no original hebraico, está no plural; é jayim. Porque quando Deus sopra vida dentro do homem, o espírito e a alma passam a fazer parte do seu homem interior. Por isso o homem passou a se chamar alma vivente.
Portanto, é interessante você notar que quando recebemos a Cristo como nosso Salvador e passamos pela regeneração, nós passamos a ter várias classes de vida: a vida biológica (vida do corpo), a psíquica (vida da alma) e a zoe (vida pneumática) - é a vida no espírito, a vida divina, a vida eterna que Deus nos deu, que nós recebemos através da regeneração no momento da nossa conversão. Nós estávamos mortos em nossos delitos e pecados, mas Deus nos deu vida juntamente com Cristo.
Em 1Ts 5.23, diz assim:

“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”

Em Hebreus 4.12 diz assim:

“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.”

Nesses textos que acabei de citar para vocês, vemos que Deus nos fez seres humanos dotados de três partes: espírito, alma e corpo. Deus nos deu essas faculdades para que sejamos capazes de ter relação com Ele, com os seres humanos, na nossa própria consciência com nós mesmos e também nos comunicar com o mundo que nos rodeia.
Mediante os sentidos do corpo biológico e suas operações vitais nós nos comunicamos com as coisas físicas.
Mediante a alma temos consciência de nós mesmos, porque na alma estão as funções psíquicas próprias do nosso eu, do nosso ego que determina a nossa personalidade, a mente que gera pensamentos, a vontade para tomar as nossas determinações e as emoções que estão relacionadas com o amor, ódio, tristeza, alegria, amargura, gozo, introspecção. Agora entendam que a mente determina o que penso, a emoção o que sinto e a vontade o que quero.
Mas mediante o nosso espírito temos comunhão com Deus. Fomos regenerados, nascemos de novo, pelo Espírito de Deus, por termos crido na obra redentora do Senhor Jesus na cruz. Através da regeneração, Deus nos fez participantes da Sua vida eterna, da Sua natureza divina.
Em 2Pe 1.4 diz assim:

“pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina...”

Deus veio habitar no nosso espírito pelo Seu Espírito. Nosso espírito humano nos foi dado por Deus para que tenhamos uma relação íntima com Ele. Deus o dotou de certas faculdades como intuição, consciência e comunhão. O Espírito Santo mora no nosso espírito. O espírito humano foi projetado divinamente para que o Espírito de Deus possa habitá-lo.
Nos versículos 9 e 10 do capítulo 8 de Romanos, referindo a um cristão regenerado, nascido de novo, Paulo diz:

“Vós, porém não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça.”

Que coisa impressionante é você saber que o Espírito de Deus habita em você, Ele está morando dentro de você! Veja! De conformidade com a Palavra de Deus, Paulo está nos falando nesses textos que nós fomos gerados espiritualmente para que o Espírito de Deus habite em nossa vida. O desejo de Deus é que todo cristão nascido de novo seja um membro da Igreja do Senhor Jesus, isto é, seja um templo santo de Deus.
O Senhor Jesus disse em Mateus 16:

“... edificarei minha igreja...”

E quando você lê 1 Co 3.16, Paulo diz:

“Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”

Então você vê? Essa Igreja que o Senhor Jesus está edificando é o templo o qual o Espírito Santo habita! Veja que o Novo Testamento fala da construção do Tabernáculo verdadeiro.
Vamos ler Efésios, capítulo 4 e os versículos 11 e 12:

“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo”

No Antigo Testamento encontramos um tipo de figura, de projeto do verdadeiro templo do Senhor. Encontramos essa figura a partir do capítulo 25 do livro de Êxodo: é o tabernáculo, aquele templo portátil que Deus ordenou Moisés que se fizesse lá no deserto. E mais tarde você vê a partir de 1 Reis, capítulo 6 a construção do templo de Salomão construído em Jerusalém. No livro de Êxodo nós encontramos os detalhes da descrição do tabernáculo, o qual constava de três partes principais: átrio, lugar santo e lugar santíssimo.
Nós, a Igreja, no Novo Testamento somos o verdadeiro tabernáculo que Deus está construindo para a Sua morada eterna. Somos o verdadeiro templo de Deus. Se olharmos as três partes do homem e as três partes principais do tabernáculo, encontraremos algumas coisas que correspondem de uma forma impressionante.
Até o átrio, tinha acesso todas as tribos, todos os israelitas, os prosélitos. O átrio era a parte mais aberta do templo. O átrio corresponde ao nosso corpo, a parte mais externa do nosso ser, pelo qual nós nos comunicamos com tudo que nos rodeia por intermédio dos cinco sentidos.
No lugar santo do tabernáculo só os sacerdotes podiam entrar. O lugar santo é comparado com a nossa alma que é a parte que segue o corpo, a qual já não pode ser penetrada por outros seres. A alma tem sua intimidade, a intimidade da nossa própria personalidade. No lugar santo estava o candeeiro de ouro, a mesa dos pães da proposição, o altar de ouro do incenso. Até ali os sacerdotes podiam entrar e ministrar ao Senhor, oferecer azeite, incenso, pão, mas os demais israelitas jamais podiam entrar. Na alma reside a nossa vontade humana, nossa mente, nossas emoções que revelam a nossa personalidade, nossa individualidade; até onde em condições normais, não tem acesso as demais pessoas. Como nós podemos ver o nosso corpo operar por meio dos sentidos: tato, olfato, paladar, visão e audição.
No tabernáculo havia também uma terceira parte, mais íntima, que é o lugar santíssimo, onde estava a arca do pacto, de madeira de acácia coberta de ouro. E por cima havia o propiciatório, e dentro da arca havia o pote de maná, a vara de Arão que floresceu e as tábuas da aliança. Este é o lugar mais íntimo, onde o sumo sacerdote entrava, onde oferecia o sangue dos sacrifícios. Havia os querubins que eram os guardiões da glória e da justiça de Deus; eles velavam simbolicamente. Algo precioso nós temos aqui.
Em Hebreus, no capítulo 9, os versículos 7 e 8 dizem assim:

“mas, no segundo (isto é, está se referindo ao lugar santíssimo), só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo; dando nisso a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do Santuário não estava descoberto, enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo”

Só o sumo sacerdote podia entrar no lugar santíssimo, e uma vez por ano. Era o lugar central e mais íntimo do tabernáculo. Quando era o Yom Kippur, dia da expiação, que era o dia décimo do mês sete, do mês judeu. Então o lugar santíssimo estava separado do lugar santo através de um véu. O tipo de véu que separa os homens de Deus. Enquanto não houver revelação, aquele véu continuará ali; isto quer dizer que o homem não tem a capacidade para conhecer Deus e nem ao Senhor Jesus. No lugar santíssimo se manifesta a glória de Deus, a shekinah. Enquanto o véu permanecer, o homem não pode penetrar para conhecer o Senhor, o homem não pode experimentar a profundidade da vida de Deus. E aqui nós temos uma figura do nosso espírito que é prefigurado por esse lugar santíssimo. Você vê que há algo grandioso aqui.
Os versículos 9 e 10 do Livro de Hebreus, capítulo 9, dizem assim:

“É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto, os quais não passam de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo oportuno de reforma.”

Que coisa interessante. Diz aqui, a Palavra de Deus, que chegaria o tempo da reforma das coisas, e que o antigo tabernáculo é apenas um símbolo para o tempo presente. Mas eu pergunto: símbolo de quê? Do verdadeiro templo de Deus; Sua Igreja; a vida coorporativa da Igreja do Senhor Jesus.
Para entender este tema delicado da doutrina bíblica da salvação, é necessário, pois, haver uma clara diferenciação entre o corpo, a alma e o espírito do homem. Se você quiser entender o que vida cristã profunda, você tem que entender o que isto!
Deus está revelando para nós algo grandioso acerca da Sua habitação no nosso espírito, da Sua edificação. Ele está revelando a nós como viver uma vida cristã profunda, uma vida que verdadeiramente possa experimentar Deus na intimidade. Nós não podemos viver uma vida cristã superficial, nós não podemos viver uma vida cristã com essa compulsão de consumo que tem atingido o povo de Deus. Precisamos viver uma vida cristã vitoriosa, uma vida cristã cheia de Deus, cheia de Cristo, cheia do Espírito Santo, cheia da Sua Palavra. Nós precisamos viver uma vida cristã madura. Isso só é possível se entendermos este assunto da tricotomia, do homem tripartido. Se não entendermos isto, jamais iremos entender o que a vida cristã.

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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”


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